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sexta-feira, janeiro 24, 2020

GUARDA CIVIL DO AMAZONAS



Por um ofício do Conselho Nacional das Guardas Civis do Brasil foi comunicado ao diretor da Guarda-civil do Amazonas a extinção de todas as corporações coirmãs, em todo o território nacional. O ato foi assinado pelo presidente da República, Emilio Garrastazu Medici, no dia 31 de dezembro passado [1969], cujo decreto recebeu o nº 1072, da mesma data.
O Sr. Salum Omar entrou em contato imediato com o titular do DESP [Delegacia Especializada de Segurança Pública], o qual por sua vez entabulou conversações com o Secretário do Interior e Justiça, visando adotar uma providência a respeito do assunto.  

LEGISLAÇÃO NA GC
Ontem pela manhã, nossa reportagem manteve contato com vários guardas-civis, agora já sem o tradicional fardamento, e todos sem exceção mostravam-se desolados com a extinção daquela corporação que completou 55 anos de existência no ano passado. Agora cerca de 212 elementos estão sem saber quais serão as providências adotadas pelo governo, pois nada transpirou do diálogo mantido entre o sr. Salum Omar, titular do DESP, e o secretário do Interior e Justiça.
A guarda-civil amazonense foi criada em 1914 e reformulado em 1918, sua existência é uma série de atos heroicos. Vários de seus elementos morreram no cumprimento do dever. Tem um legado de tradições e sempre soube desincumbir-se com acerto e lhaneza em suas missões.

E AGORA?
Até o momento nada foi comunicado aos guardas-civis sobre as suas situações funcionais. Ninguém sabe qual será o destino que os aguarda. Poderão preencher os claros existentes no DESP, como também poderão ser incluídos na Polícia Militar do Estado. Mas há um problema: em sua grande maioria os guardas-civis são homens de idade e, se submetidos a uma rigorosa inspeção – como soe ser a dos candidatos à PM, não serão julgados aptos.
Em São Paulo, o general Olavo Viana Moog, secretário de Segurança, criou um Grupo de Trabalho para estudar o caso, com prazo de 45 dias para se pronunciar. Também são várias diretrizes incluindo a incorporação dos elementos da GC na Força Pública, no quadro da Polícia Civil e outros itens menos importantes.
Mas, em nosso Editado, os 212 homens da GC permanecem sem saber qual será o futuro. Somente uma coisa foi adotada: não poderão usar o uniforme que foi motivo de orgulho para seus componentes e a certeza de segurança à população.

OBSERVAÇÕES DO CORONEL ROBERTO:

A Guarda Civil foi uma corporação militarizada que, atuante em todo o país, efetuava patrulhamento e proteção de parques e residências, sob a gerência da Polícia Civil. No Amazonas, funcionando apenas na capital, foi criada em outubro de 1914 e extinta em 1969, conforme decreto presidencial. Teve uma destacada atuação entre 1930 e 1936, quando a Polícia Militar do Estado foi desativada.
Após esse período, e o encerramento da Segunda Guerra, com o Estado seguindo em decadência, acarretou profundas carências aos órgãos de segurança. Incluída a Polícia Militar estadual. A Guarda Civil foi durante longo tempo dirigida por membros da PMAM, tendo obtido mais destaque o então major PM Djalma Passos (político, foi deputado federal).
Passos, em defesa de um seu subordinado, travou um debate com o então delegado de polícia Bernardo Cabral, hoje um nome de reconhecimento nacional. O guarda civil, subordinado de Passos, em seu local de serviço, feriu de morte ao irmão de Cabral. Não teve perdão, mofou no presídio.

Com o advento do Governo Militar (1964-85), a GC foi enquadrada, e foi extinta no país. Porém, o que fazer com seus integrantes? Em São Paulo, onde esta era mais destacada, houve choro e ranger de dentes, mas foram integrados à PMESP. Em Manaus, houve incorporação à Polícia Civil e outros órgãos estaduais. Devido a idade e os requisitos exigidos, nenhum obteve ingresso na PMAM.
Lembro bem da condição de Carmelo Oyola Cortez (meu sogro), um boliviano que buscando o Brasil, acabou abrasileirando-se em algum barranco do rio Madeira, e com este atributo, serviu essa instituição como Guarda Civil de 3ª Classe. Quando da extinção, foi incorporado à Polícia Civil, onde conquistou a função de “bagageiro” do Chefe de Polícia, Paulo Pinto Nery.

A sede dessa Guarda estava na rua Guilherme Moreira, cujo terreno possuía ligação com o da Central de Polícia, pela rua Marechal Deodoro. O Banco do Brasil adquiriu o velho “casarão da Marechal”, como era identificado pela imprensa. E o da Guarda, ainda guarda alguma marca de identificação. Não obstante passados 50 anos.

Veja a dedicação dos Guardas, Oliveira publicou em 1957 o folhetim abaixo:



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