CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sexta-feira, janeiro 31, 2020

FUTEBOL AMAZONENSE - 1970


Janeiro de 1970, o presidente da FAF (Federação Amazonense de Futebol), Flaviano Limongi, empenhava-se em trazer a seleção brasileira, que preparava para a Copa do Mundo (no México), para um jogo em Manaus. O estádio “Vivaldão” ainda que semipronto, já permitia jogos de futebol. Enfim, o futebol amazonense desfrutava de excelente prestígio, em função da qualidade do futebol dos clubes.
Era isso que o informava o Jornal do Commercio, quando desembarcou em Manaus o presidente da FAF.
Uma semana antes, o Nacional FC, “o mais querido”, comemorou seu aniversário na nova sede, na rua São Luís, bairro de Adrianópolis, conforme registrou o matutino O Jornal (14 janeiro 1970).

Limongi, ao centro. Jornal do Commercio, 21 janeiro 1970
 Limongi retornou
Limongi voltou ontem da Guanabara e foi recebido no Aeroporto de Ajuricaba, por inúmeros amigos e desportistas, a despeito do horário impróprio. Na foto aparece o "marechal" do esporte amazonense (de terno escuro) ladeado por dirigentes departamento de futebol amador e jogadores da seleção juvenil, além do tenente Arlindo Luchards, preparador físico do escrete que vai a Santo André.
 
Festa do Nacional. (O Jornal, 14 janeiro 1970)

Nacional Festejou Aniversário Oferecendo Coquitel (sic)

O Nacional Futebol Clube festejou, ontem, a passagem do seu 57º aniversário de fundação, oferecendo, em sua nova sede (em construção), no bairro de Adrianópolis, um coquetel as mais altas autoridades, constituídas e esportivas, clubes coirmãos, Imprensa, Rádio e Televisão.
Na foto, um aspecto da festiva reunião, que contou com a presença do governador Danilo Duarte de Matos Areosa, prefeito Paulo Pinto Nery, coronel José Maury Silva e esposa, deputado Rafael Faraco, presidente da ALE, deputado federal José Lindoso e outras pessoas ilustres.

Nota pessoal: na legenda ocorreu um lapso, não há a identificação do coronel PM Trigueiro, chefe da Casa Militar do governador (à frente, à esq.)



quinta-feira, janeiro 30, 2020

CONTO DE ANÍSIO MELLO (1927-2010)


Ainda em decorrência da busca em papeis arquivados, deparei com uma pasta contendo alguma produção de Anísio Mello, o multiartista que morreu há dez anos (abril 2010). Buscava material para rememorar de algum modo sua partida, de volta à floresta, como deixou registrado em texto, e que deve ser inscrito na lápide de sua sepultura.
Acolá encontrei um conto de sua autoria, abaixo compartilhado:

LESEIRA, NÉ?...

A família Ximenes não era grande. A filha mais velha acabara de casar-se com um abastado negociante de peles clandestinas de animais selvagens. Isto possibilitou ao grande vigarista e contraventor aproximar-se de Cláudia, presenteando-a constantemente com joias e perfumes. Roberto, também filho dos Ximenes, viajara para a Europa, onde iria especializar-se em Ecologia Amazônica, como se lá entendessem de fome de caboclo... Muito bem, muito bem... continuemos a narrar os fatos, mas esqueçamos as particularidades dos filhos e vejamos o que aconteceu ao respeitável senhor Francisco Ximenes.
Dona Melica, sua esposa, procurando amenizar a solidão do marido, não sabia que favores oferecer ao seu “velho”, só faltando mesmo o impossível.
“Seu” Ximenes era muito distraído e muitas vezes tomou ônibus errado ou tentou descontar cheques em bancos trocados. Mas isto ele próprio contou-me com os olhos cheios “d’água”, e foi muito mais grave.
Como a família estava reduzida a apenas duas pessoas, Ximenes resolveu mudar-se para um prédio de apartamentos, onde só o número diferia. Certa vez, após um dia cansativo e calorento, Ximenes entra em casa, não encontra dona Melica, mas sobre o criado-mudo viu um lindo pijama cor-de-rosa. Sorriu sozinho e pensou nas amabilidades da esposa, ausente naquele momento, por motivos estranhos. Vestiu o pijama, olhou-se no espelho e deitou-se para um pequeno repouso.
Dez minutos depois, ouve um barulho de chave abrindo a porta. Imediatamente, puxa um lençol e o estende sobre o corpo. Os passos aproximam-se mais ainda, mais um pouco, e Ximenes, num raro momento de humor, querendo brincar com doma Melica, zás!... retira o lençol rapidamente como que para assustá-la.
— Meu Deus, estremeceu “seu” Benevides, fui traído!
Ximenes, apavorado, viu que havia algo errado em órbita na Terra. Pulou da cama e abraçou Benevides, impedindo-o de qualquer movimento.
— Mil perdões! Não é um caso de infidelidade. Foi apenas uma distração minha, explicou. A chave deu certo e eu entrei. Eu sou seu novo vizinho, meu nome é Ximenes e eu estava esperando a Melica, minha mulher.
Benevides, gordo e baixinho, põe as mãos na cintura, em postura de desafio, e rebate:
— Tudo errado, vista-se, deixe meu pijama na cama e troque sua fechadura, “seu” Xi... xi... menes, falou nervoso.
Ximenes mais que rápido, vestiu-se, pediu desculpas e saiu, iniciando assim sua política de “má vizinhança”. Ficou uma semana sem sair de casa, como um avestruz com a cabeça dentro do buraco, morto de vergonha.
Leseira, né?...

