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Convite expedido pela Academia Amazonense de Letras |
CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS
segunda-feira, outubro 31, 2011
ACADEMIA AMAZONENSE DE LETRAS
domingo, outubro 30, 2011
PONTES DE MANAUS (3/4)
Após as quatro pontes construídas no governo de Eduardo Ribeiro, decorreram mais de três décadas até que o governo do
Amazonas edificasse uma nova ponte. Ocorreu no governo de Efigênio Salles (1926-1930).
Trata-se de outra ponte romana de pequeno porte (menos de duzentos metros), que
serviu para extinguir o insulamento do bairro de Constantinópolis (agora
Educandos).
Mas a história desta ponte tem outro componente, a própria comunidade, sob a liderança de Jacques Souza Lima, Júlio Barbosa e Pedro Telles, que fundam a Sociedade Esportiva de Constantinópolis. Isto e tudo sobre o bairro de Educandos quem melhor narra é o jornalista Cláudio Amazonas.
Sucede que os moradores do bairro somente se ligavam
com o centro de Manaus utilizando as catraias. O governo, exigido pelos
lideres, negociou a seguinte empreitada: a Sociedade Esportiva se encarregaria
de abrir a “estrada” de Constantinópolis (agora av. Leopoldo Péres) e o
governo, da ponte necessária para atravessar o igarapé da Cachoeirinha.
Assim, utilizando pás, enxadas e facões (terçados), e partindo
do Alto, os moradores ultrapassaram a Baixa da Égua, seguiram com a picada em
direção ao bairro da Cachoeirinha. Limparam, para isso, a “estrada” de 20m de
largura e 1550m de extensão, consumiram 608 dias (pouco mais de um ano e oito
meses) na obra.
Conforme acordado, o governo fez construir uma ponte romana sobre o igarapé. A engenharia buscou as margens mais próximas, encontrando no local denominado de Pancada.
A ponte, projetada e construída pelo engenheiro Antonio Rodrigues Vieira Junior, e iniciada em 1927, foi inaugurada dois depois com o nome do governador. Seguiu servindo ao tráfego de veículos e pedestres até a construção da ponte JK, em 1958.
Atualmente, com a remodelação do local, esta ponte foi desativada, servindo apenas de decoração.
A ligação ocorreu no igarapé do Franco, depois de passar pelo bairro da Glória, já na av. Leopoldo Neves (hoje, injustamente mudada para Kako Caminha). Em nossos dias, ainda devido a recuperação urbanística de Manaus, segue atendendo o trânsito no sentido bairro-centro. (segue).
Mas a história desta ponte tem outro componente, a própria comunidade, sob a liderança de Jacques Souza Lima, Júlio Barbosa e Pedro Telles, que fundam a Sociedade Esportiva de Constantinópolis. Isto e tudo sobre o bairro de Educandos quem melhor narra é o jornalista Cláudio Amazonas.
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Detalhe do jornal comemorativo, editado por Cláudio Amazonas, vendo-se o governador Efigênio Salles |
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A ponte (à esq.) e a Baixa da Égua, na inauguração, no jornal comemorativo de Cláudio Amazonas |
Conforme acordado, o governo fez construir uma ponte romana sobre o igarapé. A engenharia buscou as margens mais próximas, encontrando no local denominado de Pancada.
A ponte, projetada e construída pelo engenheiro Antonio Rodrigues Vieira Junior, e iniciada em 1927, foi inaugurada dois depois com o nome do governador. Seguiu servindo ao tráfego de veículos e pedestres até a construção da ponte JK, em 1958.
Atualmente, com a remodelação do local, esta ponte foi desativada, servindo apenas de decoração.
* * *
Somente duas décadas depois, em 1948, os sãoraimundenses,
carinhosamente alcunhados de “bucheiros”, foram libertos pela construção de uma
ponte, que permitia o tráfego rodoviário com o centro de Manaus.
Esta edificação leva o nome de Eurico Gaspar Dutra, então
presidente da República, e a homenagem ocorreu pelo incentivo financeiro
disposto pela União. Na esfera estadual, que seguia sem recursos, era
governador, Leopoldo Neves, mais conhecido pelo apelido familiar de Pudico. A ligação ocorreu no igarapé do Franco, depois de passar pelo bairro da Glória, já na av. Leopoldo Neves (hoje, injustamente mudada para Kako Caminha). Em nossos dias, ainda devido a recuperação urbanística de Manaus, segue atendendo o trânsito no sentido bairro-centro. (segue).
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Educandos
sábado, outubro 29, 2011
Memórias amazonenses (LXX)
Outubro, 29
As Lojas Populares existiu nesse trecho da av. Eduardo Ribeiro |
2001 – As Lojas Populares, de propriedade de Braga & Cia, encerram as
atividades em Manaus, depois de 55 anos de existência. Compunham-se então de
três supermercados: situados na av. Eduardo Ribeiro, Av. Pedro Teixeira (conj.
