CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

segunda-feira, novembro 30, 2015

PRIMEIRO AMAZONENSE NA FAB

Asp Of Afranio Aguiar
A postagem abaixo foi extraída do periódico local O Jornal, datado de 20 de agosto de 1944. Nele informa com bastante entusiasmo a formatura do primeiro amazonense a ingressar na Força Aérea Brasileira (FAB). 
Trata-se de Afranio da Silva Aguiar, certamente integrante da primeira turma de aviadores brasileiros, pois, a FAB teve início em 1941.

Recorte de O Jornal, 20 agosto 1944

Conforme noticiamos, realizou-se no dia 12 do corrente, na capital do País, com a presença do Exmo. Sr. Presidente da República [Getúlio Vargas], do ministro da Aeronáutica [Joaquim Pedro Salgado Filho] e outras altas autoridades, militares e civis, a cerimônia da declaração de aspirantes a oficial aviador de 1944 — Turma "Coronel Fontenele".
Dessa turma faz parte o jovem Afranio da Silva Aguiar, o primeiro amazonense a diplomar-se, como oficial aviador, na Escola de Aeronáutica.O aspirante Afranio da Silva Aguiar nasceu nesta capital e é filho do Sr. Pompeu Lino de Almeida Aguiar, chefe da firma proprietária da Papelaria Velho Lino, e de sua Exma. esposa, D. Eulalia da Silva Aguiar, figuras estimadíssimas de nossa sociedade. 
Tendo cursado, com brilhantismo, a Escola de Cadetes de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o aspirante Afranio da Silva Aguiar, que se destinara à carreira do Exército Nacional, prestou concursos, alcançando aprovações plenas, escolheu a Aviação para prestar os seus serviços, com o maior devotamento de brasileiro patriota. 
Convém assinalar que o jovem amazonense Afranio da Silva Aguiar, que sempre alcançou altas notas em todos os seus cursos, elevando, desse modo, o nome de seu Estado natal, fez-se por seu exclusivo esforço e dedicação aos estudos, motivo por que são mais realçados os parabéns, que lhe têm sido endereçados e à sua digna família.


domingo, novembro 29, 2015

ROUPAS DIVERSAS

Chapéus e Roupas recolhidos em diversos lugares 










sábado, novembro 28, 2015

VILA MUNICIPAL

O atual bairro de Adrianópolis nasceu no final do século XIX denominado de Vila Municipal. Esta denominação prosperou até à morte do médico e acadêmico Adriano Jorge, ilustre morador deste subúrbio, em 1948, quando a Cidade estabeleceu a mudança: Adrianópolis. 
Quando da instalação da Vila era prefeito de Manaus o coronel (da Polícia Militar) Adolfo Lisboa. E o fundamento para a instalação deste bairro fora o obtenção de local aprazível com a construção de casas de bom nível. Para isso, a urbanização que ainda predomina foi marcante: poucas ruas, porém amplas e retas, com lotes de bom tamanho. Como se verá com a postagem abaixo.
A distribuição desses lotes parecia atender a escolha dos mais afortunados, com certo poder aquisitivo, pois o valor era baixo, todavia, bastante compreensível. Afinal, a Vila estava sendo implantada no "final" de Manaus.  

Fac-símile de parte do contrato assinado pelas partes

Vila Municipal

Lote s/n                                                            Rua Teresina

Termo de aforamento feito ao Sr. Bertino de Miranda Lima de um lote de terras do patrimônio desta municipalidade, situado na Rua Teresina da Vila Municipal, como abaixo se declara: Aos quatro dias do mês de março de mil novecentos e sete, nesta cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas, na secretaria da Superintendência Municipal, onde se achavam presentes o Sr. Cel. Superintendente Adolpho Guilherme de Miranda Lisboa e o seu secretário Dr. Francisco Tavares da Cunha Mello, compareceu o Sr. Bertino de Miranda Lima que declarou vir assinar o presente termo de aforamento de um lote de terras que lhe foi concedido na Rua Teresina da Vila Municipal, bairro de São João, desta cidade de Manaus, em treze de junho de mil novecentos e seis, limitando-se ao Norte com a Rua Teresina, ao Sul com o terreno de Lourival Muniz, a Leste com a Rua Recife e a Oeste com o lote do Dr. Astrolabio Passos, tendo uma área de dois mil e duzentos metros (2.200m2), ficando o enfiteuta sujeito às cláusulas seguintes: 1ª – o enfiteuta obriga-se a pagar o foro de vinte e dois mil réis (22$000) correspondente a dois mil e duzentos metros quadrados de área ocupada pelo lote sem número da Vila Municipal, bairro de São João desta cidade, assim como o direito dominial em laudêmio correspondente a porcentagem que estiver determinado por lei. 2ª – o pagamento do foro será efetuado na Contadoria da Intendência Municipal.

