CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

quinta-feira, maio 30, 2019

ARQUIDIOCESE DE MANAUS: NOTAS


O sexto bispo do Amazonas, dom João da Matta Andrade Amaral, que cuidou de seu rebanho entre 1941-48, deixou na cidade importantes marcas de seu pastoreio. 


Ao assumir, empenhou-se em restaurar a catedral de Nossa Senhora da Conceição; outra marca indelével: a recriação do Seminário São José, instalado na rua Emilio Moreira, praça 14 de Janeiro. Ainda outra baliza de seu apostolado, a Casa da Criança, na rua Ramos Ferreira.
Catedral de N. S. Conceição, Manaus
Foram construídos dois pavilhões no Seminário, o primeiro – dom Basílio – inaugurado em março de 1946. Ainda estão firmes, mas por óbvio modificados devido ao longo período de comodato com entidades de ensino: a Ufam e a Uninorte.

Dez anos depois, ingressei naquele estabelecimento de formação eclesiástica. Acerca da abertura desse ano letivo, dá-nos conta a publicação “Vida Católica”, circulada no Jornal do Commercio (23 fev. 1956).

No mês seguinte, 24 de março, dom João da Matta procedeu a sagração da igreja Nossa Senhora da Conceição como Catedral. No decurso das obras de restauro, foi encontrada “uma preciosa relíquia”, consoante noticia o extinto Diário da Tarde (18 mar. 1946). As duas publicações estão abaixo compartilhadas.

Jornal do Commercio, 23 fevereiro 1956
  
Uma antiga imagem de Nossa Senhora da Conceição vem de ser encontrada pela Diocese de Manaus. Trata-se da primeira imagem colocada na nossa igreja Catedral, contando assim cerca de 251 anos, estilo europeu e de traços belíssimos, devendo ter sido entronizada naquela matriz pelos padres Carmelitas, os primeiros missionários que trabalharam em Manaus.
Essa imagem é a que será carregada em procissão, durante as grandes solenidades do mês de março, constante da sagração da Catedral e inauguração do primeiro pavilhão do Seminário São José, de acordo com a vontade de dom João da Mata [bispo do Amazonas].

SEMINÁRIO SÃO JOSÉ
Hoje regressarão ao Seminário os alunos de Teologia e Filosofia, a fim de retomarem seus estudos e seus trabalhos em preparação para o sacerdócio. São três do curso filosófico, quatro do segundo ano de teologia, quatro do terceiro ano e um do quarto ano. O número de alunos do Seminário Menor atinge os cinquenta. 
A direção do Seminário está assim constituída:
Reitor — Mons. João Alves da Costa [vigário dos Remédios];
Prefeito de Estudos — Pe. Luiz Ruas;
Prefeito de disciplina do Menor e Ecônomo — Pe. Vicente Gonçalves de Albuquerque.
 As aulas, no Seminário, serão iniciadas no próximo dia primeiro de março.

terça-feira, maio 28, 2019

POESIA DE JORNAL

Nonato Pinheiro
Os jornais e revistas de anteontem e de ontem, em Manaus e pelo país afora, publicavam poemas, fossem de poetas versados ou de seus leitores, principiantes nesta arte. Aproveitavam os dias comemorativos para abrir as páginas às composições poéticas. A prosa igualmente recebia acolhida, livre de espaço ou de linhas ou, como hoje se marca, do número de caracteres. Era uma fartura. Ainda aproveitei. 
Então, todos liam, pois esses periódicos consistiam na nossa comunicação mais breve rivalizando com o rádio. Os tempos mudaram, todavia, e com qual velocidade. De tal sorte que os jornais foram restringindo tanto as páginas e os espaços, que a Poesia sumiu delas, assim perdeu seu encanto.
Rastreando como de hábito os jornais de antanho, deparei com tantos e tão diversos poemas; recolhi-os esperando publicá-los, para lembrar os autores e as circulações. Ainda não consegui.
Nesta segunda-feira, no entanto, revirando meu baú de flashbacks, localizei essa curiosidade, aqui postada. O autor, saudoso padre Nonato Pinheiro, compôs o mesmo poema em dois idiomas, e os fez circular em O Jornal, de 22 de setembro de 1963.

