CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sábado, abril 28, 2018

NACIONAL FC. CAMPEÃO


O campeão de futebol amazonense de 1974 foi o Nacional Futebol Clube. A reportagem de A Crítica (10 dezembro) elabora uma reduzida explicação para o êxito do “Mais Querido”, ilustrando a publicação com a apresentação do elenco principal.
Assim, para os saudosistas, para aqueles que tiveram o prazer de assistir os bons espetáculos do futebol amazonense, ali estão enfileirados a base do time: Procópio – Antenor – Ângelo – Bibi – Toinho – Renato – Rolinha –Reis – Fausto – Eurico Souza – Ismael – Pedrilho e Djalma. A maioria pertencia ao Clube Atlético Mineiro.


Quais os fatores que levaram o Nacional à conquista do título? Não será preciso exagerar ou superestimar o clube ou o time: os principais fatores foram o excelente padrão de desempenho da equipe, resultado da categoria técnica dos jogadores, a conscientização de trabalho da equipe, trabalhada humildemente pelo técnico Edmilson, a dedicação dos dirigentes do clube no setor de futebol profissional. E os gols, naturalmente.
Desde o primeiro jogo do campeonato a equipe revelava qualificação para o título, e conquistou, afinal, invictamente, o que significa merecidamente.
Com efeito, o Nacional é digno campeão do começo ao fim, mostrando aos demais concorrentes uma conduta técnica bem representativa do estágio do futebol amazonense.

PARQUE AMAZONENSE

Vista do Parque Amazonense

A história de nossa saudosa praça de esportes, que abrigou o futebol amador, deve ser algum dia impressa. Contudo, uma marca relevante nessa narrativa deve ser o Parque Amazonense, que pertenceu à maçonaria. Daí ter sido alcunhado pela imprensa esportiva de Dispensário Maçônico. A última cicatriz desta praça de futebol é a cabeça do cavalo que ornava a entrada do estádio, situado na rua Belém, no Beco do Macedo.
Com a inauguração do Estádio Vivaldão, em 1970, o Parque foi definhando, tanto que desapareceu. Pequena resenha dessa trajetória vai abaixo, compartilhada do matutino A Crítica (31 dezembro 1974).

Depois de passar cerca de cinco anos administrando o Parque Amazonense, o América [Futebol Clube] perde o direito de usá-lo em face da crise financeira que o clube vem passando. Desde 1973 que o clube dos irmãos Teixeira, por falta de condições, está perdendo quase todo o seu patrimônio.
Os dirigentes da Loja Maçônica — proprietária do imóvel — alegam que o América desde janeiro deste ano não efetua o pagamento regular das mensalidades como estabelece o contrato de arrendamento. O América pagava cerca de dois mil cruzeiros por mês, e tinha opção de ficar em definitivo com o Parque Amazonense, caso cumprisse as suas obrigações financeiras.
Por outro lado, embora não se tenha confirmação dos dirigentes da Maçonaria, o Nacional [Futebol Clube], através do seu novo presidente, Manuel do Carmo Chaves, mostra-se bastante interessado em arrendar o Parque Amazonense para a sua equipe de futebol treinar, bem como construir um alojamento para concentração do time em véspera de jogos pelo campeonato.
Hoje é o último dia de prazo para o América entregar o Parque Amazonense à Maçonaria. Ainda esta semana, deverá receber uma visita dos dirigentes do Naça, com objetivo de acertar as bases para assinatura do contrato, já que o Nacional pretende iniciar os preparativos da sua equipe para a Taça Amazonas realizando os treinos no PA.

quarta-feira, abril 25, 2018

FESTIVAL DE CORAIS - 1971

Recortado do Jornal do Commercio, 11 novembro 1971

Este evento aconteceu em 1971 (Jornal do Commercio, 11 novembro), estando perto de completar quarenta anos, e é possível extrair dele algumas lições. Quantos GE (Grupo Escolar) foram participantes finalistas, cada qual com sua regente, de certo a professora de música, ou alguma bem interessada.
O Instituto Benjamin Constant ainda funcionava, hoje metido a ensinar informática vive em ostracismo.
E me parece que não houve prêmio, ao menos não foi mencionado no corpo da reportagem. De forma que encerro reafirmando a disposição de professoras e alunas, visto que o torneio era feminino.
Nunca mais se viu ou verá tal competição, para a comunidade estudantil a música mudou ou os cantores migraram para o youtube. 
 
