CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

terça-feira, agosto 27, 2019

PRONTO SOCORRO "SÃO JOSÉ"


Na esquina das ruas Dez de Julho com Lobo d’Almada uma edificação se desintegra, ainda conservando uma placa indicativa de seu funcionamento: Pronto Socorro São José. 

Funcionava ao lado da Santa Casa de Misericórdia, a qual lhe emprestava suporte médico. Fenecida aquela, seu acessório foi igualmente para o espaço.
Para relembrar a extinta casa de saúde, reproduzo uma publicação jornalística de 1970, portanto, às vésperas do cinquentenário. A reportagem descreve de modo portentoso o seu funcionamento e dos clínicos em atuação. Sabe-se assim os nomes e qualificações dos profissionais de bastante competência e de igual relação com a sociedade.

Reportagem do Jornal do Commercio, 20 setembro 1970
Aproveito o post para relatar um episódio pessoal. Em 1971, contratei com o dr. Wallace Oliveira, cujo consultório situava-se na rua Guilherme Moreira, os cuidados ao nascimento do meu segundo filho. O parto previsto para o início de novembro, seria realizado naquele hospital, como de fato ocorreu. Todavia, como a natividade aconteceu no Dia de Finados, encontrou o médico feriando em seu sítio. Sem condições de ser alcançado. Diante da angústia do casal, os enfermeiros nos afiançaram que nada temesse, e, se algum imprevisto sucedesse, havia ao lado a Santa Casa.
Saiu tudo bem, assim nasceu o Roberto.
 
Fotos publicadas no Jornal do Commercio, 20 setembro 1970

Pronto Socorro “São José” é hoje uma instituição médica com mais de 224 anos de experiências a serviço do povo.

Formado por uma equipe constituída dos maiores expoentes na classe médica do Amazonas, cujos anos de atividade profissional somados, de todos eles, perfazem os 224 anos da casa.
Essa instituição surgiu da abnegação para o trabalho de uma pequena equipe, que mais tarde foi crescendo e tomando corpo, até formar-se no todo de hoje, organizado e atualizado, prestando socorros de urgência em todos os campos da atividade médica.
Dezenas, centenas de vidas já foram salvas pela competência dos médicos que integram o corpo clínico e cirúrgico do Pronto Socorro “São José”.
A organização não cuidou em selecionar apenas os médicos, foi mais além: escolheu uma excelente equipe de enfermeiras e técnicos, auxiliares de enfermagem, atendentes, todos desvelando-se atualmente para bem servir aos que ali vão em busca de melhoras para a sua saúde.
Todos nessa casa trabalham 24 horas por dia, desvelando-se para guardar o bom nome da instituição.
O perfeito entrosamento de toda a equipe variada de médicos, pode atender a qualquer que seja o caso, imediatamente, pois mesmo que o especialista não seja de plantão é chamado com urgência, realizando a sua intervenção com presteza. Exemplo: para uma broncoscopia são chamados imediatamente os drs. João Lúcio ou Gil Machado. Para os casos que necessitem de intervenção cirúrgica imediata os enfermos são levados para a sala de cirurgia da Santa Casa e ali operados. Para os exames complementares e de laboratório o Pronto Socorro está muito bem equipado e os exames são feitos sem demora. Para os casos de fratura ou outros há o completo serviço de Raio X. (...)

SALA DE PEDIATRIA
O Pronto Socorro “São José” que dispõe de um excelente serviço de pediatria, onde são atendidas dezenas de crianças de todas as idades, com sala especialmente decorada etc., possui 8 leitos para senhoras, 8 para homens, 10 para crianças, 2 salas de curativos e uma sala para pequena cirurgia.
Dispõe de vacinas, soros e todos os medicamentos de emergência, assim como plasma etc.