Recorte do jornal indicado

Qual no albor da manhã a aurora purpurina,
— Antítese feliz da espessa escuridão! —
O idioma de Flaubert dá-nos a condição

De limpidez igual à d’água cristalina! 
Percebo que em francês a ideia se ilumina
E brilha com esplendor, qual fúlgido clarão:
É o idioma da clareza e a língua do salão,
Que herdou com altivez a glória da latina! 

Português e francês, línguas que falo e leio,
Encontraram-se em mim, quando era inda criança,
Qual Negro e Solimões, beijando-se no seio... 

Mas os rios, por fim, se unem sem tardança,
E as línguas, ao invés, partiram-me no meio:
Coração pro Brasil, cabeça para a França!...


Texto em francês na edição citada

segunda-feira, maio 27, 2019

HISTÓRIA DO AMAZONAS: NOTA

Nonato Pinheiro


Em julho de 1926, já eleito presidente da República, Washington Luís visitou Manaus. Sua demorada permanência na capital foi documentada no texto do falecido padre Nonato Pinheiro, do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, publicado em O Jornal, de 9 de novembro de 1969. 


Prepara-se a Nação para celebrar o centenário do Presidente Washington Luís Pereira de Sousa, que governou o país de 1926 a 1930, quando foi deposto pelo presidente do Rio Grande do Sul e seu ex-ministro da Fazenda, Getúlio Dornelles Vargas, candidato da Aliança Libertadora.
Não é meu intuito focar, propriamente, o movimento revolucionário que culminou com a deposição do eminente brasileiro, mas apresentar alguns flagrantes de sua visita a Manaus, aonde chegou, como Presidente eleito, a 20 de julho de 1926. De relance, apenas, tecerei algumas considerações acerca do primeiro assunto.

Manaus engalanou-se para receber a visita de Washington Luís, que aqui chegou a bordo do vapor Pará. O presidente do Estado era o dr. Efigênio Ferreira Salles, e prefeito municipal, o dr. José Francisco de Araújo Lima, sem contestação um dos maiores prefeitos de Manaus. Nas proximidades da extinta Manaus Harbour, armou-se um arco de triunfo, onde o Presidente foi saudado pelo prefeito Araújo Lima, médico de renome e intelectual da melhor estirpe literária, cuja prosa era um encantamento pelas belezas e galas do estilo.
Seguiu-se o desfile rumo ao Palácio Rio Negro, a cuja sacada assomaram Washington Luís e Efigênio Salles, sob os aplausos da multidão. Serenadas as aclamações, o menino Moacyr Dantas, filho do dr. Elviro Dantas e aluno do Colégio D. Bosco, saudou o presidente, a quem foi apresentado pelo bispo diocesano, dom Basílio Manuel Olímpio Pereira e pelo diretor do mencionado estabelecimento de ensino, o saudoso Padre Pedro Ghislandi. Às 12 horas, o presidente do Estado ofereceu um almoço íntimo ao Presidente da República no palacete Carioca. Pelas 20 horas, realizou-se um préstito luminoso (marche aux flambeaux), puxado por seis bandas de música em direção ao Palácio Rio Negro, onde saudaram o Presidente os oradores Álvaro Botelho Maia e Hemetério Cabrinha. Álvaro Maia já era o primoroso e consagrado orador da Canção de Fé e Esperança. Cabrinha, o poeta dos Frontões, já alcançara relevo como orador popular, capaz de eletrizar multidões.

Estamos agora no dia 21 de julho. O presidente, cumprindo o programa elaborado, visitou o Seringal Mirim, a usina Brasil-Hévea, a Prefeitura Municipal, a Assembleia Legislativa, o Instituto Benjamim Constant e o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas. Na Assembleia, cujo presidente era o deputado Monteiro de Sousa, meu velho e douto professor de Matemática no Colégio D. Bosco, em 1935, Washington Luís foi saudado pelo deputado Caio Valladares.

A visita ao IGHA merece especial registro. Lá fora organizada uma excelente exposição de produtos do Amazonas. Efigênio de Salles acompanhou o presidente nessa visita à Casa de Bernardo Ramos, onde foi saudado pelo verbo do dr. Vivaldo Palma Lima, orador oficial do sodalício. Washington Luís comoveu-se com a homenagem da douta confraria, que reunia uma plêiade de lúcidas e robustas mentalidades. Inaugurou o Livro de Visitantes, de onde copiei suas impressões, assim exaradas:
“Visitei hoje o Instituto Histórico e Geográfico do Amazonas, encontrando, circunstância feliz, o verdadeiro culto das cousas do nosso passado, ao lado de uma exposição de produtos do vale amazônico, demonstrando o cuidado das cousas do presente, que sem dúvida é para o futuro a garantia de nossa nacionalidade forte e firme”.

