CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sábado, março 31, 2018

PMAM - 181 ANOS (II)

Coronel Trigueiro (à dir.) acompanha o
governador Areosa (esq.) no Hospital
Getúlio Vargas (Jornal do Commerco,
24 abril 1970)

O texto abaixo pertence a Temístocles Henrique Trigueiro, o coronel Trigueiro, que sabe bem o que escreve, pois, ingressando na PMAM como graduado, chegou ao comando e, em dois governos (Arthur Reis e Danilo Areosa), foi chefe da Casa Militar.
Aliás, a família inteira pertenceu aos quadros da Polícia Militar, até o genitor deste contribuiu com o esforço policial. Apesar do escrevinhador não citar datas, as citações registradas são dignas de crédito e de agradecimento da cidade de Manaus, em especial, aos policiais, mão-de-obra efetiva.
  
Na quadra de festejos que a PMAM promove pelo seu aniversário, reproduzo a palavra competente de um saudoso comandante, circulada no Jornal do Commercio (28 abril 1970). 


Nem só como mantenedora da ordem e sob os louros da gloriosa campanha de Canudos, a Polícia Militar do Amazonas tem se mantido desde a sua criação até nossos dias.
Surgindo em vários aspectos da vida quotidiana de nossa Manaus trezentona, ela tem sido um fator de progresso, de assistente social, de colaboradora dos governos que a souberam aproveitar diferente de seu mister.No que diz respeito a construções, com elementos de seu efetivo, participou com turmas de verdadeiros obreiros nas edificações do Teatro Amazonas, da Igreja de São Sebastião, do seu próprio Quartel, do Instituto de Educação, do Atlético Rio Negro Clube, do Parque 10 de Novembro, onde, neste último, vidas foram ceifadas pela malária impiedosa e pelos ofídios traiçoeiros.
Construiu e dirigiu hospedarias de imigrantes, na Capital e no Interior do Estado. Se fez presente, quando da última guerra, com contingentes que trabalharam dia e noite em serviços de estiva do nosso porto. Fez a remoção de toros de nossos igarapés, aos milhares, limpando as águas das vigas e soalhos das casas flutuantes desmanchadas por ordem do Governo e da Capitania dos Portos.
Forneceu, por vários anos, uma sopa aos doentes que frequentavam o Dispensário "Cardoso Fontes" [tratamento da tuberculose]. Organizou e fez distribuições de merenda a todos os Grupos Escolares de Manaus.
Na enchente que desacomodou os ribeirinhos, foi a Polícia Militar que se encarregou de abrigá-los e, posteriormente, quando as águas vasaram, distribuindo material (madeiras e pregos) para que todos pudessem refazer suas casas danificadas pelo afluxo incomum dos rios da planície.
Cuidou de seu próprio jardim fronteiriço ao quartel, colaborando com a Prefeitura Municipal, povoando aquela praça com árvores que vieram embelezá-la, e mantendo um parque infantil para criançada alegre.
Eis, em aspectos diversos, outras fases de atividades de nossa querida Polícia Militar do Amazonas, numa diversificação útil à cidade de Manaus, ao povo que sempre a aplaudiu em todas as épocas.

sexta-feira, março 30, 2018

ANÚNCIOS EM MANAUS

Estes supermercados foram inaugurados em julho de 1976.
Ambos desaparecidos, apenas o Royale transformou-se em
Supermercados DB. O Agromar virou repartição pública


Publicação do Correio do Norte, em julho 1960,editado
em São Paulo/SP pelo saudoso poeta Anísio Mello
Publicado no Jornal do Commercio, em abril de 1962

Anunciado no Jornal do Commercio, em
abril de 1962. Hoje o Bemol que conhecemos


PMAM - 181 ANOS

Convite distribuído pela corporação
A Polícia Militar do Amazonas (PMAM) entrou em sua semana de aniversário, evento que ocorre dia 4 de abril (quarta-feira) comemorando 181 anos de existência. 
Não devia ter acontecido, porém, em exposição apresentada no Palacete Provincial (em 28.03) confundi-me com tantas datas, que acabei por trocar a atual. 
De toda sorte, já postei neste espaço, a PMAM exercita sua terceira data natalícia. Duas em  consequência da ampliação da idade, dai a divergência que se pode verificar com a presente postagem. Detalhe: em 1972, a PM alterou sua data de criação: passou de 3 de maio de 1876 para 4 de abril de 1837.