EQUIPE MÉDICA DO “SÃO JOSÉ”
OSWALDO GESTA – 24 anos de profissão – curso de aperfeiçoamento em São Paulo, Buenos Aires, em cirurgia geral. Participou de vários congressos nacionais e estrangeiros. Uma das figuras mais destacadas da classe médica amazonense.
WALLACE OLIVEIRA – 15 anos de profissão –  ex-diretor do Banco de Sangue da Santa Casa de Belém-Pará, ex-adjunto de clínica obstetrícia da Maternidade da Santa Casa de Belém; ex-professor do curso de especialização obstétrica para médicos de Belém ; ex-professor de obstetrícia do FISI; professor de obstetrícia da Escola de Enfermagem de Manaus; ex-parasitólogo do INPA; professor de parasitologia da Faculdade de Medicina do Amazonas; participou de vários congressos nacionais e estrangeiros; trabalhos sobre medicina publicados no Brasil e Itália.
JORGE AUCAR – 9 anos de profissão – ex-assistente da cadeira de clínica Propedêutica e Cirurgia da Universidade do Brasil; ex-professor de anatomia da Faculdade de Medicina do Amazonas, ex-diretor do Pronto Socorro do Estado.
CARLOS BORBOREMA – 11 anos de profissão – professor de Clínica Tropical e Clínica Médica da Faculdade de Medicina do Amazonas; participou de vários congressos médicos nacionais.
ARLINDO FROTA – 25 anos de profissão – assistente de Técnica Cirúrgica da Faculdade Fluminense de Medicina; ex-professor de Técnica Operatória da Faculdade de Medicina do Amazonas; participou de vários congressos nacionais.
SAMUEL AGUIAR – 17 anos de formado – cursos de especialização em São Paulo; ex-professor de Patologia da Escola de Enfermagem; participou de vários congressos nacionais e internacionais; autor de trabalhos publicados no Brasil e na França.
PAULO XEREZ – 9 anos de formado – criador e realizador de Simpósios de Pediatria no Rio de Janeiro; cursos de especialização na Guanabara.
JOÃO LÚCIO – 10 anos de formado – ex-diretor do serviço de tuberculose do Estado; trabalhos publicados em várias revistas nacionais; ex-diretor do Sanatório “Adriano Jorge”, ex-diretor do Hospital “Getúlio Vargas”; participou de vários congressos nacionais.
MÁRIO SAHDO – 15 anos de formado – diretor do Serviço de Câncer; presidente da Liga de Combate ao Câncer; Coordenador da Região Norte do Merciur; diretor do Hospital “São José”; participou de vários congressos nacionais e internacionais.
GIL MACHADO – 9 anos de profissão – membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões; ex-instrutor de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade da Rio de Janeiro; participou de vários congressos nacionais.
TEODOMIRO GARRIDO – 9 anos de formado – ex-presidente do Instituto de Cardiologia de São Paulo; participou de vários congressos nacionais e autor de trabalhos médicos publicados em várias revistas.
JOSÉ SEFFAIR – 13 anos de profissão – diretor do Instituto Médico-Legal do Amazonas; participou de vários congressos médicos.
GILSON MOREIRA – 10 anos de profissão – professor de pediatria da Faculdade de Medicina do Amazonas; título de pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria; diretor do Hospital Infantil “Dr. Fajardo”; participou de vários congressos médicos nacionais.
HIGINO CAETANO DA SILVA FILHO – 11 anos de formado – ex-diretor do Pronto Socorro do Estado; ex-diretor do Hospital “Getúlio Vargas”; participou de vários congressos nacionais.
DEODATO DE MIRANDA LEÃO – 10 anos de formado – ex-diretor do Hospital Infantil “Dr. Fajardo”; ex-diretor do Departamento Médico Hospitalar; professor de Medicina preventiva da Faculdade de Medicina do Amazonas; participou de vários congressos nacionais.
JOSÉ SANTIAGO – 10 anos de formado – curso de especialização em São Paulo; ex-2º assistente da Clínica Infantil do Ipiranga (SP); colaborador de trabalho pediátrico premiado pela Sociedade Brasileira de Pediatria; colaborador do livro Emergência em Pediatria (São Paulo); participou de congressos médicos nacionais e internacionais.
AFRÂNIO SOARES – 6 anos de formado – professor de Pediatria da Faculdade de Medicina do Amazonas; ex-professor de Puericultura do Instituto de Educação do Amazonas.
JUAREZ KLINGER – 11 anos de formado – ex-diretor do Departamento Estadual da Criança; ex-professor de Medicina Legal da Faculdade de Direito; ex-professor de Fisiologia da Faculdade de Medicina do Amazonas; diretor do Serviço de Tuberculose; participou de vários congressos nacionais e internacionais.

domingo, agosto 25, 2019

25 DE AGOSTO: DIA DO SOLDADO


 
Nossa homenagem a tantos soldados - de ontem e de hoje, aos que anonimamente passaram pela caserna dos policiais militares. Tanto no Quartel da Praça da Polícia, por mais de uma centúria, quanto no Batalhão de Policiamento Especial (foto) e outros aquartelamentos espalhados na capital e nos beiradões de nosso Amazonas.

Tropas da Polícia Militar do Amazonas postadas para solenidade ou treinamento


ANIVERSÁRIO DE MANAUS



O painel aqui exposto circulou no aniversário de Manaus, quando a capital do Amazonas completava 310 anos, portanto, em outubro de 1979. Os homenageados foram o fundador da Província - Tenreiro Aranha; o governador do Estado – José Lindoso; o prefeito de Manaus – José Fernandes; e o superintendente da Suframa – Ruy Lins.



quinta-feira, agosto 22, 2019

LABOR FUTEBOL CLUBE

Foto recolhida do Jornal do Commercio, 14 nov. 1972
A Usina Labor, de IB Sabbá, que funcionou na avenida Leopoldo Peres, Educandos, onde ora se localiza o supermercado Atacadão, empregava um número formidável de operários no beneficiamento da borracha. A extensão de sua propriedade comportou a construção de um “campo de futebol”. Esses dois bens promoveram a existência do Labor Futebol Clube. Clube que, por anos, disputou com galhardia o campeonato amador da categoria. Até o advento da FAF (Federação Amazonense de Futebol) quando foi implantado o futebol profissional na cidade, e cujo sucesso aniquilou algumas agremiações do porte desse clube suburbano.

Morador do bairro, sempre que eu transitava pela frente da usina parava nas grades de proteção para observar o trabalho dos operários. A péla (ou bola) de borracha, depois de passadas repetidas vezes na máquina de laminação, era transformada numa espécie de tapete. O cheiro desprendido do produto era agradável.
Quanto ao campo: como o Labor participava do campeonato amazonense de futebol, seu estádio, acredito intitulado de Otílio Farias, gerente da usina Labor, era utilizado. Não creio que se cobrasse ingresso, pois não me lembro de ter pago. Mas, assisti muitos jogos ali realizados. Do Labor contra os bons e saudosos times de Manaus.

