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terça-feira, maio 21, 2019

ÁLVARO MAIA – 50 ANOS DE MORTE (3)


Alvaro Maia

Em duas publicações (28 e 30 de abril passado) lembrei da morte de Álvaro Maia, acontecida há 50 anos. Para completar o serviço, recorro ao jornal A Crítica, do dia imediato, para observar o sepultamento do Tuxaua, que foi realizado no cemitério São João Batista, em 5 de maio de 1969. 

A morte do senador Álvaro Maia comoveu todo o povo amazonense que teve no "Tuxaua" o seu maior líder. O desaparecimento do maior homem público do Estado foi lamentado por todos, sem distinção de classe, credo político ou religioso. Do governador do Estado ao mais simples cidadão, uniram-se os amazonenses para o último adeus.


CHORO DO COVEIRO
O coveiro João Lopes derramou lágrimas de dor sobre a sepultura perpétua n° 34.634, quadra 8, da família Botelho Maia, situada bem atrás do jazigo perpétuo da família Plínio Coelho, ao enfiar a enxada no barro mole juntamente com os coveiros Jardelino Sampaio e Hermeneglido Nazaré Ligeiro.
Todos estavam silenciosos e os instrumentos batiam seca e vagarosamente na terra, numa operação que se iniciou às 8 horas da manhã e terminou às 11 horas. Enquanto cavavam a sepultura, os coveiros comentavam em voz baixa a vida de Álvaro Maia, havendo João declarado: “Era um grande homem. Eu tenho até desgosto em cavar sua sepultura”.
Cliche do Jornal do Commercio, 6 maio 1969
 Presentes, o governador Danilo Matos Areosa, general Edmundo Costa Neves, secretários de Estado, representante da Assembleia Legislativa e o arcebispo de Manaus, Dom João de Sousa Lima, além de alunos fardados do Colégio Estadual do Amazonas e Colégio Dom Bosco.
A Marcha fúnebre número 1, de Orestes Ribeiro foi tocada pela Banda de Música da Polícia Militar, sob o comando do mestre de banda Tenente [Raimundo] Bezerra, ao transpor o carro que conduzia o caixão pela porta do cemitério São João Batista -- lado da rua Belém. A sirene do carro da DET passou a tocar em ritmo compassado.

SEPULTAMENTO E DISCURSOS
O corpo do ex-interventor e ex-governador do Amazonas baixou à sepultura ao som da Marcha Fúnebre n° 2, executada pela Banda da PM. Populares choravam emocionados, e o coveiro João Lopes puxava os cabelos em estado de desespero.

Vários oradores prestaram a última homenagem ao senador. (...) Frisando ser o orador oficial do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), o padre Nonato Pinheiro esclareceu que "a pulcritude crepuscular de Álvaro Botelho Maia sempre o projetou: ele era como o sândalo que perfuma o machado que o fere. Aos seus inimigos, respondia com a bondade, o que marcou trânsito fascinante da sua passagem da vida para a alvorada da História". 
Capela e cruzeiro do cemitério 
Finalmente, o universitário Fábio Lucena Bittencourt, falando em nome do corpo discente da Faculdade de Direito, manifestou a expressão de reconhecimento das gerações do pós-guerra a todos que, como Álvaro Maia, jamais conspurcaram o Direito no exercício do Poder.  O jovem orador pediu a Álvaro Maia que implorasse a Jesus pelos pobres e oprimidos que morrem na sarjeta “assassinados pela fome, pela dor e pelo sofrimento”.
LUTO OFICIAL
Nas primeiras horas da manhã de ontem, o governador Danilo Areosa decretou luto oficial por três dias, determinando que fossem prestadas honras de Chefe de Estado ao falecido senador Álvaro Maia. 

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