quarta-feira, janeiro 29, 2020

TELEFONIA EM MANAUS: A CAMTEL

De certo, a CAMTEL (Companhia Amazonense de Telecomunicações) deve ser minimamente a avó da nossa telefonia, exercida hoje por algumas companhias. Inaugurada em fevereiro de 1968, foi a arrojada iniciativa do governo estadual, tentando substituir o falido sistema ainda com ranço inglês. A telefonia local até que funcionava, eram apenas quatro números. (Lembro do primeiro telefone que usei, o do Seminário, o 12-69.) A Telamazon substituiu a CAMTEL, até ser aquela encampada pela iniciativa privada.

Quanto à comunicação interestadual, era um desastre, cujo serviço era prestado pela Pará Telephone Company. Para ilustrar a informação, a telefonista servia de intermediária na conversa, além de se ter que entrar na fila indo a sede da companhia, que funcionava ali próximo do Hotel Amazonas.
A Camtel para expandir a rede vendia telefone a prazo, todavia, havia que ter paciência para aguardar a instalação. No entanto, quanto valor possuía este investimento, cabendo declarar esta propriedade no Imposto de Renda, valorizado conforme o prefixo. O 32.. era o mais bem cotado. De quatro números, passou-se pra cinco e, atualmente, são nove.

Anúncio circulado em janeiro 1970
Já em 1970, a Camtel inaugurou uma escola primária para os filhos dos seus funcionários, anunciou a festa o Jornal do Commercio (1º fevereiro 1970). Nesse período, os aparelhos comunitários já se espalhavam pela cidade, trazendo conforto para uns e dificuldades para as organizações de segurança, em especial, os Bombeiros, que recebiam largo número de trotes. Ainda mais que o 193 era gratuito. Era esse telefone intitulado (amigo) público nº 1, conforme anúncio circulado em janeiro de 1970.
Para mais detalhes: consulte no Blog do Durango: Aspectos do Serviço de Telefonia em Manaus (Série 1960).



A Escola da CAMTEL

Os filhos dos funcionários da Companhia Amazonense de Telecomunicações têm, desde ontem, uma escola primária própria, que está localizada na rua Major Gabriel, trecho compreendido entre a Ramos Ferreira e a Leonardo Malcher. A inauguração do estabelecimento foi feita pelo governador Danilo Areosa, que aplaudiu a iniciativa da CAMTEL dizendo ser a escola mais uma afirmação de que a empresa está bem administrada.
O presidente da Companhia, Carlos Lins, mostrou as instalações e o equipamento da escola ao chefe do Executivo e ao secretário de Educação, Vinícius Câmara — que são vistos na foto inferior —, tendo também estado presentes à cerimônia outras autoridades e os demais diretores da CAMTEL, Prof. Júlio Silva e Eng. Calil Dib.

Nota: A legenda da foto deixou de citar o ajudante de ordens do governador, o então capitão PM Odacy Okada (primeiro, à esq.). Está feito o reparo, caro amigo, coronel.

terça-feira, janeiro 28, 2020

"PORTA LARGA": FINAL


ACABOU-SE O “PORTA LARGA”

A construção antiga ruiu (O Jornal, 21 jan. 1970)
Com as pesadas chuvas caídas sobre a cidade, desabou à tarde de ontem, felizmente sem fazer vítimas, o velho prédio da avenida Sete de Setembro esquina com a [rua] Itamaracá, onde por muitos anos funcionou o bar-restaurante “Porta Larga”. Suas portas, pois eram muitas e estreitas, durante anos não se fecharam. Noite e dia atendendo freguesia certa e constante. Refeições e principalmente bebidas alcoólicas. Boêmios e mulheres da chamada “vida fácil”.

Depois, o tempo passou. A cidade “civilizou-se” e o “Porta Larga” cerrou suas portas, para surgir uma Drogaria, que se mudou às pressas há alguns anos, com medo justamente que o prédio caísse. Interditado, ontem à tarde ele ruiu, conservando de pé apenas uma parede como recordação.
 