quinta-feira, novembro 26, 2015

LIVRO TOMBO DA PREFEITURA DE MANAUS (2)

Ao tomar posse na direção do Governo Municipal, ao tempo denominado de superintendente, Basílio Torreão Franco de Sá, nomeou, em 20 de setembro de 1920, a comissão composta do Procurador Fiscal, Dr. Francisco Pedro de Araújo Filho, do chefe da 3ª Seção, o engenheiro Adalberto Pedreira, e do chefe da 1ª Seção, João Cesar de Mendonça, “para organizar o Tombo dos próprios desta Municipalidade”.
O trabalho foi impresso sob o título – Relatório da Comissão Organizadora do Tombo dos Próprios do Município.

Prédio onde até recentemente funcionou a Câmara Municipal

Nº 2
PALACETE MUNICIPAL

Prédio de construção térrea, situado no bairro de São Vicente (hoje Centro), ao lado sul da rua Municipal, antiga Brasileira (hoje av. Sete de Setembro), construído com alvenaria de pedra e tijolo, coberto com telhas de barro, ocupando uma área de 873,60m2, limitada ao sul pela rua Demétrio Ribeiro, antiga dos Inocentes (hoje Visconde de Mauá), a leste com a propriedade dos herdeiros de D. Victoria da Costa Guimarães e a oeste com a propriedade do Sr. Carlos Henrique Antony.
Em sessão da Câmara Municipal, realizada em 28 de dezembro de 1874, o seu presidente, comendador Clementino José Pereira Guimarães, fez ver:
Que devendo ser vendido por preço cômodo, segundo consta, a moradia de casa, sita a rua Brasileira, de propriedade da Companhia Limitada do Amazonas, e que estando esta Câmara pagando um conto e duzentos mil réis, por ano, de aluguel do próprio em que funciona e que tem ainda de pagar por alguns anos, visto que tão cedo não é possível aproveitar-se o edifício em construção para o Paço, entendia de suma conveniência adquirir essa propriedade que estava nas condições de servir vantajosamente para aquele fim enquanto o dito edifício não se concluísse; convinha portanto a Câmara discutir este ponto para resolver o que entendesse por mais conveniente.

A Câmara discute e aprova a indicação supra, e resolve a S. Exa. Sr. Presidente da Província aumento da — Eventuais — para esse fim, e autoriza o seu presidente fazer a compra, atentas às condições de barateza.

A 24 de janeiro de 1875 foi lavrada, no Tabelião Manoel Lessa, a escritura de venda, feita pela Companhia de Navegação do Amazonas Limitada à Câmara Municipal de Manaus de uma casa de sua propriedade à rua Brasileira, hoje Municipal, n° 14, pelo preço e quantia de sete contos e quinhentos mil réis.

A 8 de outubro de 1892 a Intendência Municipal, representada pelo superintendente Manoel Antonio Grangeiro, contrata com Antonio Inácio Martins a construção e obras da casa destinada ao Tribunal do Júri, no lado sul do próprio, à rua dos Inocentes, hoje Demétrio Ribeiro (atual Visconde de Mauá).
A 8 de junho de 1893 o superintendente municipal, Dr. Manoel Uchôa Rodrigues, autorizado pela lei nº 16, de 5 de junho do mesmo ano, contrata com o Sr. José Pires dos Santos a reconstrução do prédio antigo, situado à rua Municipal.Em 1906, o Superintendente Municipal, coronel Adolpho Guilherme de Miranda Lisboa, manda pintar e ornamentar pelo Sr. Silvio Centofanti a sala das sessões da Intendência, antiga sala das sessões do Júri.
Em 1908, o Superintendente Municipal, Coronel Domingos de Andrade manda proceder, pelo Sr. Adolpho Balaguer, diversas obras e consertos nos salões do prédio em que funciona a Secretaria da Superintendência Municipal, e em 1910, o superintendente, coronel (GN) Agnello Bittencourt suspende, a contratação desses serviços, e, chamando concorrentes para sua conclusão, contrata esse serviço com o Sr. Soares Junior.