Vou seguir nesta semana resgatando outras matérias jornalísticas sobre esta excelsa efeméride da Força Estadual. Hoje, compartilho a reportagem do extinto periódico A Noticia (22 abril 1970) sobre o assunto.


Recorte de A Notícia, 22 abril 1970

A Polícia Militar do Estado do Amazonas completará, no dia 3 de maio próximo, 94 anos de existência. Para comemorar tão importante data, o Serviço de Relações Públicas da corporação elaborou a semana de festejos:
Dia 26, domingo, será inaugurado pelo governador Danilo Areosa, o quartel da PM no município de Parintins. Para participar da solenidade, seguirá no sábado, uma comitiva composta do Governador, comandante Maury Silva e de oficiais da corporação.
Na segunda-feira, o comando proporcionará às famílias dos praças, uma apresentação exclusiva, no Master Circus; no dia seguinte, às 20 horas, haverá projeção cinematográfica para soldados, cabos e sargentos, no pátio interno da corporação.
Às 9 h. de quarta-feira, os oficiais da Polícia Militar visitarão a nova tomada d'água de Manaus, para tomar conhecimento dos detalhes da obra e o seu funcionamento. Às 19h30, o coronel Maury Silva e seu Estado-Maior concederão entrevista à [extinta] Televisão Ajuricaba.
Dia 30, quinta-feira, serão realizados torneios quadrangulares de voleibol, futebol de salão e de campo entre as equipes da Marinha, Exército, Aeronáutica e PM.
Na sexta, será comemorado o Dia do Trabalho; e, nessa noite, a banda de música fará uma retreta na Praça Heliodoro Balbi.
No sábado, às 9h, as obras do novo quartel, no bairro de Petrópolis, receberão a visita de autoridades especialmente convidas, às quais será oferecido um coquetel.
As 20h, no restaurante “Chapéu de Palha”, a oficialidade se estará confraternizando.
Finalmente, no domingo, (aniversário da Polícia Militar) haverá, às 8h., na Praça de São Sebastião, missa em ação de graças, reunindo todo o efetivo do batalhão. As 9h, formatura geral no mesmo local, com compromisso de oficiais ao 1º posto; entrega de Medalha Tiradentes aos condecorados.
Às 20h, em salão do Ideal Clube, haverá um coquetel, reunindo autoridades civis, militares e eclesiásticas, e a imprensa amazonense.

quarta-feira, março 28, 2018

PESSOAL “ANTIGÃO” DA PMAM



Expostas no Museu Tiradentes no Palacete Provincial, estas fotos mostram integrantes da Polícia Militar do Amazonas. Raros os identificados, a maioria prossegue anônima. Ao expor estes dados, espero a contribuição para a identificar estes personagens.



Na foto, parte superior (à esq.), uma tropa sob o comando do major Júlio Cordeiro de Carvalho (anos 1950), o uniforme foi utilizado até meado dos anos 1960; ao lado, a foto mostra sargentos ladeando a um oficial, certamente na década de 1940.

Em baixo: dois momentos do grupamento do Cosme-e-Damião, instituído na PMAM em 1957. À esquerda, atrás dos policiais, vê-se parte do nicho com a imagem de São Jorge; à direita, o filho (não identificado) do policial faz entrega do mascote (carneiro) do grupamento.

segunda-feira, março 26, 2018

PALACETE PROVINCIAL: ZUAVOS

Asseguro minha contínua admiração pelos Zuavos protetores do Palacete Provincial, o mesmo edifício que aquartelou por mais de um século a Polícia Militar do Amazonas.
Apesar do nome esquisito, o Zuavo era um militar argelino a serviço do corpo francês. Daí se observar o fardamento adaptado àquela região. As estátuas foram adquiridas pelo superintendente (prefeito) Adolpho Lisboa, em 1906.
Para mais informações: Mário Ypiranga Monteiro, em Síntese Histórica da Polícia Militar do Amazonas, editada em 1981.