Espaço ocupado por botecos, com título chamativo. (Foto pessoal)
Tenho pouco a acrescentar sobre a descrição de O Jornal, de 21 de janeiro de 1970. A esquina da prostituição não se modernizou, seguiu atendendo o público característico. Ainda que cercada por lojas, bancos, entidades legislativas e outras iniciativas do melhor período da Zona Franca. Isso tudo definhou e, em nossos dias, a esquina é ocupada por um boteco e um bar, conforme sinaliza a foto (de hoje “mermo”).

DERAM E A RODOVIÁRIA



A Associação Atlética Rodoviária inaugurou, dia 27, sua sede social própria, na praça Santos Dumont, construída pela atual diretoria que tem como presidente o sr. Áureo Cid Botelho. Coquetel à imprensa, autoridades, desportista e associados, festejando o acontecimento.
Na foto, deputado Raimundo Parente, coronel Jorge Teixeira, dr. Sergio Paz e sr. Lourival Pinheiro, sr. Manuel Azevedo, drs. Aderbal Menezes, Flaviano Limongi e Jorge de Oliveira Bastos, sr. José Ribamar Xavier, drs. Paulo Nunes e Randolpho Bittencourt. 
Registro da inauguração em O Jornal, 29 janeiro 1970
Bons tempos do Deram (Departamento de Estradas de Rodagem), quando sustentava uma elite de funcionários do Estado. Tanta energia possuía que criou uma associação para estes, sustentou um time de futebol profissional e, enfim, inaugurou a sede social, conforme notícia jornalística, para atender seus associados. Tempos áureos, do presidente Áureo Botelho, pois com o encerramento desse departamento rodoviário, tudo foi para o brejo.

Sede dos jornalistas (foto atualizada)
A foto mostra a elite que compareceu à inauguração da sede, situada na Praça Santos Dumont, 15, no Alto Nazaré. Entre os relacionados, o dr. Aderbal Menezes, do setor jurídico, que acaba de falecer no último dia 22 (quarta-feira).
Com a desativação desta agremiação, o prédio depois algum tempo desabitado, foi repassado para o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas, que segue com o usufruto. Esta entidade foi fundada em 1957, e o primeiro presidente foi o jornalista Arlindo dos Santos Porto.

domingo, janeiro 26, 2020

DIÁRIO OFICIAL NA POLÍTICA

Plínio Coelho

Ao final de 1958, após a eleição para governador do Amazonas, vencida por Gilberto Mestrinho, houve um entrevero entre o governo e os jornais em circulação. Como estes se puseram em oposição ao governador Plínio Coelho, este inseriu o Diário Oficial do Estado na disputa política.

A Nota Oficial publicada no DOE (4 dez. 1958) conta uma parcela dessa disputa, de outro excêntrico episódio da história do Amazonas.


NOTA OFICIAL

O Governo do Estado do Amazonas,
CONSIDERANDO a necessidade de salvaguardar o direito dos cidadãos de se defenderem quando agredidos, negado pela maioria dos órgãos de publicidade de Manaus, cujos diretores acordaram entre si negar espaço em seus jornais, em todo o caso em que as suas pessoas, julgadas por eles intangíveis, estivessem em causa;
CONSIDERANDO, também, a necessidade de resguardar o povo em geral do bloqueio dessa imprensa malsã que cerceia a liberdade do cidadão de proceder, EM LEGÍTIMA DEFESA, fato que possibilita à chantagem organizada, com o sacrifício de uma das mais nobres conquistas da Humanidade, que é a LIBERDADE DE PENSAMENTO;
CONSIDERANDO que o povo e o Governo não podem e não devem ficar à mercê desse Sindicato da Chantagem contra as liberdades individuais defendidas pela Constituição e pelas leis, inclusive pela LEI DE IMPRENSA que assegura ao atingido o direito de contraditar;
CONSIDERANDO, também, a necessidade de dar ao Povo e ao Governo meios próprios de manifestar o seu pensamento livremente, o GOVERNO decretou transformando o DIÁRIO OFICIAL, permitindo-lhe a elasticidade necessária para que possa suprir as deficiências dessa imprensa sórdida, facultando as suas páginas para os que dele necessitarem e que forem garroteados pelo Sindicato da Chantagem contra o pensamento do povo.

Nestas condições, o Diário Oficial passara a aceitar, de hoje por diante, de partidos políticos, pessoas jurídicas ou pessoas físicas, qualquer colaboração, contra quem quer que for, inclusive contra o próprio Governo, observada a ética da imprensa sadia e resguardada a responsabilidade dos autores.
Como jornal noticioso e informativo o Diário Oficial, que será oferecido à venda nas bancas de jornais, através de jornaleiros nas ruas, e em postos nos bairros, constituirá, daqui por diante, uma garantia do povo contra a prepotência e a chantagem organizada.