Título da notícia no mesmo jornal
Ainda em fase de andamento o I Festival de Corais, criado com o objetivo de incutir no estudante o amor pela música. Ontem foi realizado no Auditório do Instituto Benjamin Constant a etapa decisiva que apontaria o melhor coral feminino.
Sete grupos escolares participaram do concurso de ontem, e são os seguintes:
1)     G.E. Castello Branco, que interpretou as músicas Carneirinho de Algodão, de H. Villa Lobos, Ciranda, Cirandinha, que tiveram como regente a professora Olindina S. da Silva;
2)   G.E. Santo Agostinho, que interpretou Rosa Vermelha, de Aricó Jr., Pai Francisco, tendo na regência a professora Lindalva Veloso;
3)   G.E. A. Menezes, que interpretou as canções As Conchinhas, de H. Villas Lobos, e Sapo Jururu, tendo como regente a professora Maria das Graças Coelho;
4)   Escola Reunida Luiza de Marillac que interpretou Carneirinho de Algodão e Sapo Jururu, na regência da professora Darcy de Paula;
5)    G.E. Princesa Isabel que apresentou A Canoa Virou, de Villa Lobos e Caranguejo não é Peixe, tendo como regente a professora Maria Augusta F. Xavier;
6)   G.E. Vicente Telles que interpretou as músicas Rosa Vermelha, de A. Júnior, e Therezinha de Jesus, na regência da professora Júlia Dinelli, e, finalmente, apresentou-se o
7)    G.E. Farias de Brito interpretando as canções Carneirinho de Algodão e Oh! Suzana, tendo como regente a professora Mercedes Cavalcante.
Após demoradas conferencistas o júri, na presidência do prof. Pedro de Araújo Madeira Jr., proclamou como vencedor o coral formado pelos alunos do Grupo Escolar Princesa Isabel.
Para que se conhecesse o coral feminino vencedor do I Festival de Corais, foi interpretada pelos vencedores das semi-finais realizadas, N. S. Auxiliadora e G.E. Princesa Isabel, a música de confronto O Anel. Após a apresentação da música por ambos os grupos foi proclamado como campeão, o coral formado pelas alunas do Colégio N. S. Auxiliadora.

terça-feira, abril 24, 2018

PMAM: CAVALARIA


Jornal  Amazonas Em Tempo, 17 abril 1988.
Orçado inicialmente em Cz$ 70 milhões [de cruzados], já está em construção o quartel do Esquadrão de Cavalaria, na rua Tiradentes, conjunto D. Pedro, bem atrás do Colégio La Salle, para que dentro de, no máximo seis meses, seja implantado em Manaus o Esquadrão de Polícia Montada, com um efetivo de 86 praças, 8 oficiais e 70 cavalos, comandados pelo major Wilde de Azevedo Bentes, que já está sendo nomeado para o cargo.
Modelada no Esquadrão de Cavalaria de Minas Gerais, "por ser a polícia mais bem equipada na área de cavalaria, segundo explicou o chefe da 5ª Seção da Polícia Militar, tenente-coronel Orleilson Guimarães, a Polícia Montada de Manaus dará mais segurança à cidade, penetrando em locais onde as viaturas não conseguem entrar, no caso, nas ruas de difícil acesso, principalmente nos bairros periféricos.
Ocupando uma área superior a 23 mil metros quadrados, o quartel do Esquadrão de Cavalaria terá três baias (locais onde ficarão os cavalos), picadeiro (onde se exercitarão os animais), área de encilhamento (local para se guardarem as arreias dos animais), garagem, depósito de rancho dos animais, alojamentos e pavilhão de comando.
Quartel atual
Assegurou Orleilson Guimarães que, a exemplo dos batalhões existentes em São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas e outros grandes centros, Manaus também terá sua cavalaria de grande serventia para segurança maior da população. “O coronel Pedro Lustosa, comandante da Polícia está agilizando todo o processo de emprego de seu pessoal, esperando tão somente a conclusão das obras para entrar em atividade o Esquadrão”, ressaltou o Chefe da 5ª Seção da PM [hoje Diretoria de Comunicação Social]. 
Ele disse, também, que até, a comunidade está participando da criação da Polícia Montada, pois dois cavalos já foram doados para a corporação. Segundo explicou, o Esquadrão de Cavalaria será formado por cavalos que se adaptem às condições climáticas da região.

Observações sobre esta notícia:

Conhecendo, como conheço, ao coronel aposentado Orleilson Guimarães (perene diretor do trânsito), a notícia repleta de platitudes partiu de seu empenho em propalar a Polícia Militar. Até porque, à repartição que então dirigia, competia esta obrigação. Tem mais, ele sabia fazer isso muito bem, possuía competência em falar ao microfone de qualquer emissora, em especial a de TV.
Duas notas para a história do Esquadrão: no primeiro momento, a comunidade do Dom Pedro aprovou a ideia, pois a unidade policial traria mais segurança ao bairro. Tanto que veio apoio incondicional até com doação de animais. No entanto, o espaçoso aquartelamento absorveu outras unidades da PM, tal descumprimento aborreceu os moradores vizinhos.
Os cavalos foram adquiridos no Rio Grande do Sul. E, para transportá-los para Manaus, foi montada uma operação original, supervisionada pelo então major Antonio Ferreira Lima (falecido há dois anos). Era um policial de vasta experiência com “beiçudos”.
Em 29 de abril de 1988, tomou posse o primeiro comandante – major Wilde Bentes, que foi comandante-geral e hoje empresta seu nome ao esquadrão.