Montagem efetuada pelo autor, quando da inauguração do Palacete Provincial

domingo, março 25, 2018

UFAM: PARA SUA HISTÓRIA

Edição de 29 abril 1970
Compartilho estes relatos jornalísticos para relembrar a instalação do Campus da hoje Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com a construção dos primeiros edifícios. O Dr. Jauary Marinho era o Reitor desta Instituição. 
Vale recordar que aquela imensa área, em seus primeiros momentos, foi em parte invadida. Donde nasceu o Coroado. Coube à Polícia Militar do Amazonas (PMAM) ali acampar, a fim de evitar a total "coroadização" daquele espaço.

Jornal A Crítica
Jornal do Comércio, 28 abril 1970

Universidade cresce

Ainda este ano os alunos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Amazonas estarão assistindo as suas aulas no prédio definitivo da escola, como o Reitor Jauary Marinho assegurou a eles no último sábado, por ocasião de uma visita feita às obras que se executam no “Campus” localizado na Rodovia do Contorno. Acadêmicos, professores, diretores de outras unidades da UA e membros do Conselho Universitário participaram da visita, verificando o adiantamento das obras da Faculdade de Engenharia, um dos Institutos de Química e de Física, a serem inaugurados na mesma oportunidade. As três instituições são pioneiras do “Campus”, onde em seguida começarão a ser levantadas os edifícios das demais unidades de ensino superior.
Dirigentes da firma construtora Carvalho Hosken, à frente o Sr. Osmildo Stafford, levaram os visitantes a todas as obras, que em aspectos diferentes aparecem nas fotos, vendo-se na de cima o Reitor Jauary Marinho ladeado per engenheiros e professores, ao sair da Faculdade de Engenharia. Nas outras, as obras do Instituto de Física.

sexta-feira, março 23, 2018

PESSOAL ANTIGO DA PMAM




Fachada do extinto quartel da PMAM
Estas fotos estão expostas no Museu Tiradentes, integrante do Palacete Provincial, reservado a divulgação do material histórico da Polícia Militar do Amazonas. Alguns dos fotografados foram identificados, porém a maioria segue anônima. Ao expor alguns dados, espero contribuir para a identificação de destacadas personagens do Quartel da Praça da Polícia.




Na montagem, acima, a formatura do CAS, em 1968, no Centro de Instrução Militar, alguns sargentos (a partir da esq.) Jonathas, Rossely, Pedro, Arnaldo, Marciano, Ferreira, Castro, e Albano Martins.

Abaixo (esq.), na inauguração da Granja (nov. 1967): governador Danilo Areosa, coronel Omar Gomes, tenente-coronel Flavio Rebllo, majores Laurindo Souza e Helcio Motta, tenentes Amilcar Ferreira e Ruy Freire, enfim, capitão Pedro Lustosa.

À direita, formatura no quartel da Praça (1972), major Hilario Ardaya, major Nicanor Gomes (Corpo de Bombeiros), capitães Ruy Freire, Ilmar Faria, Mael Sá, José Cavalcanti, Alrefredo Melo e tenentes Francisco Orleilson e Elias Lustosa.

quinta-feira, março 22, 2018

CLUBE DA MADRUGADA: NOTA


Jornal do Comércio, 12 março 1963
O matutino Jornal do Commercio, enquanto localizado na avenida Eduardo Ribeiro, promoveu durante alguns anos exposições de pintura de artistas locais. Compartilho sua manifestação sobre a II Exposição, realizada em março de 1963, com telas e desenhos do saudoso Afrânio de Castro.
Vale lembrar que um ano depois, nos dias da posse do Governo Militar (1964-85), ocorreu a abertura da exposição do artista Jurandir Macedo. Então sargento do Exército, a presença de colegas verde-oliva no endereço sugeriu outra conotação.
  
II Exposição De Pinturas

Continua obtendo franco sucesso, a II Exposição de Pinturas no hall do edifício do JORNAL DO COMÉRCIO, desta vez com excelentes quadros do artista Afrânio de Castro. Muitas têm sido as visitas ao referido salão, do qual temos um aspecto no clichê que estamos estampando. Na foto aparecem, à esquerda o poeta Nelson Farias, ao centro o pintor Afrânio de Castro, e à direita o Dr. Aloísio Sampaio Barbosa, presidente do Clube da Madrugada, que patrocina a Exposição.

