Ontem, 14 de janeiro, ocorreu o cinquentenário de um trágico episódio:
a explosão da caldeira da Santa Casa de Misericórdia. Mortos e feridos e larga
destruição marcaram aquela instituição de saúde. O desastre levou os manauaras à
consternação, posto que o próprio governador, Danilo Areosa, e o prefeito,
Paulo Nery, estiveram no local para acudir às precisões.
No cruzamento das ruas Lobo D’Almada e José Clemente funciona o Caldeira,
um bar bem movimentado que guarda no título comercial aquela olvidada explosão.
Recorri ao extinto jornal A Notícia (edição de 15) para ilustrar esta tragédia,
que julgo ter dado à Santa Casa o início de sua derrocada.
Resultado da tragédia (fotos de A Notícia) |
O
seu barulho já era familiar para a vizinhança. Nas noites escuras, era bonito
quando, pelas suas chaminés, escapavam milhares de fagulhas que lembravam uma
"Maria-Fumaça", arrancando da estação. O seu apito, longo ou curto,
criou um anedotário. Quando era curto dizia-se: "morreu um pobre"; se
saia longo, era porque havia morrido "um rico". Não era nada disso O
apito era o esvaziamento de suas câmaras, aliviando a pressão do vapor,
utilizada há mais de 20 anos para lavar a roupa da Santa Casa de Misericórdia.
Ontem,
não havia apitado. E o fato não passou despercebido a alguns dos habituais
ouvintes. E, às 9h45, explodiu. Pareceu um terremoto.
Arrebentou casa, paredes,
paredão. Levou como um bólido dois dos seus servidores, estatelando-lhes os
corpos deformados no asfalto da rua José Clemente, de onde foram recolhidos,
disformes, sem vida. Uma outra vítima morreu do choque. Outras ainda sofrem, de
modo grave. Até crianças, que brincavam na rua, distantes sofreram. Pedaços de
pernas-mancas, pedras volumosas, caliças, voaram a dezenas de metros de
distância e foram danificar telhados, janelas, vidraças, paredes e pessoas.
Por
que ela explodiu? De velha, disseram uns. Porque já estava rachada e ontem não
deveria ter sido posta em funcionamento. Quem a conheceu bem deu-nos sua nacionalidade:
era francesa, tinha mais ou menos 20 anos. De válvula manual, o operador devia
acioná-la para descarregar a pressão toda vez que esta chegava a determinado
ponto. Então, duas hipóteses estão na raiz da tragédia: a pressão subiu além da
segurança e o operador descuidou-se, ou estava sem água e esta foi ligada
abruptamente e provocou as explosões.
Sim.
Pois não foi só uma. Após a primeira, grande, estrondosa, brutal, os socorros
foram demorados, pelas outras que se seguiram, acompanhadas, ainda, das
descargas elétricas de fios de alta-tensão, que se arrebentaram e tornaram os
trechos da [rua] Lobo D'Almada e [rua] José Clemente, um inferno, na manhã de
ontem.
Bom dia!, Sou um jovem Operador de Caldeira e achei interessante a matéria relatando essa triste tragédia, Se passaram 50 anos e as Caldeiras continuam explodindo com frequência em todo o Brasil. Amo essa profissão e peço a Deus que proteja todos operadores desse desastre. Forte abraço. Ricardo2015samuel@hotmail.com
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