CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

segunda-feira, agosto 30, 2021

CONCEITO DE "CABOCLO" PARA JOÃO LEDA

 Publicado na revista Victoria Regia (abril de 1932), o longo artigo do autor de Faiscador de Vernáculo trata da linguagem de nossos indígenas e, na transposição para o segundo tópico, assegurava a existência de uma barafunda neste campo linguístico. Então, com a palavra o saudoso filólogo João Leda, que pertenceu a Academia Amazonense de Letras, para esclarecer a “etimologia de caboclo”.  

 


Como acertar, em semelhante barafunda, a etimologia de “caboclo”? Amadeu Amaral [Amadeu Ataliba Arruda Amaral Leite Penteado, 1875-1929], prudentemente, põe-lhe uma interrogação indicativa de quem tem dúvidas, e até a própria significação de caboclo não está ainda apurada, pois o rol de brasileirismos, inserto na Revista da Academia Brasileira de Letras (outubro de 1910) pergunta: é tapuia, gentio, mestiço de índio e português?

E onde haveria sido forjado o vocábulo? Na metrópole portuguesa, ou em terras da antiga colônia? Que significaria ele, primitivamente? Em que livro, genuinamente brasileiro, surgiu pela primeira vez?

Nossas investigações lograram averiguar somente que a palavra teve curso no alvará régio de 4 de abril de 1755, determinando que aos vassalos casados com índias ficava rigorosamente proibido dar o nome de “caboclos”, ou outro semelhante, que se pudesse tornar por injurioso. Da legislação portuguesa, portanto, se deduz que o vocábulo era tido como pejorativo e usado para designar o colono matrimoniado com indígena.

Recorte do texto publicado na revista Victoria Regia

Qual a trajetória semântica de “caboclo” e como fixar o seu significado fundamental através dos documentos escritos?

Aí fica um interessante problema a tentar as laboriosas pesquisas dos competentes.

Qualquer que seja a solução encontrada, o certo é que, em nossos dias, pelo menos na região amazônica, “caboclo” é a expressão viva do homem calmo, de admirável espírito de resignação, mas possuindo no mais alto grau as qualidades da resistência e da perseverança, que lhe permitem vencer a hostilidade circundante, sorrindo às rebeldias do vale e domando a temerosa braveza da selva. Março, 1932.

domingo, agosto 29, 2021

AMOSTRA FILATÉLICA EM MANAUS

 O Clube Filatélico do Amazonas (CFA), fundado em 1969, portanto com mais de 50 anos de existência, vem tentando se reabilitar. Os óbices são enormes: o selo postal há tempo perdeu sua maior utilização, são poucos aqueles que ainda escrevem uma carta (aliás, que é isso, companheiro?); a instabilidade dos Correios diante da prometida desestatização desta empresa; e mais, o desaparecimento dos filatelistas mais antigos. 

A nova geração, que me fez presidente do CFA, vem se esforçando para reabilitar a Filatelia no Amazonas, ou mais precisamente, em Manaus. Uma iniciativa que vai se estabilizando foi a abertura do Ponto do Colecionador na Feira da Eduardo Ribeiro, aos domingos.

Agora, neste mês de agosto, quando se comemora o Dia do Selo Postal, o CFA organizou uma Amostra Filatélica, realizada no Palacete Provincial. Fomos de 18 a 28 do corrente com o trabalho. Nossa inexperiência contribuiu com a pouca divulgação. Assim, o alcance foi reduzido. Todavia, serviu como ensaio, como aprendizado para o próximo voo, que deve acontecer no final do ano.

Encontro dos filatelistas no encerramento,
vendo-se parte do material exposto 

O tema Escotismo teve dois blocos, daí a
presença de escoteiros na exposição

O Clube agradece à Secretaria de Cultura do Estado e aos Correios pelo apoio disponibilizado. Na minha condição de presidente, agradeço aos filatelistas que se emprenharam na mostra:

Jordan Queiroz - Escotismo / Moysés Garcia - Disney / Jorge Bargas - Postais de futebol / Roberto Mendonça - Cartas circuladas / Adriel França - A Marinha na Filatelia / Cristiane Andrade - Moedas / Robervan Melo - Postais de Manaus antiga / Daniel Souza - Escotismo.

