CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sexta-feira, março 29, 2024

ARQUIVO HISTÓRICO DO CORPO DE BOMBEIROS

Em fevereiro de 1920 assumiu o comando do Corpo de Bombeiros o capitão PM Arthur Martins da Silva, pernambucano que aprendeu o ofício de “homem do fogo” em Belém do Pará. Somente deixou o comando 18 anos depois em decorrência de seu falecimento (julho de 1938). A trajetória deste oficial na corporação foi marcante, tanto que em decorrência da Rebelião de Ribeiro Junior, em julho de 1924, assumiu o comando da Força Pública. Todavia, não deixou um retrato para adornar a Galeria de Comandantes, talvez pela ausência de família, dado sua condição de celibatário.

À época, a condição econômica do Estado era de decadência, após o desastre da borracha. Situação idêntica enfrentavam os organismos estaduais, consequentemente a Força Estadual. Os Bombeiros subordinados à Prefeitura local padeciam da mesma situação. Para ilustrar a postagem recolhi do arquivo corporativo páginas de livros de coleção de Boletim Interno. Ao menos se conhece o nome de um Bombeiro, 1º sargento Antonio Barbosa Abreu, cuja caligrafia impressiona.

 

Coleção mensal de BI 


Coletânea de BI mensal


quarta-feira, março 27, 2024

ARQUIVO HISTÓRICO DA PM AMAZONAS (1)

 A PMAM (Polícia Militar do Amazonas) comemora sua criação em 4 de abril próximo (referente a 1837). No entanto, já teve outra data marcante em sua história, a de 3 de maio de 1876. Nessa data foi (re) criada com o título de Guarda Policial do Amazonas, e manteve esta efeméride até 1972, ocasião em que um estudo indicou – e segue mantida – a de 1837.

Quartel da Praça da Polícia à época

Detalhe: houve uma terceira data: a de 26 de abril de 1936, com duração de um quinquênio, lembrando a reativação da Força Estadual, inativada pelo governo de Getúlio Vargas em novembro de 1930.

O texto aqui postado abona a criação de 1876, circulado na passagem do cinquentenário. Era comandante interino da Força o major Floriano da Silva Machado, cujo pai Rafael Machado – professor do Ginásio Amazonense Pedro II - integrou como voluntário, com o posto de capitão, a campanha de Canudos ao lado de Cândido Mariano.

 

Recorte do Boletim alusivo à data - 3 de maio de 1926

I – MEIO CENTENÁRIO DA FORÇA

Camaradas: Faz hoje 50 anos que, o Governo Provincial, pondo em execução a Lei n. 339, de 26-4-1876, criou esta Força, então Guarda Policial, tendo sido o sou primeiro comandante o major Severiano (sic) Euzebio Cordeiro.

Corporação destinada à manutenção da ordem pública e das leis, vem prestando, aos seus fins, reais serviços. Salientando-se, nesse longo período o papel eficiente que lhe coube na campanha de Canudos sob o comando do Cel. Candido Mariano, que teve por auxiliares intrépidos camaradas que ainda prestam os seus valiosos serviços ao nosso Estado.

Decorridos tantos anos, é sobremaneira confortador atingirmos ao meio centenário numa fase nova do ressurgimento quando todos nós, sem discrepância, - com convicção o proclamo - conscientes da elevada missão social que nos é ditada pela lei,  procuramos fortalecer o prestígio do bom nome da Força, contribuindo destarte para o engrandecimento do Estado que, graças à segura orientação que lhe imprime o nosso chefe supremo Sr. Presidente do Estado, com a prática das mais severas normas administrativas, entrou definitivamente pela senda do progresso, que é o trabalho em bem da causa pública. Esforcemo-nos, portanto, nessa profícua colaboração.

 Ao dirigir-vos, meus camaradas, estas palavras de congratulação por tão auspiciosa data, seja-me lícito declarar, servindo-me do ensejo, que este Comando sente a maior satisfação em poder afirmar que reconhece da parte de seus comandados a mais perfeita noção de seus deveres pela observação rigorosa da disciplina e de acatamento a todos os preceitos regulamentares, o que demonstra o elevado grau de adiantamento da Força, constituída, como está, de elementos que são a garantia da ordem neste nosso grandioso Estado.

