CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

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sábado, abril 27, 2024

ITACOATIARA: 25 DE ABRIL (2)

 A data de 25 de abril de 1874 corresponde a elevação da vila de Serpa à categoria de Cidade. Confusamente, há 50 anos, o Estado e o Município comemoraram o centenário de fundação, que ora está consolidado noutro patamar. Nesta postagem reproduzo a Nota Oficial do governo  saudando a data centenária, nota que foi extraída de O Jornal (27 abr.  1974)

Cabeçalho da Nota Oficial


Remontando-se aos idos de 1874, quando a população da antiga Vila de Serpa recebeu, com júbilo intenso, a Lei nº 283, de 25 de abril do mesmo ano, que a elevou à categoria de cidade com a denominação de Itacoatiara, -- o Governo do Estado do Amazonas, unindo aos regozijos de há cem anos as celebrações desta data, saúda o Centenário da florescente cidade amazonense, ao mesmo tempo em que, cultuando a memória dos itacoatiarenses, que naqueles tempos, tanto se bateram pela autonomia municipal, saúda também os que ali vieram a sucedê-los e hoje prosseguem na obra de expansão e progresso do rico e próspero município do Estado de Amazonas.

Nestes 100 anos que hoje se completam, Itacoatiara soube, deveras, corresponder às expectativas dos que lutaram pela elevação da Vila à categoria de Cidade, quer na Câmara da Vila de Serpa quer na Assembleia Provincial, culminando com Lei 283, do Presidente Domingos Monteiro Peixoto, a sua caminhada pela estrada larga do desenvolvimento, a sua posição de liderança e a vontade sempre inflexível de seus homens, fizeram-na confirmar amplamente aqueles anseios e torná-la à altura da importância de que se reveste, para todo o Amazonas, o acontecimento histórico que é o seu Centenário como Cidade.

Fecho da Nota governamental


quinta-feira, abril 25, 2024

ITACOATIARA: 25 DE ABRIL (1)

 Os festejos do centenário de Itacoatiara, em 25 de abril de 1974, que depois se sabe relativo à independência política, não à fundação, reuniu na sede autoridades do Estado e algumas do governo federal. Reproduzo na postagem o texto publicado pelo O Jornal, que apresentou um texto mal escrito, repleto de senões, porém, dele se pode recolher alguns expressivos detalhes. Com ocorre com os nomes da Rainha e das Princesas do centenário.

Lembro ao itacoatiarense raiz - Francisco Gomes da Silva que a data 25 de abril ainda encima o Brasão do município.  

Recorte de O Jornal, de 27 abr. 1974

Com a presença da Procuradora-Geral da República, senhora Hildicéia Carvalho de Paula e de uma das filhas do ministro da Pasta da Saúde, Paulo Machado, o prefeito Aurélio Vieira comemorou anteontem o primeiro centenário da cidade de Itacoatiara. As comemorações iniciaram-se no dia 24 com repicar de sinos nas igrejas, apitos de fábricas e de embarcações, além de salvas de foguetões. Enquanto isto, autoridades de outros estados do Brasil e do Amazonas chegavam a Velha Serpa para prestigiar os festejos alusivos aos cem anos daquela cidade.

Quinta-feira, às 14 horas, viajando em um dos aparelhos da Força Aérea Brasileira chegou àquela cidade o governador João Walter de Andrade, além de outras autoridades militares, civis e eclesiásticas. Como parte das programações, às 17 horas, na Praça de Esportes “Herculano de Castro e Costa”, dom João de Sousa Lima, arcebispo de Manaus, auxiliado pelos vigários de Itacoatiara, oficiou uma missa campal, seguindo-se de comunhão das autoridades e do povo que se fez presente tanto da cidade como de todas as comunidades que integram aquele município. (...) 

INAUGURAÇÃO

Após a missa, todos se dirigiram para a Praça Nossa Senhora do Carmo, onde o prefeito Aurélio Vieira e comandante Naval de Manaus, o governador João Walter de Andrade inaugurou o monumento alusivo ao centenário da Velha Serpa. Em seguida, outras autoridades tiraram o pano da placa com dizeres em saudação aos cem anos de instalação de Itacoatiara. (...)

BAILE DO CENTENÁRIO

Às 22 horas, na sede do Amazonas Esporte Clube, ocorreu o baile do centenário, que reuniu a sociedade itacoatiarense, bem como as autoridades de Manaus que se fizeram acompanhar de suas esposas. Por outro lado, às 24 horas, houve a escolha das candidatas ao título de Miss Centenário. A comissão foi presidida pelo jornalista Sinval Gonçalves, presidente da Empresa Amazonense de Turismo (Emamtur), além de outros jornalistas, incluindo a Procuradora-Geral da República e a proprietária da [loja] Orquídea Modas.