Jorge Bargas (acima) e Robervan (abaixo)


Adriel França (acima) e Roberto Mendonça (abaixo)


Nota: Efetuei uma adição nesta manhã de 30 de agosto.

sábado, agosto 28, 2021

PEDRO FAVELLA NO RIO URUBU

 A chacina cometida por Pedro Favella no rio Urubu, que dizimou tribos e tribos indígenas, é bastante analisada. Em 1932, o proprietário da revista VICTORIA–REGIA escreveu o artigo que vai compartilhado. Francisco Bemfica (com “eme”), como fez questão de relacionar, apreciou farta bibliografia, incluída a História do Amazonas, de Arthur Reis, editada no ano anterior.

O artigo circulou na Edição Especial nº 4, de março de 1932, cuja capa, desenhada pelo saudoso historiador Mário Ypiranga, trazia a figura de um indígena vitorioso, quebrando as correntes da opressão.

 

Recorte da página elaborada por Bemfica

AS origens do execrável ato de Pedro da Costa Favella nas margens do rio Burururú (este nome foi mudado para o de Urubu pelos portugueses, para melhor acomodá-lo à sua língua; porém Berredo [Bernardo Pereira de Berredo e Castro, ?-1748], em seus “Annaes”, diz que ele originou-se da grande quantidade de urubus existentes nas regiões banhadas por este rio) estão no fracasso das tropas comandadas pelo sargento-mor Antonio Arnau Vilella, após sua chegada a uma das Missões, dirigida por frei Raymundo, religioso mercedário, e o encontro com alguns chefes dos caboquenas.

O encargo de Arnau, como o de outras tropas que então percorriam as regiões amazônicas, era de arranjar escravos para Vaz de Siqueira, governador do Maranhão, que tencionava desse modo poder preencher as faltas produzidas pela epidemia da varíola, nos escravos de seus dirigidos.

A gana de conseguir maior número de cativos ocasionou a confiança de Vilella em mandar “dez soldados, com maior número de índios, dos de melhor nome”, para trazerem com estes alguns de seus escravos, que lhe queriam oferecer para assim demonstrar a sua amizade nascente.

E à noite, distante do resto das forças, numa emboscada quatro soldados foram mortos, e os seis restantes levados para uma das malocas, não se sabendo mais notícias de seus paradeiros.

Detalhe da capa da edição especial

Antonio Arnau, ébrio de futuras glórias, não desconfiou de cousa alguma: “sem mais exame, nem cautela militar’, mostrou-lhes a cerca (caiçara) por detrás da qual havia escondido suas embarcações.

Foi logo cercado, e, em meio aos gritos de guerra dos selvagens, com “repetidos golpes na costa e na cabeça”, trucidado mais o alferes Francisco de Miranda, soldados e alguns índios amigos.

Desta tragédia só escapou frei Raymundo e um soldado, os quais embora feridos foram ter à aldeia de Saracá [atual Silves], onde se achava o alferes João Rodrigues Palheta, nova vítima procurada, e que, graças ao aviso dos dois fugitivos, conseguiu degolar em combate a maioria dos tripulantes das quarenta e cinco canoas inimigas, que lhe viam atacar, lutando bravamente com as quinze embarcações de que dispunha no momento.

* * *

Vaz de Siqueira não se contentou com a desforra de João Rodrigues Palheta. E para tomar uma vingança que lhe satisfizesse os instintos sanguinários, embarcou para Belém do Pará, onde chegou a 7 de setembro de 1663.

Encontrando algumas dificuldades para imediata realização de sua vindita, resolveu regressar a sua residência no Maranhão, em janeiro de 1664, chegando a S. Luiz a 10 do mês seguinte. Em Belém deixara, porém, instruções para uma futura expedição.