Mostrei o referido teor ao sociólogo Gilberto Freyre, quando de sua recente visita ao IGHA, onde proferiu notável palestra. Leu essas palavras em voz alta, prorrompendo ao final nesta exclamação: “Grande homem! Notável espírito!” E enalteceu, a seguir, a compostura admirável que Washington Luís manteve no exílio, tão longo e tão discreto, recusando-se sempre a dar qualquer entrevista ou a fazer qualquer comentário sobre o governo que o depusera!

O almoço do dia 21 teve caráter íntimo e sentimental. O Presidente da República encontrou no Amazonas três condiscípulos da Faculdade de Direito de São Paulo: dr. Vicente Reis, diretor do Jornal do Comércio, dr. Carlos Pereira da Silva, Juiz de Direito de Itaquatiara (prefiro essa grafia), e o Desembargador Antônio Gonçalves Pereira de Sá Peixoto. Os antigos colegas decidiram oferecer um ágape ao novo presidente, o qual se efetuou ne residência do jornalista Vicente Reis. Compareceram: Washington Luís, Efigênio de Salles e esposa, Vicente Reis e esposa, dr. Carlos Pereira da Silva e esposa, e o Desembargador Sá Peixoto, que se fez acompanhar de sua filha Alcida Moreira de Sá Peixoto, que faleceu como professora aposentada do Instituto de Educação do Amazonas. À imprensa divulgou as palavras de Sá Peixoto, que falou em nome dos condiscípulos do egrégio visitante.
O presidente Washington Luís agradeceu comovido a fraterna lembrança de seus antigos colegas, afirmando que jamais a esqueceria. Frisou que os anos passavam, mas os afetos permaneciam como reflexo de uma era feliz. Concluiu bebendo pela felicidade de cada companheiro e de suas respectivas famílias.

Às 20 horas realizou-se no Teatro Amazonas um banquete oficial de 200 talheres, no qual falaram o presidente do Estado, o presidente do Tribunal de Justiça e o presidente da Assembleia Legislativa, com agradecimentos do presidente eleito.

No dia 22 de julho Washington Luís visitou a Fábrica de Cerveja, o Ginásio Amazonense Pedro II, o Grupo Escolar Presidente Bernardes e a Santa Casa de Misericórdia. Às 14,30 houve um passeio à Colônia Campos Sales, e às 16 horas, um garden party no Sanatório Efigênio Salles. Pelas 20 horas, realizou-se um espetáculo no Teatro Amazonas.
O dia 23 de julho foi o último de sua estada em Manaus. Às 8 horas, realizou-se um passeio fluvial a Paricatuba, sob os auspícios da Associação Comercial do Amazonas. Na tarde do mesmo dia, o Presidente assistiu no Polyteama desenrolar das películas No País das Amazonas e No Rasto do Eldorado. A visita do Presidente teve seu remate nos salões do Ideal Clube, com um baile oficial, oferecido pelas classes produtoras. Às 23h30, o ilustre visitante apresentou suas despedidas e retirou-se para bordo. (...)

Reputo necessária uma referência ao cardeal Dom Sebastião Leme da Silveira Sintra Foi o eminente purpurado quem salvou a vida de Washington Luís, quando de sua deposição. Cronistas e historiadores são unânimes nesse particular. Com suas pupilas aquilinas de diplomata e de pastor, sentiu o Cardeal Leme o perigo que cercava o desditoso presidente. Envolto em sua púrpura cardinalícia, rumou para o Catete e convenceu Washington Luís a acompanhá-lo. Armas aguardavam nas ruas o trajeto do presidente poupado por ter a seu lado o ínclito príncipe da Igreja, cuja intervenção diplomática evitou uma catástrofe.
Pelas colunas de O Globo sopraram os primeiros clarins do centenário de nascimento do insigne patriota, que regressou do exílio após o trágico desaparecimento de seu algoz. Altos juízos de Deus, sem cuja mão luminosa não se escreve a História!...

sábado, maio 25, 2019

NOTÍCIAS DE MANAUS


Imóvel demolido, resta o terreno
Em nossos dias, este local, situado à rua Major Gabriel quase esquina da rua Ramos Ferreira, está isolado por um muro, sem sinal de qualquer edificação. Conheci-o bastante, quando era a sede dos Gazeteiros, ao tempo em que estive internado no Seminário São José, em cujos fundos estava o imóvel. Ainda com essa denominação, o Gazeteiros promoveu boas festas de Carnaval, até início dos anos setenta, lembro bem, pois, quantas vezes fiz a supervisão do policiamento da PM nos festejos.