Dom Pedro) e Av. Silves (igarapé do Quarenta).
Passaram ao controle do grupo Supermercados DB.
2002 – Morreu em Manaus,
José Brás de Chermont Rayol, que era vereador, quando, em 1994, foi atingido por
um AVC e, nessa condição, manteve-se oito anos em estado de coma. Nascido em
Belém (PA), e exerceu a superintendência
de Habitação do Amazonas (SHAM).
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Avenida Eduardo Ribeiro
sexta-feira, outubro 28, 2011
PONTES DE MANAUS (2/4)
Ponte Benjamin Constant ou de Ferro |
1. Ponte de Ferro ou Terceira Ponte (em razão de que existem mais duas na mesma avenida), originalmente denominada de Benjamin Constant. Lançada sobre o igarapé do Mestre Chico, liga o centro com o bairro da Cachoeirinha, que então estava sendo arruado.
A estrutura metálica desta ponte pesava setenta toneladas e foi importada, obviamente, da Inglaterra. Sua inauguração ocorreu em 7 de setembro de 1895 e, há dois anos, recebeu suntuosa recuperação, quando também foi reconquistado seu entorno pelo programa de recuperação de igarapés de Manaus (Prosamim).
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Ponte Campos Salles, de ferro sobre o igarapé da Cachoeira Grande, hoje Bilhares |
2. Igualmente de ferro, em 18 de setembro, o governo inaugurou
a Ponte da Cachoeira Grande ou de Eduardo Ribeiro, mas oficialmente de Campos
Sales. A ponte situada no então bairro de Flores resistiu ao tempo, tendo
sofrido recentemente uma recuperação e a companhia de nova ponte (esta em
alvenaria), para atender a expansão viária de Manaus. Ponto de referência: av.
Constantino Nery, próximo as torres do Millenium.
3. Ainda na av. Sete de Setembro, em 5 de julho de
1896, foram inauguradas duas pontes romanas, construídas sobre os igarapés de
Manaus e de Bittencourt. Ainda servem ao trânsito em geral.
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Primeira ponte - Floriano Peixoto, acima, e a Marechal Deodoro, abaixo |
Como referência, antecede ao Palácio Rio Negro (sede do governo até 1996), agora Centro Cultural.
4. A segunda, situada na esquina seguinte, leva o nome de
Marechal Deodoro, mas, como vem na sequência, é mais conhecida como Segunda
Ponte. Também suas margens receberam cuidados urbanísticos e foram dotadas de
recursos para o acolhimento de público e apresentação de artes.
Somente mais de três décadas depois, o governo do Estado
conseguiu construir nova ponte, outra ponte romana de pequeno porte, que tirava
o bairro de Constantinópolis (agora Educandos) do isolamento. (segue)
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Eduardo Ribeiro
quinta-feira, outubro 27, 2011
PONTES DE MANAUS (1/4)
Aproveito o ensejo da inauguração da mais nova ponte,
para relembrar as principais pontes construídas em Manaus. Na segunda-feira,
24, aniversário da cidade, a presidenta Dilma Rousselff veio prestigiar a
solenidade, montada a beira do rio Negro, que dá nome a ponte.
Também convidado, caro Rogel Samuel, compareceu o antecessor da presidenta da República que, a cada dia, me parece mais ridículo. Tanto que, nesta festa, esteve macaquiado de índio. Talvez quisesse acentuar que todos aqui pertencem a mesma tribo.
A ponte inaugurada, ligando as duas margens do rio
Negro, está entre as maiores do país. Mas, o que a imprensa alardeou foi o
valor final da obra: a ponte de um bilhão de reais. Quase o dobro do previsto.
Especula-se que mudanças elevaram-lhe o custo, e, para explicar, tomo a
liberdade de invocar uma das tantas lendas amazônicas. Tal qual o desempenho do
boto (cetáceo fluvial) com as mulheres, na ponte atuou a “cobra grande”, capaz
de engolir transatlântico.
É conhecida por Ponte da Vila a primeira ponte que se
tem notícia. Em data aproximada de 1825, foi construída em madeira, claro, e
lançada sobre o igarapé da Ribeira, hoje aterrado. Ligava o “bairro” de São Vicente
(início da atual av. Sete) com o do Espírito Santo (atual av. Eduardo Ribeiro).
A Ribeira começava próximo onde hoje se encontra a centenária Loja 22 Paulista,
e rolava em direção à baia do rio Negro.
Sem data conhecida, mas antes que se instalasse em sua margem direita o Seminário São José (1848), hoje marcado pela agência do Banco do Brasil, ocasião em que a Ribeira tomou a alcunha de igarapé do Seminário.