E quando lá voltou, no mesmo ano, encontrou-as prontas, como desejava. Organizada a expedição, resolveu tomar a frente dela. Mas alguns embaraços fizeram-no renunciar o comando na pessoa de Pedro da Costa Favella. Este deixou Belém a 6 de setembro do mesmo ano, com uma expedição composta de trinta e quatro canoas conduzindo quatro companhias de Infantaria, comandadas pelos capitães Francisco Paes, João Duarte Franco, Francisco da Fonseca e Gouvêa e Francisco de Valladares Souto Mayor. Desempenhava este último também o encargo de ajudante de tenente-general. Serviam ainda como ajudantes de sargento mor, Manuel Coelho, Antônio Corrêa Lobo, Manuel Coutinho e Antônio Manso. Completava ainda a expedição quinhentos negros. Era este o pessoal que tamanha carnificina iria praticar no rio Urubu.

A 24 de outubro do mesmo ano, acampou na aldeia dos Tapajós, no rio do mesmo nome. Ameaçados por Favella, os indígenas dessa região refugiaram-se para o centro, onde a fúria dos aventureiros não os poderia alcançar.

No dia seguinte, desembarcou Favella no primeiro porto inimigo, que estava abandonado. Cavou trincheiras, deixou alguns soldados na defesa das embarcações, e seguiu com o restante para as aldeias indígenas, onde consumou sua vindita de sangue, que tantas vidas custou as tribos dos caboquenos e burururús.

Quando o reforço mandado por Vaz de Siqueira (que em princípios de novembro embarcara do Pará, chegando até o Xingú, passando pela fortaleza de Gurupá, de onde regressou ao Maranhão, por motivos políticos) chegou, comandado pelo sargento-mor Antonio da Costa, o sanguinário Pedro Favella já alcançava o apogeu de sua vingança e, como bem descreve Berredo, referindo-se ao triunfo da expedição, “reforçado por mais esse socorro, multiplicou tanto os seus estragos, que chorou o último a aleivosia daqueles tapuias no fatal incêndio de 300 aldeias, depois da mortandade de 700 homens dos mais valorosos das suas nações, e o cativeiro de 400, que arrastando cadeias na cidade de Belém do Pará, com aparatos de vitória, fizeram maior celebridade nos interesse dela”.

Impossível maior barbaridade! Estava, portanto, satisfeita a ferocidade de Vaz de Siqueira, que tantos esforços desprendera para a realização de tão grande chacina.

Mas essa carnificina serviu para testificar que, após “as tribos tupinambazes e dos tupinambás, corridos de Pernambuco, e a tribo dos igamanas, que todos habitavam a margem do Amazonas, baterem-se contra as tropas de Bento Maciel, em 1621; e, em 1639, os uraruecocas do Japurá, que se defenderam contra as tropas de Hilário de Souza; e, em 1654, os aruaquises, habitantes dos rios Aneune e Jauaperi, enfrentarem as tropas sob o comando de João Bettencourt Muniz; — em 1664 são os burururús e caboquenas, do rio Urubu, que respondem aos ataques de Pedro Favella”, contribuindo assim, nos encontros que se seguiram até 1789, para a maior gloria das “memoráveis lutas em que se envolveram os nossos maiores, em tempos coloniais, na defesa da integral independência da raça, da ampla liberdade dos homens e da autonomia do Amazonas”.

BIBLIOGRAFIA:

Cidade de Manáos, Bertinho de Miranda; História do Amazonas, Arthur Cesar Ferreira Reis; Annaes Históricos, Bernardo Berredo. Cruz Indígena, Alípio Bandeira; Dicionário topográfico, histórico, descritivo da Comarca do Alto Amazonas, Lourenço da Silva Araújo e Amazonas; Nove de Novembro, Manoel de Miranda Leão, artigo publicado na Revista Amazonense, nº 1, de 09/11/1923.

quinta-feira, agosto 26, 2021

ZONA FRANCA DE MANAUS - 1981

 Aspectos da capital amazonense compartilhados da revista INTERIOR, uma publicação bimestral do Ministério do Interior, então dirigido por Mário Andreazza. Trata-se da edição nº 36, referente a janeiro/fevereiro de 1981.

