CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

domingo, agosto 05, 2018

MUDANÇA PARA CIMA

Autor do Blog
Encerro com esta postagem a existência do Blog do Coronel Roberto, consultado em catador de papeis, com quase mil e setecentos posts, em pouco mais de oito anos de atividade. Considero-me competente.
Na segunda tentativa à procura de melhorar esta página, o Blog vai subir de categoria, passa à condição de Site, conservando, no entanto, a mesma denominação.
Vou seguir no mesmo ritmo, com a mesma dedicação, catando e expondo os "ditos passados". Espero  encontrar você no Site, mande seu recado, vou responder porque será importante para mim. 
Esclareço, enfim, que o material exposto no blog já se encontra no site www.blogdocoronelroberto.com.br

Venha pro site.

PMAM: TROFÉUS E MEDALHAS



Na sua longa existência, a Força Militar Estadual já ganhou inúmeros troféus e medalhas, de vários segmentos. São premiações pelo desempenho esportivo, ou em respeito à sua atividade, procedendo de coirmãs e de entidades culturais e militares. São incontáveis.

Os prêmios encontram-se, todavia, espalhados em diversos espaços: os mais antigos, estão no Museu Tiradentes, os quartéis conservam os próprios, e outro tanto encontra-se no pórtico de entrada do Comando-Geral, mal acondicionado e, sem qualquer respeito, desaproveitado.

Desse último grupo compartilhei a amostra que ilustra esta postagem.






sábado, agosto 04, 2018

LUPANAR "PISCINA CLUBE"

Sede do Piscina Clube, 1973

Durante décadas, funcionaram na cidade os prostíbulos, locais reservados à exploração da prostituição. As casas de tolerância (uma das alcunhas utilizadas) ou os estabelecimentos eram conhecidos por nomes extravagantes (Lá Hoje, Bom Futuro, Saramandaia, entre outros), obviamente para marcar a localização e atrair devidamente a clientela masculina. O consumo de bebida alcoólica e uso de outros “baseados” completavam o cardápio e a noitada. E quase sempre havia uma cena de pugilato, quando não de crimes mais violentos.

Não mais existe esse tipo de “diversão”. No entanto, a falida animação noturna vem sendo estudada por mestres e professores de áreas do comportamento, assim como por historiadores (como Aguinaldo Figueiredo) que desejam ao menos mapear a localização dessas instalações.

Para evitar excessos, então, equipes das Polícias Civil e Militar estavam sempre rondando no local. Em uma dessas operações, jovens delegados (como se vê pela descrição jornalística) prenderam jogadores de futebol arruaceiros, envolvidos em briga generalizada no lupanar “Piscina Clube”, conforme registro do Jornal do Commercio (de 18 fevereiro 1973).

Recorte do Jornal do Commercio, 18 fevereiro 1973
 Não fosse a intervenção da Polícia Militar, teria havido morte, ontem, por volta das duas horas da madrugada, em frente ao Piscina Clube, quando uma tremenda pancadaria ali se formou, ninguém entendendo mais ninguém. Até aquele horário, o ambiente era de perfeita harmonia naquela boate. Com um número regular de frequentadores, todos se divertiam bastante.
No entanto, uma luta corporal travada entre quatro indivíduos, entre os quais os jogadores do Fast Clube Zé Carlos e Almir, fez com que outras pessoas que se encontravam no salão do Piscina Clube, intercedessem (sic) na "turumbamba ", procurando contornar a situação, mas terminando por complicá-la. Numa fração de segundos, ninguém entendia ninguém. "O pau cantava no centro", as mulheres corriam, alguns frequentadores, aproveitando-se do tumulto, fugiram, para não pagar as despesas.

No auge do conflito, o pessoal da Secretaria de Segurança, entre os quais os Delegados Alfredo Maia, Wallace Bastos, Ananias Gadelha, Djalma Martins, Petrônio Carvalho Tavares e outros, que a poucos instantes se encontravam no "Chapéu de Palha", ali chegaram.

Nesse ínterim, os homens da Rádio Patrulha que ali se encontravam, fazendo as batidas de praxe, procuraram contornar a situação, entretanto, isso só depois de muita pancadaria. Os policiais, com muito esforço, conseguiram agarrar nove elementos, visivelmente embriagados, que se desdobravam diabolicamente no conflito, visto que os demais conseguiram fugir, na hora do "pega prá capar".