Em 1911, o Superintendente Municipal, Dr. Jorge de Moraes, manda substituir por ladrilho o soalho do corpo que serve de arquivo, fazer caiação das paredes, pintura do teto e portas, colocando novos aparelhos sanitários.
Em 17 de abril de 1917, o Superintendente Municipal, Dr. Antonio Aires de Almeida Freitas, em obediência ao acordo feito e assinado com o Contencioso Fiscal do Estado, nos termos da lei nº 882, de 28 de março do referido ano, fez entrega deste prédio ao Governo do Estado, para nele funcionar sua Secretaria.

terça-feira, novembro 24, 2015

VELHOS TEMPOS

Saudoso cronista, os manauenses de ora não mais se lembram sequer da rua Marechal Deodoro, porque hoje não se conhece a cidade pelas suas artérias. Se conhece por referências.
Rua Marechal Deodoro, a partir da antiga agência
dos Correios; neste quarteirão estava a 
loja Antonio M. Henriques 
Então, para os novos, esta rua está situada no centro, é aquela tomada pelo comércio do “bate-palma”. Em uma dessas lojas de confecções e adereços funcionou a loja de Antonio M. Henriques, que conheci vendendo eletrodomésticos.
Pouco importa. Transcrevo esta memória para festejar ao amigo coronel Medeiros, ex-comandante da PMAM, cujo genitor vem citado (destaque) no texto do Jobim.


VELHOS TEMPOS (*)

André Jobim

(...) Na Rua Marechal Deodoro, aonde está hoje a loja e o escritório de Antonio M. Henriques, foi por muitos anos a Agência do Loide Brasileiro. Seu gerente naquela época, era o velho Trajano Mota, tendo como chefe de escritório o nosso amigo Raimundo Filgueiras [pai de Angelus Filgueiras, deputado estadual e prefeito de Manacapuru], hoje gerente da agência do Banco do Brasil; Caixa era o Romeu Pimenta Medeiros [pai do coronel PM Romeu Medeiros Filho], estudante de Agronomia e, consequentemente, colega de nosso Crisanto Jobim; chefe de tráfego, o incansável Ernesto Pereira, irmão do desembargador Sadoc Pereira, homem afeito ao trabalho e amigo sincero de seus colegas.

Recorte de O Jornal, então o periódico de maior circulação em Manaus 

Os demais auxiliares eram senhorita Adalgisa, esposa do Sr. Manoel Saraiva de Araújo, Clovis Catarino, e Anselmo Lopes de Sousa, um dos velhos auxiliares que ainda hoje trabalha na agência atual, sob a direção do nosso amigo Joaquim Sousa de Araújo --- o Quincas...

E talvez alguém ainda se lembre do "Macaco caiu", tipo popular da meninada, o "Mascarado", amigo dileto do Oliveira, dos Correios, da preta "Carolina", a primeira mulher no Amazonas a usar calcas de homem, afeita ao trabalho e dedicação aos seus filhos... Tudo isto passou e é comum naqueles que vão envelhecendo...

Era comum ver nas páginas principais das revistas, os retratos de Maria Angela Câmara, Simy Benaion, Maria de Nazaré de Figueiredo, quando de sua primeira comunhão e mais algumas, gentis ornamentos da nossa sociedade...
 Em homenagem a Herculano Castro e Costa [jornalista, genitor de Baby Rizzato], publicamos hoje, uma de suas adoráveis redondilhas, publicada numa revista amazonense em agosto de 1930: 
Para fazer-te uma saia
A maré vai, uma a uma, 
Passando a ferro na praia, 
As rendas brancas da espuma.
 (*) O Jornal, 18 dezembro 1960

segunda-feira, novembro 23, 2015

RAMAYANA DE CHEVALIER

Ildefonso Pinheiro, saudoso nordestino que venceu no Amazonas, revelou-se como abastado comerciante, mas igualmente como cronista em seu tempo.