As candidatas desfilaram pela passarela e diante das autoridades para que a comissão julgadora tomasse suas impressões. Decorridos alguns minutos foi dado oficialmente por Sinval Gonçalves o resultado do concurso, sendo escolhida como Rainha do Centenário de Itacoatiara a senhorita Margareth de Oliveira, representante da Brasil-Juta e Associação dos Jovens de Itacoatiara. Como 1ª e 2ª princesas foram escolhidas as senhoritas Denise Oliveira e Rosa Ermelinda Menezes.

Coube à esposa do prefeito Aurelio Vieira dos Santos, sra. Fatima Santos, Primeira Dama de Itacoatiara, entregar a faixa à rainha. Do mesmo modo, a faixa da primeira princesa foi entregue pelo senador José Lindoso e a faixa da segunda, foi entregue pelo representante do Comando Militar da Amazônia, coronel Rebuá. Já a Rainha da cidade de Itacoatiara, senhorita Fatima Figueiredo, foi o prefeito (sic) João Walter de Andrade quem fez a coroação da rainha do centenário da Velha Serpa. (...)

quarta-feira, abril 24, 2024

ITACOATIARA: 25 DE ABRIL

Semelhante ao que ocorreu na capital amazonense quando, em 1949, o governo estadual ergueu na Praça da Matriz o monumento ao 1º centenário de Manaus. Duas décadas depois, em 1966, no entanto, foi celebrado o Tricentenário da cidade e assim prossegue. Em Itacoatiara aconteceu o mesmo. Há 50 anos, o governador João Walter de Andrade e o prefeito Aurélio Vieira promoveram com brilhantismo o 1º centenário da Velha Serpa. Os jornais de Manaus esbanjaram louvores sobre o evento, ressaltando a eleição da Rainha do Centenário.

Igualmente como na capital ocorreu a mudança no fundamento deste festejo. Francisco Gomes, ilustre historiador de sua cidade, preconiza que em 25 de abril de 1874 ocorreu a Independência política da Velha Serpa, amanhã celebra-se o sesquicentenário do município. O nascimento da vila aconteceu há mais de três séculos. Como faço neste espaço, reproduzo os jornais da época apenas para relembrar a festa e comprovar os tropeços dos cultores da história.

Recorte do Jornal do Commercio, 27 abr. 1974

No dia do seu primeiro centenário Itacoatiara entrou de férias. Comércio, bancos, indústrias e repartições públicas fecharam suas portas durante 24 horas, participando também das comemorações elaboradas pelo Prefeito Municipal. Nas ruas desertas, à princípio, e completamente tomadas pela população durante a tarde e começo da noite, foram afixados cartazes alusivos à data, banhando a cidade de um colorido diferente.

Aliás, tudo, em Itacoatiara, parecia diferente. Até o seu aspecto característico de cidade interiorana foi substituído, por uma aparência de metrópole, comentado depois pelas autoridades convidadas para o evento. Por incrível que pareça, até a rainha do primeiro centenário de Itacoatiara escapava à característica geral da gente itacoatiarense. Margareth Oliveira, que vai reinar durante 100 anos, é um tipo louro, franzino e de grandes olhos claros que parecem estar sorrindo o tempo todo. Com 17 anos de idade, e demonstrando desembaraço digno do melhor manequim profissional, Margareth conquistou a preferência do público desde o início, ganhando inclusive uma saraivada de palmas e gritos de “já venceu, já venceu”. 

A FESTA DOS CEM

Itacoatiara caprichou na festa do seu primeiro centenário. Executou uma programação digna de cidade grande, recebendo, por isso, centenas de parabéns das autoridades amazonenses que para lá se deslocaram para participar da missa campal, desfile estudantil e o grande baile de gala na sede do [clube] Amazonas. De Manaus foram o governador João Walter de Andrade, que foi inclusive recebido no aeroporto de Itacoatiara pela banda da Polícia Militar executando “Carinhoso”, secretários Antonio Ricci, da Saúde, e Odilon Spinelli, do Planejamento, e mais o jornalista Sinval Gonçalves, presidente da Emamtur [Empresa Amazonense de Turismo], deputado Washington Stephano etc...

Às 17 horas, na praça da igreja de N. S. do Rosário, houve um desfile estudantil, para, em seguida, na quadra de esportes do município, ser realizada a Missa Campal celebrada pelo arcebispo dom João de Sousa Lima. Na oportunidade, o arcebispo de Manaus se congratulou com as autoridades itacoatiarenses pelo evento, e, em nome da Igreja católica, procedeu à bênção da cidade. Antes de ser cumprida a outra parte da programação, ou seja, a inauguração do obelisco referente à data, grupos de estudantes dos colégios N.S. do Rosário e Vital Mendonça fizeram uma pequena mostra dos produtos responsáveis pelo equilíbrio econômico-financeiro de Itacoatiara, destacando-se a juta e a castanha.