Nesse período, três pontes ultrapassavam o igarapé do
Espírito Santo (agora av. Eduardo Ribeiro), a de maior destaque encontrava-se no
entroncamento com a hoje av. Sete de Setembro, próxima a Matriz. Era conhecida
pelo nome deste curso de água ou do imperador Dom Pedro II. Há um registro desta
edificação em “bueiro” localizado pelo acadêmico Antonio Loureiro, e de cuja
inspeção participei.
Com a República, e com a prosperidade do Amazonas, foram construídas na última década do século XIX, quatro pontes. Listamos na próxima postagem, pela ordem de inauguração. (segue)
Também convidado, caro Rogel Samuel, compareceu o antecessor da presidenta da República que, a cada dia, me parece mais ridículo. Tanto que, nesta festa, esteve macaquiado de índio. Talvez quisesse acentuar que todos aqui pertencem a mesma tribo.
Ponte Rio Negro, em Manaus. Foto: Chico Batata |
Dois parágrafos sobre a topografia da capital baré para
esclarecer o número de pontes. Plantada à margem esquerda do rio Negro, Manaus
possui o privilégio de assistir ao fenômeno do Encontro das Águas, na
confluência dos rios Negro e o Solimões. Em nossos dias, já incluído no seu
perímetro urbano.
A cidade segue limitada pelas águas, os grandes rios
nos termos regionais, e os igarapés, que dividiam e isolavam bairros. Dos mais
antigos, Educandos e São Raimundo levaram décadas para ter ligação terrestre com
o Centro. Até então, servia de transporte a catraia, como bem descreve Áureo
Nonato, em livro de memórias. As informações a seguir foram alicerçadas em obra
de Mário Ypiranga Monteiro (1909-2004).![]() |
Ponte de madeira dos Remédios, próxima do Palácio dos Presidentes (1858-59) |
Sem data conhecida, mas antes que se instalasse em sua margem direita o Seminário São José (1848), hoje marcado pela agência do Banco do Brasil, ocasião em que a Ribeira tomou a alcunha de igarapé do Seminário.
Já na Província, em 1881, foi instalada sobre o igarapé
dos Remédios, que desaguava no rio no trecho onde foi construído o antigo Hotel
Amazonas (agora, Condomínio Ajuricaba) a ponte de ferro comprada a Inglaterra.
Serviu para ligar o centro com aquele bairro. Este curso também foi aterrado e,
dessa maneira, a ponte existiu até 1899, quando foi desmontada e... sumiu.
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Ponte sobre o igarapé do Espírito Santo, vendo-se a Matriz em construção |
Com a República, e com a prosperidade do Amazonas, foram construídas na última década do século XIX, quatro pontes. Listamos na próxima postagem, pela ordem de inauguração. (segue)
quarta-feira, outubro 26, 2011
Dez anos de Tenório Telles na Academia
Tenório Telles na Saraiva |
E assim se passaram dez anos... desde quando o festejado professor Tenório Telles
tomou posse na Cadeira 16, cujo patrono é João Leda, da Academia Amazonense de
Letras. A solenidade de investidura acadêmica ocorreu a 26 de outubro de 2001,
presidida pelo poeta Max Carphentier e com a saudação de praxe foi laborada pelo saudoso
economista Ruy Lins.
Começava assim uma renovação naquele sodalício. A idade
do novel acadêmico sinalizava para tal objetivo, Tenório Telles, nascido nos
barrancos do paraná de São Tomé, no município de Anori (AM), possuía então 38
anos. Estava licenciado em Letras, com habilitação em língua portuguesa e
literatura brasileira e portuguesa, e graduado em Direito, ambos na
Universidade Federal do Amazonas.
Empenhado na produção da Editora Valer, tornou-se um
editor de competência, tendo revolucionado o mercado livreiro do Amazonas. Na
busca de novos leitores, teve a envergadura de promover o Flifloresta (festival
de livros em Manaus contando com a presença de escritores nacionais e
estrangeiros), em 2009. Reprodução deste empreendimento alcançou alguns
municípios amazonenses, como o Careiro da Várzea, Maués e Parintins. Tenório Telles na Valer |
Tenório Telles tornou-se então demais conhecido, que se
torna enfadonho repetir aqui suas conquistas. Hoje pela manhã o visitei, para lembrar-lhe
da efeméride. Ficou surpreso, de fato, pela “longa” data. Mesmo chegado de São
Paulo pela madrugada e com inúmeros afazeres sobre a mesa, respondeu-me com o
texto abaixo ao prazer em ser “imortal”. Vida longa!
Encarei a Academia, desde os primeiros momentos, como uma
responsabilidade. Ao longo desses 10 anos procurei respeitar o espírito
acadêmico, o conhecimento como fundamento da existência das academias e,
especialmente, a fidelidade à liberdade de pensamento e a independência
intelectual.