Coronel Lustosa saúda o governador
Vivaldo Frota (mesmo jornal)
Três décadas depois, a Cavalaria perdeu grande poder de policiamento, pois há viaturas demais na corporação, capazes de adentrar qualquer local. O espaço vem sendo bem aproveitado para aplicação da equoterapia (tratamento com uso de cavalos).
Enfim, o coronel aposentado Pedro Rodrigues Lustosa, comandante-geral da PMAM (1988-89), foi o gestor desta empreitada. Conseguiu com o governo a verba necessária e junto à comunidade a área para a edificação.

segunda-feira, abril 23, 2018

DIA DE SÃO JORGE

Imagem existente no
Palacete Provincial

A festa de hoje homenageia ao santo padroeiro do bairro de São Jorge. Na postagem abaixo, compartilhada do jornal Em Tempo (23 abril 1988), vai um pouco da história deste subúrbio. Vai contada pelo ex-vereador Edmilson Fumaça e pelo saudoso pai-de-santo João de Castro.
Desejo, no entanto, lembrar respeitável personagem dessa epopeia: o primeiro vigário da paróquia, padre Luiz Ruas (1931-2000). Ordenado padre em 1954, a partir do ano seguinte abraçou a cruzada católica em prol da criação da paróquia, que somente aconteceu em 1957. Apesar de inexistir local próprio para o culto religioso, há registro de que a primeira missa aconteceu em uma casa na rua 18 de Setembro. Desse modo a igreja aconteceu, entronizando a imagem de São Jorge.
Muito depois, a igreja “atravessou” a rua, ou seja, foi reconstruída em frente à primeira, porém na outra margem, já em outra artéria. Quando houve um movimento para homenagear este sacerdote, batizando com seu nome a nova artéria, ele preferiu transferir a homenagem à sua mãe, hoje a rua se chama Emília Ruas.    


Recorte da reportagem do citado periódico
 Ano de 1956, dia 23 de abril, o então governador do Estado do Amazonas, Plínio Coelho, é convidado para o batizado de algumas crianças numa localidade de Manaus. Lá chegando, após percorrer uma estrada de chão, aberta pelos moradores com suas próprias mãos, o governador inaugurou um novo bairro na cidade: o bairro de São Jorge, em homenagem ao santo comemorado nesse dia.
O local dos batizados recebeu o nome de rua dos Batizados, hoje mudado para rua Amaral dos Santos. E é exatamente aí, nesse mesmo endereço, que vai acontecer hoje uma grande festa em comemoração aos 32 anos de fundação do bairro. A festa está sendo organizada por dois dos mais antigos moradores de São Jorge: o pai-de-santo João de Castro e o vereador Edmilson Fumaça, juntamente com a colaboração do governo Amazonino Mendes.
As comemorações, na verdade, se iniciaram, ontem, quando por volta das 20 horas, o pai João começou a rufar os tambores no seu terreiro, Cabana Preto Velho. "Esta é a minha homenagem, como pai-de-santo que sou, ao bairro que eu vi nascer e ajudei a fundar. Mas eu queria lembrar também que isto não é uma festa da umbanda. A minha homenagem, através da umbanda, eu já fiz ontem, no meu terreiro. A festa na rua quem está fazendo é o cidadão João de Castro, e não o pai-de-santo".
João de Castro, 64 anos, vive na região de São Jorge, há 34 anos, mais tempo que a própria idade do bairro. Lá, ele foi presidente do Atlético Paroquial São Jorge, presidente do Clube São Jorge, delegado das terras, dividindo os lotes para os moradores.
Segundo ele mesmo diz, "sempre fui uma pessoa católica, tenho, inclusive, 214 afilhados batizados na Igreja Católica. Só me converti à umbanda, porque, com o tempo, descobri que precisava desenvolver o meu grau de médium, mas continuo sendo católico".
E foi na época em que ainda não havia descoberto seu grau de mediunidade, em 1956, que João de Castro, junto com os outros moradores, construiu a primeira igreja do bairro. "Essa igreja custou para a gente 15 contos de réis", explicou pai João. Ainda em 56 foram inauguradas a primeira escola, Zulmira Bittencourt e a delegacia do bairro. 
Ainda recorte do mesmo jornal
A FESTA
 São Jorge, ou Ogum Beira Mar, o santo guerreiro que defendeu a religião católica até mesmo contra dragões, será muito homenageado pela passagem de seu dia. A partir das 17 horas, um carro com a imagem do santo guerreiro percorrerá todas as ruas do bairro, que leva seu nome, se deslocará até o local de fundação do bairro, para, a partir das 19 horas, prestar sua homenagem aos mais antigos moradores ( pessoas que colaboraram com o seu desenvolvimento e progresso: o governador Amazonino Mendes, em especial, por sua atuação quando ainda prefeito de Manaus, o vice-governador Vivaldo Frota, o deputado Ezio Ferreira, Domingos Leite, diretor do GTOE (Grupo de Trabalho de Obras Emergenciais), o deputado estadual Josué Filho e o vereador Edmilson Fumaça, filho ilustre do bairro.
Faremos uma homenagem especial também ao meu pai, Abraão Moreno de Araújo, falecido há 3 meses, que ajudou a fundar nosso bairro, deixando aqui suas sementes plantadas, na esperança de que deem bons frutos. Pretendemos homenagear ainda cerca de 60 antigos moradores, com a entrega do título "Cidadã0 do Bairro'', acompanhado de uma imagem de nosso santo padroeiro. Entre eles, estão a primeira rainha do arraial da igreja de São Jorge, D. Waldira, e o primeiro padre, padre Ruas, explicou Fumaça.
Segundo o vereador a festa será muito bonita e grandiosa. "Foram compradas mais de 50 dúzias de fogos de artifício (que começarão a ser soltos a partir das 6 horas da manhã, com outra sessão, ao meio-dia, outra às 6 da tarde, e a última, durante a festa, que começa às 19 horas e vai prosseguir até a hora que o povo quiser, porque o bairro de São Jorge merece tudo isso e muito mais", completou. 