Meia hora depois, diante da Igreja, o governador João Walter descerrou o obelisco relativo ao primeiro centenário. Em breves palavras, o prefeito Aurelio Vieira agradeceu a presença das autoridades amazonenses na bonita festa realizada por Itacoatiara e aproveitou o ensejo para se congratular com toda a população itacoatiarense, responsável direta polo desenvolvimento que ora o município atravessa. Disse Aurelio Vieira que é dever de todos continuar nesse ritmo de trabalho para elevar o nome de Itacoatiara junto à constelação amazônica, e afirmou que isso só será possível se todos se unirem num trabalho conjunto, planejado, tentando impulsionar o progresso que já começa a deitar suas mãos sobre o município. (...)

 UM POUCO DE HISTÓRIA

Itacoatiara, no dia 25, despiu sua roupa moderna para se vestir como há 100 anos atrás, lembrando nostalgicamente o passado cheio de promessa e esperanças que plantou as raízes do presente. Na frente da cidade, instalada à beira do barranco que circunda o município, a réplica da antiga Vila de Serpa atraía a atenção de todos. Aos interessados em um pouco de história, os recepcionistas, pródigos em conversa e escassos de imaginação, apontavam para um folheto e contavam para o turista um pouco das coisas que nem eles mesmos sabiam.

Na língua tupi, Itacoatiara quer dizer “Pedra Pintada ou Escrita”. Essa denominação foi dada porque, à época, abundavam nas praias pedras pintadas e escritas pelos primeiros habitantes do município. No dia 25 de abril de 1884, por força da Lei Provincial nº 283, a Vila de Serpa recebeu foros de cidade e passou a chamar-se Itacoatiara. Esses dados são esclarecidos pelo boletim distribuído pela prefeitura do município, que se preocupou também em deixar uma boa impressão às pessoas que o visitavam pela primeira vez. Grandes pastas azuis contendo a história do município, uma camiseta, um chaveiro e folhas de papel foram distribuídos aos visitantes, numa tentativa feita pelo Prefeito de agradar a todos.

quarta-feira, junho 07, 2023

ANÍSIO MELLO (1927-2010)

 Prestes a completar 94 anos, se vivo estivesse, o itacoatiarense Anísio Melo fez de mais nas artes. Parte de suas obras foram recolhidas ao meu acervo, que intento repassá-las ao município para a "honra e glória" da Velha Serpa. Esta postagem reveste-se de minha homenagem ao saudoso amigo. 

Anísio Mello e
pequena porção de suas
obras 





terça-feira, novembro 08, 2022

FAMÍLIA PAULA & SOUZA (2)

Retomo a descrição sobre este membro da família que foi, entre outras atividades, oficial da Polícia Militar do Amazonas.

Tupinambá de Paula e Souza (1915-1995) 

O tenente Tupinambá de Paula e Souza dirigiu a prefeitura de Borba (AM) por quase dois anos (1947-48); nesse curto período foi capaz de tomar gosto pela política e aprender seus meandros. O mandato foi encerrado antes da metade do ano, posto que, em junho de 1948, estava de retorno a Manaus e ao quartel da Praça da Polícia. Sendo 1º tenente, de imediato foi nomeado comandante interino da Companhia de Bombeiros Municipais. Tem mais, em 30 de agosto daquele ano foi promovido por “merecimento” ao posto de capitão.

Foto do referenciado

Seguiu recebendo as promoções devidas, todavia, em passo acelerado, de maneira que em 1951 exercia o posto de tenente-coronel, subcomandante da Força Estadual. Relembrando que Álvaro Maia exercia a governança do Estado (1951-55) que passava por um período de franca decadência.

Antes do encerramento do governo Maia, este oficial passou à reserva remunerada no posto de coronel, com soldo mensal de Cr$ 160.490,00. E foi cuidar da vida, não sei onde. Contudo, Plínio Ramos Coelho, assumindo o governo (1955-59), determinou em despacho de 13 de janeiro de 1956 o retorno do oficial ao serviço ativo, “visto não contar 30 ou mais anos de serviço, conforme estabelece a lei”. De fato, retornou, sem antes questionar juridicamente a decisão governamental, como a apelação proposta em janeiro de 1957, em que “solicita reconsideração de ato”. Não obtendo decisão favorável, a reversão foi cumprida.

Nesse meio tempo, Tupinambá cuidava de sua eleição ao Legislativo amazonense. Em 1958 foi bem-sucedido, sendo eleito deputado estadual pelo PSP (Partido Social Progressista), criação do governador paulista Ademar de Barros, com 736 votos, correspondendo a 0,93% dos votos válidos. A ficha deste deputado indica que ele é oriundo do município de Tapauá, porém, nem sua viúva – em janeiro de 2022 - soube me indicar o local de nascimento dele.

Desconheço a motivação que levou o coronel-deputado a retornar ao quartel em 1º março 1962. Algum acordo parlamentar? Ou estratégia em ano eleitoral? Tupinambá novamente eleito nas eleições de outubro de 1962. Agora integrante do PRT (Partido Rural Trabalhista) obteve 1.180 votos (1,20% dos votos válidos). A posse estava programada para o último dia de janeiro seguinte.

