Quartel da Praça da Polícia |
Plínio Ramos Coelho, ao assumir o governo em 1955, escolheu o major EB Cleto Potyguara Veras para comandar a Polícia Militar. Esta instituição, segundo o governante, foi encontrada sucateada, sob o heroico comando do tenente-coronel PM Neper da Silveira Alencar.
Elevado ao posto de coronel para exercer esse comando, ele
trouxe para a Força Estadual o dinamismo da Força Terrestre, tanto na instrução
quanto na administração, tendo permanecido no comando até 1959.
Depois anos depois da posse, o coronel
Cleto colaborou com ampla reportagem sobre a corporação, exibida no jornal A Crítica (2 dezembro de 1957), da qual recuperei partes essenciais.
A
publicação aludida esclarece os caprichos, os acertos deste comandante, porém,
há registros, aqui já divulgados, de sua intolerância com oficiais. Uma delas bastante
referenciada: aconteceu entre este e o major Júlio Cordeiro, os quais foram “pra
porrada”, em frente da tropa. Contudo, o coronel Cleto Veras deixou na cidade e
no governo de Plínio Coelho resultados benéficos para a Segurança Pública.
Título da publicação mencionada - A Crítica, 02 dezembro 1957 |
QUEM É O COMANDANTE
Dando um exemplo
raro, jamais tendo chegado no quartel depois das 7 horas da manhã, o coronel Cleto
Veras imprimiu com o seu exemplo, à vida da corporação, um ritmo eficiente e
produtivo de trabalho. No curto desta reportagem, fomos de serviço em serviço. Pedíamos
para examinar os livros, solicitávamos dados, informações, detalhes. Tudo nos
era fornecido com precisão, com eficiência, com presteza. (...)
O coronel
Cleto Veras está presente nos menores setores da vida de seu quartel. De quando
em vez, de surpresa, é comum verem os soldados o coronel sentar-se à sua mesa, no
rancho. Por esse modo, o comandante controla e fiscaliza de perto e pessoalmente,
o que é servido aos seus soldados, aos quais deseja bem alimentados e dispostos
aos pesados encargos da vida militar.
Um trabalho
racional e inteligente de abastecimento das despensas da corporação, em que o
aspecto da economia não é de forma alguma esquecida e, muito pelo contrário,
aplicado com rigor e ótimos resultados presidem os cuidados com a alimentação
dos soldados, que é farta e boa.
CAMPANHA DE CANUDOS
Ao seu lado,
serena na sua imponência, falando uma linguagem muda, mas altiloquente de heroísmo
e frêmitos guerreiros, está a espada empunhada por um bravo oficial amazonense
nos combates de Canudos, tendo em baixo, num quadrozinho emoldurado, a seguinte legenda:
“Esta espada que aqui se vê foi conduzida honrada,
honesta e bravamente, em benefício da República, pelo major José Augusto da Silva
Junior, do qual então eu era comandante. E, por ser verdade, firmo o presente.
Manaus, 15 de agosto de 1903.
(a) Candido José Mariano.”
NO SALÃO DE ARMAS, UMA ATMOSFERA DE PASSADO
Bem no centro
do grande edifício onde se localiza o quartel da Polícia Militar, limitado
pelas praças João Pessoa e Ribeiro Junior e ruas José Paranaguá e Lima Bacury, está
o salão de armas. Ali, no silêncio profundo que parece estar todo o tempo
aumentando pela solenidade das armas antigas que pendem das paredes e pelos móveis
antigos, lavrados à mão, ouvindo apenas de muito longe, os rumores da rua e das
vozes de comando que chegavam do pátio, onde a tropa fazia evoluções,
trabalhamos grande parte desta reportagem.
Num dos cantos
dentro de um armário, carinhosamente está a bandeira que os bravos expedicionários
amazonenses empunharam nos combates em Canudos. Está também a histórica espada já
antes referida. As paredes ornadas com antigas armas medievais e espanholas,
falam de um passado glorioso. Ao fundo duas pesadas armaduras, autênticas, originárias
do século XIV provocam perguntas. [As armaduras
são réplicas, decorativas, adquiridas da França.]
OFICIAIS CORRETOS, CUMPRIDORES DOS SEUS
DEVERES
Para a realização
dessa obra, que se constitui na apresentação da Polícia Militar de forma tão
impecável, como nunca ela esteve em fase alguma da sua existência, o coronel
Cleto Veras tem contado com a colaboração estreita e eficiente dos seus
oficiais, homens que, compreendendo as suas obrigações, não se esquivaram em cooperar
estreitamente com o comandante no trabalho que se propôs a realizar, de dignificação
da Corporação.
O corpo de comando da Polícia Militar está
assim composto:
Subcomandante — major Manoel José Moutinho Junior, que acumula as funções de capitão-fiscal [foi comandante-geral interino em 1964].
Tenente-secretário — tenente Alcimar
Guimarães Pinheiro; Além do quadro de comando, a Polícia Militar é composta das
seguintes subunidades:
CCS [Companhia
de Comando e Serviços] – comandada pelo capitão João Teixeira;
1ª Companhia de Fuzileiros – comandada pelo
capitão Omar Gomes da Silveira [foi
comandante-geral em 1967-68]
2ª Companhia de Fuzileiros – comandada pelo
capitão João Pinheiro de Almeida;
Companhia de Policiamento Urbano (Cosme e
Damião) – comandada pelo capitão Júlio Cordeiro de Carvalho.
COSME E DAMIÃO – UM RETRATO VIVO DA PME DA
ATUALIDADE
Deixamos propositadamente para encerrar esta reportagem com a Companhia de Policiamento Urbano (da Polícia Militar do Estado. Seus soldados, que a população lembrando os seus colegas cariocas, batizou carinhosamente de “Cosme e Damião”, já se encontram conhecidos de toda a cidade. Patrulhando as ruas e praças, em duplas, numa posição característica, dão eles – esses soldados – um retrato bem vivo do que é a Polícia Militar de hoje.
Severos, enérgicos, serenos, mas inflexíveis
no cumprimento do seu dever, os “Cosme e Damião” já se tornaram, para os
habitantes desta cidade um símbolo de segurança e garantia.
Até mesmo na difícil e sempre árdua fiscalização
dos mercados e feiras (economia popular) onde outras autoridades falham
lamentavelmente, os Cosme e Damião revelam uma eficiência que conseguem uma
coisa dificílima: a confiança do consumidor.
FINALIZANDO
Esta
reportagem, que contou com a cooperação de todos os seus elementos, desde o
coronel Cleto a todo e qualquer soldado ao qual recorremos, deseja se constituir
numa homenagem a essa instituição militar que em 81
anos de existência, tantas glórias e alegrias já deu ao Amazonas.
(Nota: a partir de 1972, a criação da PMAM teve nova datação, 4 de abril de 1837)
Nenhum comentário:
Postar um comentário