Inicialmente, os indivíduos foram conduzidos ao Distrito de Petrópolis e, posteriormente, à subdelegacia do bairro do Japiim, pelo fato de ali oferecer maiores condições para a prisão dos baderneiros. Foram as seguintes as pessoas presas: os jogadores de nomes Zé Carlos (goleiro e zagueiro do Fast Clube), Holanda e Almir, um bancário, o comerciante Edson Rosas, Raimundo Castro de Almeida, Júlio da Silva Alencar e Francisco Cabral da Costa.

sexta-feira, agosto 03, 2018

EPHIGENIO SALLES (2)

Mais um trecho da autobiografia deste governador do Amazonas (1926-30), retirado do opúsculo Ao Serviço do Amazonas (Manaus, 1934). Neste espaço, Salles relembra com ampla discrição seu trabalho nas Casas  Legislativas do País, posto que foi deputado federal e senador pelo Amazonas. 
Fragmento da folha de rosto do opúsculo

Afora esses dispositivos orçamentários, várias leis existem e se acham em vigor, de minha exclusiva autoria, sobre assuntos do interesse geral como do interesse regional, tais sejam: a que considerou de utilidade pública a Universidade de Manaus e o Clube da Seringueira; a que concedeu idoneidade às Faculdades de Direito e de Agronomia, de Manaus, primeiro passo para a sua fiscalização e equiparação ulterior, e que constituiu uma assinalada vitória de minha atividade parlamentar, com a elaboração e o concurso inestimáveis, junto ao Conselho Superior de Ensino, dos Dr. [Simplício] Mello de Rezende, de saudosa memória, e desembargador Gaspar Guimarães, ambos professores da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais de Manaus, de que o último era ao tempo diretor; a que concedeu a subvenção pleiteada pelo Sr. coronel Bernardo de Azevedo da Silva Ramos, para dar publicidade à sua grande obra acerca das inscrições da América Pré-histórica, que tanto tem preocupado os círculos científicos; a que aumentou a percentagem dos fiscais do imposto de consumo do Amazonas, e a que, anteriormente apresentada, mas somente encaminhada e sancionada já no governo Washington Luiz, reincorporou ao quadro dos funcionários da Fazenda Federal os guardas aduaneiros, sendo por eles hoje intitulada de “Lei Ephigenio de Salles".

Em 1925, quando da reforma constitucional de Arthur Bernardes, um episódio se verificou, que bem demonstra o desassombro com que sempre me bati pelos direitos do Amazonas. O leader dessa reforma na Câmara, o eminente senhor Herculano de Freitas, convocara uma reunião dos demais leaders, no Palácio do Catete, onde o presidente da República fez sentir a necessidade de serem retiradas as emendas já oferecidas, pelas diferentes bancadas, ao anteprojeto enviado ao Congresso.

Falando em nome da representação amazonense, declarei para logo, sem hesitações, que não retiraria as que havíamos apresentado, eu e os meus dignos companheiros de bancada, senhores Dorval Porto, Alcides Bahia e Monteiro de Souza, subscritas, de resto, por mais de cinquenta outros deputados, se o governo, por seu turno, não fizesse cancelar do anteprojeto a figura constitucional do “Território”, ali criada expressamente com o objetivo de degradar o nosso querido Amazonas.

Desse ponto de vista não me afastei uma linha, embora os insistentes apelos que, no momento, me fizeram não só o Presidente como o leader Herculano de Freitas. E foi mercê da minha intransigência irredutível e do apoio leal dos meus colegas de representação, que o governo resolveu eliminar da reforma aquela anômala entidade, com que obtivemos uma vitória fragorosa para o nosso estado, salvando-lhe a personalidade política e mantendo-lhe as prerrogativas de autonomia no seio da federação brasileira. (De passagem revela não esquecer que a Constituição atual, de 16 de julho, cogita expressamente da formação de "Territórios", no seu art. 1º, e ninguém ignora a ameaça que pesa sobre a autonomia, hoje mais do que nunca periclitante, do Amazonas). 

quinta-feira, agosto 02, 2018

COMANDANTE-GERAL PMAM



Coronel Assis Peixoto
A nomeação de comandante da Polícia Militar do Amazonas é de competência do governador do Estado, salvo no período do Governo Militar, quando somente oficiais do Exército assumiram o cargo. 

O governador Gilberto Mestrinho, em seu primeiro governo (1959-63), nomeou para aquela função ao Dr. Francisco de Assis Albuquerque Peixoto, advogado militante do Foro local. A nomeação, segundo comentam as escadas do antigo Quartel da Praça da Polícia, foi motivada pela amizade e pela “velha” espada guardada pelo certificado pelo NPOR (Núcleo de Preparação de Oficiais do Exército) Assis Peixoto. Como a conclusão do curso ocorrera em 1944, à época da investidura na função de coronel comandante, Assis Peixoto estava próximo de festejar vinte anos de oficial R/2.

