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segunda-feira, janeiro 20, 2020

A PMAM E O POLICIAMENTO DO INTERIOR



Quartel da Praça da Polícia, onde
foi instalado o CPI e funcionou
até sua transferência para o quartel
de Petrópolis (2002)
Durante largo período, a PMAM exerceu na hinterlândia um tipo peculiar de policiamento: o destacamento, modelo que começou a ser modificado em setembro de 1970, com a criação do 2º BPM, o mesmo que se encontra em Itacoatiara (AM). Até então, a vigilância era executada por destacamentos, ou seja, a designação empregada para identificar os policiais em serviço (destacados) nas localidades interioranas. É óbvio refletir que os diminutos municípios, com a rala densidade demográfica, não exigiam grande força policial. Até porque o efetivo da corporação era minguado, basta se consultar a legislação de dezembro de 1954, ao final do governo de Álvaro Maia, para se entender o exposto: a previsão do efetivo era de 280 homens!

De outro modo, a comunicação com estes policiais era realizada pelo “recreio” ou motor de linha, como se denominava o transporte fluvial. Precário, não resta dúvida, e demorado. Somente. Telefone? Unicamente na capital. Sem qualquer atração, eram poucos os PMs que buscavam este serviço, apesar de ter a remuneração ampliada. Preferiam permanecer na capital. A vertente que mais apreciava este serviço era a categoria dos policiais reformados, alguns deles, com passagens em diversos municípios.

Essa estrutura de destacamentos consolidou outra: a exclusiva presença da Polícia Militar em todo o território amazonense, posto que o cargo de delegado de polícia era exercido por oficiais ou sargentos da reserva. Esse monopólio durou até a década de 1980, quando os primeiros delegados de carreira assumiram, começando pelos principais municípios.
Manoel Gouveia S. Freire, primeiro comandante
do CPI, em identidade do Exército 
O Governo Militar (1964-1985) operou a mudança deste quadro, seja na Força Estadual seja no progresso interiorano. Tanto que em 1965 foi estabelecido o quantitativo de policiais (oficiais e praças) em cada município. Novo passo foi incrementado com a criação do 2º BPM, em setembro de 1970, embora sediado na Capital, com a missão de coordenar as atividades de todos os destacamentos. Ainda não foi a solução, pois o território do maior Estado exigia melhor expediente, o qual veio com a criação do CPI (Comando do Policiamento do Interior), irmão-gêmeo do CPC (Comando do Policiamento da Capital), em 1976. 
Sua instalação, todavia, somente aconteceu três anos depois, com a nomeação do primeiro comandante. Observação própria: estive nesse comando por um ano (1989-90). De maneira inédita, realizei uma pauta de reunião com os comandantes do interior, ainda em grande parte na condição de delegados. Para facilitar a operação, eram reunidos por calha de rio. E a “invenção” era trocar informações, acreditando que essa conversa pudesse trazer benefícios, como sejam, a solução de um problema em determinada localidade, serviria a outra.
Fernando Valente, com uniforme do NPOR (1967)
Mais uma anotação: com o avanço das comunicações, a corporação adquiriu uma ampla central de transmissão de voz, com capacidade para alcançar o interior. Constituía-se de uma ampla mesa, com uma infinidade de botões e teclas, porém de pouco resultado. Não era possível contatos com todos os destacamentos. Daqueles alcançados, devido a interferência acústica, “não havia cristão” que entendesse o retorno. Havia, sim. Os operadores me traduziam (ou fingiam que) a resposta da interpelação. A mesa desapareceu sem deixar saudades.

Abaixo a relação dos comandantes, no período que se estende entre a fundação do CPI e o encerramento do século passado.

Posto                  Nome                                   Data de nomeação

Tenente-coronel Manoel Gouveia dos Santos Freire          26 |04 |1979
Tenente-coronel Humberto Henrique Soares                      30 |05 |1980
Tenente-coronel Mael Rodrigues de Sá                                 30 |12 |1981
Tenente-coronel Ilmar dos Santos Faria                               24 |06 |1983
Tenente-coronel Fausto Seffair Ventura                               28 |12 |1984
Tenente-coronel Alfredo Assante Dias                                  01 |07 |1985
Tenente-coronel Mael Rodrigues de Sá                                25 |09 |1985
Tenente-coronel Odorico Alfaia Filho                                   14 |04 |1987
Coronel Fausto Seffair Ventura                                              29 |04 |1988
Tenente-coronel Manoel Roberto Lima Mendonça           26 |04 |1989
Coronel Ilmar dos Santos Faria                                              11 |04 |1990
Coronel Fausto Seffair Ventura                                             07 |06 |1990
Tenente-coronel Antonio Carlos Cardoso Pereira             15 |03 |1991
Coronel Mael Rodrigues de Sá                                               10 |05 |1991
Coronel Odorico Alfaia Filho                                                  25 |10 |1992
Tenente-coronel Ronaldo F. Albuquerque Toledano        22 |01 |1993
Coronel Osias Lopes da Silva                                                  17 |06 |1993
Coronel Francisco Orleilson Guimarães                              20 |01 |1995
Coronel Edson Pereira do Nascimento                                 15 |08 |1995
Tenente-coronel Fernando Valente Pereira (interino)      01 |08 |1996
Coronel Wilde de Azevedo Bentes                                          17 |10 |1996
Coronel Nestor Arnaud Barbosa                                             14 |04 |1997
Tenente-coronel Edson Paulo Ramos                                   08 |03 |1999
Tenente-coronel José Maria Oliveira Sirotheau                  23 |06 |1999
Major Paulo Francisco Dutra (interino)                                21 |01 |2000
Coronel Edson Paulo Ramos                                                   03 |02 |2000

Em tempo: a complementação desta relação vem sendo trabalhada pela unidade policial militar.

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