Do Jornal do Comércio, 12 março 1963
ACONTECIMENTO relevante, nos círculos artísticos e culturais da cidade, foi, sem dúvida a abertura, domingo à noite, do Salão de Pinturas do consagrado artista Afrânio de Castro, no “hall” do JORNAL DO COMÉRCIO.ÀS VINTE horas, com a presença do representante do governador Plinio Coelho, coronel Neper Alencar e de numerosas pessoas convidadas, assim como de grande número de representantes do Clube da Madrugada, falou o Dr. Aloysio Sampaio Barbosa, para declarar inaugurada aquela exposição de pintura e desenho, realçar as qualidades do autor dos trabalhos expostos e agradecer a presença do representante governador Plínio Coelho, do Dr. Geraldo Pinheiro, representante do Instituto Geográfico e Histórico, do jornalista Epaminondas Barahuna, superintendente dos Diários Associados no Amazonas e do selecionado público presente.FACULTADA a palavra a quem dela quisesse fazer uso, falaram o Sr. Sátiro Barbosa, diretor do Teatro Amazonas, o jornalista Epaminondas Barahuna, o Dr. Geraldo Pinheiro e o coronel Neper Alencar.DESDE os primeiros instantes ficou comprovada, pelo julgamento generalizado de todos os presentes, a excelência e a beleza dos trabalhos de Afrânio de Castro, que foi muito cumprimentado.
E' POMOTOR dessa exposição de Pintura, a segunda a se realizar no mesmo local, o Clube da Madrugada, figurando como patrocinadores o Governo do Estado, o Instituto Geográfico e Histórico e os Diários Associados. Ressalte-se, ainda, que também a primeira exposição, realizada no “hall” do edifício do JORNAL DO COMÉRCIO, de trabalhos dos pintores Moacir Andrade e Ney Raiol, também foi uma promoção do Clube da Madrugada, que vem se notabilizando pelo esforço em prol da cultura no Amazonas. *

quarta-feira, março 21, 2018

DIA NACIONAL DA POESIA

Luiz Bacellar



Para saudar o Dia Nacional da Poesia, um poema inédito do saudoso Luiz Bacellar, certificado pelo poeta Zemaria Pinto e os especialistas Allison Leão e Marcos Frederico. Encontrei-o publicado em O Jornal, edição dominical de 24 de janeiro de 1965.


 As Duas Flautas (Apólogo)

Luiz Bacellar


Sobre a mesa poenta do antiquário
veio a réstia de sol brincar leviana.
E qual garota num sótão sozinha,
ficou-se deslumbra e pensativa
entre dois objetos muito antigos:
uma flauta de barro e uma flauta de cana.

Eram dois instrumentos pertencentes
a coleção privada do argentário,
entre cornes, alaúdes e violas,
velhas trompas de caça e alguns violinos
desencordoados, celos sem cravelhas,
desolados fagotes, bombardinos,
contrabaixos, pistões, liras, ceslestas
e alguns azinhavrados velhos sinos.

Então, como tocados de magia,
pela réstia de sol que ali se estava
estremeceram... Por alguma fresta
das janelas fechadas da mansarda
entrou um buliçoso golpe de ar
que, com a réstia de sol, vinha brincar.

Como um longo gemido suspirado
de quem acorda de um profundo sono
veio a interrogação: — “Aonde estou?”

Pára o golpe de ar. Queda-se a réstia
de sol surpreendida. E, na poeira
levantada naquela brincadeira,
se deixaram ficar muito quietinhos.
Mas antes, um soprou à companheira:
— “Foi a flauta de cana quem falhou...”
E assim os dois ouviram o diálogo
que me contaram e que aqui vos dou:

Disse a flauta de cana de bambu:
- “Onde é que vim parar?... Oh! quanto pó!
 Não conheço ninguém, como estou só.

SARGENTO-TENENTE PM SANDOVAL

Sargento Sandoval em ação
Em dezembro de 1969, nomeei ao sargento Sandoval Paulo da Silva como escrivão do IPM, sob minha presidência, que apurava a morte de um garimpeiro no cafundó do judas. Crime consumado por um policial no garimpo de cassiterita explorado no igarapé Preto, fronteira de Porto Velho com Manicoré ou coisa parecida. 
A partir dessa aventura, estreitamos a amizade, posto que este subordinado era um homem sempre alegre e disposto a qualquer atividade.