ANÍSIO MELLO (1927-2010)

Anisio Mello em Eirunepé (AM)


Remexendo papeis arquivados, nesta manhã, deparei com uma pasta contendo alguma produção de Anísio Mello, o multiartista que morreu há dez anos (abril 2010). Essa busca se deveu à minha preocupação em rememorar de algum modo sua partida, de volta à floresta, como deixou registrado em texto, que deve ser inscrito na lápide de sua sepultura.

Para tanto, o exemplar segue abaixo, assim como dois empoeirados haikais, que sirvam para alegrar nosso último domingo de janeiro.


Quando eu for, procurem-me no azul, além do azul,
atrás do verde da floresta. Nasci no paraíso, aqui mesmo.

 A imortalidade dos mortais
é uma incongruência
eles nunca serão estrelas.


Emendei o dia com a noite  
numa costura onde a linha do Equador 
contava estrelas como lantejoulas...

sábado, janeiro 25, 2020

PONTE "EVANDRO CARREIRA"


Morador do Morro da Liberdade, na primeira metade da década de 1960, circulei bastante por uma ponte de madeira que ligava este bairro, passando pelo Cajual, ao de Santa Luzia e, consequentemente, à avenida Sete de Setembro. Era precaríssima.

Adiante, a ponte foi melhorada, certamente por indicação do vereador Evandro Carreira, daí o nome que lhe atribuíram. Em 1970 estava aos pandarecos, ao menos é o que se deduz da publicação de A Notícia, que reclamava total recuperação. Para mais estimular o reparo, o matutino teceu violentas observações, finalizando por indicar que o cruzamento servia como local de uso de drogas, daí o epiteto infundido: Ponte da Maconha.

Atualmente, é muito difícil sinalizar a posição dessa sumida ponte, pois a urbanização do espaço com a construção do Prosamim, permite aos mais idosos apenas que digam que a travessia nos levava à lateral do então Grupo Escolar Leopoldo Neves, ainda existente, promovido a Escola Estadual.
 
Reportagem do jornal A Notícia (22 janeiro 1970)
A ponte da maconha
A ponte “Evandro Carreira”, que liga Santa Luzia ao Morro da Liberdade (foto) balança, mas não cai. Desengonçada, rota, velha e treme-treme, ela está por um fio. Os moradores atravessam-na, mas com um enorme pavor de um desabamento total, que pode acontecer a qualquer instante. Como, entretanto, o público tem justo receio de experimentá-la a todo momento, o passadiço transformou-se em autêntica passarela de maconheiros, beberrões, marginais, homens e mulheres da pior espécie, que ali vivem vagabundando e atormentando mais ainda a vida daqueles dois bairros. O apelo é endereçado à Prefeitura, para consertá-la, como tem feito a tantas outras, e à Polícia para salvaguardar a integridade moral de quantos utilizam a caraquenta ponte “Evandro Carreira”.

BARCELOS E SEUS MARCOS


O lembrete sobre este monumento (ainda existe?) foi efetuado pelo Jornal do Commercio (25 jan. 1970).

Os marcos que já não existem


Ao tempo em que ainda possuía seus históricos marcos — trazidos pelos portugueses que desbravaram a região —, Barcelos vivia dias risonhos, pois a castanha assegurava boa renda para os produtores e extrativistas e concorria acentuadamente para a receita estadual.
Foi um daqueles que se gravou o dia de uma visita do então interventor Álvaro Maia, a quem a antiga capital amazonense prestou homenagens. Depois, os marcos desapareceram como que antecipando o desaparecimento da castanha.
O velho município suportou o primeiro desfalque, mas segundo representa o seu próprio fim, como o Coronel Albino Pereira da Silva, em entrevista que é um verdadeiro grito de alarma.

No marco estava cinzelado:

Salve! 4/8/941
Visitou esta Cidade o Doutor Álvaro Maia.
Homenagem de Barcelos ao Interventor e
ao grande Presidente Getúlio Vargas.

sexta-feira, janeiro 24, 2020

GUARDA CIVIL DO AMAZONAS



Por um ofício do Conselho Nacional das Guardas Civis do Brasil foi comunicado ao diretor da Guarda-civil do Amazonas a extinção de todas as corporações coirmãs, em todo o território nacional. O ato foi assinado pelo presidente da República, Emilio Garrastazu Medici, no dia 31 de dezembro passado [1969], cujo decreto recebeu o nº 1072, da mesma data.
O Sr. Salum Omar entrou em contato imediato com o titular do DESP [Delegacia Especializada de Segurança Pública], o qual por sua vez entabulou conversações com o Secretário do Interior e Justiça, visando adotar uma providência a respeito do assunto.  