Depois, foi ocupado por uma entidade que o transformou em Escola Santa Cruz de Manaus, em 1975. Não sei quando foi demolido, encerrando uma larga história, cujo início ocorreu nos anos 1940, quando abrigou o Grupo Escolar Farias Brito, que ora funciona à rua Duque de Caxias com rua Santa Isabel.

sexta-feira, maio 24, 2019

ANIVERSÁRIO DA SOFIA


Minha reverência e meus votos de sucesso na escola e na família para a filha Sofia. São nove anos de idade, hoje. 

É estudante do Instituto Adventista de Manaus, no 3º ano fundamental. Entusiasmada com os livros, posso atestar, não tem oferecido dificuldades a nós, os pais.  Cabe-me o transporte e o caixa, à sua mãe Beatris, as tarefas escolares, com uma pequena ajuda de minha parte. Tarefas que repetidas vezes pertencem mais aos pais que à aprendiz.
A festa foi transferida, mas tenho mantido dois hábitos: um, manter um cofre com moedas para ser aberto nesta data, como fizemos logo pela manhã. Trata-se do presente de aniversário. O outro, montar um poster com fotos da Sofia, com a quantidade de fotos de cada aniversário. É o que ilustra a postagem.

Com a nossa melhor benção, Sofia, vamos em direção ao seu primeiro decênio.

terça-feira, maio 21, 2019

ÁLVARO MAIA – 50 ANOS DE MORTE (3)


Alvaro Maia

Em duas publicações (28 e 30 de abril passado) lembrei da morte de Álvaro Maia, acontecida há 50 anos. Para completar o serviço, recorro ao jornal A Crítica, do dia imediato, para observar o sepultamento do Tuxaua, que foi realizado no cemitério São João Batista, em 5 de maio de 1969. 

A morte do senador Álvaro Maia comoveu todo o povo amazonense que teve no "Tuxaua" o seu maior líder. O desaparecimento do maior homem público do Estado foi lamentado por todos, sem distinção de classe, credo político ou religioso. Do governador do Estado ao mais simples cidadão, uniram-se os amazonenses para o último adeus.


CHORO DO COVEIRO
O coveiro João Lopes derramou lágrimas de dor sobre a sepultura perpétua n° 34.634, quadra 8, da família Botelho Maia, situada bem atrás do jazigo perpétuo da família Plínio Coelho, ao enfiar a enxada no barro mole juntamente com os coveiros Jardelino Sampaio e Hermeneglido Nazaré Ligeiro.
Todos estavam silenciosos e os instrumentos batiam seca e vagarosamente na terra, numa operação que se iniciou às 8 horas da manhã e terminou às 11 horas. Enquanto cavavam a sepultura, os coveiros comentavam em voz baixa a vida de Álvaro Maia, havendo João declarado: “Era um grande homem. Eu tenho até desgosto em cavar sua sepultura”.
Cliche do Jornal do Commercio, 6 maio 1969
 Presentes, o governador Danilo Matos Areosa, general Edmundo Costa Neves, secretários de Estado, representante da Assembleia Legislativa e o arcebispo de Manaus, Dom João de Sousa Lima, além de alunos fardados do Colégio Estadual do Amazonas e Colégio Dom Bosco.
A Marcha fúnebre número 1, de Orestes Ribeiro foi tocada pela Banda de Música da Polícia Militar, sob o comando do mestre de banda Tenente [Raimundo] Bezerra, ao transpor o carro que conduzia o caixão pela porta do cemitério São João Batista -- lado da rua Belém. A sirene do carro da DET passou a tocar em ritmo compassado.

SEPULTAMENTO E DISCURSOS
O corpo do ex-interventor e ex-governador do Amazonas baixou à sepultura ao som da Marcha Fúnebre n° 2, executada pela Banda da PM. Populares choravam emocionados, e o coveiro João Lopes puxava os cabelos em estado de desespero.