Abaixo uma nota publicada no Jornal do Commercio (14 novembro 1972), falando do campeonato jogado no bairro.

O Labor Esporte Clube conquistou o título de tetra campeão do bairro de Educandos, após derrotar o Corinthians FC pelo alto marcador de 5 X 1, numa demonstração da sua grande categoria.
Nessa conquista o Labor utilizou os seguintes atletas: Evilásio, Daniel, Pedro, David, Mario Jorge, Melo, Marialvo, Eduardo, Jones, Ezequiel, Osvaldo, Alves, Ademir e Euler.
Francisco Caetano de Andrade é o presidente do clube, que tem como técnico Zildo Dias da Silva. 

terça-feira, agosto 20, 2019

CLUBE FILATÉLICO DO AMAZONAS (3)

Selos do tema Natal

Há 50 anos, a filatelia amazonense foi implementada por meio de dois movimentos: 1) o núcleo de filatelistas que se reunia no ICBEU (Instituto Cultural Brasil Estados Unidos), dirigido por Rui Alencar; 2) a coluna especializada – Filatelia – publicada às segundas-feiras no Diário da Tarde, assinada pelo jornalista Ubirajara Almeida, que direcionou a I Exfilam (Primeira Exposição Filatélica do Amazonas).
Em 18 de agosto de 1969, em sua coluna, Almeida agradecia a três filatelistas, dos quais ainda não se recolheu quaisquer dados, o apoio concedido em favor da Exposição que aconteceu na Semana da Pátria daquele ano. Na mesma edição do Diário da Tarde, há uma convocação para uma reunião entre os filatelistas de todos os padrões, tanto os de casa (ICBEU) com os de fora. Dessa reunião, além dos preparativos para a expo, tratou-se da fundação do clube filatélico, que veio a ocorrer em outubro seguinte.
O CFA (Clube Filatélico do Amazonas) ainda existe e funciona (às sextas-feiras, não obstante os embaraços que o cercam, o mais grave é a anunciada privatização dos Correios. Para celebrar este cinquentenário, estou empenhado no recolhimento da retrospectiva desse colecionismo no Amazonas. 


 A coluna FILATELIA agradece a cooperação prestada pelos filatelistas Raimunda Pereira, Raimundo Nonato Pereira de Souza e Ramiro Moreira, pelo apoio e incentivo à I Exposição Filatélica de Manaus, que O JORNAL e DIÁRIO DA TARDE fará (sic) realizar em setembro vindouro. Agradecemos e esperamos contar com os demais filatelistas locais.

Recorte do Diário da Tarde, 18 agosto 1969

O Clube Filatélico do Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos está promovendo gestões no sentido de realizar dentro de mais alguns dias uma reunião de todos os filatelistas amazonenses, com a finalidade de promover um perfeito entrosamento entre todos quantos se dedicam àquele salutar esporte, ou seja, a colação de selos.
PODEM COMPARECERAssim é que, tanto os sócios alunos do Instituto Cultural Brasil Estados Unidos, como os que não são alunos, poderão comparecer desde o dia de hoje à sede do Instituto à av. Joaquim Nabuco, a manterem contatos com o professor Rui Alencar, o qual explicará minuciosamente os detalhes da reunião a ser efetuada nos próximos dias.

sábado, agosto 17, 2019

QUARTEIS DA PMAM


Em 26 de setembro de 1970, a PMAM (Polícia Militar do Amazonas), sob o comando do tenente-coronel EB José Maury de Araújo Silva, inaugurou no mesmo dia dois aquartelamentos. 

De verdade, o Centro de Instrução Militar (CIM), sua publica designação, já existia desde 1965, essa festa apenas serviu para exibir sua revitalização.  O comando da corporação aproveitou o campo de futebol ali existente, onde tantas “peladas” participei, para efetuar a entrega das condecorações. Neste local, estou convicto, foi a única oportunidade em que semelhante cerimônia ocorreu.
A esq. coronel Maury condecora o prefeito de Manaus, Paulo Nery. A dir. o pavilhão inaugurado


Acerca das Medalhas e dos agraciados: a Tiradentes diz respeito a PMAM, enquanto a Cidade de Manaus, ao Estado. Esta condecorou apenas civis, sendo membros do governo e o presidente da Varig. A da Força Estadual premiou ao prefeito de Manaus (Paulo Nery) e outros três comandantes militares, com destaque para o coronel Jorge Teixeira.
A caserna de Petrópolis, em construção, destinava-se a servir de quartel do comando-geral, que funcionava na praça da Polícia. Desse modo, a inauguração de apenas um pavilhão não permitiu mudar a situação, ou seja, a construção prosseguiu, e somente foi ocupado pela PMAM em novembro de 1971.  
Recorte do Jornal do Commercio, 27 setembro 1970