Dois anos adiante, ele me levou à residência dos irmãos Moss, situada no bairro da Cachoeirinha. Foi uma noite farta, seja de comes e bebes, seja de conversa fiada. Vi a intimidade do Sandoval com os Moss e a reciproca dos citados madeireiros no Amazonas. Não entendi, confesso.
Hoje, catando histórias em jornal da época, descobri a parceria entre meu amigo Sandoval (em nossos dias tenente da reserva) e os Moss. O texto abaixo extraído do Jornal do Commercio, edição de 1º novembro 1971, explica devidamente esse entrosamento.   

Recorte do Jornal do Commercio, 1º nov. 1971
Quando chegou a Novo Airão, no ano passado, o único esporte que se praticava, sem vibração e calor, era o futebol, aliás um tanto desorganizado devido à falta de recursos para as chuteiras e camisas. Com a ajuda de seu auxiliar, um soldado da Delegacia local, e de alguns moradores do pequenino povoado, iniciou a construção, com os próprios punhos de uma quadra para vôlei e futebol de salão. Foram mais de 15 carradas de terra carregadas à muque para nivelar a área. Está praticamente pronta. Mas falta o principal: 200 sacos de cimento e alguns quilos de ferro. Seu trabalho, silencioso, porém com muita determinação e entusiasmo, sensibilizou os dirigentes do Condomínio Florestal da Amazônia, que reflorestam, naquele município, com pinheiros hondurenhos, uma área de mais de 400 hectares.O resultado foi a chegada de camisas, chuteiras, tênis, bolas, apito, e ainda a promessa dos irmãos Moss (Tito, Valdemar e Ulisses) e do candidato à Prefeitura, Rubelmar Azevedo (o Tuchaua), do cimento que falta.
O incentivador de tudo isso é o sargento da Polícia Militar do Amazonas, Sandoval Paulo Garcia [invés Garcia, o correto é da Silva], titular da Delegacia de Polícia de Novo Airão. Simples, delicado e enérgico, quando necessário, Sandoval, militar por formação e vocação (abraçou a carreira aos 18 anos e tem 31), está promovendo ali, com resultados, o desenvolvimento do esporte.
No dia 9 de janeiro, por exemplo, realizou a primeira corrida de pedestres, conseguindo reunir 24 atletas; recentemente organizou e dirigiu a segunda corrida, ganha por um rapaz da localidade, Vivaldo Bonifácio de Almeida (3.000 metros em 16 minutos). E quer agora promover o primeiro circuito ciclístico de Novo Airão.
Sem se descuidar de suas obrigações profissionais, que as cumpre com seriedade, respeito e honradez, Sandoval Garcia ainda encontra tempo para, afora o esporte, colaborar com os munícipes nos problemas que digam respeito ao seu bem estar. "É um povo bom, humilde e que merece toda a consideração", comenta após se referir à situação que encontrou com a de agora, "de ordeira e dedicação ao trabalho". 

terça-feira, março 20, 2018

PONTE EFIGÊNIO SALES

Situação da ponte
Placa comemorativa

Semana passada, tomei um desafio: visitar a Ponte Efigênio Salles (prefiro com “f”, não obstante a ortografia exibir o “ph”) em Educandos. O objetivo era entender o professor Aguinaldo, que afirmava ter aquela passagem outra denominação: Ponte dos Ingleses. A prova da visita vai postada: uma placa de metal barato, apesar do lucro da Andrade Gutierrez com o Prosamim, quase sem condições de leitura.
E a foto da ponte com o mato em toda extensão, hoje unicamente um caminho quase sem uso, pois o pedestre prefere atravessar a larga artéria de outro modo. Se há responsável por esta situação de desamparo, deve caber à prefeitura.
Aproveitei para recordar meu caminho entre o Morro da Liberdade e a Praça Quatorze, quando estudante do Seminário São José. Lembrei-me do velho ônibus de madeira que atravessava perigosamente a dita-cuja mostrando as águas do igarapé do Quarenta ainda em condições de uso; do casario às margens deste curso de água, do funileiro com vitiligo, que parecia um artista televisivo; da serraria Moraes, bem na curva saindo da ponte; da subusina de eletricidade, cuja passagem lateral permitia-nos sair na avenida Sete, encurtando a caminhada; do “mercadinho”, agora um simulacro do mercado da Cachoeirinha, usado para servir somente um café da manhã e suas iguarias; a Ponte de Ferro, em triste condição, agonizando nas noites, pois sequer dispõe de uma lamparina para alumiar sua degradação. Chega de lembranças.
Recolhi do saudoso memorialista Genesino Braga parte de um artigo em que ele louva o criador da primeira ponte a servir o bairro de Educandos.
  