Detalhe da capa da revista

As conhecidas artérias comerciais de Manaus: Marechal
Deodoro e Marcilio Dias 

Anúncio do BASA, ainda operante na praça


quarta-feira, agosto 25, 2021

SAMUEL BENCHIMOL NA "MANCHETE"

 Entrevistado para a edição especial sobre a Amazonia, divulgada pela extinta revista Manchete (setembro de 1989), o saudoso amazonólogo Samuel Benchimol (1923-2002) deixou registrado os pensamentos aqui compartilhados, bem como sua bem expressiva foto. 
 

Detalhe da capa da revista

"Para conhecer a Amazônia é necessário pisar no seu chão. Mergulhar no rio Amazonas, andar pela mata e chegar à essência. Ela entra em você e toma conta de tudo" ensina um caboclo ribeirinho em Óbidos, no Pará.

Nada deve ser feito sem humildade, sem um trabalho de observação e pesquisa, repensando até o conceito da ecologia em seu mais puro significado. Afinal, existe o homem – protagonista, réu e vítima do processo de ocupação daquele território. Trata-se de uma tarefa multidisciplinar, que exige a estreita cooperação entre a comunidade científica e os detentores do poder político.

Residente em Manaus, [Samuel] Benchimol concorda que o nível de desmatamento alcançado em Rondônia, norte de Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, sul do Pará, e em menor escala no Acre e mínimo no Amazonas, é preocupante. "Mas não a ponto de se profetizar a destruição total da floresta amazônica no espaço de duas décadas, conforme a previsão de muitos ecólogos, climatologistas e políticos alarmistas" ressalta.

Samuel Benchimol, no registro da revista Manchete

A perspectiva apocalíptica toma forma, porém, quando a área desflorestada é comparada com a superfície de pequenos países europeus (Holanda, Bélgica, Suíça, Dinamarca) ou com a de médios (França, Alemanha, Itália). Na ótica desses países, o quadro torna-se literalmente devastador.

Em outra dimensão - que estimula o desperdício —, o Brasil sequer chegou a uma conclusão da abrangência territorial da floresta amazônica.

Clara Pandolfo ("Amazônia Brasileira e suas Potencialidades", Belém: 1979) a estende por 260 milhões de hectares. Os botânicos Murça Pires, do Museu Goeldi, e William Rodrigues, do Instituto [Nacional] de Pesquisas Amazônicas (INPA), avaliam essa cobertura vegetal em 350 milhões de hectares. O inventário geobotânico do IBGE aponta para 538 milhões de hectares. Tomando como referência os 251.429 quilômetros quadrados desmatados, detectados pelo Instituto [Nacional] de Pesquisas Espaciais (INPE), podem-se fazer várias leituras em termos percentuais.

terça-feira, agosto 24, 2021

HISTÓRIA DA POLÍCIA MILITAR (NOTA)

 Trata-se seguramente do comandante da Polícia Militar do Amazonas a manter-se nessa função pelo espaço mínimo de tempo. O capitão EB Alberto Duarte de Mendonça servia em Manaus, quando, em 15 de novembro de 1919, foi nomeado major comandante da Força Estadual, tendo assumido a função na mesma data. A nomeação coube ao governador Pedro de Alcantara Bacellar (1917-21).

Zuavo existente
no antigo quartel
da Praça da Polícia

Nascido em 1880, o major possuía 29 anos ao assumir este encargo, no pós 1ª Guerra, quando a capital amazonense começava a conhecer os sinais de sua decadência.

 

Meramente 33 dias depois, em 18 de dezembro, Mendonça foi exonerado. Seu substituto interino foi o tenente-coronel Octavio Sarmento, que fora colega dele na Escola Militar do EB, em 1896, ao lado de Candido José Mariano (comandante da tropa amazonense em Canudos). Não fui capaz de observar no Arquivo Histórico da PMAM a motivação desse curto comando. Tão inesperada saída não permitiu sequer a fotografia dele existe na Galeria própria.