Vários oradores prestaram a última homenagem ao senador. (...) Frisando ser o orador oficial do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), o padre Nonato Pinheiro esclareceu que "a pulcritude crepuscular de Álvaro Botelho Maia sempre o projetou: ele era como o sândalo que perfuma o machado que o fere. Aos seus inimigos, respondia com a bondade, o que marcou trânsito fascinante da sua passagem da vida para a alvorada da História". 
Capela e cruzeiro do cemitério 
Finalmente, o universitário Fábio Lucena Bittencourt, falando em nome do corpo discente da Faculdade de Direito, manifestou a expressão de reconhecimento das gerações do pós-guerra a todos que, como Álvaro Maia, jamais conspurcaram o Direito no exercício do Poder.  O jovem orador pediu a Álvaro Maia que implorasse a Jesus pelos pobres e oprimidos que morrem na sarjeta “assassinados pela fome, pela dor e pelo sofrimento”.
LUTO OFICIAL
Nas primeiras horas da manhã de ontem, o governador Danilo Areosa decretou luto oficial por três dias, determinando que fossem prestadas honras de Chefe de Estado ao falecido senador Álvaro Maia. 

segunda-feira, maio 20, 2019

RIO DE JANEIRO

Na barca, atravessando a baía de Guanabara, indo de Niterói à capital, captei esta cena, vendo-se o Aeroporto Santos Dumont à frente, com aviões no pátio e no espaço, em direção ao Pão de Açúcar, ao fundo. Aconteceu em 2014. Basta...



domingo, maio 19, 2019

CORREIOS EM MANAUS (2)


 A leitura de velhas revistas Correio Filatélico (COFI) revelaram algumas notas para a história do colecionismo de selos postais.


Em fevereiro de 1982, esta publicação relaciona os vencedores da III Exfijubra (Exposição Filatélica Infanto-Juvenil Brasileira), entre estes encontra-se o nome de José Ricardo Wendling, então com 17 anos, representante do Amazonas. Em nossos dias, Wendling (PT) é deputado federal pelo nosso Estado.


Outra revista, de janeiro/fevereiro de 1991, comenta sobre os 20 ANOS DA COLUNA FILATÉLICA DO AMAZONAS. A primeira edição teve publicidade em 23 de agosto de 1970, surgida do pioneirismo do e dedicação de seu fundador – Engenheiro Nelson Porto, “que já coleciona diversos prêmios entre os quais se destacam duas medalhas internacionais e duas nacionais”.

Participei deste movimento. Por alguns anos mantive preocupações com os selos e as cartas e outros materiais necessários à filatelia. Do material adquirido, passei adiante a coleção de Brasil, porém, mantenho ainda a temática: Natal. 
Prossigo frequentando sem compromisso os encontros realizados à tarde de sexta-feira no correio da Praça do Congresso, quando os colecionadores de diversos segmentos se aproximam.

sábado, maio 18, 2019

EFEMÉRIDES FAMILIARES


As datas quase coincidem, nesses dois momentos da vida humana – nascimento e morte – que se cruzam na mesma família. Numa direção, lembramos a morte aos 98 anos de José Manuel Mendoza, ocorrida há cinco anos. Noutra, a comemoração dos deleitosos Setentanos de Ivo Manuel Barbosa Lima, em Santos-SP.

Manuel Mendoza
Hoje (18), lembra a morte de Manuel Mendoza, meu genitor, nascido no Peru e que, ao se casar com Francisca Lima, anverense – do lago, aportuguesou o sobrenome para inaugurar uma nova dinastia de Mendonça na região amazônica. Viveu bastante para, depois de dois casamentos e oito filhos, “entregar a alma ao Criador”. E, certamente o fez com méritos, pois era “católico, apostólico, romano” praticante.
Meu irmão Renato recomendou: “vamos aproveitar para elevar nossas orações a Deus, e que o mantenha iluminado pela luz divina; pedir-lhe proteção para nossos caminhos, assim como ele fez na primavera de nossas vidas”.

Acerca da vivência dele, escrevemos, eu e o mano Renato, o livro Entre duas viagens (2017).

***
Ivo Manuel (à esquerda) com o autor, saboreando o escocês 

Amanhã (19), festeja-se o aniversário de Ivo Manuel Barbosa Lima, meu primo materno. Não se trata de uma data qualquer, trata-se de seus SETENTANOS. Nasceu no bairro de Constantinópolis (hoje Educandos), mas residente em Santos (SP) há décadas, quando seu pai – Manuel Barbosa – dirigia a Padaria NS das Graças, edificada na “cabeceira” da Baixa da Égua. De frente para a baía do rio Negro. Portanto, Ivo é um homem chibata, desses nascidos unicamente em Manaus. Parabéns, primo.