O dia de ontem [26 setembro] foi duplamente festivo para a Polícia Militar do Amazonas. Foram inauguradas as instalações de seu Centro de Instrução e Treinamento e o seu novo quartel-general em Petrópolis. Na oportunidade, também várias personalidades foram agraciadas com as Medalhas Tiradentes e Cidade de Manaus.
O Governador passou revista às tropas no novo Centro de Instrução, na rua Dr. Machado, ao lado da Maternidade Ana Nery, e deu por inauguradas as novas instalações, havendo em seguida uma demonstração das práticas desportivas daquela agremiação, com ênfase em judô, que agradou a grande maioria dos presentes.
Pouco depois, se fez a entrega das medalhas aos cidadãos que com elas foram distinguidos pelo Governo do Estado.
CONDECORAÇÕES
As medalhas entregues foram de dois tipos. Primeira, a Medalha Cidade de Manaus, que se destina a cidadãos cuja atuação em quaisquer dos setores da vida humana, tenham se destacado na cidade de Manaus. A outra condecoração se destina a personalidades que, com sua atuação, tenham contribuído com relevantes serviços com a Polícia Militar do Amazonas.
Com a Medalha Cidade de Manaus, foram agraciados os senhores: Érico de Carvalho, presidente da Varig; Jorge Augusto de Souza Baird; Francisco Monteiro de Paula; Aderson Dutra; Stepherson Vieira Medeiros e Agesilau Araújo. Todas foram entregues pelo Governador do Estado.
Já os que receberam a Medalha Tiradentes tiveram um paraninfo individual. Os agraciados foram: Paulo Pinto Nery, paraninfo Amaury Silva; Mário Jorge Fonseca Hermes, paraninfo coronel Arídio Brasil; Paulo Figueiredo de Andrade Oliveira, paraninfo José Lopes; coronel Jorge Teixeira, paraninfo deputado Miranda Leão; Alberto Rocha, paraninfo governador Danilo Areosa.
Terminada a aposição das condecorações, todos os presentes se dirigiram às novas instalações da PM, no bairro de Petrópolis.
O governador inaugurou o Pavilhão lá existente e prometeu que entregaria em dezembro os outros quatro pavilhões que formarão o quartel-general da Polícia Militar do Amazonas.
O pavilhão tem linhas discretas, modernas, e foi feito para alojar 150 homens.
Depois dos discursos de praxe foi servido um coquetel aos presentes.

CLUBE FILATÉLICO DO AMAZONAS




Detalhe da capa da mencionada revista
À procura de subsídios para uma retrospectiva do CFA (Clube Filatélico do Amazonas), tenho rebuscado com frequência uma revista da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos). A publicação intitula-se Correio Filatélico ou, simplesmente, COFI. Na edição nº 95, publicada no Ano 9, referente ao bimestre Julho/Agosto de 1985, encontra-se a notícia da reativação da sede central dos Correios em Manaus, que funcionou por décadas no cruzamento das ruas Marechal Deodoro com a Teodoreto Souto.

Apenas para ilustrar a postagem e a lembrança, este edifício sofreu um incêndio no final de 1982, com quase perda total. A ECT empenhou-se com tenacidade, de maneira que três anos depois o governador Gilberto Mestrinho presidiu sua reabertura.
 
Nelson Porto (à esq.), governador Mestrinho (centro) e coronel
Souza Lobo, diretor ECT
• O Correio Geral no Amazonas surgiu com a própria Província, em 1852, a partir da Instrução de 06.02.1852, quando índios aldeados vieram servir de estafetas entre Manaus e o interior, principalmente aos fortes militares. Estabeleceu-se de início, na rua Brasileira [hoje da Instalação], junto à sede da presidência da Província, depois na rua Municipal [atual Sete de Setembro], rua do Barroso e, finalmente, na praça XV de Novembro.
O maior esforço para a aquisição de uma sede foi do diretor da Administração dos Correios do Amazonas e Acre, acadêmico Raul de Azevedo, desde 1913, e concretizado em 14.06.1921. O prédio funcionou como Agência Central até 06.03.1982, quando um incêndio o destruiu quase inteiramente.
Aliando-se à população no desejo de preservar o estilo original da construção, significativo patrimônio histórico de tradição na paisagem urbana da cidade, a ECT desenvolveu o projeto de recuperação, procurando conciliar a estrutura primitiva às modernizações indispensáveis à perfeita funcionalidade das instalações que, após dois anos e onze meses, foram entregues ao público usuário.

Sua área construída é de 3.295 m2, com sistema de ar condicionado central, telefonia com capacidade final para 80 troncos e 800 ramais, além de arrojada segurança no sistema de combate a incêndio, de acordo com as mais rígidas normas da ABTN e do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Amazonas.
A Agência Central de Manaus foi instalada no pavimento térreo, compondo-se o setor de atendimento de 16 guichês. Ocupou, também, o subsolo para a entrega de Reembolso Postal e a sobreloja para serviços de Posta Restante, Caixa Postal e a Agência Filatélica Ajuricaba. Os demais pavimentos foram ocupados pelas áreas administrativas da Regional.
A solenidade de entrega das obras de recuperação do prédio realizou-se no dia 22.02.1985, presidida pelo Governador do Estado do Amazonas, Sr. Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo, e contou com a presença do Presidente da ECT na ocasião, Cel. Dirceu Bonecker de Souza Lobo, do Presidente do Clube Filatélico do Amazonas, Dr. Nelson Porto, além de outros importantes convidados.

terça-feira, agosto 13, 2019

SEVERIANO PORTO E O “TARTARUGÃO”


O estádio de futebol de Manaus, que a Copa do Mundo no Brasil impôs o arrasamento, era conhecido por Vivaldão (de Vivaldo Palma Lima). 