domingo, abril 22, 2018

MANAUS - 1988 (1)

Trecho de igarapé não identificado

Até que o governo intentou, porém a ligação viária do roadway ao Distrito morreu no nascedouro, ou seja, na própria Manaus Moderna. Há 30 anos (Amazonas Em Tempo, 15 abril) o governo divulgava esta esperançosa obra. Nesse meio tempo, o Porto trocou de proprietário, o Chibatão montou um porto “chibata”, o Encontro das Águas não condescendeu com os investidores em um porto no Puraquequara, enfim, o Centro perdeu sua importância, assim a promessa viária foi pras calendas.  

Uma das prioridades do Projeto Manaus Moderna, iniciado no governo Gilberto Mestrinho, é melhorar o saneamento básico dos igarapés de Manaus, Bittencourt, Mestre Chico, Japiim e Cachoeirinha, onde serão implantados canais. E o secretário de Transportes e Obras, José Augusto de Almeida, avisa: Manaus será dotada de um corredor viário, ligando diretamente o centro industrial à zona portuária, aliviando a área central da cidade do engarrafamento do trânsito pesado.


Outra obra viária da mesma época preocupava os moradores da rua Japurá com Ferreira Pena. Afinal o leito do igarapé foi consolidado e a artéria hoje permite um forte fluxo de veículos na direção centro-bairro. A nota pertence ao jornal Amazonas Em Tempo (18 abril 1988).
As obras do trecho interditado da rua Ferreira Pena (foto) entre as avenidas Tarumã e Japurá, poderão ser concluídas em menos de 30 dias. O presidente da Empresa Municipal de Urbanização, Geraldo Barreto, informou que o atraso foi em virtude de alguns equívocos no projeto original, que determinava a colocação de tubos de concreto para o escoamento do igarapé, o que terminou não sendo aprovado pelos técnicos.

MANAUS - 1988


A canalização do igarapé do Franco, entre São Jorge e Santo Antonio, fez desaparecer uma ponte que ligava estes bairros. Ponte bem precária, desde sua construção, como se vê com o post sacado do jornal Amazonas Em Tempo (21 abril 1988). Ontem, completou três décadas!
A descrição do morador para o desastre ainda segue o mesmo roteiro.   

Ponte é perigo e ameaça casas

A ponte que ligava os bairros de São Jorge e Santo Antônio, na rua Elviro Dantas, está interditada há quatro anos. O morador da casa 7, Délio Gomes de Melo, disse que a ponte foi construída pela firma Consteca [do deputado Ezio Ferreira], contratada pela Prefeitura na administração Amazonino Mendes. Foram feitos somente seis metros de ponte no meio do igarapé do Franco, que possui aproximadamente 16 metros de largura.
Com isso a obra foi completada com aterro em ambas as margens do igarapé. Como a passagem da água era pequena, para o volume existente, principalmente quando chove, o aterro começou a ceder e a Prefeitura para tentar solucionar o problema colocou sacos de areia. Mas isso foi inútil.
Certo dia caiu uma chuva e todo o aterro desmoronou. Até agora ninguém tomou providências e o terreno está cedendo, ameaçando as casas da rua que ficam próximas à margem do igarapé. Para continuar atravessando o trecho, a comunidade improvisou uma ponte de madeira.
Délio Gomes também lembrou que a ponte somente durou seis meses, e que durante a sua construção ele avisava ao responsável pela obra: “Faz a ponte e contrata o conserto, porque ela vai cair”. Inclusive o engenheiro da construtora lhe disse que o serviço não apresentava condições, mas a construtora tinha que seguir o projeto da Prefeitura.  