Que são setenta anos, quando se vai viver outro tanto? Tencionei abraçá-lo por ocasião dessa festa. Para isso, preparei o fato e a fala, porém esqueci da passagem aérea. Esqueci que moramos longe, que aquele mesmo rio Negro que embelezava a manhã vista do sobrado de sua casa, nos afasta impiedosamente. Que nos obriga a unicamente pensar nos bons e poucos momentos de convívio, quando trocamos um papo. Assim é melhor, pois a cada visita há o que conversar e atualizar sobre a tribo, de preferência animado por aquele escocês.

Votos de sucesso com a família e com os amigos, magnifica conexão que nos anima a enfrentar as travancas da vida. Que venham mais SETENTA!

CORREIOS EM MANAUS

A privatização dos Correios já anunciada pelo Governo Federal, ao menos estudos nessa direção, vai acontecer. Para se ter ideia de sua longevidade, a existência deste emprego tem pouco mais de idade que a cidade de Manaus, a qual completa 350 anos em outubro próximo. Pois bem. Os correios datam de 25 de janeiro de 1663.

50 anos – outubro de 1969 –, manauenses interessados no colecionismo de selos, fundaram o Clube Filatélico, o qual, neste mês de maio, sob a direção do Jorge Bargas, intenta emergir ou reaparecer ou, quem sabe, “não morrer de véspera”. Os poucos filatelistas resistentes veem se reunindo às sextas, quando articulam algum movimento a fim de manter a chama acesa.
Mas, buscar a quem?  Em que nicho da sociedade? Diante do avassalador progresso da informática, que já mandou às favas cartas e selos; telegramas e faxes; material filatélico, como revistas e outros elementos próprios do colecionismo.
Lembrando de revista, exponho a capa do Correio Filatélico (COFI), circulada em janeiro/fevereiro de 1993, e editada pela “Superintendência de Filatelia da Diretoria de Negócios da ECT”. A matéria central é sobre o Carteiro, aquele servidor que já foi motivo de emoção, quando era esperado com ansiedade devido àquela correspondência. Hoje, já não se espera aquela carta do bem-querer, as diversas ligações ocorrem on-line.

Ainda da mesma revista, retirei a foto do bloco comemorativo a XIV Exposição Filatélica Luso-Brasileira (Lubrapex 92)




quinta-feira, maio 16, 2019

JOAQUIM MARINHO E BRAHMA


Há um mês prometi visitar o acervo do Joaquim Marinho, convidado por sua filha. Contudo, tenho falhado vergonhosamente. 

Joaquim Marinho (de óculos)
No entanto, revirando meus arquivos, encontrei acolá o Marinho, então integrante da empresa Quarteto Propaganda, ocasião em que acompanhava uma equipe da Cervejaria Brahma, em Manaus, a qual vinha ultimar a produção da bendita em nossa cidade.

A notícia estampada no Jornal do Commercio (26 setembro 1972), aqui compartilhada, acrescenta um fragmento à história da produção cervejeira em Manaus. É sabido que a pioneira foi a Cervejaria Amazonense, fundada no início do século passado, cuja relíquia ainda se pode observar a beira do igarapé de São Raimundo. Encerrada a produção foi, no início dos anos 1970, adquirida pela cervejaria Astra, de Fortaleza. Não demorou muito, e esta foi repassada ao controle da Brahma.
Naquele local, bairro de Aparecida, a Brahma operou até quando se incorporou à cervejaria Antarctica, cuja união sob a denominação de Ambev evidencia, em nossos dias, potência internacional.