Detalhe do pagamento ao comandante
Alberto Mendonça

O documento acima compartilhado reproduz a folha de pagamento do ex-comandante, referente ao tempo de comando. E o Estado, portanto, quedava-se quite com o abnegado chefe. A folha de pagamento traz o “Visto” de Octavio Sarmento (acima, à esq.).

segunda-feira, agosto 23, 2021

AMOSTRA FILATÉLICA AMAZONENSE


Ainda que os Correios passem por reformulação, repartição nacional ameaçada de privatização, o Clube Filatélico do Amazonas (CFA), originado em 1969, tenta sobremodo manter-se na superfície. De bubuia, resumiria o amazonense. Desse modo, depois de longa temporada quase inativado e da troca de seus dirigentes, o CFA promove a Amostra Filatélica Amazonense, abrigada no Centro Cultural Palacete Provincial. Sua duração vai até o próximo sábado (28), aberta a partir de terça-feira.

Aspectos da Amostra: (acima) Daniel Sousa e seus convidados.

                                      


Parte da exposição

Lamentável, mas a Amostra não representou o projeto que os associados conceberam e por ele foram à praça. Ficou aquém de nossos objetivos. Todavia, serviu para que os filatelistas em atividade, jovens promissores, abrissem seus arquivos, expusessem suas joias, e pudessem dialogar com os demais clubistas e visitantes. Serviu ainda para aflorar nossas deficiências, de maneira que, sanadas, o próximo evento obtenha melhor resultado.

 

A ilustração acima reproduz anúncio dos Correios, circulado na revista Manchete (setembro 1989) em edição especial, focalizando a “Amazônia, o desafio do futuro”.

domingo, agosto 22, 2021

REVISTA DO ISEA - 1987

 Ignoro o fim do ISEA (Instituto Superior de Estudos da Amazônia) inaugurado há 34 anos, em 10 de agosto de 1987, por iniciativa do governador Amazonino Mendes. Restou o prédio centenário que serviu de sede, ainda que transformado em Teatro da Instalação, que a pandemia tornou inativo.



O encargo pelo funcionamento do ISEA era dos governos da região amazônica, conforme descreve a revista ISEA, circulada por ocasião da inauguração do instituto. Na página aqui postada se pode anotar os nomes dos bravos governantes. 

 

Relação dos governadores da época


Na revista, foto do
ISEA

Um prédio construído no século passado, mas que foi totalmente restaurado, na rua da Instalação, é a sede do (ISEA). Tombado pelo Patrimônio Artístico e Histórico do Estado, o prédio seria transformado no Museu da História do Amazonas, ao lado do casarão onde se instalou a Província após a emancipação do Pará (hoje, em frente, funciona a chamada Feira das Frutas). Entretanto, as obras de restauração foram paralisadas há alguns anos e agora reativadas para a instalação da sede do ISEA.

A restauração dotou o edifício de sistema de ar-condicionado, elevador, hall, sala de espera, salão nobre, copa, subestação de energia elétrica, sala de imprensa, sala de apoio e um auditório com capacidade para 266 cadeiras, setor de Bibliografia e Documentação.

Quando funcionava há cerca de 20 anos, no prédio havia sapataria, relojoaria, a drogaria do "Velho Azaro" e até motel, mas antes de ser tombado serviu como residência.

A mencionada publicação traz, entre outros informes, a relação dos hotéis então operando em Manaus. 

Página da Revista do ISEA


sábado, agosto 21, 2021

SECRETÁRIO DE SEGURANÇA PÚBLICA (AM)

 Assumiu o comando da Secretaria de Segurança Pública (AM), o general de divisão Carlos Alberto Mansur, substituindo o coronel PM Louismar Bonates, que deixa o cargo alegando “motivos de saúde”. Não se trata do primeiro oficial general a comandar esta Secretaria: o anterior foi Delio Mafra, nos primórdios da SSP.