sábado, abril 21, 2018

"GARAJÃO" DA PREFEITURA


Há muito tenho uma sugestão para o prefeito: efetuar a primeira demolição de um prédio na capital. Quase não há dificuldades, pois o elefante pertence à Prefeitura: o "Garajão" ou o Edifício-Garagem Jorge Teixeira (Teixeirão já deve ter saltado do túmulo com essa homenagem). A “casa própria do seu carro”, como
Anúncio da Prefeitura (*)
intitulou a propaganda oficial, foi construída com entrada pela rua sem saída, de pouco trânsito, por isso de mão única. Até o SINE desistiu de se abrigar nas salas térreas. Hoje, um desperdício.
De outro modo, quero me penitenciar: não foi o prefeito Artur Neto quem o construiu. Foi o prefeito Manoel Ribeiro, inaugurando-o em maio de 1988, celebrando os 140 anos da inauguração de Manaus. Baita presente!!!!



Recorte do jornal Em Tempo
Reconstruir uma cidade. Foi esta a missão que o professor Gilberto Mestrinho deu ao prefeito Manoel Ribeiro. Você acreditou, votou, elegeu com uma grande votação. O troco está aí, próximo de você que acreditou e acredita. Estes cinco primeiros dias de maio vão garantir que você estava certo ao acreditar na indicação do professor Mestrinho. Preste atenção: no centro da cidade, está sendo inaugurado (no dia 5 de maio) o Edifício Garagem Jorge Teixeira, que não é uma obra relevante apenas por seu projeto arquitetônico, mas, principalmente, pelo que significará em questão de segurança, para você que investiu muito no seu carro. Esta obra que você pagou com seus impostos está orçada em mais de 150 milhões de cruzados. Vai gerar uma receita de 450 milhões de cruzados que será investida em educação, saúde, urbanismo, e outras necessidades prioritárias que a cidade reivindica.Nunca uma administração municipal, em Manaus, foi tão transparente. Agora, você sabe para onde vai o dinheiro que você paga em impostos. Está aí, do seu lado, servindo você.E você tem razão: o prefeito Manoel Ribeiro pensa em tudo e apresenta a casa própria do seu carro.

(*) Material de propaganda retirado do jornal Amazonas Em Tempo (24 abril  1988)

quinta-feira, abril 19, 2018

FOTOGRAFIA EM MANAUS


Dias passados, estiveram reunidos os fotógrafos de Manaus, com a disposição de ampliar a participação desta arte em Manaus, aproveitando a mão estendida da Secretaria de Cultura. Intentam entre outras iniciativas criar uma organização desses profissionais.
Recorte Jornal do Commercio,
21 abril 1983 
São tantos nomes para lembrar em nossos dias, mas vou me ater ao eminente profissional, quem sabe o decano em atividade, Carlos Navarro.
A criação de uma associação, todavia, não é pioneira. Catando em jornais, compartilho a divulgação realizada pelo Jornal do Commercio (21 abril 1983), portanto há 35 anos, de semelhante empreendimento. Tem mais, este contava com o apoio da Sonora, a empresa de Nuno Caplan, responsável pela amarração do mestre Navarro na cidade.

 
Anúncio em A Crítica,
5 setembro 1982
O I Encontro de Fotógrafos Profissionais e Amadores do Estado do Amazonas, será realizado no próximo dia 6 de maio, a partir das 19h30, no Cheik Clube.

O encontro está sendo promovido pela Associação dos Fotógrafos do
Amazonas, com o apoio da empresa Sonora.
Ao falar sobre o evento, ontem, em nossa redação, o diretor de Promoções da AFPEA, Augusto Nogueira, declarou que o sucesso da promoçã0 depende da participação maciça da categoria, previamente convidada pela Associação.
Logo após o encontro, haverá um coquetel, seguido de um baile.
De acordo com Augusto Nogueira, o I Encontro de Fotógrafos Profissionais e Amadores do Estado do Amazonas vem atender a necessidade de se promover a união da classe, uma vez que serão abordados assuntos de suma importância para a categoria. É necessário lembrar, segundo ele, que o convite é extensivo à toda comunidade amazonense.
“Queremos todos participando do evento”, disse ele.

quarta-feira, abril 18, 2018

AGNELLO BITTENCOURT

Folha de rosto do livro
A publicação do Jornal Cultura pertencia à Secretaria de Estado da Cultura. Na edição de julho-setembro de 1975, nº 14, encontra-se o texto transcrito abaixo, sobre o saudoso professor Agnello Bittencourt. 