Contemporâneo de Ramayana de Chevalier (foto), traçou na edição do Jornal do Commercio (3 setembro. 1972) uma apreciação sobre aquele médico. Muito mais que médico, Chevalier foi um intelectual competente, que prevaleceu ao tempo do governo de Getúlio Vargas, a quem defendeu com veemência nas redações de jornais da Capital da República.


Recordando o Passado

Ildefonso Pinheiro

Antes de falar em Ramayana de Chevalier, é preciso recordar o antigo Instituto Chevalier onde o seu pai, professor José Chevalier fincou o marco conclamador do dito instituto, cujo nome tornou-se flâmula desta terra. Lembro-me perfeitamente que o instituto foi instalado pela primeira vez na Rua dos Andradas, num amplo sobrado que ainda hoje pode ser visto em seu estilo colonial, de beleza atraente. 

Recorte do mencionado periódico
O Instituto Chevalier ali foi instalado em 1911 ou 1912, tendo permanecido por muito tempo. Depois mudou-se para a rua Dr. Moreira, esquina com a Quintino Bocaiuva, onde atualmente se encontra a Hospedaria Garrido. Aí funcionavam diversos cursos tendo como professores — José Chevalier e Paulo Eleuterio que, entusiasmados pelo Escotismo, passaram a lecionar esta disciplina que Olavo Bilac com suas belas canções impulsionara o povo brasileiro de Norte ao Sul. Assim, ao amanhecer de cada dia estavam os dois mestres dedicados a convocar os meninos daquela época para tão sublime conquista espiritual. 
Entre os novos escoteiros encontrava-se Ramayana de Chevalier, moço sagaz, em cujos olhos existia a esperança para o Brasil de mais um filho culto e radiante. Ele foi um soldado impulsionado pelo sentimento poético de Olavo Bilac com suas canções patrióticas, pois tocavam os corações pela chama sagrada do ideal, do amor pela liberdade e pelo progresso do Brasil. 
No desenvolver dos tempos, Ramayana de Chevalier fora tido como um espirito fadado às ciências e às letras. Ao seu lado encontravam-se Leopoldo Peres, André Araújo, Carlos de Araújo Lima, Olavo das Neves e muitos outros que conduziam a bandeira da ordem e do progresso, nos seus corações. Nesse desenvolver de dias, noites e meses, anos se passaram e chegamos ao ano de 1941 quando encontrei Ramayana de Chevalier viajando no navio Santos, do Loide Brasileiro, de Manaus à cidade Maravilhosa. 
Nessa comprida viagem de 22 dias o navio fora transformado numa Academia de Letras, onde os astros fulguravam com seus espíritos de jornalista, poeta, sociólogo, que eu ainda hoje conservo em minha retina, fazendo reviver aqueles dias felizes, nos quais Ramayana de Chevalier, André Araújo, Genesino Braga e Aguinaldo Archer Pinto transformaram aquela cidade flutuante num ambiente de artes e de cultura. 
Em 1950 o vi e senti ao lado de Adalberto Vale com o seu verbo brilhante e sedutor quando saudava a gleba verde com o seu discurso pela passagem da entrega do “Hotel Amazonas” à cidade de Manaus.
Suas frases refeitas de imagens estelares tinham o encanto das flores às margens dos rios, a murmurar por todo este Amazonas que surpreende e catequiza tudo o que tiver a felicidade de o contemplar em sua apoteose maravilhosa.
A inauguração do “Hotel Amazonas” marca o divisor de suas épocas. Esta formidável iniciativa da Prudência Capitalização, através do gênio empreendedor de Adalberto Ferreira Valle, que Assis Chateaubriand classificou no seu brilhante artigo Dos Grisões à Amazônia com o único rival do anexo do Copacabana Palace, representa nas suas linhas arquitetônicas, na excelência do seu material prestante, no arremesso de suas colunatas, no emaranhado modernismo dos seus detalhes técnicos, um monumento ao amazonense singular, cujo espirito, envolto nas tarlatanas da graça e do poder positivo, jamais se esqueceu, como o fez Ruy, do ninho onde nascera... 
Sobre Ramayana de Chevalier o ministro Jorge Mendes, na sessão do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas pedirá um minuto de silêncio para prestarem uma homenagem póstuma ao grande amazonense, dizendo: "Ramayana de Chevalier, como homem teve os erros, mas, nas letras, vejo-o iluminado ao lado de Álvaro Maia como os dois maiores amazonenses". 