Recorte do Jornal do Commercio, 26 setembro 1972
A Brahma mandou a Manaus dois técnicos do seu Departamento de Marketing, para dirigirem um estudo sobre o mercado local. São eles, Jorge Parente Junior e Felipe Franklin Filho. O primeiro (foto) em companhia de Joaquim Marinho, da Quarteto Propaganda, esteve ontem em visita a nossa Redação.
Informou-nos Jorge Parente Junior, que enquanto não começar a produção da Brahma amazonense (prevista para meados de 1973), o abastecimento local continuará sendo feito pela fábrica da Brahma do Rio de Janeiro.Adiantou-nos, por outro lado, que a água fornecida pela Cosama foi considerada excelente para fins cervejeiros, segundo análise realizada pelo Laboratório Central da Brahma.

segunda-feira, maio 13, 2019

AVIAÇÃO NO AMAZONAS - TÓPICO



Logo da empresa de aviação
Então capitão da Polícia Militar do Amazonas, experimentei uma ou duas vezes o avião turboélice YS-11 [construído por uma empresa japonesa, cujo voo inicial ocorreu em 1962 e o final, em 1974] da Cruzeiro do Sul, viajando para Porto Velho. 
Acredito que a estreia ocorreu em dezembro de 1969, quando o coronel Neper Alencar, chefe do Estado-Maior da PMAM, escalou-me para apurar uma ocorrência no garimpo de cassiterita, localizado no Igarapé Preto, pertencente ao município de Humaitá. Acompanhado do escrivão, passei uma semana naquele “fim-de-mundo”.

Valéria, em 2018
Recordo-me de que, à época, houve na região dois sequestros de avião, os quais foram levados para Cuba. Oficial da PM, viajando armado, lembro-me de que imaginei minha reação se, por acaso, o avião em que voltava para Manaus fosse sequestrado. Estava ansioso em chegar, por dois motivos: por ser véspera do Natal e para ver a Valéria, a primeira filha nascida dias antes.

O tópico referente à aviação regional foi publicado no Jornal do Commercio, de 20 de abril de 1969, portanto, há 50 anos.

 
Recorte do Jornal do Commercio, 20 abril 1969
Ontem [19 dez. 1969] foi inaugurada a linha da Cruzeiro do Sul com os aviões YS-11 para Porto Velho, saindo o mesmo lotado de Manaus, levando passageiros e convidados especiais.
Depois de um voo tranquilo de uma hora e cinquenta minutos, gozando das atenções e gentilezas da tripulação do aparelho, houve o pouso em Porto Velho onde estavam para receber os dirigentes da Cruzeiro do Sul o governador João Carlos Henriques, o coronel Carlos Webber, comandante da Guarnição Federal, além de outras autoridades e pessoas da sociedade.
A demora na capital de Rondônia foi de cerca de uma hora apenas o tempo necessário para uma vista às novas instalações da agência da companhia naquela cidade, que é hoje uma das mais modernas e luxuosas do Brasil.
O voo de regresso foi excelente, uma prova do bom equipamento que é o YS-11, voando a altura de 4 mil metros, com velocidade de 480 quilômetros horário.Representaram a Cruzeiro do Sul no referido voo os srs. Jorge Isper, gerente-geral de Vendas, Wernner Dieckmann e Rodolfo Bastos, respectivamente, gerente e subgerente da agência de Manaus da referida empresa.
Os próximos voos do YS-11 para Porto Velho serão feitos às terças, quintas e domingos.

domingo, maio 12, 2019

DIA DAS MÃES

Francisca Lima

Não podia ser outra a postagem: Dia das Mães.

Estive ontem pensando o que escrever sobre a data. Tinha que falar de mãe. Vamos lá. possui duas: a biológica, dona Francisca, e do segundo matrimonio, ou seja - a mãedrasta (desculpe o invencionismo) dona Doroteia, morta em 1992.

A primeira festa comemorativa deste dia, que me vem à lembrança, aconteceu com um presente de certo inesperado. Dona Dora estava gestante, esperando o filho para "aqueles dias". Apesar do desconforto, agia na cozinha preparando o almoço. Os filhos, obviamente, aguardando o melhor horário. 
Doroteia Santos

Eis que as dores apertam, a hora do "presente" havia chegado para a Dona (assim a tratávamos). Meu pai apressa os cuidados, toma a esposa e seguem para a maternidade Balbina Mestrinho. Era o ano de 1960, e o Dia das Mães foi comemorado a 8 de maio.  

Com a ausência da mãe, restou aos filhos cuidar do almoço e se manter em harmonia, aguardando a novidade. Ao final da tarde, chega o eufórico pai anunciando o nascimento de mais um filho: Miguel Jorge. Em nossos dias, avô de primeira viagem, residente em Telêmaco Borba (PR).

Conheci bem mais a minha mãedrasta, excelente pessoa que soube cuidar do velho e dos filhos, no total, oito homens. Em sua homenagem, Dona Dora, abraço a tantas mães da família Mendonça y Mendoza.