Antes de (re)assumir o mandato na Assembleia Legislativa no ano seguinte, foi premiado pelo governo de Gilberto Mestrinho (1959-63) com a nomeação para o cargo efetivo de Tesoureiro da Mesa de Renda de Itacoatiara, lotação da Secretaria de Economia e Finanças (SEF), concomitante com a aposentadoria de Stenio Neves (nome bastante lembrado pelos idosos, devido seu “xerifado” na Chefatura de Polícia). Curiosidade: como explicar a nomeação, se tanto Stenio quanto Tupinambá eram deputados e ambos foram reeleitos? Coisas da política mambembe, de certo.

A mencionada nomeação foi publicada no Diário Oficial de 15 de dezembro de 1962, ocasião em que Manaus lamentava o desastre do Constellation PP-PDE da Panair do Brasil ocorrido no dia anterior, no qual morreu seu irmão Aymoré de Paula e Souza (45 anos). Nascido em Borba (AM), Aymoré era casado com Hermelinda Sales de Souza e deixou os filhos Newton Sales de Souza, Vera Angelina Sales de Paula e Souza e Fabíola de Paula e Souza Santos (todos vivos em 2022). Era jornalista do matutino O Povo, morador de Fortaleza (CE).

Aymoré PS, morto no desastre do
Constellation PP-PDE

Do ofício em Itacoatiara guardou apenas a inclusão nos quadros da SEF, que muito lhe serviu quando da aposentadoria, ocasião em que dispensou os proventos do quartel pelos da Mesa de Renda. Em final de janeiro de 1963 reassumiu a cadeira de deputado estadual. Apesar de já experiente na Casa Legislativa não alcançou qualquer vaga na diretoria, que era presidida por Anfremon Monteiro. Este período se estende até 10 de março de 1964, quando o Governo Militar impõe novas regras aos parlamentares, sendo a mais drástica a redução do número de partidos políticos, tão-somente dois: Arena (Aliança Renovadora Nacional) e MDB (Movimento Democrático Brasileiro).

Compelido por esta dicotomia político-partidária, Tupinambá decide pelo partido da situação: a Arena. Segue ausente na direção da Assembleia, que prossegue sob a presidência de Anfremon Monteiro. Em março de 1966, a presidência da Assembleia passa às mãos de Ruy Araújo, com Tupinambá ainda fora da direção. Nas eleições daquele ano, porém, ele renova sua cadeira, obtendo 1.484 votos, que representavam 1,61% dos votos válidos.

Na composição da Mesa Diretora para o biênio 1967-68, na qual retorna à presidência o deputado Anfremon Monteiro, Tupinambá torna-se o 2º secretário. Enfim, na composição da Mesa para o biênio seguinte, sob a presidência de Rafael Faraco, ele é “promovido” à 1º secretário. Nesse posto encerra sua participação na Assembleia Legislativa do Amazonas, pois na eleição de 15 de novembro de 1970, quando o número de deputados sofreu um corte intenso, passando para 12 vagas, Tupi não conseguiu uma delas.

A derrota deve tê-lo levado de volta ao município de Borba, onde talvez fosse sua base eleitoral ou seu “curral” (como antanho se denominava), afinal fora prefeito por nomeação, ao tempo da interventoria de Álvaro Maia.

terça-feira, abril 12, 2022

BANDA DE MÚSICA: BOMBEIROS DO PARÁ

 Compartilhado do livro O Corpo de Bombeiros do Pará. 2ª ed., de José Menezes, editado em 2007, e o fiz não para desmerecer ao maestro, mas para lembrar a passagem de um Itacoatiarense pela batuta militar em Belém. Não obstante minhas súplicas ao historiador da Velha Serpa Francisco Gomes, nada sei do Bruce. Fica o registro. 

A musa existente na
praça diante do antigo Paço Municipal

Começa nessa época um período de lutas políticas e revoluções, restando desse tempo pouquíssima informação sobre a Banda de Música.

Em 1917, era diretor da Banda de Música o 2° tenente Themistocles dos Santos Bruce, um amazonense de Itacoatiara. "Era um analfabeto, carrancista como um capataz de engenho do Brasil colonial..." descreveu-o o tenente Drago, acrescentando: "Desenhava o nome... Não lia os conteúdos alfabéticos, mas lia bem música e tinha o dom de decorar a instrumentação das peças que regia, a ponto de sentir, de ouvido, quando um músico deixava de tocar ou tocava mal alguns compassos ou trechos da partitura"

quarta-feira, abril 28, 2021

CENTENÁRIO & OUTRAS DATAS

 Uma breve revisão no calendário me permitiu observar algumas datas bem representativas, “redondas”, abrindo com o centenário de nascimento de Áureo Nonato, idades que ocorreram no corrente mês de abril.

Aureo Nonato (ao microfone)
 

Há 100 anos:

Dia – Nasceu no bairro de São Raimundo, em Manaus, Áureo Nonato dos Santos, filho de Antônio e Virgília Nonato dos Santos. Foi estudante do Grupo Escolar Olavo Bilac, instalado no mesmo bairro. A continuação dos estudos realizou no Rio de Janeiro e iniciou-se no jornalismo em São Paulo, escrevendo para o jornal A Noite. Viveu grande parte de sua existência no Sul do país, trabalhando em teatro e jornalismo.