Artigo circulado no Jornal do Commercio, 7 novembro 1971
Tem o Amazonas, a rigor: o Estado do Amazonas, um dever de gratidão a cumprir com um homem que fora dos mais probos, dos mais operosos, dos mais progressistas e dos mais proeminentes de seus governantes: o saudoso político amazonense Dr. Efigênio Ferreira de Salles,  (...)
É a esse saudoso governante que se deve a criação do "broadcasting" local e também a montagem da radiotelefonia em Manaus. E mais: construiu a Vila "Belisário Pena" e o Sanatório "Ephigênio de Salles"; construiu a antiga ponte de acesso aos Educandos e os prédios do "Broadcasting" na saudosa Praça do Pobre Diabo; deu luz elétrica ao bairro dos Educandos; levou a água potável e a ampliação da rede elétrica a São Raimundo e a Adrianópolis; reconstruiu o hospital da Santa Casa; restaurou e remodelou o Teatro Amazonas, o Instituto Benjamim Constant, o Hospício Eduardo Ribeiro, a Penitenciária, as pontes metálicas da Cachoeirinha e dos Bilhares, o Asilo de Mendicidade, o Hospital São Sebastião; e enriqueceu o patrimônio do Estado com importantes aquisições de prédios, terrenos, máquinas e embarcações.
Obrou mais, ainda: estimulou a colonização e promoveu a vinda de imigrantes japoneses; fundou o Campo Experimental de Agricultura; instituiu o plantio das héveas, criando os seringais do Estado e distribuindo árvores ao longo das estradas de rodagem; levantou a carta geográfica e mandou imprimir o mapa do Estado; manteve ininterruptos os trabalhos da rodovia Manaus-Rio Branco.
Em seu governo foram abertos 121.000 quilômetros de estradas de rodagem: para o Tarumã, para o Rio Branco, para a Raiz, para a Chapada, para a Ponta do Ismael, para Camanaus, para Campos Sales, tendo feito o levantamento das de Manaus-Itacoatiara, Lábrea-Humaitá, Lábrea-Acre e a que contornaria as cachoeiras do Aripuanã.

(...)Nascido nos altos de Minas Gerais, Efigênio Ferreira de Saltes fora aluno-interno do famoso Colégio do Caraça, berço de estadistas e de intelectuais. Viera para o Amazonas ainda adolescente, contando dezessete anos de idade; e aqui aprendera o ofício de tipógrafo, como aprendiz nas oficinas do Diário Oficial. (Contou-nos, a propósito, o seu ilustre filho, Dr. Alíneo de Salles, certa vez em conversa na Superintendência do Correio da Manhã, no Rio, que o Dr. Efigênio de Salles, quando Presidente do Estado (tinham esse título os governadores de então), exibia com orgulho, na parede de seu gabinete do Palácio Rio Negro, o antigo diploma de tipógrafo). E foi precisamente nas oficinas daquele velho órgão de publicidade do Governo, que tivera início a sua escalada de triunfos. (...)Nessa escalada árdua, mas gloriosa, Efigênio de Salles foi tipógrafo e foi repórter; foi soldado do exército de Plácido de Castro, na reação patriótica que deu o Acre ao Brasil; foi herói da resistência local no malsinado bombardeio de Manaus, em 1910. Depois, foi Partidor e Distribuidor Geral do Foro de Manaus, foi redator do Amazonas, foi diretor do Diário do Amazonas. 
Faleceu em 1939. Lembramo-nos bem do Dr. Efigênio de Salles, quando Presidente do Estado. E lembramo-nos bem, porque muito o admirávamos e respeitávamos. Homem simples e cordial, espírito balsamizado de religião e de bondade, a saúde moral de todos os seus atos, de sua vida e de suas lutas, tinha respiração intensa nos desvelos de sua santa esposa, Dona Alice de Salles, e nos carinhos de seus filhos, com reflexos de harmonia e sãos princípios de costumes e maneiras no comportamento de nossa sociedade.
Com esse nome honrado — Efigênio Ferreira de Salles — o Estado do Amazonas e a municipalidade de Manaus têm um dever de gratidão. Devem-lhe, sim, uma pública homenagem. Uma homenagem em que haja, nos seus sentimentos, na sua expressão e na sua espontaneidade, a exculpação do ato grosseiro de há 41 anos atrás, quando o nome do emérito estadista, num impulso demagógico de falsos líderes, foi retirado das placas da avenida Sete de Setembro. (...) E honrará Manaus, como há anos honra o Rio de Janeiro, no aristocrático bairro do Cosme Velho, a rua de Efigênio de Salles.