Complemento do Boletim com a indicação do comandante


segunda-feira, março 25, 2024

ANIVERSÁRIO DO IGHA

 Aniversaria nesta data o IGHA (Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas), comemorando 107 anos de existência, posto que criado em 1917. A data é sempre festejada, quase sempre aproveitada para homenagear beneméritos, empossar novos acadêmicos, enfim, congratular-se e fixar rumos para o novo ano. Assim aconteceu há 30 anos, quando em sessão solene, sob a presidência do comendador Junot Carlos Frederico (falecido em 2002), a agremiação outorgou o título de Sócio Benemérito ao governador Amazonino Armando Mendes (1939-2023). Na mesma sessão de 1994, o Instituto acolheu com o título de Sócio Efetivo ao historiador e cineasta Luís Maximino de Miranda Correa (1935-2019), que ainda foi acolhido na Academia Amazonense de Letras em 2003, para ocupar a Cadeira 37. 

Salão de Honra do Instituto, destacando a cadeira presidencial

domingo, março 24, 2024

VISITAS AO BETO CARRERO

 Cenas de duas visitas ao parque Beto Carrero, situado em Penha-SC; a primeira ocorreu em junho de 2003, estava em companhia do filho Diego, a segunda, em início deste março, em companhia da família. Nesta oportunidade desafiei ao imponderável, enfrentando dois brinquedos (???) radicais. Tão radicais que senti que a "alma" escapou. Saí ileso, e posso registrar aqui com alívio. 

Aspecto da entrada em 2003 (acima e abaixo)

Em março, o autor de saída do parque, ainda procurando a "alma".


sábado, março 23, 2024

MANAUS: REMINISCÊNCIA DA IMPRENSA ESTUDANTIL (2)

 Reproduzo mais uma página da Revista do Estudante, edição de junho | julho 1937, que, como estampa o título, era produzida totalmente pelos estudantes da época. Publica uma saudação a um cirurgião-dentista (assim era conhecido este profissional) formado na primitiva Faculdade de Odontologia local.

Recorte da capa da mencionada revista

Leonidas Pereira dos Santos

Dentre os que saíram da Faculdade de Farmácia e Odontologia de Manaus é este ilustre cirurgião o mais denodado dos que labutam neste mister em Manaus. Moço, não vacilou na jornada da vida onde sua atual carreira foi terminada deparando escolhos, levantando empecilhos, que jamais o fizeram retroceder. Com a dedicação pela profissão abraçada, não medindo esforços, montou um dos melhores gabinetes de Manaus, aparelhado devidamente e encerrando (sic) dos menores aos maiores utensílios destinados a servirem a sua vasta clientela. REVISTA DO ESTUDANTE que vê na pessoa deste ilustre cirurgião, um dos que dominaram pela força de vontade as agruras da vida, felicita-o calorosamente.

sexta-feira, março 22, 2024

ARQUIVO HISTÓRICO DA PM AMAZONAS

 

Nova compilação de arquivos da Polícia Militar amazonense, datados de 1901 e 1903, quando no comando do coronel Adolpho Lisboa, e era intitulada de Regimento Militar do Estado, pujança que a “era da borracha” permitia. O texto (foto) aposto com esmero e ótima caligrafia pertence ao próprio comandante, que fora sargento auxiliar da administração.
Este material e tantos outros (livro 12) acham-se no Arquivo Histórico da corporação, ora “agregado” ao Centro Cultural Palacete Provincial.
 

Transcrição abaixo

Termo de encerramento

Em vista de achar-se a escrituração da presente folha, feita com incorreções, como sejam: falta de alterações e absoluta falta de asseio, sendo aquela falta originada por incorreções na escrituração das escalas de alterações dos oficiais do estado maior do Regimento, relativas aos meses de janeiro e fevereiro do ano corrente, fica encerrada a presente escrituração e aberta à folha dezessete verso e dezoito, conforme determinou a Ordem do Dia número duzentos e setenta e quatro de agosto corrente.

Secretaria do Regimento Militar do Estado, Manaus, 8 de agosto de 1903

Adolpho Guilherme de Miranda Lisboa

Comandante

Recorte da capa do livro para Registro dos Oficiais nº 12


terça-feira, março 19, 2024

MANAUS: REMINISCÊNCIA DA IMPRENSA ESTUDANTIL (1)

 A postagem retorna com a REVISTA DO ESTUDANTE, edição de junho - julho de 1937. A capa foi ilustrada com a foto de uma bela mulher, todavia, somente seu nome foi exposto. Em nota sobre a beldade, expõe a legenda: "Emoldura graciosamente a nossa Revista a srta. Clio Vianna, um dos mais belos ornamentos de nossa sociedade e um admirável temperamento artístico".