Estreou na literatura com o livro Os Bucheiros: um memorial da infância (1983), seguiu com Porto das catraias: um memorial da juventude (1987) e Pitombas & Biribas (1993), todos sobre a temática do bairro de nascimento. Eleito para a Academia Amazonense de Letras, assumiu a Cadeira 17, em dezembro de 1993. Faleceu em Manaus, em 2004.

 

Há 60 anos:

Dia 6 – Inauguração da linha aérea Rio/Manaus, em voo de 12h, alcançando Manaus no mesmo dia, com escalas em Belo Horizonte (MG), Anápolis (GO), Carolina (MA) e Santarém (PA), pelo Loide Aéreo Nacional.

Há 50 anos:

Dia 18 Criada a paróquia de Santo Antônio, no bairro de mesmo nome, desmembrada da paróquia de São Raimundo, sendo seu primeiro pároco o padre João de Vries.

Dom João (à esq.) ao lado do governador
Mestrinho, na inauguração da Maternidade
Balbina Mestrinho (1959)

 

Há 40 anos:

Dia 25 – Por renúncia ao cargo eclesiástico, retirou-se para Salvador (BA) dom João de Souza Lima, arcebispo metropolitano de Manaus, nascido em Tacaratu (PE). Entre outras dignidades, era sócio efetivo e benemérito do IGHA, ocupante da cadeira 24, cujo patrono é frei Gaspar de Madre de Deus. Terminou seus dias no Conventos dos Monges Cistercienses, em Jequitibá (BA), em 1984.


Quartel do 2º Batalhão PM

 

Há 30 anos:

Dia 30 – Inauguração do quartel do 2º BPM (Batalhão de Polícia Militar), denominado Candido Mariano, na cidade de Itacoatiara (AM), em local doado pela Prefeitura local, conforme a Lei 1, de 23|02|1978. Era seu comandante o tenente-coronel Ilmar dos Santos Faria.   

domingo, janeiro 10, 2021

FOLHINHA DE JANEIRO [2]

Para relembrar o passado, recorro às efemérides manauaras. Que sirvam ao leitor. Morador do bairro de Educandos, utilizei bastante a ponte da “subusina” de eletricidade. E as catraias, idem. E mais, fui aluno do GE (hoje EE) Machado de Assis.


Foto conhecida do extinto cemitério de São José

 10 de janeiro

1888 – Empossado na presidência da Província, o coronel (do Exército) Francisco Antônio Pimenta Bueno, filho do visconde de São Vicente. Na mesma ocasião, assume o Comando das Armas da Província do Amazonas, o coronel Candido José da Costa.

1963 – Falece em Manaus, Abílio Damazo Nery, genitor de Paulo Pinto Nery, que foi prefeito de Manaus e governador do Amazonas.

 

11 de janeiro


1924 – Criado pelo decreto 1472, sancionado pelo governador Rego Monteiro, o Grupo Escolar Machado de Assis, ocupando o restante das instalações do Instituto dos Educandos Artífices, embrião do bairro.

1926 – A prefeitura de Manaus, mediante edital, convoca aos familiares e responsáveis por túmulos ainda existentes no cemitério de São José, a fim de proceder a exumação. Outros editais e convocações foram publicados, até o ano de 1931. No ano seguinte, foi concretizada a transferência, sob as expensas da municipalidade. Os despojos não reclamados, foram locados no Ossuário construído para este fim, localizado na Quadra Cinco.


Edital do cemitério S. João, em 1926

 

12 de janeiro


1929 – Iniciados os serviços de construção da ponte destinada a ligar o Centro, via bairro da Cachoeirinha, ao bairro de Educandos. O encarregado – Antônio Rodrigues Vianna Júnior, engenheiro civil e de minas, era também autor do projeto. Hoje desativada, a construção foi conservada para lembrar-nos do tempo em que o bairro de Educandos era uma “ilha”, socorrida pelas catraias.

1956 – Eleito pela sigla do Partido Social Democrático (PSD), Raimundo Perales assumiu a prefeitura de Itacoatiara.

quarta-feira, dezembro 09, 2020

FOLHINHA DE 10 DE DEZEMBRO

 10 de dezembro

1851 – Embarca em Belém (PA), na barca Guapiaçu, da Marinha, em sua terceira e última viagem pelo Amazonas, Tenreiro Aranha, primeiro presidente da Província do Amazonas. Devido às avarias em suas caldeiras, a barca chegou em Manaus, no dia 27, depois de 17 e meio dias de viagem.

1857 – Elevado à categoria de vila, por dispositivo da Lei nº 73, sancionada pelo presidente da província Francisco José Furtado, o município de Borba, o mais antigo do Estado, localizado na calha do rio Madeira. Padroeiro: Santo Antônio de Borba, cuja festa ocorre em 13 de junho.