LEGISLAÇÃO NA GC
Ontem pela manhã, nossa reportagem manteve contato com vários guardas-civis, agora já sem o tradicional fardamento, e todos sem exceção mostravam-se desolados com a extinção daquela corporação que completou 55 anos de existência no ano passado. Agora cerca de 212 elementos estão sem saber quais serão as providências adotadas pelo governo, pois nada transpirou do diálogo mantido entre o sr. Salum Omar, titular do DESP, e o secretário do Interior e Justiça.
A guarda-civil amazonense foi criada em 1914 e reformulado em 1918, sua existência é uma série de atos heroicos. Vários de seus elementos morreram no cumprimento do dever. Tem um legado de tradições e sempre soube desincumbir-se com acerto e lhaneza em suas missões.

E AGORA?
Até o momento nada foi comunicado aos guardas-civis sobre as suas situações funcionais. Ninguém sabe qual será o destino que os aguarda. Poderão preencher os claros existentes no DESP, como também poderão ser incluídos na Polícia Militar do Estado. Mas há um problema: em sua grande maioria os guardas-civis são homens de idade e, se submetidos a uma rigorosa inspeção – como soe ser a dos candidatos à PM, não serão julgados aptos.
Em São Paulo, o general Olavo Viana Moog, secretário de Segurança, criou um Grupo de Trabalho para estudar o caso, com prazo de 45 dias para se pronunciar. Também são várias diretrizes incluindo a incorporação dos elementos da GC na Força Pública, no quadro da Polícia Civil e outros itens menos importantes.
Mas, em nosso Editado, os 212 homens da GC permanecem sem saber qual será o futuro. Somente uma coisa foi adotada: não poderão usar o uniforme que foi motivo de orgulho para seus componentes e a certeza de segurança à população.

OBSERVAÇÕES DO CORONEL ROBERTO:

A Guarda Civil foi uma corporação militarizada que, atuante em todo o país, efetuava patrulhamento e proteção de parques e residências, sob a gerência da Polícia Civil. No Amazonas, funcionando apenas na capital, foi criada em outubro de 1914 e extinta em 1969, conforme decreto presidencial. Teve uma destacada atuação entre 1930 e 1936, quando a Polícia Militar do Estado foi desativada.
Após esse período, e o encerramento da Segunda Guerra, com o Estado seguindo em decadência, acarretou profundas carências aos órgãos de segurança. Incluída a Polícia Militar estadual. A Guarda Civil foi durante longo tempo dirigida por membros da PMAM, tendo obtido mais destaque o então major PM Djalma Passos (político, foi deputado federal).
Passos, em defesa de um seu subordinado, travou um debate com o então delegado de polícia Bernardo Cabral, hoje um nome de reconhecimento nacional. O guarda civil, subordinado de Passos, em seu local de serviço, feriu de morte ao irmão de Cabral. Não teve perdão, mofou no presídio.

Com o advento do Governo Militar (1964-85), a GC foi enquadrada, e foi extinta no país. Porém, o que fazer com seus integrantes? Em São Paulo, onde esta era mais destacada, houve choro e ranger de dentes, mas foram integrados à PMESP. Em Manaus, houve incorporação à Polícia Civil e outros órgãos estaduais. Devido a idade e os requisitos exigidos, nenhum obteve ingresso na PMAM.
Lembro bem da condição de Carmelo Oyola Cortez (meu sogro), um boliviano que buscando o Brasil, acabou abrasileirando-se em algum barranco do rio Madeira, e com este atributo, serviu essa instituição como Guarda Civil de 3ª Classe. Quando da extinção, foi incorporado à Polícia Civil, onde conquistou a função de “bagageiro” do Chefe de Polícia, Paulo Pinto Nery.

A sede dessa Guarda estava na rua Guilherme Moreira, cujo terreno possuía ligação com o da Central de Polícia, pela rua Marechal Deodoro. O Banco do Brasil adquiriu o velho “casarão da Marechal”, como era identificado pela imprensa. E o da Guarda, ainda guarda alguma marca de identificação. Não obstante passados 50 anos.

Veja a dedicação dos Guardas, Oliveira publicou em 1957 o folhetim abaixo:



quinta-feira, janeiro 23, 2020

PMAM E A IMPRENSA - 1970


Ainda sobre o coquetel que a PMAM – em 5 de janeiro de 1970 – ofereceu aos membros da Imprensa, recolho do extinto jornal A Notícia, na coluna do Epami, novo relato:

Título da Coluna do Epami (A Notícia, 8 jan. 1970)
O alto comando da Polícia Militar da Capital, tendo como perfeitos anfitriões o coronel cmt. José Maury Silva e o subcmt. Neper Antony [correto é Alencar], ofereceu aos homens que ditam a imprensa da terra um Coquetel, onde imperou o elevado espírito de congraçamento e o marco da mais estreita amizade entre Imprensa e Polícia Militar.
Na feliz oportunidade o coronel Maury, comandante da briosa corporação, explanou com muita propriedade assuntos atinentes às atividades da PM em relação as reais necessidades do Estado em sua vasta extensão, omitindo, obviamente, 0s atos considerados de interesse interno, mas deixando claro, com elementos da imprensa presentes à reunião, o ideal firme e altaneiro dos homens que comandam aquela unidade de Segurança interna, de tudo fazer em prol da segurança e do bem comum do povo amazonense, tendo ainda na oportunidade, ressaltando o trabalho nobilitante do homem de imprensa, desde o linotipista ao diretor.A ideia do coquetel como motivo para reunir gente da Imprensa com a PM do Estado, calou bem entre todos, devendo a data de 5 de janeiro constituir-se como tradição para o feliz encontro.Duas salas foram usadas para o coquetel da PM, uma para a palestra (Gabinete do Comandante) e outra para os comes e bebes (Sala “Antonio Bentes Valle”).Disseram presente ao Coq da PM: Jornalistas e Radialistas: Epaminondas Barahuna; Jaime Rebello, Josafá Pires, Padre Tiago [Braz], Sra. Sadie Hauache, João Bosco Fareco, Irandy Ferreira, Paulo José, João Rodrigues, Helio, “Pinduca” e Batista (fotógrafos), Clovis de Souza, Cassiano Marques da Silva e outros elementos militantes na imprensa amazonense, que atenderam ao convite feito pessoal e delicadamente pelo Cel. Neper Antony (sic), bem como a oficialidade da unidade.
Detalhe do coquetel oferecido pela PMAM, (A Notícia, 8 jan. 1970)
Notas do coronel Roberto:
1.      O nome correto do coronel subcomandante é – Neper da Silveira Alencar. Ocorre que Neper Antony era articulista de jornal, portanto, mais conhecido. Por isso, a trapalhada.
2.     A ideia de manter a data – 5 de janeiro – como a de confraternização com a imprensa, morreu no nascedouro. Maury deixou o comando, levando a auspiciosa concepção.
3.     As salas mencionadas eram a do Salão de Honra, de fato, uma ampla sala onde estavam reunidos os troféus e as veneras, além das bandeiras nacionais, reminiscências da campanha de Canudos (1897). E, na sala nominada, funcionava a Auditoria Militar.
4.    Sobre os principais convidados: Barahuna, era dirigente do Jornal do Commercio e Rádio Baré, que se acompanhou de dois dos seus conhecidos auxiliares; Padre Tiago, dirigia a Rádio Rio Mar; Hauache, proprietária da pioneira emissora de TV Ajuricaba; de A Crítica, somente o jornalista Irandy e o fotógrafo Pinduca; Paulo José, integrava a TV Educativa, e auxiliava a PM nos eventos sociais. Sem referências aos demais.

terça-feira, janeiro 21, 2020

MOAGEIRA DE TRIGO DE MANAUS




Título da reportagem em A Notícia, 7 janeiro 1970

Afirmando ter voltado ao Amazonas a fim de cumprir uma promessa que fizera à classe empresarial, quando aqui esteve, para inauguração do “Palácio do Comércio”, que era trazer a Manaus o ministro da Fazenda, Sr. Delfim Netto, chegou ontem a nossa capital, pelo Boeing da VASP, o presidente da Confederação Nacional da Indústria, sr. Thomaz Pompeu de Souza Brasil Netto, que veio acompanhado de uma ilustre comitiva encarregada de ajudar os líderes empresariais nos preparativos de suas reivindicações.

COMITIVA
Acompanhando o titular da CNI, vieram os mais destacados representantes da entidade, integrantes do Conselho Econômico daquela Federação, inclusive seu presidente, economista Ernesto Jorge Street, e Ítalo Bologna, diretor do Departamento Nacional do Senai. Integrando a comitiva veio, também, o escritor Mário Simonsen, autor do livro “Brasil 2001”, que teve grande repercussão em todo o país.

RECEPÇÃO
O grupo foi recebido no Aeroporto Internacional Ajuricaba, pelos dirigentes das classes empresariais no Amazonas, tendo à frente o sr. Antonio Simões, presidente da Fieam e inúmeras autoridades que foram levar seus votos de boas-vindas à ilustre comitiva augurando que a missão que os trouxe ao Amazonas seja coroada de êxito.

Simonsen e Azevedo (Foto A Notícia, 7 janeiro 1970)
Notas próprias:
Incorporado à delegação, desembarcou o industrial Gilberto Azevedo, responsável pela implantação da moageira de trigo na Colônia Oliveira Machado. A história desta empresa deve ser bastante conhecida, como a mudança de administração e da nomenclatura para Ocrim SA - Produtos Alimentícios. 
Para completar a publicação, transcrevo um texto de Ramayana de Chevalier, compartilhado do Jornal do Commercio (14 jan. 1970), em que o saudoso articulista oferece formidáveis dados sobre aquele industrial.

