CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

domingo, janeiro 26, 2020

DIÁRIO OFICIAL NA POLÍTICA

Plínio Coelho

Ao final de 1958, após a eleição para governador do Amazonas, vencida por Gilberto Mestrinho, houve um entrevero entre o governo e os jornais em circulação. Como estes se puseram em oposição ao governador Plínio Coelho, este inseriu o Diário Oficial do Estado na disputa política.

A Nota Oficial publicada no DOE (4 dez. 1958) conta uma parcela dessa disputa, de outro excêntrico episódio da história do Amazonas.


NOTA OFICIAL

O Governo do Estado do Amazonas,
CONSIDERANDO a necessidade de salvaguardar o direito dos cidadãos de se defenderem quando agredidos, negado pela maioria dos órgãos de publicidade de Manaus, cujos diretores acordaram entre si negar espaço em seus jornais, em todo o caso em que as suas pessoas, julgadas por eles intangíveis, estivessem em causa;
CONSIDERANDO, também, a necessidade de resguardar o povo em geral do bloqueio dessa imprensa malsã que cerceia a liberdade do cidadão de proceder, EM LEGÍTIMA DEFESA, fato que possibilita à chantagem organizada, com o sacrifício de uma das mais nobres conquistas da Humanidade, que é a LIBERDADE DE PENSAMENTO;
CONSIDERANDO que o povo e o Governo não podem e não devem ficar à mercê desse Sindicato da Chantagem contra as liberdades individuais defendidas pela Constituição e pelas leis, inclusive pela LEI DE IMPRENSA que assegura ao atingido o direito de contraditar;
CONSIDERANDO, também, a necessidade de dar ao Povo e ao Governo meios próprios de manifestar o seu pensamento livremente, o GOVERNO decretou transformando o DIÁRIO OFICIAL, permitindo-lhe a elasticidade necessária para que possa suprir as deficiências dessa imprensa sórdida, facultando as suas páginas para os que dele necessitarem e que forem garroteados pelo Sindicato da Chantagem contra o pensamento do povo.

Nestas condições, o Diário Oficial passara a aceitar, de hoje por diante, de partidos políticos, pessoas jurídicas ou pessoas físicas, qualquer colaboração, contra quem quer que for, inclusive contra o próprio Governo, observada a ética da imprensa sadia e resguardada a responsabilidade dos autores.
Como jornal noticioso e informativo o Diário Oficial, que será oferecido à venda nas bancas de jornais, através de jornaleiros nas ruas, e em postos nos bairros, constituirá, daqui por diante, uma garantia do povo contra a prepotência e a chantagem organizada.

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