ITINERÁRIO ANDINO (2)

Na metade do século passado, dois médicos amazonenses empreenderam uma viagem por países andinos. Concluído o périplo, Djalma Batista, saudoso cientista extremamente conhecido, fez publicar o relato dos acontecimentos.
Foi transformado em impresso, sob o título: Itinerário transadino (1951), que o autor dedicou ao companheiro de viagem – doutor Moura Tapajós, cujo nome designa a maternidade municipal instalada na avenida Brasil, bairro da Compensa.


UM VOO DO AMAZONAS AOS ANDES

Nós brasileiros andamos designando mal o nosso tuxaua hidrográfico, chamando-o de Amazonas, Solimões e Marañon. Em frente a Iquitos, por exemplo, olhando o belo panorama do rio a deslizar sereno, carregando detritos andinos, galhadas do baixo-plano e aluviões quaternários das terras aquém dos Pongos; olhando o rio banhado pelos últimos reflexos do crepúsculo planiciário, de que me estava a despedir, e recordando as minhas tinturas de geografia, exclamei: "Miremos al Marañon!" Esclareceu logo o amável acompanhante que estávamos defronte do Amazonas e que o Marañon estava muito longe.

Debrucei-me então sobre a monografia do sábio [Antonio] Raimondi, que consagrou sua vida ao Peru e palmilhou Loreto: aprendi que o Amazonas se forma pela união do Marañon com o Ucayali, da mesma forma que o [rio] Madeira nasce do abraço do Mamoré com o Beni, e o rio Branco da fusão do Maú e do Tacutu.
Cancelemos a nossa homenagem ao rei Salomão, concentrando-a na outra lenda, muito mais simpática e sugestiva, das guerreiras do Nhamundá, que arrebataram ao próprio Orellana a designação onomástica do rio-grande descoberto!
Matriz de Iquitos,
foto de julho passado

De Iquitos para Lima há três vias de comunicação: uma pelo ar, coberta pelas possantes e confortáveis unidades da Cia. Fawcett, que transportam tudo, gente e bichos, encomendas e cargas; outra por terra, a partir do porto de Pucallpa, até onde chegam embarcações fluviais, e início da grande estrada transandina, que substituiu a picada terrível de 20 anos atrás, pela qual, em caravanas aventurosas, que enfrentavam os gentios, as feras, o frio e a aspereza do terreno, se mantinha a unidade territorial do Peru; uma terceira via é toda por água: descendo o Amazonas, navegando o Atlântico, cruzando o canal do Panamá e costeando o Pacifico, até Callao...

Por uma das três vias sai a produção loretana: borracha, petróleo, sorva, madeiras e couros. Como se vê tudo coisa que a terra dá por si: nada criado pela mão do homem, tal qual sucede com os irmãos amazônicos do lado de cá da linha divisória...

Em 1955 será o centenário de Iquitos. Portanto, apenas sete anos mais nova do que Manaus, embora afastadas as duas capitais por mais ou menos 2.000 quilômetros...

Depois de uma animada e proveitosa conversa com os nossos anfitriões Planas e Vidurrizaga, na qual tanto podemos admirar a vivacidade de espírito do último, conhecedor minucioso do Norte e Nordeste do Brasil, onde amassou o pão do exílio, aqui lançando raízes afetivas imperecíveis e fruir o encanto da companhia do primeiro e de sua família, — começou a bater-nos forte o coração : fazia um calor supermanauense assim pelo meio-dia, no aeroporto iquiteño da CORPAC, e em pouco estaríamos sobrevoando os Andes e jogados no inverno da orla do Grande Oceano! (continua)

domingo, novembro 22, 2015

ENCONTROS SOCIAIS

Dom Basílio Pereira celebra casamentos na capela do Colégio Santa Doroteia

A família Barbosa que se instalou em Educandos (meados 1940)