Quando comandante, em 18 de setembro de 1961, o coronel Assis Peixoto foi demitido “a pedido” pelo governador interino, Josué Claudio de Souza, presidente da Assembleia Legislativa. Sobre essa decisão, somente há referência em Boletim Interno, nada em Diário Oficial, como seja a indicação do respectivo decreto. Estranho, no mínimo.

Quatro dias depois, retornando o governador titular, o ex-comandante voltou ao posto e ao cargo. Com um detalhe, a nomeação era contada a partir de 19 de setembro, ou seja, a contar do dia imediato da exoneração. Como se vê, briga de políticos, cuja versão escutei um dia, porém, juro que o tempo me fez olvidar por inteiro. E a maioria daqueles que poderiam acrescentar alguma versão ao fato já “deram baixa”. Tento sinalizar com o coronel Pedro Lustosa, que, na condição de tenente, assistiu esse entrave político-policial.

Fragmento das alterações do coronel Assis Peixoto

A foto reproduz parte dos registros administrativos pertencentes ao coronel Assis Peixoto, intitulados de “Alterações”, comum aos policiais de todas as categorias. Como se pode observar, eram produzidas em letras cursivas, por elementos de melhor caligrafia. A caneta era de pena e a tinta Parker, encontrada em vidro personalizado. Sim, era empregado o mata-borrão, a fim de reparar qualquer excesso de tinta. Os livros pertencem ao acervo do Museu Tiradentes.  

quarta-feira, agosto 01, 2018

CLUBE DA MADRUGADA

Jorge Tufic, 1952
Compartilhando mais um texto do saudoso poeta Jorge Tufic, que foi quem mais escreveu sobre o tema, sobre este movimento, por isso, entendo que seus nomes se vinculam. Lembro aos neófitos que a placa de latão que Tufic alude e dela reproduz o texto, encontra-se agora afixada em concreto ao pé do mulateiro.
O texto foi sacado do Jornal Cultura, de setembro de 1975, acervo do Arquivo Público. A foto do repórter policial Jorge Tufic circulou na edição do extinto O Jornal, em 2 de agosto de 1952, portanto, há 66 anos. 

Jornal Cultura -setembro 1975

As origens mais remotas do Clube da Madrugada residem na Caravana dos Quatro Monges, composta por quatro jovens da década dos anos 50, do século passado: Alencar e Silva, Jorge Tufic, Farias de Carvalho e Antistenes Pinto. Estes jovens, sufocados pelo acanhamento intelectual da província, aproveitaram as benesses de uma passagem Manaus-Rio de Janeiro, em 1951, por um avião da FAB, chegando ao Rio deslumbrados, com seus versos parnasianos e seus poemas marcados pelas influências românticas e simbolista. Mas, o contato com a nova literatura brasileira fê-los renunciar, sem, demora, aos calhamaços que conduziam pesados na glória de tantos outros poetas do passado, egressos da província. Foi um terrível “auto-de-fé” aquele, quando milhares de suspiros poéticos tiveram que ser incinerados.
O verso livre e a poesia moderna haviam inoculado o seu vírus benéfico, contudo, porque desse reconhecimento do tempo presente nasceria depois o Clube da Madrugada. Isto porque a Caravana de Monges desfez-se para uma nova concepção do mundo em que seus fundadores viviam e ansiavam para afirmar-se.

Deste modo, voltando a Manaus, juntaram-se eles a outros jovens que faziam do Pavilhão São Jorge (Café do Pina) o seu ponto preferido na véspera da cada noite. Deste retorno, novos encontros com novas mentalidades, com novos elementos de outras áreas (pintores, sociólogos, economistas, políticos, filólogos, juristas etc.) foi germinando a ideia de uma agremiação eclética, universal, aberta a todas as manifestações do pensamento, que seria, ao mesmo tempo, o prenúncio da antecipação de uma Universidade Livre, sem fronteiras, sem preconceitos de raça, cor ou ideologia.

"Não seria preciso frisar que semanas mais tarde, tendo-se deflagrado a cápsula mágica do Clube da Madrugada, estaria o mesmo ancorando os seus ideais de cultura o liberdade ao pé do velho Mulateiro que, hoje, numa vivência física e espiritual do Clube resolve absorver lentamente em sua carnadura vegetal a velha placa de latão que lhe fora pregada com os seguintes dizeres:


“Pois foi. Jovens se reuniram sob a fronde desta árvore, e aconteceu. Quando madrugada, o Clube surgiu. Era novembro, vinte e dois. 1954, e fez-se.”