AGNELLO BITTENCOURT,
HISTORIADOR AMAZONENSE E AMAZÔNICO

Professor Haroldo Valladão (para o Jornal Cultura)

O professor Agnello Bittencourt, nascido em Manaus a 14 de dezembro de 1876 e falecido aqui no Rio em 19 de julho de 1975, pouco antes de completar 99 anos de idade, era nosso sócio honorário desde 31 de agosto de 1948.
E possuía, para sê-lo, todos os títulos, pois foi notável cultor em pesquisas e exposições, amplas e permanentes, até dois anos atrás, da geografia e da história do seu Estado, do Amazonas.
Inicialmente professor primário e, depois, professor titular por concurso público, obtendo o primeiro lugar da cadeira de Geografia Geral e Corografia do Brasil, do Ginásio Amazonense D. Pedro II (depois Colégio Estadual do Amazonas desde 14 de dezembro de 1905), aposentou-se, pela compulsória em 1946, com cinquenta e dois anos de magistério, totalmente dedicados à sua especialidade.
Exerceu, ainda, a cátedra de Geografia Comercial e História das Indústrias do Comércio, da Escola de Comércio “Solon de Lucena”, municipal, de 1912 a 1946.
Produziu, continuamente, livros, artigos muitíssimos, memórias, conferências, teses, em Congressos de História e de Geografia, numa identificação total, insuperada, com o espaço, o tempo e a gente do seu berço.
Representou o Estado nos 6º, Belo Horizonte, 1919; 8º, Vitória, 1922; 10°, Rio de Janeiro, 1944; Congressos de Geografia, no último recebendo homenagem pelo seu trabalho "Perfil do Homem da Amazônia". Seria, assim, sócio correspondente e depois honorário, 1950, da Sociedade Brasileira de Geografia.
Um dos fundadores, depois Secretário Perpétuo, afinal presidente várias vezes e, afinal, Benemérito, do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, e, ainda, fundador do famoso Museu do Instituto. Também sócio honorário do Instituto do Ceará e correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, do Instituto Histórico da Bahia, do Instituto Geográfico e Etnográfico de Alagoas.
Edição comemorativa
A sua bibliografia é admirável pela largueza e profundidade dos temas geográficos e históricos versados, desde obras clássicas, qual a Corografia do Estado do Amazonas (Manaus, 1925), até monografias e trabalhos avulsos, como A Abolição da Escravatura no Amazonas, 1917; O Regime das Águas no Amazonas, 1920; Bacias do Purus e do Madeira, 1926; Cinquentenário do Teatro Amazonas, 1946; Rio Negro, povoamento e fixação demográfica em o Estado do Amazonas, 1948; Manaus, sua Origem e Desenvolvimento, 1948; Notas Hidrográficas sobre Navegação no Rio Amazonas, 1949; Esboço para um Perfil da Amazônia, 1950; Aspectos da Pesca na Amazônia, 1950; Bacia Amazônica — Vias de Comunicação e Meios de Transporte, 1957; Navegação do Amazonas e Portos da Amazônia, 1959; Mosaicos do Amazonas e Plantas e Animais Reminiscência do Ayapuá (Ensaio de uma sociologia rural), 1966; Bizarros do Amazonas, 1966.
Destaque-se o importante trabalho, Divisão Administrativa e Judiciária do Estado do Amazonas, 1944/48, de fixação de limites municipais e distritais, cada município com um quadro discriminativo, que deveria servir de modelo para os nossos outros Estados.
Mas essa sua bibliografia, da qual referi apenas alguns elementos, é autenticamente amazônica, vasta e infindável, na substância, no espaço e no tempo. Abrange tudo, em todo aquele território liquido da pátria, ontem, hoje e amanhã.
Veja-se que a bibliografia do nosso maravilhoso confrade ultrapassou, realmente, o tempo...
Em 1969, com noventa e três anos, nos dá duas obras magnificas: Fundação de Manaus: Pródromos e Sequências, ilustrada, e o Homem Amazonense e o Espaço, e em 1973, com noventa e sete anos, publica esse excelente Dicionário Amazonense de Biografias, que se abre com o dito ciceroniano: “Gratius debet esse, qui accepti beneficiorum”, e o oferecimento à “colendas entidades”, que tanto honrou, em primeiro lugar colocando este Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Se, como temos dito, o segredo da independência e da profundidade é a limitação, Agnello Bittencourt realizou o milagre de ser limitado e profundo no ilimitado, no estudo da nossa Amazônia.
Não concluiremos o seu panegírico sem citar a sua grandiosa mensagem, contida no livro de 1969, O Homem Amazonense e o Espaço: “A Amazônia Brasileira, para viver e progredir não precisa e não aceita internacionalizações em suas terras. Dispensa o Oceano. O Rio Amazonas é um símbolo. Sua correnteza, sacudindo o Atlântico a 300 milhas do seu estuário, quer dizer alguma coisa”.
Glorificamos esse grande brasileiro, esse insigne amazonense e amazônico, “par droit de naissence et par droit de conquête”, que tanto honrou a nossa cultura geográfica e histórica.


terça-feira, abril 17, 2018

PMAM - ANIVERSÁRIO

Parece estranha esta postagem, afinal a Polícia Militar Estadual possui quantos anos de existência? Pois, ainda no início deste mês comemorou o 181º aniversário. Contudo, ela carrega duas datas de criação, a primeira, já resignada, ocorria em 3 de maio, contada de 1876. Daí a idade afixada na reportagem: 89º aniversário.
A segunda data consolidou-se a partir de 1972, tomando por base as Instruções de 1837, razão da idade atual.
Em 1965, o governador Arthur Reis prestigia aos festejos da corporação de Candido Mariano, dando-lhe a denominação de Batalhão Amazonas. E o retrato do aludido comandante da tropa sobre Canudos, fixado no Salão de Honra, parece ter desaparecido.
Neste local, foi realizada a foto que ilustra esta publicação, retirada do Diário da Tarde (3 maio 1965).