Família de Elias Ferreira da Silva (1950)

Governador Danilo Areosa cumprimenta ao artista Moacir Andrade (1970)

sábado, novembro 21, 2015

NPOR – ENCONTRO ANUAL

Na continuidade da comemoração do primeiro centenário do 1º BIS(Amv), o comando desta Unidade promoveu nesta manhã o Encontro anual dos eternos alunos do NPOR/1º BIS.  Devo assinalar que este curso funcionou em Manaus por ocasião da II Guerra. Depois de 20 anos de interrupção, voltou a formar os oficiais da reserva, a partir de 1966.
Pavilhão de comando do 1º BIS, na formatura dos
eternos alunos do NPOR

Ao encontro, compareceram mais de duas centenas de eternos alunos.
A recepção ocorreu no Cirmam, onde as turmas foram se reencontrando, em especial as mais antigas.  Também neste local, houve a recepção pelo comandante do BIS, tenente-coronel Alexandre dos Passos.
Seguiu-se uma vídeo conferência com a transmissão da palavra do comandante do CMA (Comando Militar da Amazônia), general de Exército Theophilo Gaspar, falando desde o Estado de Roraima onde se encontra em missão.

A seguir, a comunidade passou às dependências daquele quartel, para apreciar a exposição de armas e outros recursos bélicos e visita as instalações do NPOR.

Veio, então, o momento mais exigido dos “cabeças brancas”, ao menos da metade.  Foi o momento da formatura no pátio externo, com tudo que manda o regulamento: entrega de medalhas, salientando-se a que premiou post mortem o aluno nº 1 da turma de 1944, Roderick Castelo Branco (lembrado professor dedicado do Colégio Estadual e eficiente filatelista). A comenda foi recebida pelo filho do homenageado -- Rodemark Castelo Branco.

Ainda tivemos (pertenço a turma de 1966), entrega de medalha do Centenário do BIS; a palavra entusiasmada do representante dos oficiais da reserva; a do general Poty, chefe do Estado-Maior do CMA; o canto da Canção da Infantaria e, ufa, às 11 horas da matina, em plena canícula, o desfile da tropa. Entre mortos e feridos, todos chegaram ao destino.  
No meio do dia, encerrando o Encontro, foi sérvio o almoço na Toca da Onça.

A ocasião serviu para múltiplos acertos, como a comemoração do cinquentenário da turma Ajuricaba, que vai festejar seu cinquentenário em março próximo. Serviu ainda para reafirmar que o Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva nos une em prol da Amazônia.

Selva!!!

Tenente-coronel Alexandre Passos recepcionando os convidados

Registro da solenidade.

ITINERÁRIO ANDINO

Recorte da capa do impresso
Na metade do século passado, dois médicos amazonenses empreenderam uma viagem por países andinos. Concluído o périplo, Djalma Batista, o saudoso cientista extremamente conhecido, fez publicar o relato da experiência.
Primeiro, expos os acontecimentos em conferência na Academia Amazonense de Letras, da qual era membro, em 29 de setembro de 1951. Logo, o periódico A Gazeta a reproduziu nas edições de 15, 16 e 17 do mês seguinte.  
Enfim, foi transformada em impresso, sob o título: Itinerário transadino, que o autor dedicou ao companheiro de viagem – Moura Tapajós, outro finado médico competente de nossa cidade.