Coube-lhe a iniciativa de desativar o centenário prédio da Chefatura de Polícia, existente na rua Marechal Deodoro. É isto que nos informa o magazine Polícia em Revista, editado em julho de 1973. O panegírico sobre o general Delio, para maior compreensão, vai abaixo:


 

A SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E SEU ATUAL TIMONEIRO  

Luiz de Rezende Neto


A Polícia Civil do Amazonas, até antes da redentora Revolução de 1964, era um setor da  pública administração que vivia entregue a sua própria sorte e sem esperança de melhores dias, visto que aquela época de baderna desenfreada, de desonestidade, de descrença, onde a troca de valores, o culto da mediocridade, a astucia para fáceis conquistas de posição e cargos, pareciam oprimir tudo e todos num verdadeiro descredito de confiança aos homens que tanto denegriram as nossas instituições democráticas.

Com o advento da mudança do regime de triste memória, sentimos de imediato o renascimento da Justiça, que passou a dominar como disciplina a ordem das liberdades humanas, impondo os bons costumes em função da vida democrática crista e extinguir, ao mesmo tempo, a corrupção, implantando as bases fundamentais da paz e do progresso dando possibilidade a todos os brasileiros a uma vida mais condigna e honesta! 

E a nossa Polícia Civil passou a ser olhada com carinho pelo poder Revolucionário. E aos poucos foi emergindo-se do charco em que lhe jogaram os pseudos-salvadores da Pátria.

Neste curto espaço de tempo de sua gestão a frente da Secretaria de Segurança Pública, S. Exa. muito tem feito e muito ainda fará em benefício do setor que tão dignamente dirige, graças a maneira eficiente, honesta e dinâmica com que vem exercendo o tão espinhoso cargo, em consonância com a política desenvolvimentista ditada pelo eminente governador Joao Walter de Andrade. 

Contando com a eficiente e leal cooperação das Polícias Civil e Militar, em perfeito entrosamento de imprescindível convergência, tendendo a acautelar a ordem e a tranquilidade públicas, conseguiu transformar uma expectativa inicial em franca realidade.

Para isso, no discurso inicial de sua investidura no alto cargo, em Palacio Rio Negro, expos com franqueza e honestidade, os princípios norteadores de sua agenda, concitando os homens dignos para a labuta árdua, mas nobilitante, das funções policiais. Com o seu pronunciamento másculo e oportuno, deixou bem claro que a sua maior preocupação, portanto, foi Segurança Pública de esforçar-se para achar a fórmula de integração, sob a égide do bom entendimento e harmonia e sem distinção ou predileções de todos quantos, compromissados na manutenção da ordem e segurança públicas, constituem exatamente a POLÍCIA, no rudimentar sentido do vocábulo.

0 povo amazonense, que ver no ilustre Secretário de Segurança Pública, um irmão de coração, nele deposita suas melhores esperanças. 

E graças as realizações do governador Joao Walter de Andrade, em prol da recuperação do Estado, foi nomeado em tão boa hora para dirigir a Secretaria de Segurança Pública o ilustre e benquisto general Delio Mafra, cujo homem público passou, de logo, a merecer da comunidade manauara o verdadeiro sentimento de admiração, amizade e respeito dado a sua probidade no cumprimento exato do dever, distribuindo a todos sem distinção de classe ou cor, justiça e revelando, apesar de sua lhaneza e fidalguia de trato, uma firmeza inabalável no cumprimento da lei.

segunda-feira, agosto 09, 2021

LUTO: TENENTE MÚSICO CÂNDIDO (1952-2021)

Faleceu ontem, em dependências do Hospital 28 de Agosto, o tenente músico José Cândido Figueiredo, na reserva desde 2006. Nascido em 1952, era filho de outro músico, João Cândido (vivo aos 93 anos) e Maria de Nazaré Figueiredo, tendo ingressado na Polícia Militar do Amazonas e, por óbvio na Banda de Música, em janeiro de 1972.
João (pai) e José Cândido

Alcançou o último posto da graduação, em 1996, quando promovido a subtenente, passando a dirigir aquela unidade musical, em substituição ao tenente Arimateia Souza e Silva.  

