CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

quinta-feira, abril 25, 2024

ITACOATIARA: 25 DE ABRIL (1)

 Os festejos do centenário de Itacoatiara, em 25 de abril de 1974, que depois se sabe relativo à independência política, não à fundação, reuniu na sede autoridades do Estado e algumas do governo federal. Reproduzo na postagem o texto publicado pelo O Jornal, que apresentou um texto mal escrito, repleto de senões, porém, dele se pode recolher alguns expressivos detalhes. Com ocorre com os nomes da Rainha e das Princesas do centenário.

Lembro ao itacoatiarense raiz - Francisco Gomes da Silva que a data 25 de abril ainda encima o Brasão do município.  

Recorte de O Jornal, de 27 abr. 1974

Com a presença da Procuradora-Geral da República, senhora Hildicéia Carvalho de Paula e de uma das filhas do ministro da Pasta da Saúde, Paulo Machado, o prefeito Aurélio Vieira comemorou anteontem o primeiro centenário da cidade de Itacoatiara. As comemorações iniciaram-se no dia 24 com repicar de sinos nas igrejas, apitos de fábricas e de embarcações, além de salvas de foguetões. Enquanto isto, autoridades de outros estados do Brasil e do Amazonas chegavam a Velha Serpa para prestigiar os festejos alusivos aos cem anos daquela cidade.

Quinta-feira, às 14 horas, viajando em um dos aparelhos da Força Aérea Brasileira chegou àquela cidade o governador João Walter de Andrade, além de outras autoridades militares, civis e eclesiásticas. Como parte das programações, às 17 horas, na Praça de Esportes “Herculano de Castro e Costa”, dom João de Sousa Lima, arcebispo de Manaus, auxiliado pelos vigários de Itacoatiara, oficiou uma missa campal, seguindo-se de comunhão das autoridades e do povo que se fez presente tanto da cidade como de todas as comunidades que integram aquele município. (...) 

INAUGURAÇÃO

Após a missa, todos se dirigiram para a Praça Nossa Senhora do Carmo, onde o prefeito Aurélio Vieira e comandante Naval de Manaus, o governador João Walter de Andrade inaugurou o monumento alusivo ao centenário da Velha Serpa. Em seguida, outras autoridades tiraram o pano da placa com dizeres em saudação aos cem anos de instalação de Itacoatiara. (...)

BAILE DO CENTENÁRIO

Às 22 horas, na sede do Amazonas Esporte Clube, ocorreu o baile do centenário, que reuniu a sociedade itacoatiarense, bem como as autoridades de Manaus que se fizeram acompanhar de suas esposas. Por outro lado, às 24 horas, houve a escolha das candidatas ao título de Miss Centenário. A comissão foi presidida pelo jornalista Sinval Gonçalves, presidente da Empresa Amazonense de Turismo (Emamtur), além de outros jornalistas, incluindo a Procuradora-Geral da República e a proprietária da [loja] Orquídea Modas.

As candidatas desfilaram pela passarela e diante das autoridades para que a comissão julgadora tomasse suas impressões. Decorridos alguns minutos foi dado oficialmente por Sinval Gonçalves o resultado do concurso, sendo escolhida como Rainha do Centenário de Itacoatiara a senhorita Margareth de Oliveira, representante da Brasil-Juta e Associação dos Jovens de Itacoatiara. Como 1ª e 2ª princesas foram escolhidas as senhoritas Denise Oliveira e Rosa Ermelinda Menezes.

Coube à esposa do prefeito Aurelio Vieira dos Santos, sra. Fatima Santos, Primeira Dama de Itacoatiara, entregar a faixa à rainha. Do mesmo modo, a faixa da primeira princesa foi entregue pelo senador José Lindoso e a faixa da segunda, foi entregue pelo representante do Comando Militar da Amazônia, coronel Rebuá. Já a Rainha da cidade de Itacoatiara, senhorita Fatima Figueiredo, foi o prefeito (sic) João Walter de Andrade quem fez a coroação da rainha do centenário da Velha Serpa. (...)

quarta-feira, abril 24, 2024

ITACOATIARA: 25 DE ABRIL

Semelhante ao que ocorreu na capital amazonense quando, em 1949, o governo estadual ergueu na Praça da Matriz o monumento ao 1º centenário de Manaus. Duas décadas depois, em 1966, no entanto, foi celebrado o Tricentenário da cidade e assim prossegue. Em Itacoatiara aconteceu o mesmo. Há 50 anos, o governador João Walter de Andrade e o prefeito Aurélio Vieira promoveram com brilhantismo o 1º centenário da Velha Serpa. Os jornais de Manaus esbanjaram louvores sobre o evento, ressaltando a eleição da Rainha do Centenário.

Igualmente como na capital ocorreu a mudança no fundamento deste festejo. Francisco Gomes, ilustre historiador de sua cidade, preconiza que em 25 de abril de 1874 ocorreu a Independência política da Velha Serpa, amanhã celebra-se o sesquicentenário do município. O nascimento da vila aconteceu há mais de três séculos. Como faço neste espaço, reproduzo os jornais da época apenas para relembrar a festa e comprovar os tropeços dos cultores da história.

