Plínio Coelho |
Ao
final de 1958, após a eleição para governador do Amazonas, vencida por Gilberto
Mestrinho, houve um entrevero entre o governo e os jornais em circulação. Como estes
se puseram em oposição ao governador Plínio Coelho, este inseriu o Diário
Oficial do Estado na disputa política.
A
Nota Oficial publicada no DOE (4 dez. 1958) conta uma parcela dessa disputa, de
outro excêntrico episódio da história do Amazonas.
NOTA
OFICIAL
O
Governo do Estado do Amazonas,
CONSIDERANDO
a necessidade de salvaguardar o direito dos cidadãos de se defenderem quando agredidos,
negado pela maioria dos órgãos de publicidade de Manaus, cujos diretores acordaram
entre si negar espaço em seus jornais, em todo o caso em que as suas pessoas,
julgadas por eles intangíveis, estivessem em causa;
CONSIDERANDO,
também, a necessidade de resguardar o povo em geral do bloqueio dessa imprensa
malsã que cerceia a liberdade do cidadão de proceder, EM LEGÍTIMA DEFESA, fato que
possibilita à chantagem organizada, com o sacrifício de uma das mais nobres
conquistas da Humanidade, que é a LIBERDADE DE PENSAMENTO;
CONSIDERANDO
que o povo e o Governo não podem e não devem ficar à mercê desse Sindicato da Chantagem
contra as liberdades individuais defendidas pela Constituição e pelas leis, inclusive
pela LEI DE IMPRENSA que assegura ao atingido o direito de contraditar;
CONSIDERANDO,
também, a necessidade de dar ao Povo e ao Governo meios próprios de manifestar
o seu pensamento livremente, o GOVERNO decretou transformando o DIÁRIO OFICIAL,
permitindo-lhe a elasticidade necessária para que possa suprir as deficiências
dessa imprensa sórdida, facultando as suas páginas para os que dele
necessitarem e que forem garroteados pelo Sindicato da Chantagem contra o
pensamento do povo.
Nestas
condições, o Diário Oficial passara a aceitar, de hoje por diante, de partidos
políticos, pessoas jurídicas ou pessoas físicas, qualquer colaboração, contra
quem quer que for, inclusive contra o próprio Governo, observada a ética da
imprensa sadia e resguardada a responsabilidade dos autores.
Como
jornal noticioso e informativo o Diário Oficial, que será oferecido à venda nas
bancas de jornais, através de jornaleiros nas ruas, e em postos nos bairros,
constituirá, daqui por diante, uma garantia do povo contra a prepotência e a
chantagem organizada.
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