Recorte do Diário da Tarde, Manaus, 3 maio 1965

POLÍCIA MILITAR FEZ 89 ANOS  

Consoante noticiou o DIÁRIO DA TARDE de ontem, 2ª edição, a Polícia Militar do Estado completou 89 anos de serviços prestados ao Amazonas. Numerosas cerimônias foram levadas a efeito no Quartel da corporação destacando-se a inauguração do retrato do tenente-coronel Cândido José Mariano, que comandou a PM na Guerra de Canudos, seguido do coquetel, de cujo ato é o flagrante vendo-se (da esquerda para a direita) o prof. Crisólogo Gastão de Oliveira (subchefe da Casa Civil do Governador), coronel José Nardi de Souza (comandante da Polícia Militar do Estado), coronel Temistocles Trigueiro (chefe da Casa Militar do Governador), governador Arthur Reis, coronel Luiz de Almeida Ribeiro (comandante da 29ª CR) e o comandante Gilberto Ferraz da Silva (Capitão dos Portos).

GREVE DE ÔNIBUS

A paralisação do serviço de transporte coletivo sempre trouxe perturbação à população. Não é privilégio ou desconforto de nossos dias. Veja este tormento acontecido em 1954, descrito com bastante ênfase pelo Diário da Tarde, de 26 de janeiro. O vespertino pertencia à empresa Archer Pinto, que ainda fazia circular o matutino O Jornal.
A foto muito precária permite, no entanto, identificar a igreja dos Remédios ao fundo, e a construção à direita, que abrigava a Inspetoria de Trânsito, antecessora, e muito, do Detran (Departamento Estadual de Trânsito), situada na esquina da rua José Paranaguá esquina da então praça Ribeiro Junior. Identificando por outra referência: atrás do Quartel da Polícia Militar, hoje Palacete Provincial.

Extraído do Diário da Tarde, Manaus, 26 janeiro 1954
  Sem aviso prévio, num verdadeiro acinte ao povo e às autoridades, os ônibus entraram em greve na manhã de hoje, enquanto seus proprietários, gente de prestígio nesta terra dos barés, dirigiram um ultimato ao Poder Público, exigindo, sob ameaces, o aumento das passagens. E o Poder Público, atemorizado, baixou a cabeça e cedeu, submetendo o povo, os pobres operários, a gente humilde dos bairros, ao sacrifício de ter de pagar o preço absurdo de Cr$ 1,50 por uma passagem num calhambeque.
No flagrante acima, os ônibus em greve, estacionados nas proximidades da Inspetoria do Tráfego Público, enquanto seus proprietários entregavam às autoridades a intimação, aguardando a capitulação, que se verificou horas depois, para tristeza do povo amazonense. (Foto Gleba).

domingo, abril 15, 2018

MURUAMA CLUBE DE CAMPO

Recorte da citada edição
As águas do igarapé do Mindu que abasteciam a piscina do Parque Dez, antes de alcançarem aquele balneário, serviam outros balneários e clubes particulares. Instalados à margem da Estrada do V-8, hoje avenida Efigênio Sales,  atendiam a uma seleta presença.
Vou compartilhar a movimentação de um desses clubes, o Muruama, cuja localização precisa hoje é dificultada pela urbanização da área. A reportagem foi escrita pelo saudoso jornalista Ulisses Azevedo e com fotos de Antonio Menezes e Luís Vasconcelos e encartada em A Crítica, edição de 18 maio 1975. 

Projeto da sede social, que desconheço se construída

Muruama
Reunião de Amigos, na literatura cabocla — é o refúgio benéfico de um grupo de homens, que agora parte para a concretização do seu sonho: a construção da sede social, projeto do engenheiro Carlos Falcone, sócio do clube.
Alguém disse a alguém, haver lido alguma coisa em alguma revista, sobre o significado da palavra MURUAMA. Queria dizer “reunião de amigos”. E aqueles 21 amigos que estavam procurando um nome para um clube que desejavam fundar, o adotaram. Depois um terceiro alguém veio dizer que o nome tinha outro significado. Não interessava mais. O nome era bonito, o clube estava fundado e os amigos com um local aprazível para reunirem. Esta é a origem do MURUAMA CLUBE DE CAMPO. Vamos aos efeitos.