Recorte do Jornal do Commercio, 27 abr. 1974

No dia do seu primeiro centenário Itacoatiara entrou de férias. Comércio, bancos, indústrias e repartições públicas fecharam suas portas durante 24 horas, participando também das comemorações elaboradas pelo Prefeito Municipal. Nas ruas desertas, à princípio, e completamente tomadas pela população durante a tarde e começo da noite, foram afixados cartazes alusivos à data, banhando a cidade de um colorido diferente.

Aliás, tudo, em Itacoatiara, parecia diferente. Até o seu aspecto característico de cidade interiorana foi substituído, por uma aparência de metrópole, comentado depois pelas autoridades convidadas para o evento. Por incrível que pareça, até a rainha do primeiro centenário de Itacoatiara escapava à característica geral da gente itacoatiarense. Margareth Oliveira, que vai reinar durante 100 anos, é um tipo louro, franzino e de grandes olhos claros que parecem estar sorrindo o tempo todo. Com 17 anos de idade, e demonstrando desembaraço digno do melhor manequim profissional, Margareth conquistou a preferência do público desde o início, ganhando inclusive uma saraivada de palmas e gritos de “já venceu, já venceu”. 

A FESTA DOS CEM

Itacoatiara caprichou na festa do seu primeiro centenário. Executou uma programação digna de cidade grande, recebendo, por isso, centenas de parabéns das autoridades amazonenses que para lá se deslocaram para participar da missa campal, desfile estudantil e o grande baile de gala na sede do [clube] Amazonas. De Manaus foram o governador João Walter de Andrade, que foi inclusive recebido no aeroporto de Itacoatiara pela banda da Polícia Militar executando “Carinhoso”, secretários Antonio Ricci, da Saúde, e Odilon Spinelli, do Planejamento, e mais o jornalista Sinval Gonçalves, presidente da Emamtur [Empresa Amazonense de Turismo], deputado Washington Stephano etc...

Às 17 horas, na praça da igreja de N. S. do Rosário, houve um desfile estudantil, para, em seguida, na quadra de esportes do município, ser realizada a Missa Campal celebrada pelo arcebispo dom João de Sousa Lima. Na oportunidade, o arcebispo de Manaus se congratulou com as autoridades itacoatiarenses pelo evento, e, em nome da Igreja católica, procedeu à bênção da cidade. Antes de ser cumprida a outra parte da programação, ou seja, a inauguração do obelisco referente à data, grupos de estudantes dos colégios N.S. do Rosário e Vital Mendonça fizeram uma pequena mostra dos produtos responsáveis pelo equilíbrio econômico-financeiro de Itacoatiara, destacando-se a juta e a castanha.

Meia hora depois, diante da Igreja, o governador João Walter descerrou o obelisco relativo ao primeiro centenário. Em breves palavras, o prefeito Aurelio Vieira agradeceu a presença das autoridades amazonenses na bonita festa realizada por Itacoatiara e aproveitou o ensejo para se congratular com toda a população itacoatiarense, responsável direta polo desenvolvimento que ora o município atravessa. Disse Aurelio Vieira que é dever de todos continuar nesse ritmo de trabalho para elevar o nome de Itacoatiara junto à constelação amazônica, e afirmou que isso só será possível se todos se unirem num trabalho conjunto, planejado, tentando impulsionar o progresso que já começa a deitar suas mãos sobre o município. (...)

 UM POUCO DE HISTÓRIA

Itacoatiara, no dia 25, despiu sua roupa moderna para se vestir como há 100 anos atrás, lembrando nostalgicamente o passado cheio de promessa e esperanças que plantou as raízes do presente. Na frente da cidade, instalada à beira do barranco que circunda o município, a réplica da antiga Vila de Serpa atraía a atenção de todos. Aos interessados em um pouco de história, os recepcionistas, pródigos em conversa e escassos de imaginação, apontavam para um folheto e contavam para o turista um pouco das coisas que nem eles mesmos sabiam.

Na língua tupi, Itacoatiara quer dizer “Pedra Pintada ou Escrita”. Essa denominação foi dada porque, à época, abundavam nas praias pedras pintadas e escritas pelos primeiros habitantes do município. No dia 25 de abril de 1884, por força da Lei Provincial nº 283, a Vila de Serpa recebeu foros de cidade e passou a chamar-se Itacoatiara. Esses dados são esclarecidos pelo boletim distribuído pela prefeitura do município, que se preocupou também em deixar uma boa impressão às pessoas que o visitavam pela primeira vez. Grandes pastas azuis contendo a história do município, uma camiseta, um chaveiro e folhas de papel foram distribuídos aos visitantes, numa tentativa feita pelo Prefeito de agradar a todos.

domingo, abril 21, 2024

FEIRA DO LARGO - CURITIBA

 Algumas das inúmeras telas expostas na Feira, sempre aos domingos.





sexta-feira, abril 19, 2024

AEROCLUBE DO AMAZONAS

 A página aqui postada foi extraída do matutino Jornal do Commercio (edição de 30 jan. 1972), portanto, há mais de 50 anos, resenhando a atividade do Aeroclube do Amazonas. Em nossos dias, não obstante permanecer no mesmo endereço cercado de residências, e por esse motivo sempre ameaçado de mudança. 