segunda-feira, março 19, 2018

MOBRAL: DETALHES


O Governo Militar (1964-85) criou o Movimento Brasileiro de Alfabetização, mais conhecido pela sua sigla – Mobral, destinado a superar o grande número de brasileiros analfabetos. Criado em 1968, o Mobral somente teve implementação no ano de 1971. 
Primeira página do jornal
Vale lembrar que, por mais de uma década, a atividade deste órgão levou jovens e adultos aos bancos escolares. No entanto, a recessão econômica manifesta nos anos 1980 travou o programa.
Encerrado o regime militar, a Fundação Movimento Brasileiro de Alfabetização tomou a denominação de Fundação Nacional para Educação de Jovens e Adultos (Educar). Finalmente, quase aos quarenta anos, em 1990, esta fundação também foi extinta.
Diversas iniciativas foram postas em prática: a circulação de jornal do programa (abaixo exposto) e a adoção de livros de autores regionais, como esta que alcançou o saudoso poeta Alcides Werk, conforme Jornal Cultura, em 1982.

MOBRAL ADOTA LIVRO DE ALCIDES WERK

O autor em postagem do Jornal Cultura, 1982
Para atender ao pedido de 7 mil exemplares do livro "Trilha D'água", de Alcides Werk, feito pelo MOBRAL, que passará a adotá-lo em suas escolas, em todo o país, a Editora Civilização Brasileira lançará brevemente a 2ª edição dessa obra, com tiragem prevista de 10.000 exemplares, trazendo capa e ilustrações de Van Pereira.
 "Trilha D'água", lançado recentemente em Manaus, é o segundo livro de Alcides Werk e, como o primeiro, subordina-se à temática amazônica, onde estão presentes o rio, a mata, as lendas, os mitos, o folclore etc.
Alcides Werk, que é o quinto escritor amazonense a merecer a preferência daquela grande editora, trabalha atualmente em uma nova obra, que espera lançar ainda este ano.

domingo, março 18, 2018

PADRE SOUZA E DOIS CASAMENTOS


Padre Souza e familiares na celebração do casamento
Relembro dois casamentos celebrados na Catedral de Manaus em 1973, com as bênçãos do padre Luís Gonzaga de Souza, que se aproximam das Bodas de Ouro. Padre Souza foi meu contemporâneo no Seminário São José, todavia, acabei coronel da PMAM e ele, virtuoso sacerdote. Hoje, ainda convalescente, auxilia o vigário da paróquia de São Raimundo, onde, para ele, tudo começou.
Sobre os casamentos: desfrutei da amizade do Dr. Gebes Medeiros, pai da noiva Vitória Regia, via os padres do Seminário e a presença da família nos atos religiosos desta Casa Religiosa.
Ingressei na PMAM junto com o outro noivo – Ruy Freire. Todavia, quando de seu casamento, cometi uma insanidade ao deturpar o seu Convite de Casamento exposto no cassino (refeitório) dos oficiais da PMAM. Em razão desse pecado, não compareci ao seu casamento. Perdão, meu camarada.   
As publicações foram sacadas do Jornal do Commercio, na coluna do Nogar.

O casamento de Vitória Régia e Ananias, acontecido de alto requinte, que reuniu a "finesse" de Manaus. A cerimônia celebrada pelo padre Luís de Souza realizada às 20 horas, na Catedral Metropolitana de Manaus, foi assistida pelo mundo social manauara, que lotou todas as dependências do tradicional templo.
Vitória Régia que trajava lindo vestido branco com longa cauda, ao som da marcha nupcial, foi levada ao altar pelo seu pai, Dr. Gebes de Mello Medeiros, onde já a aguardava o noivo.
Terminada a cerimônia com a benção nupcial e a troca das alianças, os noivos após assinarem o Termo na Sacristia e receberem os cumprimentos, acompanhados dos padrinhos e demais convidados, dirigiram-se ao Salão dos Espelhos do Atlético Rio Negro Clube, onde aconteceu a requintada recepção, com jantar à americana e tudo
Jornal do Commercio, 17 fevereiro 1973