UM VÔO DO AMAZONAS AOS ANDES
 Na manhã venturosa de 7 de julho, dois médicos manauenses desenharam no céu um ângulo reto, olhando pela janela do Catalina, ao infletirem para o oeste, com o pensamento no roteiro seguido por Pedro Teixeira, durante doze meses, a partir de outubro de 1 637, para cobrir a distância até Quito, — réplica heroica dos portugueses à expedição pioneira de Pizarro-Orellana, um século antes, desvirginadora do mundo amazônico. 
Apenas trezentos e tantos anos depois do notável capitão luso mudaram os meios e os caminhos, passando os meses a serem contados em horas... O que aqui vai relatado reflete o pensamento e a observação dos dois itinerantes, dos quais me estou arvorando a intérprete, avisando de antemão que o sal da história foi sempre posto pelo meu companheiro, com muita finura e extraordinário espírito clínico e crítico. 
À medida que o avião remonta o [rio] Solimões, vai-se tendo uma impressão oposta à da viagem a jusante de Manaus: a água diminui de volume e não ocupa tanto espaço, e a floresta é mais densa, parecendo até mais verde... 
Em frente a Benjamin Constant, quando se dá adeus à pátria, olhando a margem peruana fronteiriça (o povoado de Ramon Castilla não fica ao alcance da vista), o "real rei dos rios do Universo" como que perde a sua majestade, nesta época de vazante; e a cidade distante, comburida pelo sol e asfixiada pelo mormaço, erguida sobre giraus semelhantes aos de meu Togar natal, no Acre remoto, dá uma pena terrível ao brasileiro que a pisa pela primeira vez: não parece ter a seus pés um monstro líquido cuja correnteza atinge às vezes a milhas por hora. 
Benjamin Constant como que reflete a psicologia de um lago...Decolado o anfíbio da Panair [do Brasil] divisam-se riscos amarelos fendendo a superfície verde: verde e amarelo como que a traduzirem o destino brasileiro de guardião daqueles pagos distantes, onde três povos irmãos disputam ou mantém uma cunha de seus próprios territórios: peruanos, colombianos e equatorianos. E sobrepairando a tudo — interesses, ambições, desejos de hegemonia — um senhor todo-poderoso, que é o deserto! 
Quando se chega a Iquitos [Peru], duas horas depois de Benjamin Constant (500 ou 600 quilômetros de distância!), o espírito como que se abre, depois de se ter contraído a meditar sobre a pequeneza do homem em face ao mundo amazônico. Porque Iquitos já é uma cidade!
Basta dizer que possui luz e água... O Palace Hotel Malecon, instalado em bonito prédio azulejado, está longe porém de ser um palace hotel. Em compensação está pronto para ser mobilado e funcionar um bem apresentado estabelecimento, que integrará a cadeia da Corporação Nacional de Hotéis de Turismo, do governo peruano. 
Na capital do Departamento de Loreto há cerca de 45.000 almas, 10.000 das quais devem ser contadas como corpos: são soldados... Não esquecer que as geografias equatorianas incluem Iquitos na Província Oriental da pátria de Garcia Moreno... 
Em verdade muito mais afinidade existe, na região, com o Brasil, que com qualquer das repúblicas irmãs do lado de lá dos Andes: e é pena que esta afinidade, decorrente naturalmente da proximidade geográfica, da identidade de problemas e da semelhança das populações nativas, não seja aproveitada largamente pelo comércio, pela indústria e pela cultura, para formação de um necessário espírito panamazônico, que não deve ser interpretado como expansionismo do Brasil, país líder e senhor da chave da bacia, pelo próprio destino histórico. 
Neste sentido, vale a pena não esquecer as sugestões e observações argutas de Napoleão Bezerra, que já escreveu, primeiro com gasolina e depois com óleo cru, crônicas de sensação sobre o Médio Amazonas. (continua)

domingo, novembro 15, 2015

CASAS COMERCIAIS DE MANAUS

Para relembrar alguns recantos e casas comerciais 


A praça desapareceu transformada em Terminal de ônibus,
ao fundo, o Café dos Terríveis que, na virada do século passado, era o point

Este comércio resistiu até a implantação da Zona Franca

Este prédio com seu estilo inconfundível permanece na av. Joaquim Nabuco,
ora vendendo colchões. E com melhor presença, como a do Gordini da foto



O bar dispensa apresentação. Hoje, revitalizado, reúne em seu entorno grande número de apreciadores.  



sábado, novembro 14, 2015

NPOR - 1º BIS(AMV)

Na passada quinta-feira (12), oficiais R/2, oriundos do NPOR (Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva), reuniram-se no quartel do 1º BIS (Batalhão de Infantaria de Selva), sucedâneo do legendário 27 BC (Batalhão de Caçadores).