Página do matutino

Acerca dos primeiros “brevetados”, ao tempo da 2ª Guerra, esclareço que o fundador era governador do Estado; o presidente Avelino Pereira era médico oftalmologista; Geminaua era tenente da Polícia Militar do Amazonas; Antonio Sá Peixoto (1869-1948) era desembargador aposentado, com 73 anos; Augias Gadelha, hoje patrono da UBS na Cidade Nova; aos demais faltam informações.

Você é um apaixonado pela aviação? Sonha em ser um aviador e pilotar uma aeronave? Então não vacile. Procure o Aero Clube do Amazonas localizado no bairro de Flores e comece logo a estudar aviação que não é coisa muito difícil. 

Se você for um bom aluno em menos de um ano conseguirá o “brevê” de piloto privado e poderá comandar os aviões de pequeno porte (teco-teco) com capacidade até para 1500 quilos. Para ingressar no ACA, basta ter boa vontade, saúde, atestado de conclusão do curso ginasial ou equivalente, pagar uma joia de 90 cruzeiros (facilitada) e uma mensalidade de 15 cruzeiros.

A idade mínima permitida para ingressar na Escola de Pilotagem do Amazonas é de 16 anos. O candidato que tiver essa idade no momento da inscrição deverá levar documento responsáveis dando autorização para a matricula. A idade máxima não é estipulada, visto que, depende dos exames médicos, realizados por profissionais credenciados pelo Departamento de Aeronáutica Civil – DAC. (...) 


DESDE 1940

Desde o ano de 1940, fundado que foi no dia 30 de abril, com a finalidade de formar pilotos comerciais que o ACA vem colaborando de uma maneira efetiva com a aviação brasileira. Seu fundador foto Álvaro Botelho Mala (brevetado na 2a turma) então governador do Amazonas, doando inclusive o terreno onde se acha instalado em Flores.

Somente no ano seguinte, no dia 19 de abril, é que foi reconhecido pelo Ministério da Aeronáutica e, como Escola de Pilotagem, no dia 27 de junho do ano de 1942. Seu primeiro presidente foi o Avelino Pereira, formado em piloto na primeira turma, diplomados em 1942.

A 1ª turma de "brevetados (pilotos) formada pelo Aero Clube do Amazonas se deu no dia 15 de agosto de 1942, composta de 12 “associados” que eram os seguintes: Avelino Pereira, Geminaua Medeiros, Luiz Alves do Vale Correa, Waldir Martins da Silva, Hiran Farias, António Sá Peixoto, Luiz Aland Dau, Augias Augusto Gadelha, Mario Almeida da Silva, Haroldo Sanders, Luiz Moura e Celestino Alves de Queirós.

O Aero Clube de Manaus, por ser uma entidade vinculada diretamente ao Departamento de Aeronáutica Civil, os “associados” que por ventura estiverem sendo “brevetados” no tempo de sua incorporação militar, são isentos desse serviço recebendo naturalmente Certificados da Aeronáutica. (...) 

segunda-feira, abril 15, 2024

PMAM: SEUS PRIMÓRDIOS (31)


Mais um capítulo sobre a história da Guarda Policial, atual Polícia Militar do Amazonas, no período provincial, compartilhado do meu almejado livro Guarda Policial (1837-1889). 

 

Capa do livro no prelo

Segurança individual e da propriedade

Os degradantes choques corporais entre integrantes das forças militares versus auxiliares foram uma constante desde tempos idos. Em Exposição, o barão de Maracaju, presidente da Província, ao entregar a administração em 26 de agosto de 1879, registra mais um dessas agitações, naquela ocasião, entre guardas e marinheiros. Aconteceu em 8 junho desse ano, por ocasião dos festejos de Santo Antônio; na praça dos Remédios travou-se um conflito entre praças da Marinha e uma patrulha da Guarda Policial.

Na refrega, resultou assassinado o guarda José Bezerra de Maria e feridos o guarda Vicente Santiago Pinto e “um imperial marinheiro” (incrível, mas não identificado). Lamenta o presidente que o delegado de polícia e a promotoria não tenham identificado o criminoso. E, como a suspeita recaía em algum imperial marinheiro, “recomendei ao comandante da flotilha que procedesse de modo a chegar ao conhecimento da verdade”. Igualmente não deu em nada!

Custódio Pires Garcia

Os Ministérios da Justiça e o de Estrangeiros, em Avisos de 28 de agosto de 1879, responsabilizam o 1º suplente de Juiz Municipal, Custódio Pires Garcia, “pelo irregular procedimento que teve relativamente ao espólio do súdito inglês Alfredo Eduardo Tucker”. Garcia, um conhecido argentário, não legou boa fama. Ao contrário. Foi morto violentamente, sem que se descobrisse o autor do crime. Entrou na história da Polícia Militar pelo fato de ter iniciado a construção do prédio que abrigou esta corporação por mais de um século. Edificação hoje transformada em Palacete Provincial, administrada pela Secretaria de Estado da Cultura.

A denúncia ministerial, pressuponho, ou não surtiu qualquer êxito ou não houve comprovação do delito, porque, em 19 de abril seguinte, o capitão GN Custodio Pires Garcia recebia na condição de 1º suplente os encargos de Juiz Municipal e de Órfãos.

sábado, abril 13, 2024

EDUARDO RIBEIRO: INVENTÁRIO DOS BENS (2)

Busto de Eduardo
Ribeiro
Ainda é possível avaliar a herança deixada pelo ex-governador Eduardo Gonçalves Ribeiro, morto em 1900, visto que seus bens foram inventariados, tão logo a Justiça teve ciência do seu falecimento. A cópia deste processo encontra-se no acervo do IGHA (Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas), dele copiei o quanto se segue. Devido a extensão do documento, acatei a separação dos bens como realizado pelo escrivão do feito, obviamente submetendo à ortografia atualizada. A data e as autoridades processantes são as mesmas relacionadas na postagem anterior. 