Fundadores
Fundar um clube não é tarefa fácil. Precisa motivação e sócios. Existiam as duas coisas. Para quem frequentava a [avenida]Getúlio Vargas, era aluno do Colégio Estadual do Amazonas, sentava naqueles bancos em frente ao Politeama, e aos domingos buscava um balneário para uma gostosa “pelada”, ter um clube para si e seus amigos era o maior sarro.
O Dr. Almeron Caminha tinha um terreno lá na Estrada do V-8, cortado pelo igarapé do Mindu. Eles compraram um lote. E no dia 29 de junho de 1958 era fundado o Muruama Clube de Campo. Na mesma data em que o Brasil, lá na Suécia, conquistava o seu primeiro campeonato mundial de Futebol.

Os 10 que ficaram
No Muruama só existem sócios-fundadores. Dos 21 fundadores ainda restam 10. Os outros deixaram o clube por motivos diversos.
O presidente é o Flávio Figliuolo e na vice o Fernando Andrade; o Silvio Figliuolo é o secretário. Como não poderia deixar de ser o tesoureiro chama-se José Naice Filho. Diretor social: Manuel Garcia Marques, o Maneca. O Mauricio Andrade toma conta do bar. Os outros sócios, que não figuram na diretoria: Cláudio Figliuolo, Carlos Falcone, Sebastião Maia da Silva e Carlos Alberto Hoagem.

Os convidados
Edição referida
Quem não é sócio fundador e frequenta o Muruama é chamado de “convidado”. E tem até “convidado permanente”, com direitos adquiridos e permissão para reclamar, conta corrente no bar e outras “vantagens”. Por isso e por causa disso, ali são encontrados aos sábados, domingos e quintas-feiras, quase sempre acompanhados da família, os amigos Caubi Peixoto Filho, D'Sica, Miguel Martinho, Manuel Lapa, João Wanderley, José de Andrade Azedo, Manuel Trindade, Agostinho Freitas, Dalmy Jones, Cirilo Neves e outros bacanas.

Muruama
Quem passa na Estrada do V-8, agora asfaltada e muito bem transitada, e até com nome de ex-governador do Amazonas (Efigênio de Salles, por sinal o único a governar o Amazonas com o título de Presidente) vê o Muruama. Se tiver vontade, pode entrar que será sempre bem recebido.
A poluição ainda não chegou por lá. A agua é corrente, a piscina está no próprio leito do igarapé do Mindu. Três pontes ligam as margens do balneário. Naturalmente a de cima, a do meio e a de baixo. Uma, de alvenaria, serve apenas como decoração. E como o direito de reclamar é permitido no Muruama, aqui vai uma sugestão: derrubem aquela ponte, não tem serventia, a única coisa feia em toda uma paisagem maravilhosa, onde até o barracão em que o Mauricio tem o bar, alegra o ambiente. Menos a ponte de cima, de concreto, que ninguém usa, preferindo as duas outras, de madeira, mais atraentes e acolhedoras, na simplicidade que bem caracteriza o Muruama e seus frequentadores. As barraquinhas espalhadas nas proximidades da piscina...
Crianças tomando banho, jovens curtindo um sol, senhoras num papo legal, e muito marmanjo aproveitando para “umas e outras”, com tira-gosto ou sem ele, da “loura suada” à batida de limão. Jogo de vôlei, futebol dos grandes aos sábados, peixadas nas noites de quinta-feira. E o dominó para todas as idades.
Entre “umas e outras” as conversas são as mais variadas. Da política internacional ao futebol passado O Agostinho pode contar estórias de quando morou nos Estados Unidos; o Carlito Neves fala das maravilhas do Frigomasa; o Flavio, também chamado de “cardeal”, passeia na sua importância de presidente;
Naice, pelo chargista
Miranda - A Crítica, 21.12.74
o Naice não fala nem presta atenção, atenção, vai pra lá de marmita e quando não está comendo, está bebendo; o Maneca, apelidado de “diretor social”, fica transando de uma margem para a outra; o bom turquinho Miguel vai para tomar banho mesmo, não sai da piscina.
Lá no bar o velho Rabito conta estórias do futebol do passado, de quando ele foi campeão pela União Esportiva em 35 e 36. Diz ele que jogador daquela época era mais ligeiro que os de agora. Ele, Rabito, batia um corner e corria com tal velocidade que podia cabecear e fazer o gol. E todos acreditam... Porque amigo é pra essas coisas.

Coisas do futebol
O Muruama tem disciplina. Nas noites de quinta-feira a peixada, com obrigação do sujeito levar a família; aos domingos o futebol é para a garotada, o vôlei para os adultos e a piscina para todos.
Futebol dos grandes no sábado à tarde, depois das quatro e meia. Apenas dois times, permanentes, jogando todos os sábados. SITUAÇÃO e OPOSIÇÃO, tendo o Naice como árbitro geral, para qualquer decisão fora do campo.
A Situação é o time pelo qual o presidente torce; a Oposição é o outro. Quem chega ao Muruama, pela primeira vez, é obrigado a escolher um dos dois times para torcer. E não pode mudar, pois “vira-casaca” não é permitido. Torceu uma vez, torce a vida inteira.