O autógrafo pertence à retratada

 Retirada do mesmo periódico, ilustro mais a postagem com uma propaganda da loja A Pernambucana, hoje reduzida a raros endereços no país. 


segunda-feira, março 18, 2024

MANAUS: REMINISCÊNCIA DA IMPRENSA ESTUDANTIL

A postagem recorda a Revista do Estudante, efetivamente dirigida e produzida por estudantes, a maioria do Ginásio Amazonense Pedro II, atualmente Colégio Estadual do Amazonas, circulada em maio e junho de 1937. 

A foto da instalação da Associação Amazonense de Imprensa, realizada na Academia Amazonense de Letras, ilustra a capa. Com destaque para o orador da agremiação Ramayana de Chevalier. 

O exemplar exposto pertence à Biblioteca Mário Ypiranga, um dos dirigentes da Revista, daí a jocosa dedicatória (no alto da capa) imposta pelos parceiros de redação.       

Revista.. (maio-junho 1937)


segunda-feira, março 11, 2024

PMAM: SEUS PRIMÓRDIOS (29)

Novo capítulo sobre a história da Guarda Policial, atual Polícia Militar do Amazonas, no período provincial, compartilhado do meu almejado livro Guarda Policial (1837-1889).

Santa Casa de Misericórdia - Manaus


Terceiro Quartel da Guarda Policial 

A Guarda Policial passa a ocupar, em 1º de novembro de 1878, uma ala do hospital de caridade então em construção, a conhecida, porém desativada – Santa Casa de Misericórdia, situada à rua Dez de Julho. Trata-se do terceiro endereço da Guarda Policial do Amazonas.

Acerca dessa mudança, o Jornal do Amazonas (1º nov.) assinala a sensatez do presidente da Província, barão de Maracaju, pois “o quartel da Guarda Policial não devia permanecer em casa alugada”. No entanto, é simples especular sobre a mudança para o imóvel em construção, que deve ter trazido mais incômodos que benefícios. O esclarecimento – singelo e corriqueiro – sobre esse imprevisto provém do próprio presidente, encontrado na Falla da abertura da 14ª Legislatura da Assembleia Provincial (29 mar. 1879):

Achando-se pronta a parte ocidental do edifício para hospital de caridade, e não sendo possível utilizá-lo ainda, atento o estado financeiro da província e não haver verba para o aumento de despesa que traz o pessoal indispensável para funcionar, resolvi transferir para ela a Guarda Policial, que estava aquartelada em um prédio de propriedade particular sito à Praça Pedro II, poupando-se por esse modo a despesa que se fazia com o aluguel do mesmo prédio. 

Novo comandante 

Em 2 de dezembro do mesmo ano, após a morte do major EB Silvério Nery, o tenente-coronel reformado do Exército Manoel Geraldo do Carmo Barros assume o comando efetivo, “de quem muito se deve esperar”, consoante o anseio do vice-presidente. A permanência deste oficial na direção da Guarda estende-se até 1º de dezembro do ano imediato, quando é indicado para comandar a Fortaleza da Barra da cidade de Santos, na província de São Paulo.

Barros, natural de Belém do Pará, nascido em 1820, e casado com Idalina Pereira do Carmo Barros, era militar bastante experiente, pois, esteve servindo na Corte; em 1854, no Rio Grande do Sul, ao lado do alferes Silvério José Nery; em 1869, em Desterro (atual Florianópolis), quando comandou a Fortaleza de Santa Cruz; e, em São Paulo, como 1º diretor da Colônia Militar de Avanhandava (hoje município de mesmo nome).

domingo, março 10, 2024

MORADIAS NOS RIOS AMAZÔNICOS

 Uma amostragem de casas construídas ao longo dos rios amazônicos, em fotos de Gunter Engel








sexta-feira, março 08, 2024

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

 A montagem desta foto foi realizada por meu genitor, Manuel Mendoza, e foi encontrada entre seus legados após sua morte. Nela se vê seus três amores: a mãe Victoria Malafaya (ao centro), a primeira esposa, Francisca Lima (a direita); e a segunda esposa, Doroteia Santos (a esquerda). Com esta postagem quero lembrar o "velho peruano", morto há dez anos. E relembrar as Mulheres de minha vida. Aleluia.



DETALHES DO PROSAMIM: MANAUS

 A postagem expõe fotos da evolução deste Projeto de Saneamento de Manaus, que ainda ainda se encontra em expansão. Foi efetuada a retificação de igarapés do Centro (fotos 1 e 2) e construídas moradias para os moradores das margens (foto 3). Enfim, a decoração da entrada do Parque Jefferson Peres, outrora igarapé de Manaus (foto 4).