Embora a relação seja titulada por “Joias”, nela foram inseridos os mais diversos objetos encontrados na residência do falecido. 

Joias – um cartão de prata com inscrição dedicado por Manoel Correa de Araújo | um cartão de prata, oferecido por Paulo Machado, inclusive uma caixa de pelica | um cartão de prata em caixa de pelica | um cartão de ouro com inscrição da empresa telefônica | um chatelaine de ouro com cinco brilhantes e dez diamantes e uma medalha de ouro também de dezoito quilates com seis brilhantes, no valor de setecentos mil réis | uma medalha de ouro de dezoito quilates, com uma torre, no valor de trezentos mil réis | uma caneta de ouro com pena, de dezoito quilates, com diamantes em número de vinte e dois | um caneta, idem, idem, com doze, onze diamantes em uma caixa de pelica preta, com inscrição em dedicatória ao falecido | duas canetas cabos de madrepérola | um alfinete botão com seis brilhantes | um alfinete com pérolas e um rubi, em forma de espada | um par de botões de ouro com brilhantes, no centro | um botão de peito de ouro com brilhante de dois quilates, para peito | um botão idem, idem de três quartos de quilates para colarinho | um anel de engenheiro com dois brilhantes e uma turquesa | um relógio de ouro número setenta mil duzentos sessenta e três | uma corrente de ouro de dezoito quilates, simples | uma corrente idem, para chave | um porta-joias pequeno de prata oxidada, com dedicatória ao falecido | duas moedas de dois mil réis cada uma | uma moeda de prata comemorativa da exposição de Chicago | quatro bengalas com castão de ouro, sendo três de única cor e uma violeta | um estojo com uma escrivaninha eletro-prata | um estojo contendo um tinteiro | três castiçais | um corta papel | uma caneta | um porta mata-borrão | um peso papel | um carimbo, tudo de prata dourada | um bule de prata para café | um bule idem para chá | um açucareiro idem | uma manteigueira de metal branco com depósito de vidro | um serviço de toalete de metal branco composta de bacia, jarro, porta-sabonete | um porta pó de arroz | um porta escovas | uma garrafa idem, uma xícara e pires idem, dois copos idem, uma esponjeira | alguns cromogramas do falecido | um tinteiro de metal branco, em mau estado | dois pares de porta-flores de metal branco | dois vasos com argolas eletro-prata para plantas | um porta charutos de prata dourada | um estojo chagsein (?) com escrivaninha de prata composta de sete peças | um estojo com seis taças de prata, para champanhe | um estojo para desenho | duas caixinhas com aparelhos matemáticos | dois com retratos, um maior e um menor | uma pasta de cetim bordado a ouro | duas almofadas para sofá, uma bordada a ouro e outra, em matiz | um estojo com dois revólveres e seus pertences | um estojo com um revólver idem | um trânsito(?) | uma caixa com cessante | uma caixa com aparelho geodésico | três tripeças para trabalhos de engenharia | um óculos de alcance | oito estacas de meia | uma escrivaninha japonesa | uma mala de lona, contendo cinquenta e seis camisas bancas de linho | duas dúzias de meias fio de Escócia, usadas e novas| uma bandeira nacional, em mau estado | um caixão com jornais e papeis de correspondências particular | uma lata de flandres, contendo objetos de engenharia e fotografias | quatro caixas contendo livros e papeis particulares | uma cesta de vime usada | três esporas de metal branco | três pares de maçanetas para cortinas | uma mala grande de folha de zinco | uma mala grande | um estojo para o trabalho de desenhos | cinco colchas para cama | seis posteiros de algodão | duas malas de curo contendo um capote de lã e um par de luvas | setenta e três toalhas de linho para mãos | duas colchas | uma caixa com objetos do uniforme militar | quatro candeeiros de suspensão, em mau estado | quinze maços de planta cadastral | dois candeeiros para cima de mesa | dois caixões com jornais e livros | duas bolsas para roupas, uma em mau estado | o machado que foi empregado no corte do fio telefônico deste Estado, na sua inauguração.

E pelo adiantado da hora, suspendeu o Doutor Juiz a presente arrecadação, adiando para o dia de amanhã, às nove horas do dia. 

Nota pessoal: a leitura permite observar que a descrição dos objetos foi realizada de maneira apressada, pois tão sucinto são os detalhes registrados. Nem um escapou à voragem do tempo e dos aproveitadores, tanto que, das 80 peças aqui inventariadas, nada pode ser encontrada no Museu Casa Eduardo Ribeiro, localizado à rua José Clemente. 

quinta-feira, abril 11, 2024

EDUARDO G. RIBEIRO: INVENTÁRIO DOS BENS (1)

Ainda em alguma esquina da cidade repercute o destino da riqueza de Eduardo Gonçalves Ribeiro (ex-governador do Amazonas), morto em 14 de outubro de 1900. Tanto quanto os bens, a morte misteriosa do ex-governador incomoda. Todavia, é possível avaliar a herança, posto que os bens foram inventariados, tão logo a Justiça teve ciência do seu falecimento. A cópia deste processo encontra-se no acervo do IGHA (Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas), e dele copiei o quanto se segue.
Eduardo Ribeiro

Devido a extensão do documento, e para evitar a repetição de termos jurídicos, obedeci a separação dos bens como realizado pelo escrivão do feito, obviamente submetendo à ortografia atualizada.