Votos de Feliz Dia das Mães, às filhas Valeria e Gabriela Souza


sábado, maio 11, 2019

NOVEMBRO DE 1963


A Gazeta, 9 novembro
O jornal A Gazeta do período despertou-me algumas reminiscências: uma, a construção do edifício Lobras, no cruzamento das avenidas Sete de Setembro com Eduardo Ribeiro. A edificação empolgava, fora construída segundo as normas da ocasião (se é que existiam normas ou fossem satisfeitas). Nele funcionou no mezanino uma lanchonete top, onde a turma pegava uma “merenda” habitual: sanduíche de queijo coalho e guaraná.
Dez anos depois, quando o Estado encampou o serviço de extinção de incêndios, o Corpo de Bombeiros vistoriou o prédio, estava eu presente como subcomandante desta corporação. A decepção foi grande, pois, internamente era um desastre. Escadas, corredores estreitos, e a ausência de recursos contra o fogo.
Estou certo de que foi melhorado, não apenas a fachada. Em nossos dias abriga, no térreo, a conhecida loja Marisa – de artigos femininos. Compartilho a legenda da foto:

O GIGANTE DA AVENIDA 
A loja surgiu bem modesta, como disciplinava o figurino da época. Vaio como loja do “nada além”, com título bem provinciano de “4.900” (sic), ou o “Bazar das Novidades”. Instalou-se ali onde depois foi a Rianil, a Sul América construiu prédio novo, e o Banco do Brasil se encontra, agora, num provisório sem duração conhecida: na avenida Sete com a Praça 15.
Acompanhou o crescimento da cidade, participou de seus maus momentos. Foi feliz. Progrediu. Hoje está fazendo prédio novo, num dos pontos mais bonitos da cidade. Vai perdendo aos poucos o nome de “4.400”. Arranjou título pomposo de “Lojas Brasileiras de Preço Limitado”. Pelo tamanho do edifício, imagina-se o limite da loja. De preço, nada sabemos.
 
A Gazeta, 11 novembro

A segunda recordação – o governador era Plínio Ramos Coelho (1920-2001), empossado em janeiro daquele ano. Não completou, porém, seu segundo mandato, pois foi atingido por ato do Governo Militar, em junho de 1964. 


A Gazeta, 26 setembro
A terceira, no primeiro exercício governamental (1955-59), Plínio Coelho criou o Banco do Estado do Amazonas (BEA). A fundação desta empresa bancária ocorreu em dezembro de 1956, ocupando o prédio localizado à avenida Sete de Setembro, aos fundos da Biblioteca Pública. Este imóvel já servira à fundação da Imprensa Oficial (1893).  Hoje, no local, bastante modificada funciona uma agência do Bradesco, que incorporou o BEA, em janeiro de 2002. 
O anúncio do BEA foi produzido pela Realart.

quinta-feira, maio 09, 2019

POEMA: SONHO DE INVERNO


Edição junho/julho 1937

Catador de papeis, acabei deparando com esse poema, e dele me encantei. Sei apenas que circulou na Revista do Estudante, edição de junho/julho de 1937. O autor da peça foi Jovino Lemos, somente.




Sonhei-te branca...
tão branca que teus mamilos róseos,
na alvura dos teus peitos empinados,
boiavam como carbúnculos insolentes...
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e as sombras se suicidavam no teu corpo
alvo como os teus dentes...

E eras tão loira, Amor...
tão loira que teus cabelos
e a poeira doiro dos teus pelos...
semelhavam-se a linguados,
de incêndios eterizados,
lambendo teu corpo nu...

Teus olhos?... Duas lagoas ensombradas,
profundas,
estranguladas
por densas ramarias... (a volúpia)
Lagoas que assistiram das iaras desmaiadas,
no vórtice lacustre das orgias...



Tua pele era setinea, lisa...
tão lisa que os meus desejos algemados,
na cega exaltação dos meus sentidos,
espojavam-se nas sinuosas divinas do teu corpo,
como Tântalos enlouquecidos...

Vi o teu corpo soberbamente nu...
aos látegos do sol aos beijos do luar,
escandaloso e rútilo...
gemendo,
contorcendo-se,
longamente, no abraço constritor da gleba sensual...
Branco, como a Tabua de Moisés;
loiro, como um canto matinal...

E eras tão loira que me feriste
tão branca que me cegaste,
tão lisa que me fugiste....