Trabalho fotográfico de Gunter Engel


terça-feira, março 05, 2024

JOAQUIM HÉLIO BARBOZA DE LIMA |1954-2024|

Faleceu ontem, às vésperas de festejar os 70 anos, Hélio Barboza, na cidade de São Vicente (SP). A brutalidade do AVC atordoou os parentes e amigos, e não podia ser diverso, afinal a lei da vida e da morte possui seus gravames. Conhecido o desenlace, fui aos arquivos da família para postar esta homenagem. Com a morte de Hélio, a segunda geração do casal Vicente e Adelaide Lima, do lago do Anveres, perde mais um membro.
Hélio

Para melhor descrever a maneira cordata, amigável e brincalhona do primo, recorri ao mano Pedro Renato, que teve com ele o privilégio de conviver por mais tempo e mais proximidade. Sua gratidão, Renato anotou em texto que escreveu quando da publicação de seu livro Pedro, o cobrador (Rio: 2018). Hélio foi o autor do prefácio do livro.

Até a eternidade, primo Hélio! 

Vamos aos textos, reproduzidos parcialmente. Primeiro, o Prefácio:

Pedro, o Cobrador é para ser considerado, antes de tudo, um Livro de Cabeceira. A fascinante narrativa, embora linear, traz em cada capítulo lições de vida, individualizando cada etapa conquistada com muito suor, literalmente. De uma vida que nos leva a profundas reflexões, imaginando o ambiente, a locação, os costumes, a situação episódica ocorrida há cinquenta anos. O autor ainda nos presenteia com diversos relatos sobre a origem de alguns bairros, que o garoto visitava durante o seu trabalho diário, e, obviamente, se encaixam no contexto histórico da cidade de Manaus; pormenoriza algumas construções imponentes e monumentos históricos erigidos nos tempos áureos da borracha — fins do sec. XIX e início do séc. XX.

O conteúdo do livro nos mostra um autor sem pretensões de narrar apenas, senão manter o propósito de nos fazer viajar, protagonizar junto com o garoto, para exercer tão bem seu ofício de Cobrador de Quadros. Assim como em seus livros anteriores, nós o vemos narrando com profunda emoção, utilizando o cenário de sua juventude e — como ele próprio me assegurou — pinçando elementos e personagens ficcionais para contracenar com o garoto e compor esta história lúdica. (...)

Não poderia deixar de registrar que o entusiasmo de Pedro é sempre revigorado com a perspectiva de, desalojando-se de sua puberdade, encontrar a cliente especial, sempre às sextas-feiras, para receber dela, além da prestação, o afago de suas palavras, a exacerbada dedicação e um sorriso encantador de uma bela mulher, frequentadora assídua dos seus sonhos.

Joaquim Hélio Barboza de Lima

Agora, o agradecimento:

Quando me preparava para publicar mais um livro, eis que chega às minhas mãos — no sentido figurado —, de surpresa, “os passados valorosos”, um lembranção espetacular do meu primo distante, Hélio. O primo me surpreendeu, positivamente, ao me fazer uma verdadeira oferenda do seu exímio relicário. Quatro cartas escaneadas, assim como os envelopes, que escrevi para ele nos quatro primeiros meses do distante ano de 1968, há cinquenta anos.

E esse ano, era justamente a época em que corria a história de Pedro, o Cobrador, um livro parcialmente biográfico, onde as cartas se encaixaram no enredo, perfeitamente, como o sapatinho de cristal no pé da Cinderela. (...)

Assim, à custa de um pequeno remorso, me penitencio pela minha falha, em não ter guardado com o mesmo cuidado essas “missivas”, essas correspondências quase infantis, trocadas na primavera de nossas vidas. Posso até debitar a culpa na vida nômade que levei, mas não justificaria. Todavia, agora não se perdem jamais, estão arquivadas na memória RAM do computador, no sacrário da nossa memória, e com destaque no enredo do livro.

Aproveito esse espaço, também, para agradecer ao primo, Joaquim Hélio Barbosa de Lima, que emprestou a eloquência e o acalanto das suas palavras para escrever o prefácio do livro.

A família Barbosa vai se reunindo no Alto Astral


domingo, março 03, 2024

MEMÓRIAS DE MANAUS (AM)

A implantação do Prosamim, projeto de saneamento da capital, ainda em execução, descaracterizou, modificou a rede fluvial de parte da cidade. A primeira foto mostra o início dos trabalhos, em 2002, na foz do igarapé do Quarenta, próximo à Penitenciária Central e à primitiva ponte que ligava o bairro de Educandos ao de Cachoeirinha. Com isso, vieram a canalização de vários igarapés: Mestre Chico (foto 2) e de Manaus (foto 2).


 
Igarapé do Quarenta e a velha ponte de Educandos (c1970)

Igarapé de Manaus e seus flutuantes (anos1950)