Datado de 14 de outubro de 1900 (mesmo dia da morte), na residência do de cujus foram estas as autoridades e auxiliares presentes:

Emilio Bonifácio Ferreira de Almeida, juiz municipal de Órfãos, Ausentes e Interditos; Francisco Nogueira de Souza, escrivão de seu cargo; doutores Estevão Lopes Castello Branco, curador-geral de Órfãos, Ausentes e Interditos e Tranquilino Graciano de Mello Leitão, procurador Seccional da República; majores (GN) João Baptista de Faria e Souza, redator do Diário de Notícias, e Joaquim da Silva, do Manausdoutor Diomedes Theodoro da Costa, Raymundo de Miranda e outros circunstantes; doutor Manuel Menélio Pinto e dona Maria Izabel de Souza Leal, casal de confiança do morto, que o acompanhou até o falecimento, e com isso tornou-se responsável pela guarda dos bens.

 

1.    Móveis

sala de visita – uma mobília austríaca, composta de um sofá, quatro cadeiras de balanço, duas de braços, duas de guarnição | dois consoles com tampo de mármore | dois consoles também austríacos e com tampos de mármore | oito vasos de porcelana fina, sendo dois em mau estado | oito bibelôs de cristal fino | dois porta charutos de eletro-prata, sendo um em mau estado | uma caixa de madeira com amostra de um aparelho elétrico | um vidro com um bibelô  de madeira petrificada | um busto de gesso | um relógio de metal desconsertado | um fonógrafo em mau estado | duas almofadas para sofá de veludo bordado a seda | quatro medalhões de porcelana e metal para parede | um espelho pequeno, todo de cristal | um lustre de cristal de três bicos para gás acetileno | um tapete grande | um par de escarradeiras de porcelana | um par de quadros a óleo com molduras douradas | um quadro pequeno | um retrato, a óleo, do falecido | um quadro de crayon | um quadro impresso a cetim com moldura dourada | uma fotografia em um quadro | uma fotografia de Benjamin Constant, em moldura | uma outra idem, sem moldura | duas fotografias da Fortaleza Willeghont (sic), com fitas | um binóculo de madrepérola, em mau estado | um porta-retrato com uma fotografia | uma estampa em alto relevo | um quadro poguat (sic). 

Nota pessoal: nenhuma dessas peças inventariadas pode ser encontrada no Museu Casa Eduardo Ribeiro, localizado à rua José Clemente.

quarta-feira, abril 10, 2024

DE FUTEBOL E POLICIAL EM MANAUS: HÁ 50 ANOS

A postagem reescreve uma notícia envolvendo um oficial da PMAM (Polícia Militar do Amazonas) em razão de sua interferência em partida de futebol do ARNC (Atlético Rio Negro Clube). Trata-se do falecido coronel Aurefredo Melo de Souza, que à época integrava o departamento de futebol do “Barriga Preta”. A nota foi produzida pelo Jornal do Commercio, edição de 10 abr. 1974, portanto, há exatos 50 anos.

A foto mostra o árbitro Carlos Costa (dir.) e o então capitão Fausto Ventura (esq.) que,
certamente era o comandante da patrulha da PM no jogo.

terça-feira, abril 09, 2024

PMAM: SEUS PRIMÓRDIOS (30)

Mais um capítulo sobre a história da Guarda Policial, atual Polícia Militar do Amazonas, no período provincial, compartilhado do meu almejado livro Guarda Policial (1837-1889). 

Primitivo Palacete Provincial


 

14ª Legislatura Provincial

Na Falla de abertura da 2ª sessão dessa legislatura, em 29 de março de 1879, o presidente da Província, barão de Maracaju, aproveita para fundamentar suas iniciativas junto à Guarda Policial. Após esclarecer a transferência da sede para o Hospital de Caridade, comenta a procedência de recrutas oriundos do Ceará.

Sem esclarecer a data, certamente no ano anterior, o presidente, ao solicitar do colega cearense “44 cidadãos para o estado completo da referida Guarda”, promove uma das primeiras importações de mão de obra policial do Nordeste. Ainda ontem, com diversas variáveis, tal processo se reproduzia, em particular na Banda de Música. Do número solicitado, informa o presidente que “já chegaram aqui 43, que estão fazendo serviço”.

Sede do Grupo Escolar, após a reforma
de 1927. Foto Durango Duarte


 

Obras no Palacete Provincial e no Educandos Artífices

Entre maio e junho de 1879, o Palacete Provincial passou por reparos. As obras executadas encontram-se relacionadas no texto lido na abertura da 15ª Legislatura, em 31 de março de 1880.