UM PIONEIRO FELIZ
Ramayana de Chevalier

Nós o víamos, aos quandos, pelos bares, em turmas alegres de bons vizinhos, palestrando cm transe de entusiasmo. Depois, desaparecia. Durante algum tempo, era uma sombra de saudade fraternal. Sua figura animada e esfuziante, enchia o “Mandy's Bar” como um trecho de Schubert. Todos o queríamos, na sua qualidade entreamada de paraense, nosso irmão mangaua do delta. Discutia futebol, comércio, indústria, sonhos. Vivo como um esquilo, não perdia uma vez de mirada sentimental, sempre elogiando Manaus e o seu povo, sempre a entoar loas para o futuro que esperava o Amazonas, sua segunda terra de adoção.
Chama-se Gilberto Azevedo. Presidente do Conselho da Confederação Nacional da Indústria, era um simples, um braço estendido para o sofrimento humano, um coração. Não conheço muitos homens do seu porte. Tem três metros de altura, como os legítimos vencedores. De uma argúcia acima do comum, Gilberto Azevedo derramava juventude e espírito pelas rodas amigas da capital baré. O que estaria planejando esse sonhador de moinhos de vento? Que espécie de visitas seriam essas que nós todos adorávamos por que seduziam à nossa inteligência e à nossa sede? O “Mandy’s” perfumava-se com a sua presença.
Cavalheiro de requintada fidalguia, homem de lhaneza no trato e no convívio, Gilberto era um pedaço do Guamá, desaguando no rio Negro. Passou a frequentar Manaus mais assiduamente. Não raro, de um peplo de nuvem cinzenta surgia o seu “Caravelle”, espantando audácias. E ei-lo entre nós, mais sacudido e mais risonho que uma cuia de tacacá, augurando felicidades.
Certa vez explodiu a novidade: Manaus ia ter uma moageira, uma indústria de trituração da semente do trigo bendito, iria alimentar-se como uma cidade civilizada, como um núcleo moderno no coração da selva.
Foi escolhida a Colônia Oliveira Machado, onde tantas vezes eu fora em criança, como escoteiro, ainda em traços primitivos. Hoje, quem a conhecerá?
Um edifício admirável, de linhas elegantes e sóbrias povoa o antigo deserto. Uma pequena cidade, composta de residências e de estabelecimentos, acompanhou o nascimento da moageira. Novas iniciativas começaram a proliferar, espanando progresso para todos os lados. A indústria “Papaguara” vive do avanço civilizador da moageira. O amazonense come hoje um pão de primeira qualidade. mesmo com a Zona Franca, mesmo com a concorrência estrangeira, mesmo com a felicidade dos ingressos livres. Foi Gilberto Azevedo quem imaginou, quem idealizou, quem plasmou os alicerces dessa indústria de moagem do trigo.
Por traz dos biombos daquele sorriso ameno e simples, daquelas gargalhadas esfuziantes de quem vive montado na vida, ele guardava um presente para o Amazonas. Havia de integrar-se na imensa região, como um combatente igual, como um irmão de gleba, sonhador infatigável do nosso progresso e do nosso futuro. Continuou a ir sempre a Manaus. Voltou tantas vezes quantas lhe impõe o dever de vigiar, de incrementar a indústria, de levar o vigor do seu caráter a todos os que trabalham nesse estabelecimento modelar.
Não conheço a obra, pessoalmente. Somente através de fotos e de relatórios, de notícias e de informes. Mas conheço, de sobra, esse grande brasileiro que é Gilberto Azevedo. Sei do alcance do seu sonho, da grandeza de coração, do quanto ele estima e sente gloriosamente o Amazonas.Um dia, o povo inteiro de Manaus haverá de compreender a estatura da obra que ele imaginou em sua terra. E nesse dia, a fábrica de moagem passará a representar um monumento erguido em homenagem ao espírito construtivo e ao enorme coração de Gilberto Mendes de Azevedo.  

segunda-feira, janeiro 20, 2020

A PMAM E O POLICIAMENTO DO INTERIOR



Quartel da Praça da Polícia, onde
foi instalado o CPI e funcionou
até sua transferência para o quartel
de Petrópolis (2002)
Durante largo período, a PMAM exerceu na hinterlândia um tipo peculiar de policiamento: o destacamento, modelo que começou a ser modificado em setembro de 1970, com a criação do 2º BPM, o mesmo que se encontra em Itacoatiara (AM). Até então, a vigilância era executada por destacamentos, ou seja, a designação empregada para identificar os policiais em serviço (destacados) nas localidades interioranas. É óbvio refletir que os diminutos municípios, com a rala densidade demográfica, não exigiam grande força policial. Até porque o efetivo da corporação era minguado, basta se consultar a legislação de dezembro de 1954, ao final do governo de Álvaro Maia, para se entender o exposto: a previsão do efetivo era de 280 homens!