Brasão do município
de Itacoatiara

1857 – Elevado à categoria de vila a freguesia de Serpa, hoje município de Itacoatiara, por decisão da Lei 74, sancionada pelo presidente da Província Francisco José Furtado.  Sua padroeira é Nossa Senhora do Rosário, cuja festa ocorre 22 de outubro.

1890 – No Eden-Theatro, a cidade assiste a primeira estação operística, quando se apresenta a Companhia Lyrica Italiana, sob a direção de Joaquim Franco.

1891 – Nasce, em Pernambuco, o doutor Leopoldo Tavares da Cunha Melo, formado pela Faculdade de Direito do Recife. Serviu em Manaus como juiz federal. Depois ingressou na política, tendo sido Senador pelo Amazonas. Falecido, encontra-se sepultado no cemitério São João Batista, em um mausoléu de respeitável construção.

1900 – Assume o comando do Regimento Militar do Estado, o capitão EB Adolpho Guilherme de Miranda Lisboa, comissionado no posto de coronel.

1906 – Nasce em Manaus (AM), o médico Waldemar Palma Lima, filho de Vivaldo Palma Lima e de Elvira Augusta B. de Lima. Foi contratado em 1945, como médico do Serviço de Socorros de Urgência.

1945 – Regulada a Justiça Militar na Força Policial do Estado, consoante disposição do decreto-lei 1554, sancionado pelo Interventor Federal Emiliano Stanilau Afonso. Sendo nomeado o bacharel Antonio Bentes Valle, como juiz militar.

1954 – Inauguração do cine Vitória, instalado na Estrada de Constantinópolis, com o maior salão de projeção de Manaus, visto que possuía 1.116 poltronas. Estreou com o preço de Cr$ 5,00 (cinco cruzeiros) e o filme de Kirk Douglas - Floresta Maldita.

1966 – Assume a direção da Faculdade de Direito do Amazonas, o dr. Oyama César Ituassú da Silva.

1981 – Criados, por decisão da Emenda Constitucional 12, os municípios de Amatura, Anamã, Alvarães, Beruri, Boa Vista do Ramos, Caapiranga, Itamarati, Iranduba, Manaquiri (festa do padroeiro, São Pedro, em 29 de junho); Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, São Sebastião do Uatumã, Tabatinga, Tonantins e Uarini.

1986 – Assume o comando do VII COMAR, o major-brigadeiro-do-ar Lino Pereira, que permaneceu no comando até 31 mar. 1989.

quarta-feira, setembro 02, 2020

BATALHÃO CANDIDO MARIANO: 50 ANOS

 O 2º Batalhão de Polícia Militar (BPM), instalado em Itacoatiara, consoante o decreto 1854/70, completa hoje 50 anos de existência legal. Sua destinação inicial: orientar e fiscalizar todos os destacamentos do interior do Estado. Destacamento era a primitiva organização de policiamento dos municípios, reunindo elementos de diferentes OPMs (Organização Policial Militar), subordinados a um delegado de Polícia, quase sempre reformado da corporação. 

Tunel verde na avenida central de Itacoatiara

O resultado nunca foi satisfatório, é fácil imaginar. Ao tempo, o único meio de comunicação era o barco de “recreio”, que ligava a capital aos diversos aglomerados interioranos. Telefonia? Nem pensar. Restava o serviço de “aviso para o interior”, promovido por emissoras de rádios, sendo o mais notório o da Difusora.

Desse modo, o policial ao deixar a capital, deixava um procurador para gerir seus vencimentos e outros “interesses”, pois o soldo era pago na capital. Um pouco adiante, a corporação conseguiu que a coletoria de cada município efetuasse o pagamento. Tem mais, se houvesse alguma manifestação sobrecarregada na localidade, que fazer? Esperar pela sorte. Os ribeirinhos eram bem pacatos, essa a sorte grande.

Portanto, foi para controlar, seja lá que outra injunção for, diante de tantos empecilhos, esses destacados que surgiu o 2º BPM, homenageando Candido Mariano, comandante da tropa amazonense que marchou contra Canudos (1897).

Quando acima afirmei que o BPM surgiu legalmente, é que este já funcionava desde maio daquele ano, primeiro sob o comando do tenente-coronel Júlio Carvalho, que passou ao major Pedro Lustosa, e este ao major Santos Freire, em agosto. Esta unidade possui, pois, dois primeiros comandantes: Carvalho e Santos Freire.


As necessidades apontadas e a precaução que deveria existir sobre os destacados, levou o comando-geral à criação do CPI (Comando do Policiamento do Interior), realizada pelo decreto 3421/76. Em decorrência dessa evolução o 2 º Batalhão teve estabelecida sua transferência para a Velha Serpa. Não obstante a presteza, a mudança somente ocorreu em agosto de 1979, sob o comando do então tenente-coronel Humberto Henrique Soares. Enquanto o quartel foi construído, a tropa esteve alojada em um imóvel pertencente a Diocese, situado na avenida central.