Houve a restauração do bicame (conjunto de calhas para coleta de água no telhado), que ainda hoje exige intervenção periódica. Promoveu-se a caiação e a pintura do térreo, onde funcionava o Liceu e a diretoria da Instrução Pública; “reparou-se o soalho, o rodapé e vidraças”; e ainda, foram construídos “pequenos alicerces junto à porta de entrada para impedir o avanço das águas pluviais” por sob o assoalho. A tarefa custou ao Tesouro “a quantia de 720$497 réis”. Não há indicação do executante.

Também no mesmo período, a presidência empenhou-se na restauração do Estabelecimento dos Educandos Artífices, que se transformara, com a desativação deste, em hospedaria. O objetivo da reforma era nele aquartelar a Guarda Policial, que se ocupava parte do Hospital de Caridade, em construção. Para isso, o governo “mandou preparar as casas” que hospedaram o diretor e o escrivão do extinto educandário e, igualmente, “parte do lance meridional” do prédio principal.

Quê banzeiro vultoso evitou que o projeto de transferência se concretizasse? Ignoro, porém, se se concretizasse seria um desatino. A polícia ficaria isolada tanto quanto o bairro de Educandos, ou seja, sem ligação terrestre com o Centro Antigo, ligação que era realizada utilizando-se canoa ou catraia. Seria estapafúrdio o deslocamento de tropa de um lado ao outro do igarapé, utilizando barcos de remo! Enfim, para aclarar a questão do insulamento educandense, lembro que a primeira ponte – Efigênio Sales - a ligar este bairro ao “continente” foi inaugurada em 1929; depois vieram a ponte JK em 1957 e, mais adiante, a do cônego Antônio Plácido, em 1975.

Ainda sobrevive resquícios do edifício provincial, utilizando as adaptações adquiridas, próprias ao melhor funcionamento, ontem, do grupo escolar e, hoje, da Escola Estadual Machado de Assis, situada à rua Amâncio de Miranda, 90 – bairro de Educandos, onde estudei na década de 1950.

segunda-feira, abril 08, 2024

PM AMAZONAS: ANIVERSÁRIO HÁ 50 ANOS

Há 50 anos, sendo comandante-geral o tenente-coronel EB Luci Vicente Coutinho de Castro, e a sede da corporação instalada na praça Heliodoro Balbi, que a tradição crismou de Praça da Polícia, foi desse modo relembrado aquele aniversário. 

Cópia do destaque do JC, 4 abr. 1974

Todos os matutinos da cidade destacaram em página inteira a festa, cada um detalhando um aspecto da Força Policial. Creio que o resultado dessa ampla cobertura coube ao empenho da PM5 (5ª Seção), responsável pelas então relações públicas.

Compartilho recortes de dois jornais, sendo que um deles descreveu o programa cumprido pela data - 4 de abril de 1974, que vai abaixo transcrito. 

Recorte de O Jornal, de 4 abr. 1974, que
publicou a programação abaixo

É a seguinte a programação da PMAM (Polícia Militar do Amazonas) para o dia de seu aniversário:

Às 6h. - toque da “Alvorada” e cântico da canção da PMAM em fita magnética, em todas as emissoras de Radiodifusão do Estado;

Alvorada festiva pela Banda de Música na Praça do Congresso;

Às 8h. - será hasteado o Pavilhão Nacional, em todos os quarteis da PMAM;

Às 9h. - ocorrerá a solenidade militar na área fronteiriça ao QCG (Praça da Polícia);

Às 10h30 - será oferecido coquetel às autoridades e convidados;

Às 17h. - o Arcebispo Metropolitano, Dom João de Souza Lima, oficiará missa em Ação de Graças na Catedral Metropolitana de Manaus;

Às 18h. - retreta pela Banda de Música na Praça Heliodoro Balbi e, finalmente, à noite;

Às 20h. O Governador do Estado oferecerá um jantar à oficialidade da PMAM e convidados.

 

domingo, abril 07, 2024

MANAUS: JORNAL CULTURA

A extinta publicação JORNAL CULTURA, órgão da SEDUC (Secretaria de Educação e Cultura), editada pela FCA (Fundação Cultural do Amazonas), circulou por décadas. Com periocidade trimestral, possuía o apoio do Diário Oficial do Estado e a colaboração de inúmeros escritores e ilustradores (designers), como se observa neste número. Trata-se do nº 14, referente a julho-setembro de 1985, quando governador do Estado Henoch Reis.

Recorte da capa do Jornal
A mensagem principal saúda a data magna do Amazonas: o 5 de Setembro, com mensagem do titular do Poder Executivo. Mais adiante, relembra o IX Congresso Eucarístico Nacional, realizado nesta capital, em julho do ano anterior, cujo marco construído de madeiras regionais, de autoria do arquiteto Severiano Porto, segue ancorado no pátio da igreja de Nossa Senhora de Fátima, no bairro da Praça 14 de Janeiro. 
Recordação do encontro eucarístico

Enfim, a página compartilhada do JORNAL foi ilustrada por José Barroncas (de quem nada sei).

Ilustração de Barroncas


sexta-feira, abril 05, 2024

ARQUIVO HISTÓRICO DO CORPO DE BOMBEIROS (2)

O CBMAM (Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas) foi criado em julho de 1876, meses depois do surgimento da Guarda Policial, atualmente Polícia Militar do Amazonas (esta
a posteriori demudou sua data de inauguração). Os Bombeiros surgiram não como entidade militar, mas apenas como acerto de funções que diversos órgãos provinciais executavam em caso de incêndio. Desse modo se manteve até o advento da República, embora sem grande definição, pois a mudança de governantes estaduais ocorria de modo confuso.