No entanto, nos idos de sua construção, era alcunhado de Tartarugão. Pensando bem, havia certa semelhança da praça esportiva ovalada com nossos quelônios.

O governador Danilo Areosa deu início a construção, e ao engenheiro Severiano Porto coube a idealização. Em 1970, às vésperas da Copa do Mundo no México, o estádio foi pré-inaugurado com jogos entre a seleção nacional enfrentando a local. Em agosto, já indicado governador do Estado, o engenheiro militar João Walter de Andrade visitou o estádio e, dias depois, participou de uma reunião com os dirigentes da obra e os esportivos. Lá estava, o engenheiro Severiano Porto, bem marcado pelo vistoso bigode. Vê-se na foto, entre tantos, o futuro governador (primeiro à esquerda).

Jornal do Commercio, 5 agosto 1970

Essa reunião, o Jornal do Commercio (5 agosto de 1970) registrou em sua coluna – de frente, de perfil – com a foto anexada e o texto abaixo, sob a legenda Visão do Estádio:
Participando da reunião que o Grupo Executivo de construção do Estádio “Vivaldo Lima” realizou à tarde de ontem, o coronel João Walter de Andrade obteve informações mais detalhadas acerca da obra, que na semana passada visitara juntamente com o governador Danilo Areosa.Todos os membros do referido GT, os engenheiros que fazem o “Tartarugão” e auxiliares da atual administração também participaram do encontro, em cujo decurso foi exibido para o futuro governante um filme sobre a pré-estreia do Estádio, com o jogo entre as seleções do Brasil e do Amazonas.

sábado, agosto 10, 2019

LUIZ MAXIMINO DE MIRANDA CORREA NETO (1933-2019)


A Academia Amazonense de Letras acaba de empossar o sucedâneo na Cadeira 30, todavia, faltam preencher duas vagas. Vagas pelas mortes do poeta Jorge Tufic e, em 10 de julho passado, do escritor Luiz Maximino de Miranda Correa Neto.  

Maximino Correa Neto
Como indica o sobrenome, era neto de Maximino Correa, cuja família implantou no início do século passado a Cervejaria Miranda Correa, e cujo símbolo - uma torre, ainda se destaca na paisagem da cidade, em particular no bairro de Aparecida. A derradeira marca é o edifício crismado com o sobrenome familiar, no alto da avenida Eduardo Ribeiro.
O império financeiro derreteu, de sorte que em duas oportunidades que conversei com o Neto, isto ocorreu no Conjunto Jardim Primavera. Retirei-me dessas palestras, efetivadas em busca de seu voto para minha pretensão de ingressar na Academia, pensando no jovem que desfrutara da cidade de Paris, mas que estava recolhido à uma residência no extremo da outrora “Paris dos Trópicos”. Li seus livros e ouvi de seu fiel amigo Geraldo dos Anjos relatos auspiciosos da sua atuação.
A morte de Maximino Correa Neto aconteceu em Caxias do Sul (RS), por isso o título do panfleto que a fidelidade de Geraldo dos Anjos o fez difundir, o qual abaixo compartilho:

Recorte do panfleto subscrito pelo Geraldo dos Anjos

Ontem, 10 de julho, data histórica pela libertação dos escravos no Amazonas, foi para nós uma data triste, pois nosso particular Amigo LUIZ MAXIMINO DE MIRANDA CORREA NETO passou para a eternidade. Nascido em família católica, pautou sua vida dentro dos ensinamentos de Cristo, e foi devoto de Nossa Senhora de Nazaré.
Escritor, historiador, cineasta, um verdadeiro homem de letras e ações. Muito jovem foi estudar no tradicional colégio São José (Rio de Janeiro), onde estudavam os filhos de famílias aristocráticas e tradicionais do país. O estudo superior fez em Paris onde conquistou amizade com os grandes escritores e cineastas europeus, assim como com membros das casas imperiais da Europa, as quais teve o privilégio de frequentá-las em eventos culturais e sociais.
A convite do governador Arthur Reis, seu amigo particular, volta ao Amazonas para fazer parte de seu governo [1964-67], quando foi responsável pela criação do DEPRO (Departamento de Turismo e Promoções do Estado do Amazonas), o primeiro órgão de turismo do Estado. Foi também seu primeiro presidente, divulgando o Amazonas para o país e o mundo através do filme “Amazonas... Amazonas...”, de autoria de seu amigo Glauber Rocha, foi também responsável por levar ao mundo as cores da arte amazônica do também acadêmico Moacir Couto de Andrade.
Luiz foi amigo de Arthur Reis, Gilberto Freyre, Leandro Tocantins, Roberta Camila Imbiriba Salgado, Severiano e Gilda Porto, Joaquim Marinho, Jaime de Araújo Covas e tantos outros que tiveram o privilégio de sua amizade e carinho.
Maximino pertenceu ao quadro da Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA), do Ministério das Relações Exteriores, sendo o último presidente da Fundação Cultural do Amazonas no governo de Amazonino Mendes, que ao extinguir-se, transformou em subsecretaria de Cultura do Amazonas, ligada a Secretaria de Educação do Amazonas. Presidiu o Conselho Estadual de Cultura do Amazonas, responsável pela implantação do Instituto Superior de Estudos da Amazônia (ISEA), sendo seu primeiro coordenador.
Foi membro efetivo do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), da Academia Amazonense de Letras, da União Brasileira dos Escritores do Amazonas (UBE-AM). Autor de vários livros, artigos de jornais e filmes, Maximino desenvolveu trabalhos com excepcional talento.
Esta é uma síntese da vida e da obra desta luz brilhante que tive o prazer de ser amigo.
Homenagem do Acadêmico e amigo
José Geraldo Xavier dos Anjos

sexta-feira, agosto 09, 2019

NOVO IMORTAL DA ACADEMIA DE LETRAS



Ontem, à noite, a Academia Amazonense de Letras empossou solenemente o novo ocupante da Cadeira 30: Marcos Frederico Krüguer Aleixo. Para melhor orientação dos presentes distribuiu uma plaqueta com dados sobre o agraciado, os quais aqui compartilho:


Nota Biográfica

MARCOS FREDERICO KRÜGER ALEIXO nasceu em Manaus no dia 7 de abril de 1949. Advogado formado pela Universidade Federal do Amazonas (1971) cursou Mestrado em Literatura Brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro, orientado pelo renomado poeta e ensaísta literário Gilberto Mendonça Teles.
Em 1997, com a orientação ainda de Gilberto Mendonça Teles, defendeu a tese “Recriando a criação: natureza e cultura em mitos amazônicos”, trabalho com o qual se tornou Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa. Essa tese foi publicada em 2007, pela Editora Valer, de Manaus, com o título de Amazônia: mito e literatura.

Marcos Frederico
Em 2006, ganhou o Prêmio L. Ruas, da Prefeitura Municipal de Manaus, com o ensaio A Sensibilidade dos punhais (publicado em 2007), obra em que analisa a presença do mar na obra de três poetas amazonenses: Violeta Branca, Sebastião Norões e Luiz Bacellar.
Além desses livros, publicou outros de caráter didático e paradidático, em parceria com Tenório Telles, Zemaria Pinto, Allison Leão e Antônio Paulo Graça.

Foi agraciado com a Medalha do Mérito Educacional, outorgada pelo Conselho Estadual de Educação, no dia 15 de outubro de 2011. Também recebeu a Medalha do Mérito Cultural Péricles Moraes, honraria que lhe foi concedida pela Academia Amazonense de Letras em 28 de abril de 2017.

No campo profissional, aposentou-se na Universidade Federai do Amazonas em 2003. Nessa instituição, além da docência, exerceu diversos cargos administrativos, dos quais o mais importante foi o de Diretor do Instituto de Ciências Humanas e Letras a partir de 1998. Atualmente, leciona na Universidade do Estado do Amazonas, com atuação no curso de Letras e no Programa de Pós-graduação em Letras e Artes.
Como orientador de dissertações de mestrado, ia conduziu os estudos de dezenas de alunos, privilegiando na pesquisa de seus orientandos a literatura que se tem produzido no Amazonas, com o objetivo de criar uma bibliografia específica sobre os estudos literários regionais.


ARRIVISTAS ILUSTRES


Coincidências sacadas do Jornal do Commercio (1969): dois arrivistas em Manaus, ambos com a inicial G: Geraldo Viana, o louco radiofônico; e Giovani, o bom gerente bancário. Geraldo tinha seu programa na Rádio Baré, concorrente das rádios Difusora e Rio Mar, todas em AM (ondas médias). Não havia ainda em FM (frequência modulada). Portanto, era mais fácil aos ouvintes sequenciar e seguir os melhores programas. Um dia, Geraldo tomou o avião, certamente, e foi-se em definitivo. Nada mais sei dele. Sim, a Baré, que era AM virou FM e, em nossos dias, é utilizada pelo Grupo Diário do Amazonas.
Ainda estou circulando pelo Centro, para localizar o endereço do BANCIPE do Giovani. Acredito que este senhor permaneceu em Manaus. Quando encontrá-los, prometo contar neste espaço.





Geraldo Viana, o Repórter Louco da Rádio Baré está aniversariando hoje. Para comemorar o evento, o Conjunto Blue Lions estará fazendo um especial às 14h30 na Rádio Baré, no Programa Louco da Cidade. À noite haverá uma peixada no Bar e Restaurante Guadalajara, na avenida Tarumã com a [rua] Duque de Caxias, para a qual estão convidados todos seus amigos e companheiros.

Giovani Costa e Silva, gerente do Banco Comércio e Indústria de Pernambuco (Bancipe) anda todo eufórico com o sucesso de seu Banco em Manaus e mais ainda porque dentro de poucos dias introduzirá o sistema executivo, quando estará pagando cheques em 40 segundos.

Giovani é um misto de cearense e maranhense, que chegou a Manaus e logo incorporou-se aos nossos costumes, aprendendo a amar esta cidade. (Foto de Chicó)

quarta-feira, agosto 07, 2019

SUBDELEGACIAS DO MORRO E DE OUTROS


Jornal do Commercio, 8 agosto 1969
O texto seguinte saquei do matutino indicado na legenda:

Com a inauguração ontem [7 agosto] das subdelegacias dos bairros do Morro da Liberdade, Flores, Raiz e Parque 10 (Conjunto Castelo Branco) ocorridas ontem, o governador Danilo de Mattos Areosa partirá, agora, para a construção de mais oito subdelegacias nos bairros da Matinha, Colônia O. Machado, Nova Betânia, Crespo, Japiim, Petrópolis, São Lázaro e Santo Antônio, sendo que estas quatro últimas deverão ter suas obras de construção concluídas dentro de dois meses, conforme previsão da Secretaria de Obras do Estado.
A construção de subdelegacias nos referidos bairros e constante do Plano Quinquenal do Governo Danilo Areosa, e obedece a uma planta padrão, dotada de instalações adequadas ao perfeito funcionamento das atividades daqueles órgãos subordinados à Secretaria de Segurança, possuindo, inclusive, alojamento para policiais de plantão.
O governador Danilo de Mattos Areosa procedeu, na manhã de ontem, a inauguração das subdelegacias de Flores, Parque 10 (Conjunto Castelo Branco), Raiz e Morro da Liberdade, detendo-se nesta última, onde pronunciou um discurso, presentes o sr. Moacyr Alves, secretário de Segurança do Estado, funcionários daquela secretaria e outras autoridades.
As construções das delegacias seguiam um padrão; este é a de Flores, porém a inauguração geral ocorreu na do Morro

A abertura da solenidade foi feita pelo sr. Moacyr Alves que ressaltou a ação do Governo em dotar os bairros de Manaus de subdelegacias em prédios e instalações condignas, em substituição às antigas, em sua maioria de madeira. “Isto é mais uma demonstração da seriedade com que o Governo de V. Exa. encara o futuro, porquanto são obras duradouras, como têm sido todos os demais empreendimentos, pois a administração atual realiza sempre visando o futuro”.No discurso que fez por ocasião dessa solenidade, o sr. Danilo de Mattos Areosa ressaltou, mais uma vez, a preocupação do seu governo pela segurança pública, pois entende que nenhum povo pode progredir e desenvolver sem que haja ambiente de paz e tranquilidade. “Nenhuma obra pertence ao Estado, que apenas administra e aplica dinheiros públicos, e sim, ao povo”, disse o governador Danilo Areosa em sua alocução. Cabe, portanto, prosseguiu — “à população deste bairro zelar por este imóvel, pois em seu benefício, ele foi construído”, concluiu.

Nota pessoal:
Estive morando no Morro entre 1959 e 1966, quando fui engajado na Polícia Militar do Estado. Ainda assim, não participei da inauguração deste órgão de segurança. Que, por óbvio, prestou estimado auxílio à segurança do Morro, então tido como um pedaço de “mau caminho”. A ligação que hoje utilizamos para alcançar o bairro da Cachoeirinha ainda não existia, o igarapé do Quarenta impedia. Como o passar do tempo, a delegacia foi perdendo sua importância, assim viu-se aproveitada para abrigar a Associação de Mães, que ainda hoje ocupa o cinquentenário prédio.
No entanto, recordo-me bastante do Campo do Bariri, onde foi construída a delegacia, que era onde a moçada do Morro se divertia, antes de alcançar o Quarenta para o banho reconfortante. Apesar da estatura (1m64), era eu o goleiro do Botafogo, da rua São Pedro. E, no Bariri, não foram poucas vezes que fiz raiva ao adversário, mas, bem mais, aos colegas botafoguenses. Depois da delegacia, veio o Centro de Saúde. Mas isso é outra história.

terça-feira, agosto 06, 2019

EDIFICAÇÕES EM MANAUS

Há 50 anos, com a instalação da Zona Franca, a cidade vê retomar o ciclo das edificações. Postagem com texto e fotos do Jornal do Commercio, em agosto de 1969 

Jornal do Commercio, 02 agosto 1969

Nasce Mais Um
Neste amplo terreno, situado na rua Saldanha Marinho, serão levantadas duas grandiosas obras: à esquerda, a Escola do SESC-SENAC, e à direita, o Edifício “Alfredo Cunha”, de dez pavimentos. O edifício, constituído de dois, um para a [rua] Saldanha Marinho; outro só de escritórios, de frente para a rua Barroso, — será o primeiro da nossa capital dotado de uma galeria de lojas, com acesso para as duas artérias antes referidas.
O lançamento do “Alfredo Cunha” ocorrerá ainda este mês, em data a ser previamente marcada.

Anotação pessoal
Exatos 50 anos nos separam desta foto, porém era dessa maneira que acontecia a construção.  Era “na marra”, para lembrar um esquecido caboquês. Observe que não há tapume para proteção de transeuntes ou de operários; operários trabalhando sem proteção individual e, melhor notando, vê-se um, somente de calção; a caçamba da empresa Oliva lembra a tragédia que abateu os proprietários, mortos por um familiar; enfim, talvez pelo entusiasmo da iniciante Zona Franca, tudo era permitido. Avaliei melhor este edifício, já em atividade, ao visitar o escritório do advogado Amazonilo Castro. E, entrando pela rua Barroso, quando visitei o consultório do dentista Sady  e o escritório de advocacia de Tude Moutinho.