Coube ao comandante tenente-coronel Cabral Jafra (1985-86) a oportunidade de inaugurar o quartel, situado a rua Benjamin Constant - Santo Antônio, sendo comandante-geral, coronel Helcio Motta. Lamento que a corporação tenha ignorado tão grandiosa data.

sábado, maio 09, 2020

ANÍSIO MELLO, NOVAMENTE



Remexendo meus alfarrábios, alcancei este folheto publicado (sem data) para comemorar as Bodas de Ouro de atividade do saudoso multiartista Anísio Mello. A publicação teve apoio do ICBEU e da AIRMA. Compartilhei, apenas acrescentando a data do seu falecimento.


Muito se tem falado em ANÍSIO MELLO, das suas múltiplas atividades no campo das letras e das artes.
Fundou e dirigiu jornais e revistas. Publicou 16 livros e escreveu uma dezena de outros, incluindo poesia, folclore amazônico, crítica literária, contos e ensaios. Proferiu conferências e palestras. A crítica especializada é unânime em aplaudi-lo. Obteve Medalha de Ouro, em Paris, no Salão da França Livre, em 1948, e prêmios no Brasil.
Realizou várias exposições individuais e participou de outras coletivas. Seus quadros são conhecidos no Brasil e no exterior. Tem obras adquiridas pelo Governo do Amazonas, resultante da Lei 130, de 26 de agosto de 1952, época em que o artista expunha na Biblioteca Pública do Amazonas e na Pinacoteca do Amazonas.

São palavras de Sérgio Milliet sobre o artista: “O amazonense Anísio Mello, crítico e poeta, é também pintor. Já tendo realizado algumas exposições individuais e participado de várias mostras coletivas. Através de uma evolução que vem se processando desde a idade de doze anos. Chega ele agora a uma pintura em que o abstracionismo lírico se amalgama a um geometrismo nada rígido, antes elegante, como que a controlar a possível exuberância das manchas. Se assim age com a composição, também o faz em relação com a cor. Os amarelos, os vermelhos e os pretos dos fundos são freados pelos brancos puros dos primeiros planos. Esse conúbio de tendências aparentemente opostas, longe de perturbar a harmonia do conjunto, equilibra com sabedoria e originalidade seus nanquins”.
Anísio Mello é um pintor [ora artista plástico] já realizado e um desenhista que aplica sua excelente arte numa obra de grande liberdade e sensibilidade.
Em A Crítica, de Manaus, escreveu o jornalista Luiz de Castro: “Pintor e poeta, as duas artes em Anísio Mello se irmanam e se confundem. Na pintura, ele patenteia poesia e da melhor, — e na poesia, ele trai o pintor. Em ambos os misteres, a sua inspiração é única, agindo sob o mesmo senso estético, notável, aliás, em todas as suas produções, quer poéticas, quer pictóricas".
Por ocasião do lançamento de Festa Geral, poema comemorativo dos seus 25 anos de poesia, assim se expressou o escritor e poeta Alencar e Silva: "ANÍSIO MELLO" é seguramente um temperamento fora de série. Não é só poeta, músico e pintor, reunindo em si a trilogia da sensibilidade estética, como afirmara certa vez Américo Antony: é, na verdade, muito mais: é também jornalista, ensaísta e folclorista, cineasta, escultor e inventor.
Poder-se-ia acrescentar que na vida prática é ele ainda bancário, projetista e construtor (sua casa, em São Paulo, é obra que saiu inteiramente de sua prancheta), além de ser graduado em Filosofia e Letras. E estou certo de que seu espírito se move com desenvoltura por muitos outros campos do saber e do fazer".

São palavras do padre Nonato Pinheiro, prefaciando o livro Vocabulário Etimológico Tupi do Folclore Amazônico, de Anísio Mello: "Não conheço outro amazonense que tenha divulgado tanto fora do Estado, sua terra e sua gente, o mundo amazônico e seus expoentes. Sua bibliografia é opulenta e da melhor valia".
Atualmente dirige o Liceu de Arte do Amazonas Esther Mello, em Manaus, e é presidente da AMAP (Associação Amazonense de Artistas Plásticos). 
ANÍSIO MELLO herdou dos pais o gosto pelas letras e pelas artes. Do pai, magistrado e poeta Octaviano Augusto Soriano de Mello, vem a inclinação para as letras; e da mãe, a pintora Esther Thaumaturgo Soriano de Mello, com quem cursou Belas Artes, absorveu a estética da cor. Descende de uma clã de artistas e de poetas.

Nasceu em Itacoatiara, no Amazonas, em 21.06.27 

e faleceu em Manaus, em 11.04.2010.


quinta-feira, abril 30, 2020

2º BATALHÃO EM ITACOATIARA



O 2º Batalhão de Polícia aquartelado em Itacoatiara completa hoje 39 anos de inauguração. Quando do evento era seu comandante o tenente-coronel Ilmar dos Santos Faria (1980-81).