Cópia do decreto

Somente no governo de Eduardo Ribeiro (1891-96) acontecem algumas importantes iniciativas: o desembarque em janeiro de 1892 de graduados do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal para instruir o pessoal amazonense; os Bombeiros são subordinados à Força Estadual e, finalmente, em 15 de dezembro do mesmo ano a promulgação do decreto 12, estabelecendo o Regulamento da Companhia de Bombeiros do Estado. Trata-se da primeira legislação a dirigir os serviços de extinção de incêndios na capital amazonense.

quarta-feira, abril 03, 2024

PM AMAZONAS: AOS 187 ANOS

Amanhã, 04, a PMAM (Polícia Militar do Amazonas) completa 187 anos de vivência. Diante desta existência, é óbvio que foi contemplada com etapas brilhantes e outras nenhum tanto, como sua desativação (1930-36) à época do regime de Getúlio Vargas. No mesmo diapasão, a mudança de nomenclatura em decorrência da centenária Rebelião de Ribeiro Junior (1924). Todavia, “em Canudos, com sangue batizado” celebra com ênfase a participação naquele conflito fratricida, ocorrido na Bahia (1897).

Cartão Postal cerca de 1910

É regra castrense a elaboração da Ordem do Dia sobre a efeméride, desse modo, são tantas disponibilizadas quantos os aniversários. Escolhi, todavia, o texto do saudoso prof. Mário Ypiranga Monteiro sobre a Polícia Militar do Estado, circulado em A Crítica, de 6 de abril de 1983. Assim sendo, homenageando a corporação por sua data magna. Nele introduzi entre parênteses algum dado para melhor compreensão do leitor. 

Recorte do artigo referenciado

Quando se comemorava o aniversário de criação da Polícia Militar do Estado do Amazonas, calculando-se apenas o evento do ato que criou o Regimento Militar, por Eduardo Gonçalves Ribeiro, sugeri ao então coronel comandante Luci (Vicente Coutinho 1973-75) que a vida daquela corporação era mais dilatada e ofereci os subsídios mais ou menos suficientes para que se houvesse uma noção do testemunho da força pública da Província e do Estado nos eventos nacionais. Então eu já estava com uma considerável cópia de fichas e de anotações e a história redatada em parte, só esperando uma oportunidade para publicação. A oportunidade chegou quando o coronel Pedro Lustosa (chefe da Casa Militar) mostrou-se interessado e concluí a primeira redação. O livrinho foi publicado sob o título geral de SÍNTESE HISTÓRICA DA POLICIA MILITAR DO ESTADO (Imprensa Oficial, 1972) com apresentação de Genesino Braga, no governo João Walter (1971-75). Foi sobre esse documentário que as Relações Públicas (PM5) da mesma corporação fez publicar nos jornais de Manaus uma súmula, deixando de aparecer meu nome por mero esquecimento.

Entre os fatos mais consagratórios da posição dessa milícia de que me honro de ser filiado por condecorações e por amizade continuada, figuram a sua reação heroica às turbulências provocadas no dia oito de outubro de 1910 e a que me referi recentemente numa série de artigos. Foi a essa reação desigual que me referi também no meu ELOGIO HISTÓRICO DA POLICIA MILITAR DO ESTADO, palestra realizada a 4 de abril de 1973, no Teatro Amazonas, elogio que de certa forma dependeu mais da atitude sentimental do historiador sem que a história sofresse com os rasgos de elevação retórica: não houve felizmente nenhuma influência. Andava eu no primeiro ano de idade quando a família foi obrigada, com milhares de outras, a procurar refúgio nas matas distantes do bairro de São Raimundo Nonato, porque o excelente senhor presidente Nilo Peçanha se dera ao luxo ignominioso de mandar bombardear uma cidade pacífica. O que ponho de relevo é que foi nos ombros do miliciano Reis, músico, que me transportei, enquanto, horas depois e por todo o dia aziago, a metralha assassina destruía propriedades e ensanguentava lares inocentes, tudo isso sob a calma assistência do doutor (Antonio Gonçalves Pereira de) Sá Peixoto (vice governador).

É daquele discurso no Teatro Amazonas o trecho abaixo, transcrito das notícias publicadas nos jornais quando da passagem dos 139 anos de existência da corporação: Verdadeiros heróis do silêncio, às vezes morriam abraçados ao silêncio, agônicos, febrentos, os olhos felizes bebendo a alegria triunfante que cantava alto nas dobras do pavilhão nacional. Heróis mudos da Pátria! trouxestes à nossa Polícia Militar as glórias que não foram decantadas, mas eu imprimo na comovente comemoração desta história singular a saudade do vosso destemor caboclo, da vossa bravura moral. (...)

De qualquer sorte, foi a nossa Policia Militar, em todos os tempos, uma corporação que esteve presente em todos os conflitos em que o Amazonas foi chamado a intervir: guerra contra o Paraguai, guerra de Canudos, guerra contra o Acre, guerra contra o Pará, revolução de 1924 e a última de 1930. Possui, portanto, um acervo de glórias e a sua bandeira não foi ainda gratificada com outras condecorações merecidas.