O objetivo do encontro era organizar a festa de confraternização que acontece no próximo sábado (21). Também, serviu para delinear as atividades que marcarão o cinquentenário da Turma Ajuricaba, que ocorre em março do  ano vindouro. Trata-se da terceira turma desta organização de formação militar. 
As primeiras formaram em 25 de agosto de 1944 e 1945, ao tempo da Segunda Guerra, segundo dados colhidos na imprensa local.(*)

Para que se compreenda a valorização que os jovens de então dispensaram a essa convocação, tomo o nome de Adriano de Queiroz, conhecido advogado, e que prestou renomados serviços ao Estado na sua área profissional. Ele, nascido em 1913, e bacharelado pela Faculdade de Direito do Amazonas em 1937, participou da turma de 1944. 

Duas observações, antes de relacionar os 45 concludentes, nenhum deles vivo para abrilhantar a festa. O primeiro lugar coube ao aluno Roderick Castelo Branco (cujos filhos são bastante conhecidos na sociedade) e o orador, o aluno João Martins da Silva, outro respeitável advogado de nossa cidade. Enfim, o baile de formatura ocorreu no Ideal Clube.
 
Sede do Ideal Clube onde foi realizado o baile
Adriano Queiroz, (1913) bacharel 1937
Agnello Uchoa Bittencourt, (1923-97) bacharel 1945 / aluno 61 / Academia Amazonense de Letras
Agobar Garcia Vasconcelos, (1919) / bacharel 1948
Aldemir Paes Lima de Miranda, (1918) bacharel 1942 / aluno 21 /
Alcimar Guimarães Pinheiro, bacharel 1961 / oficial PMAM
Alexandre Carvalho Pimenta, (1924) / bacharel 1954 /
Alípio Meninéa Netto, (1923) / bacharel 1952 /
Aluísio Brasil Lima,
Augias Augusto Pinheiro Gadelha, bacharel 1947
Bento Rocha da Silva,
Claudio Lemos de Aguiar, médico
Clovis Angelim, bacharel
Elias dos Santos Ferreira,
Francisco de Assis Albuquerque Peixoto, (1920) / bacharel 1949 / deputado estadual / comandante da PMAM
Geraldo Dantas,
Jersey Nazareno de Brito Nunes, (Acre 1921) bacharel 1947
João Mendonça de Souza, (1915-
2003) / bacharel 1952 / da Academia Amazonense de Letras
João Martins da Silva (orador), (1920) / bacharel 1947
João Alfredo Sampaio Nunes de Melo,
José de Jesus Ferreira Lopes, bacharel 1948 / desembargador
José de Araújo Paiva,
José Milton Caminha da Silva, bacharel 1947 / juiz de Direito
Júlio Seixas,
Joaquim Gonzaga Pinheiro, bacharel 1955 / promotor público
Luiz Barros,
Luziadas Ferreira dos Santos,
Manoel Antunes,
Manoel Dias de Souza Cruz,
Manoel Alexandre Filho, (1919) / bacharel 1952
Manary Vasconcelos Mendes, bacharel 1943 / transferido para OAB/São Paulo.
Mario Silvio Cordeiro de Verçosa, (1924-89) bacharel / desembargador / Academia Amazonense de Letras
Mario Melo Mendes,
Milton Cesar de Araújo e Lima,
Newton Galvão de Alencar,
Odorico Rodrigues de Andrade,
Oyama de Macedo, bacharel 1948 / serventuário de Justiça
Orange Soriano de Mello, dentista
Osvaldo Teixeira Mendes,
Pietro Antonio Celani, (1922) / bacharel 1947
Roderick Castelo Branco (1º lugar),
Rodolfo Lopes Martins, bacharel 1949 / juiz do Tribunal de Contas
Samuel Isaac Benchimol, (1923-2008) / bacharel 1945 / escritor / Academia Amazonense de Letras / da empresa Bemol
Sylvio Moura Tapajós, (1918) / bacharel 1952
Waldir Garcia, professor / bacharel 1946 / juiz de Direito
Wilson Zuany Figueiredo, (1920) / bacharel 1945

(*)  O Jornal, 25 de agosto de 1944 
A responsabilidade sobre os dados pessoais cabem ao autor da postagem. A maioria dos jovens concluiu a Faculdade de Direito, a única então existente.