De outro modo, a comunicação com estes policiais era realizada pelo “recreio” ou motor de linha, como se denominava o transporte fluvial. Precário, não resta dúvida, e demorado. Somente. Telefone? Unicamente na capital. Sem qualquer atração, eram poucos os PMs que buscavam este serviço, apesar de ter a remuneração ampliada. Preferiam permanecer na capital. A vertente que mais apreciava este serviço era a categoria dos policiais reformados, alguns deles, com passagens em diversos municípios.

Essa estrutura de destacamentos consolidou outra: a exclusiva presença da Polícia Militar em todo o território amazonense, posto que o cargo de delegado de polícia era exercido por oficiais ou sargentos da reserva. Esse monopólio durou até a década de 1980, quando os primeiros delegados de carreira assumiram, começando pelos principais municípios.
Manoel Gouveia S. Freire, primeiro comandante
do CPI, em identidade do Exército 
O Governo Militar (1964-1985) operou a mudança deste quadro, seja na Força Estadual seja no progresso interiorano. Tanto que em 1965 foi estabelecido o quantitativo de policiais (oficiais e praças) em cada município. Novo passo foi incrementado com a criação do 2º BPM, em setembro de 1970, embora sediado na Capital, com a missão de coordenar as atividades de todos os destacamentos. Ainda não foi a solução, pois o território do maior Estado exigia melhor expediente, o qual veio com a criação do CPI (Comando do Policiamento do Interior), irmão-gêmeo do CPC (Comando do Policiamento da Capital), em 1976. 
Sua instalação, todavia, somente aconteceu três anos depois, com a nomeação do primeiro comandante. Observação própria: estive nesse comando por um ano (1989-90). De maneira inédita, realizei uma pauta de reunião com os comandantes do interior, ainda em grande parte na condição de delegados. Para facilitar a operação, eram reunidos por calha de rio. E a “invenção” era trocar informações, acreditando que essa conversa pudesse trazer benefícios, como sejam, a solução de um problema em determinada localidade, serviria a outra.
Fernando Valente, com uniforme do NPOR (1967)
Mais uma anotação: com o avanço das comunicações, a corporação adquiriu uma ampla central de transmissão de voz, com capacidade para alcançar o interior. Constituía-se de uma ampla mesa, com uma infinidade de botões e teclas, porém de pouco resultado. Não era possível contatos com todos os destacamentos. Daqueles alcançados, devido a interferência acústica, “não havia cristão” que entendesse o retorno. Havia, sim. Os operadores me traduziam (ou fingiam que) a resposta da interpelação. A mesa desapareceu sem deixar saudades.

Abaixo a relação dos comandantes, no período que se estende entre a fundação do CPI e o encerramento do século passado.

Posto                  Nome                                   Data de nomeação

Tenente-coronel Manoel Gouveia dos Santos Freire          26 |04 |1979
Tenente-coronel Humberto Henrique Soares                      30 |05 |1980
Tenente-coronel Mael Rodrigues de Sá                                 30 |12 |1981
Tenente-coronel Ilmar dos Santos Faria                               24 |06 |1983
Tenente-coronel Fausto Seffair Ventura                               28 |12 |1984
Tenente-coronel Alfredo Assante Dias                                  01 |07 |1985
Tenente-coronel Mael Rodrigues de Sá                                25 |09 |1985
Tenente-coronel Odorico Alfaia Filho                                   14 |04 |1987
Coronel Fausto Seffair Ventura                                              29 |04 |1988
Tenente-coronel Manoel Roberto Lima Mendonça           26 |04 |1989
Coronel Ilmar dos Santos Faria                                              11 |04 |1990
Coronel Fausto Seffair Ventura                                             07 |06 |1990
Tenente-coronel Antonio Carlos Cardoso Pereira             15 |03 |1991
Coronel Mael Rodrigues de Sá                                               10 |05 |1991
Coronel Odorico Alfaia Filho                                                  25 |10 |1992
Tenente-coronel Ronaldo F. Albuquerque Toledano        22 |01 |1993
Coronel Osias Lopes da Silva                                                  17 |06 |1993
Coronel Francisco Orleilson Guimarães                              20 |01 |1995
Coronel Edson Pereira do Nascimento                                 15 |08 |1995
Tenente-coronel Fernando Valente Pereira (interino)      01 |08 |1996
Coronel Wilde de Azevedo Bentes                                          17 |10 |1996
Coronel Nestor Arnaud Barbosa                                             14 |04 |1997
Tenente-coronel Edson Paulo Ramos                                   08 |03 |1999
Tenente-coronel José Maria Oliveira Sirotheau                  23 |06 |1999
Major Paulo Francisco Dutra (interino)                                21 |01 |2000
Coronel Edson Paulo Ramos                                                   03 |02 |2000

Em tempo: a complementação desta relação vem sendo trabalhada pela unidade policial militar.