Capitão Ruy Freire de Carvalho, subchefe da Casa Militar do Palácio Rio Negro, e a jovem Delzuita Bentes, votaram núpcias sábado último. A cerimônia religiosa com efeitos civis foi prestigiada pelo coronel João Walter de Andrade, governador do Estado. (V. Santos) Jornal do Commercio, 7 fevereiro 1973

sábado, março 17, 2018

SOBRE SACERDOTES



Conheci os três últimos reitores do Seminário São José, enquanto funcionou na rua Emílio Moreira, e eu fora estudante daquele estabelecimento (1956-64): monsenhor João Alves da Costa, cônego Pedro Mottais e padre Jorge de Andrade Normando.
Monsenhor era pernambucano e dirigia a rica paróquia dos Remédios; o segundo, natural da França, desembarcou em Manaus, após passar em Tefé, e também foi vigário dos Remédios; o padre nasceu em Manaus, de família tradicional, após a ordenação, a qual estive acolitando a cerimônia, auxiliou a então paróquia de Itacoatiara.
Dos citados, padre Normando permaneceu mais tempo na direção do Seminário, creio que até o fechamento desta Casa, em 1967. Transferiu-se então para a capital paraense, de onde passou à Casa do Pai. É sobre este sacerdote que translado o texto de A Crítica (23 março 1963), marcando sua data natalícia.
 
Publicação de A Crítica, 23 março 1963
 A data de hoje é de grande expressão para o mundo local e religioso, no Amazonas. É que tem hoje sua data natalícia essa boníssima figura do clero amazonense, o virtuoso e digno padre Jorge Normando, Reitor efetivo do Seminário Arquidiocesano São José.Moço ainda, já desfruta de tão alto conceito pelas suas elevadas virtudes, esclarecida inteligência e preclaras virtudes, que vem sendo mantido no alto cargo, em nossa arquidiocese, de Magnífico Reitor do Seminário São José.
É admirável vê-lo ali, entre seus discípulos amados, entre a turba dos seminaristas, com seu ar patriarcal, sua cabeça um tanto grisalha, seus passos lentos e largos, sua magreza de asceta, meio triste e meio pálido, falando calmo, a batina pobre, humilde, modesto prestando o maior serviço à Igreja de Deus, na condução daqueles setenta rapazes para a função sagrada e divina do sacerdócio de Cristo.
Cercado de uma equipe de padres virtuosos, entre eles o padre Juarez, vice-reitor, — o padre Jorge Normando é, com alma e coração, a cúpula daquela cidadela mística, onde a oração, os estudos profundos, a meditação diária, o recolhimento, a vida religiosa, real e sincera, transforma homens, criaturas em seres extraordinários para o serviço de Deus, da Igreja e da Pátria Cristã, profunda e realmente brasileira.
Padre Normando nasceu para apóstolo das vocações sacerdotais. Para isso cercou-se de ótima equipe, tudo sob a orientação supervisora do Sr. Arcebispo [Dom João Souza Lima]. Entra em contato com sacerdotes, procura vigários, ausculta o povo, reúne pais, apela para as almas de Deus, tem profunda exaltação pelo sacramento da Ordem. Sabe que necessitamos de sacerdotes.
Conhece que também o problema do Brasil é um problema relacionado com padres bons e virtuosos. O homem sem sacerdote termina adorando os irracionais, disse o Cura D’Ars.
É por isso que a figura admirável do Padre Jorge Normando cresce, nesta época em que vivemos. O egrégio aniversariante quer esteja na missa, nos retiros mensais, nas meditações de seu breviário, no seu trabalho intelectual, na pregação diária, no confessionário, entre os seus irmãos de sacerdócio, — é sempre o mesmo boníssimo homem, santo, virtuoso, culto, discreto, modesto, simples, um exemplo, finalmente, exemplo edificante para a comunidade em que vivemos.Homens assim são reservas morais extraordinárias, homens de Deus ao serviço da coletividade brasileira, no cumprimento exato dos seus deveres, na luta contra o mal como pastor de almas, educador notável, apóstolo pela grandeza moral, como filho, como amigo, como irmão, em casa, no lar, no seminário, na sociedade.