Em setembro de 2002, foi contemplado com o posto de 2º tenente, e mantido na regência da Banda até sua inatividade, então substituído pelo tenente Valério da Silva.

O velório acontece na Funerária São Francisco, com o sepultamento marcado para as 16 horas, no cemitério de São Francisco, no Morro da Liberdade. 


Prof. Bernardo, coronel Roberto, João e
José Cândido Figueiredo (da esq. para dir.) 

Para uma retrospectiva sobre a Banda de Música da PMAM – coronel Afonso de Carvalho –, estive acompanhado do professor de música Bernardo, da UEA, conversando com o José e o João (filho e pai), há pouco mais de dois meses. O registro aqui estampado lembra aquele momento, que espero fixar na memória da Banda.

Siga para o Senhor sob os acordes dos anjos, Maestro Cândido!

 

quarta-feira, agosto 04, 2021

BRASÃO DA ACADEMIA GENERAL EDGAR FACÓ

Seis anos após meu ingresso na Polícia Militar do Amazonas, em 1972 fui enviado a Fortaleza (CE) para frequentar o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO). O curso com cerca de trinta alunos, possuía dois amazonenses e dois maranhenses. 

Entre os colegas cearenses, o capitão Paula Pessoa se avultava, era o primeiro. E o primeiro, na caserna, tem precedência.

Brasão da Academia existente
no Museu Tiradentes

Em certa ocasião, ele propôs ao grupo a criação do brasão da Academia. Elaborou um esboço, que foi recebendo aqui e ali alguma modificação. (Verdadeiramente, parecia uma caveira.) E, hoje, às vésperas do cinquentenário, foi esta a imagem que uma estagiária do Museu Tiradentes concebeu ao ver o brasão, retirado de um armário naquele local.

Concordei e contei-lhe o fato que aqui vai postado. Durante a elaboração dele, em Fortaleza, tive aceita a proposta do lema: Vigilando discimus, ou seja, aprendemos para vigiar. Desse modo, ainda que a aparência do emblema não seja tão jeitosa, marquei minha frequência no CAO/1972.

terça-feira, agosto 03, 2021

BATEDORES DA PMAM (3)

 Ainda em 1972, no comando do coronel Paulo Figueiredo, a Polícia Militar do Amazonas tornou a incluir duas turmas de oficiais R/2, a maioria amazonenses, mas alguns provenientes de Belém (PA) e outros do Nordeste (Fortaleza e Recife). Em novembro de 1973, então no comando do tenente-coronel EB Coutinho de Castro, a PMAM incorporou sete novos oficiais da reserva (R/2).

Francisco Correa, ainda aluno do NPOR; e subtenente
Nonato Bento, mencionado em post anterior

Entre estes, dois se destacaram como Batedores: tenentes Paulo Roberto Vital Menezes e José Francisco Bonates Correa. Este mais, porquanto havia servido na 12ª Cia PE, e, desse modo dispunha de amplas noções no manuseio de motocicleta militar. Na corporação estadual esteve sempre ligado ao policiamento de trânsito, no comando da Polícia Rodoviária (1984-87) e no do Batalhão de Trânsito (1997), sem contar sua passagem na direção-geral do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

Outro ligado ao policiamento de trânsito foi o hoje coronel da reserva Vital de Menezes. Integrou a equipe de batedores e passou pelo comando do Batalhão de Trânsito em 1992 e 1995. Esteve no comando do batalhão sediado em Itacoatiara, sua terra natal, e onde deve ter admirado com frequência a moto dirigida por seu genitor. Encerrou sua passagem pelo serviço público na direção da Secretaria de Segurança Pública.

Marco Aurelio e Cabral Jafra, ambos com uniforme do 
NPOR. Ambos batedores, citados em post anterior

Vital ainda pode oferecer mais sobre sua atividade como Batedor, já Correa faleceu ano passado. Todavia, a presença deste na corporação deverá ser esculpida, como patrono do atual Batalhão de Policiamento de Trânsito. O comando desta unidade promove a gestão junto ao comando-geral da PMAM pelo preito.

A história dos Batedores prossegue.