Acima, vê-se um folder de lançamento do Edifício Maximino Correa, construído ali no alto da avenida Eduardo Ribeiro. A família destruiu o palacete para erguer este arranha-céu. Já contei esse detalhe, mas vou repetir:  era comandante do Corpo de Bombeiros, em 1974, quando fui alcançado em minha residência, creio que era sábado, para assinar o termo de vistoria (ou coisa parecida) elaborado pelos Bombeiros. Além do poder da família em âmbito local, o então ministro do Interior (general Albuquerque Lima) era casado com uma Maximino Correa. Que poderia fazer, pois, um “ilustre desconhecido” major-comandante?  Não pestanejei, confesso, “se é para o bem da cidade”, subscrevi o termo. E o edifício, desprovido de encanto, e mais, intruso no visual para quem desejasse fotografar o Teatro Amazonas, prossegue seu rumo num Centro Histórico cada vez mais degradado.

sábado, agosto 03, 2019

DIA NACIONAL DO SELO


DIA NACIONAL DO SELO

Ainda que claudicante, o CFA (Clube Filatélico do Amazonas) continua organizado e, mais, preparando-se para comemorar 50 anos de existência. Diante da incerteza, com a prometida privatização dos Correios, a direção local dos colecionadores de selos vem se empenhando em manter viva a tradição. As reuniões acontecem todas as sextas-feiras, à tarde, na sede do Correio, na praça do Congresso.
Para lembrar o Dia Nacional do Selo, o presidente Jorge Bargas escreveu o texto aqui compartilhado.


DIA DO SELO BRASILEIRO (1843 -2019)

Introdução
A criação do selo postal foi idealizado na Inglaterra, país precursor do serviço postal no uso da estampilha com valor impresso, cujo objetivo era sanar o problema da entrega de correspondência ou encomenda enviada a uma pessoa que normalmente se recusava a pagar a despesa de envio ao portador (entregador) pelo serviço não autorizado pelo destinatário.
Ao ser regulamentada e aprovada a proposta da taxa de pagamento antecipado pelo Parlamento, surgiu em 1840 a primeira emissão postal do mundo. A invenção deu tão certo que a Suíça aprovou a primeira emissão de selos em seu território (cantão), em seguida, foi adotada pelo Brasil.

Cronologia dos primeiros selos do Brasil
Ao adotar a novidade criada pela Inglaterra, o Brasil foi a segunda nação a praticar o uso do seio adesivo nas correspondências postais, porém, o terceiro país na emissão, ao autorizar, inicialmente, a primeira série de três selos que, posteriormente, ficou conhecida mundialmente pelo nominativo de “Olhos-de-Boi”. Vejamos um pouco que nos conta sua trajetória:
Em 1623, a 25 de janeiro, foi iniciado em nosso país o serviço postal. Em 1798, foi criada a Administração dos Correios do Rio de Janeiro, pelo Alvará de 20 de janeiro, adotando-se a prática do uso dos carimbos postais.
Em 1801, foram criadas as caixas postais, com a finalidade de organizar a entrega de cartas; em 1826, foi estabelecido o sigilo da correspondência; em 1901, foi votada e aprovada a Lei que instituiu o selo postal, assinada por Dom Pedro II, a 20 de novembro de 1842.
Série de Olhos de Boi
Entretanto, pela ausência de máquinas adequadas e por dificuldades técnicas, os selos brasileiros somente entraram em circulação no ano seguinte, apesar desses obstáculos, em 1º de agosto de 1843 foi lançada a série de três, nos valores de 30, 60 e 90 réis. Com isso, foi atribuído a novidade ao Brasil os primeiros selos postais, fato incontestável na história dos Correios das três Américas e do mundo.

Fatos relacionados à primeira emissão
Regime político do Brasil: Império
Monarca: Imperador Dom Pedro II
Cidade de lançamento: Rio de Janeiro, metrópole do Império Gravadores dos selos: Carlos Custódio de Azevedo e Quintino José de Faria.
Tipo de gravação: Em talho doce, gravação diretamente no aço, o que conferia às unidades postais brasileiras extraordinária segurança contra falsificações.
Tonalidade: preto (cor única).
Destino de circulação: Nacional, os valores de 30 e 60 réis; Internacional: o valor de 90 réis.
Valor 90 réis, uso internacional
Curiosidade: "... conta-se que a Diretoria dos Correios planejou cortejar o então jovem imperador Pedro II, colocando sua efigie no selo. Entretanto, esbarrou na indignada recusa da Corte, que recebeu a proposta como um desrespeito à figura do monarca. Resolveu-se então simplesmente desenhar os algarismos indicativos do valor do selo sobre um fundo de linhas onduladas e entrelaçadas". Alcunha: Devido os traços artísticos, os selos foram apelidados de “Olhos-de-Boi”.

Emissão subsequente
Em 1845, foi lançada a primeira série chamada Olhos-de-Cabra, composta de sete valores, tendo os algarismos desenhados no sentido inclinado(s), desse modo ficou conhecida. Em 1850, passou a circular a segunda série, contendo oito valores, com os números gravados na posição vertical, ambas as séries sem picotes.

O dia do selo
Em 1943, na comemoração do centenário dos Olhos-de-Boi, o 1º de agosto foi instituído o Dia do Selo. (...)

Aspecto cultural  
As administrações postais cumprem a obrigação de lançar as emissões programadas para a comercialização na fonte, contendo seu respectivo valor facial, mas, fora dos Correios os selos ganham o aspecto cultural, que podem apresentar raridade e diferenças de impressão, conferindo às unidades preços centenas de vezes maiores que do valor facial, características normalmente detectadas e consequentemente valorizadas por colecionadores filatelistas.
Em 1º de agosto de 2019, os selos “Olho-de-Boi” completam 176 anos, marco histórico mundial através dos Correios do Brasil.
FILATELIA — cultura sem fronteiras.

Manaus, julho de 2019

Jorge Bragas, presidente do CFA