Dia da inauguração (foto pessoal)

Esta OPM (Organização Policial Militar) foi criada em setembro de 1970, com a denominação de Candido Mariano, destinada a coordenar o policiamento do Interior. Ao tempo, este serviço era cumprido por destacamentos, diria, independentes, pois o comando estava em Manaus. Lembrando que o transporte e a comunicação eram de deficiência excepcional.

As necessidades apontadas e o cuidado que deveria exercer o comando-geral sobre os destacados, levou à criação do CPI (Comando do Policiamento do Interior), em 1976. Em decorrência dessa evolução o 2 º Batalhão foi transferido para a Velha Serpa. Todavia, a mudança somente ocorreu em agosto de 1979, sob o comando do falecido coronel Humberto Henrique Soares.

Enquanto o quartel esteve em construção, a tropa foi alojada num imóvel pertencente a Diocese, situado na avenida central.

quarta-feira, abril 22, 2020

PMAM: NOTAS HISTÓRICAS (3)


O primeiro governador do Amazonas quando do Governo Militar foi Arthur Reis (1964-67). Assumiu o Poder em julho daquele ano, em substituição a Plínio Ramos Coelho, que deixava seu segundo mandato de governador. A Força Estadual era um descalabro, repleta de embaraços, desde material até pessoal, sem contar a baixa remuneração e a baixa escolaridade de seus integrantes. O quartel de construção centenária reclamava consertos.
Quartel do comando-geral da PMAM, em Petrópolis,
inaugurado em 1970

O comandante da PMAM era o tenente-coronel (interino) Moutinho Junior, que assumiu depois que o comandante efetivo, 1.º tenente PM Alfredo Barbosa Filho, “desertou” da corporação. A seguir, o governador recebeu para o comando da PMAM o tenente-coronel EB Nardi de Souza (cujo filho, general Nardi, comandou o CMA).
Arthur Reis, respeitado historiador, em particular sobre a Amazônia, conhecia as trajetórias percorridas pela PMAM. Com esse perfil, no ano seguinte, no aniversário desta entidade, então festejado em 3 de maio (1876), baixou o decreto 188/65 – “denomina de Batalhão Amazonas o atual batalhão da Polícia Militar”.

Explico: a PM era força auxiliar do Exército, estruturada como um batalhão da Força de Terra. Desse modo, o batalhão policial tomou a denominação de “Amazonas”. Quando em 2 de setembro de 1970, foi criado o 2º Batalhão (decreto 1854/70) com a denominação de Candido Mariano (atualmente hospedado em Itacoatiara), o 1º BPM, em vias de ser instalado em Petrópolis, manteve aquela denominação. 
 
Recorte do citado periódico
Repetindo: na “antiga” data do aniversário da PMAM, o governador prestigiou a solenidade, na qual declarou aos policiais sobre a construção de novo quartel. Mais: já cuidava do projeto o arquiteto Severiano Porto. A promessa foi divulgada pelo Diário da Tarde (3 maio 1965) e efetivamente cumprida em 1970, pelo governador Danilo Areosa.

Portanto, o quartel de Petrópolis encontra-se no ano de seu cinquentenário. Assim como a criação do 2.º Batalhão.


sexta-feira, abril 10, 2020

ANÍSIO MELLO: HÁ 10 ANOS


Completa-se neste sábado o primeiro decênio da morte do multiartista Anísio Mello. Nascido em Itacoatiara em 1926, morreu em Manaus, no antigo Hospital Getúlio Vargas, no domingo 11 de abril. 

Acompanhei-o nos derradeiros anos de vida, encerrado com a consumação de sua morte e enterramento no cemitério São João. Ao tempo, o envelhecido artista morava na avenida Joaquim Nabuco, em prédio secular da família, cuja referência era o Hospital Beneficente Portuguesa.
Entre as inúmeras atividades e efetivação de projetos, Anísio dirigia o Centro de Artes Ester Mello, ateliê de pintura inaugurado por sua genitora. Nesse endereço passaram alguns de nossos bons artistas plásticos. Ali igualmente entulhava-se sua produção: livros nas estantes empoeiradas, disco e partituras e violão esquecidos pela parede, telas e mais telas de todos as medidas pelas divisórias da casa, os desenhos de seus alunos entre recortes de jornais. O artista parecia não se importar com sua custosa obra.
Com sua morte, tudo isso maltratado ficou para trás, e seguiu descurado por quem cabia de direito. Arrecadei alguns objetos, confesso, antes que o esquadrão da limpeza não os lançasse ao camburão.
Alguns deles ilustram esta página: são cartões diversos, convites e dois haicais; manifesto com esta a reminiscência do mestre de tantas artes, que se foi há dez anos. Enfim, tentei junto com amigos promover um movimento literário capaz de possibilitar que Anísio Mello fosse mais bem apreciado, porém, até o coronavírus nos impediu.
Amanhã, tem mais.




Convites recebidos pelo homenageado