Nota: o mestre Monteiro cometeu alguns enganos, cujos reparos efetuei na edição da Síntese Histórica.

sexta-feira, março 29, 2024

ARQUIVO HISTÓRICO DO CORPO DE BOMBEIROS

Em fevereiro de 1920 assumiu o comando do Corpo de Bombeiros o capitão PM Arthur Martins da Silva, pernambucano que aprendeu o ofício de “homem do fogo” em Belém do Pará. Somente deixou o comando 18 anos depois em decorrência de seu falecimento (julho de 1938). A trajetória deste oficial na corporação foi marcante, tanto que em decorrência da Rebelião de Ribeiro Junior, em julho de 1924, assumiu o comando da Força Pública. Todavia, não deixou um retrato para adornar a Galeria de Comandantes, talvez pela ausência de família, dado sua condição de celibatário.

À época, a condição econômica do Estado era de decadência, após o desastre da borracha. Situação idêntica enfrentavam os organismos estaduais, consequentemente a Força Estadual. Os Bombeiros subordinados à Prefeitura local padeciam da mesma situação. Para ilustrar a postagem recolhi do arquivo corporativo páginas de livros de coleção de Boletim Interno. Ao menos se conhece o nome de um Bombeiro, 1º sargento Antonio Barbosa Abreu, cuja caligrafia impressiona.

 

Coleção mensal de BI 


Coletânea de BI mensal


quarta-feira, março 27, 2024

ARQUIVO HISTÓRICO DA PM AMAZONAS (1)

 A PMAM (Polícia Militar do Amazonas) comemora sua criação em 4 de abril próximo (referente a 1837). No entanto, já teve outra data marcante em sua história, a de 3 de maio de 1876. Nessa data foi (re) criada com o título de Guarda Policial do Amazonas, e manteve esta efeméride até 1972, ocasião em que um estudo indicou – e segue mantida – a de 1837.

Quartel da Praça da Polícia à época

Detalhe: houve uma terceira data: a de 26 de abril de 1936, com duração de um quinquênio, lembrando a reativação da Força Estadual, inativada pelo governo de Getúlio Vargas em novembro de 1930.

O texto aqui postado abona a criação de 1876, circulado na passagem do cinquentenário. Era comandante interino da Força o major Floriano da Silva Machado, cujo pai Rafael Machado – professor do Ginásio Amazonense Pedro II - integrou como voluntário, com o posto de capitão, a campanha de Canudos ao lado de Cândido Mariano.

 

Recorte do Boletim alusivo à data - 3 de maio de 1926

I – MEIO CENTENÁRIO DA FORÇA

Camaradas: Faz hoje 50 anos que, o Governo Provincial, pondo em execução a Lei n. 339, de 26-4-1876, criou esta Força, então Guarda Policial, tendo sido o sou primeiro comandante o major Severiano (sic) Euzebio Cordeiro.

Corporação destinada à manutenção da ordem pública e das leis, vem prestando, aos seus fins, reais serviços. Salientando-se, nesse longo período o papel eficiente que lhe coube na campanha de Canudos sob o comando do Cel. Candido Mariano, que teve por auxiliares intrépidos camaradas que ainda prestam os seus valiosos serviços ao nosso Estado.

Decorridos tantos anos, é sobremaneira confortador atingirmos ao meio centenário numa fase nova do ressurgimento quando todos nós, sem discrepância, - com convicção o proclamo - conscientes da elevada missão social que nos é ditada pela lei,  procuramos fortalecer o prestígio do bom nome da Força, contribuindo destarte para o engrandecimento do Estado que, graças à segura orientação que lhe imprime o nosso chefe supremo Sr. Presidente do Estado, com a prática das mais severas normas administrativas, entrou definitivamente pela senda do progresso, que é o trabalho em bem da causa pública. Esforcemo-nos, portanto, nessa profícua colaboração.

 Ao dirigir-vos, meus camaradas, estas palavras de congratulação por tão auspiciosa data, seja-me lícito declarar, servindo-me do ensejo, que este Comando sente a maior satisfação em poder afirmar que reconhece da parte de seus comandados a mais perfeita noção de seus deveres pela observação rigorosa da disciplina e de acatamento a todos os preceitos regulamentares, o que demonstra o elevado grau de adiantamento da Força, constituída, como está, de elementos que são a garantia da ordem neste nosso grandioso Estado.

Complemento do Boletim com a indicação do comandante


segunda-feira, março 25, 2024

ANIVERSÁRIO DO IGHA

 Aniversaria nesta data o IGHA (Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas), comemorando 107 anos de existência, posto que criado em 1917. A data é sempre festejada, quase sempre aproveitada para homenagear beneméritos, empossar novos acadêmicos, enfim, congratular-se e fixar rumos para o novo ano. Assim aconteceu há 30 anos, quando em sessão solene, sob a presidência do comendador Junot Carlos Frederico (falecido em 2002), a agremiação outorgou o título de Sócio Benemérito ao governador Amazonino Armando Mendes (1939-2023). Na mesma sessão de 1994, o Instituto acolheu com o título de Sócio Efetivo ao historiador e cineasta Luís Maximino de Miranda Correa (1935-2019), que ainda foi acolhido na Academia Amazonense de Letras em 2003, para ocupar a Cadeira 37. 

Salão de Honra do Instituto, destacando a cadeira presidencial