Entendo que os intelectuais têm uma função transformadora
na sociedade. Até porque o conhecimento é como um farol: ilumina e permite às
pessoas olhar a realidade de forma diferente. Como diz o texto bíblico, a
verdade liberta. E é claro, quem pensa, reflete... não tem só um outro olhar,
tende a ter uma postura pautada em princípios morais efetivos. Não estou
falando de moralidade.
Assim foi a minha estada na Academia: procurei contribuir
com a continuidade de sua tradição, com os debates, com os eventos, sobretudo
com sua atividade editorial. Ajudei na publicação de dezenas de livros, na
produção da Revista e demais veículos de informação da entidade. Além da
contribuição intelectual, sempre me empenhei em preservar a instituição,
resguardando suas normas e sua significação cultural e social. É claro que isso
tem um preço, principalmente porque tem gente que encara a Academia de outra
forma.
O tempo passa tão depressa... Já se passaram 10 anos.
Bem, nessa década de presença na Academia, penso que ajudei a manter viva a
tradição do pensamento e do debate livre, sobretudo no processo de diálogo com
a sociedade por meio dos debates e palestras que proferi no seu salão azul.
terça-feira, outubro 25, 2011
DIA DO AVIADOR
Luiz Ruas, homenageado pelo colégio Batista das Américas |
Quando, em 1956, o Brasil comemorou o cinquentenário dessa conquista, aqui em Manaus, o padre-poeta Luiz Ruas emocionou seus leitores com o texto que reproduzo, publicado em A Crítica (22 out. 1956).
Bagatelle
AMANHÃ é
o dia 23 de outubro. Uma data que, por sua incalculável repercussão na história
da humanidade com toda a seriedade possível, com toda a seriedade que é capaz
de comportar o fato por ela evocado: o início da aviação. Bagatelle será, para
sempre, apesar das inúteis tentativas de usurpação do direito de propriedade, o
foco, a estaca nº 1, de um dos principais fatores que vêem construindo o mundo
moderno. Podemos, pois, dizer, sem medo de exagero, que Alberto Santos Dumont
é, não só o “Pai da Aviação”, mas é também um dos genitores da idade moderna e,
talvez, um dos maiores.
Sua
figura ressalta das brumas do passado como se fora uma estrela ou um cometa,
traçando para os homens, nos espaços abertos os roteiros para o Natal de uma
idade nova. Céus e terra, foram os presentes que este brasileiro, no alvorecer
do século XX, ofertou à humanidade. Porque, por paradoxal que pareça, a aviação
tem como efeito principal descobrir o mundo, pelos caminhos aéreos. Que outros
objetivos, senão a terra e os homens, seriam os de Santos Dumont?
É sabido
que o inventor brasileiro “nunca tirou patente de qualquer de suas descobertas
(por considerá-las de importância capital para o progresso da civilização),
entregando-as ao domínio público”.
A tentação da conquista do espaço parece que é congênita ao homem. Creio mesmo que uma história do mundo poderia ser escrita em torno deste fato. O homem da caverna já pensava nisso e a fábula grega de Dédalo e Icaro derretendo suas asas de cera ao calor do sol é, sem dúvida, uma página de rara beleza, iniciando-se com ela a resenha dos mártires que tentaram se desprender da terra e percorrer os itinerários do céu.
O gênio humanista de Leonardo da Vinci, a figura quase mítica do Padre Voador, outro mártir da aviação, mártir não de desastres, mas da ignorância, das supertições, do atraso da corte portuguesa; os Montgaltier, Pilatro de Rozier a primeira vítima da navegação aérea justamente quando tentava a travessia da Mancha no dia 15 de junho de 1785, todos esses foram os grandes precursores da aviação nos séculos XVII e XVIII.
O século XX iria resolver o problema da dirigibilidade dos balões, solução oferecida ao mundo por Alberto Santos Dumont, no dia 12 de julho de 1901, com o “Santos Dumont nº 6”, com o qual conquistou o prêmio Deutsch, contornando a torre Eiffel no dia 12 de outubro do mesmo ano, Santos Dumont distribuiu o prêmio entre seus operários e pessoas necessitadas.
Dois problemas, porém, persistiam, desafiando a argúcia dos pesquisadores, e que resolvidos, transformariam a navegação aérea de mero sonho numa fantástica realidade. O primeiro consistia na adaptação de um motor facilmente transportável que imprimisse velocidade suficiente ao aparelho para mantê-lo no ar e o segundo em dotar o aparelho de um mecanismo que fosse capaz de o dirigir. Um leme.
Foi esta, precisamente, a página luminosa de Bagatelle. No dia 23 de outubro de 1906, Santos Dumont, no seu “14 Bis”, consegue elevar-se a 80 cm do solo, voando 100m, conquistando a taça Archdeacon e antecipando-se a outros pesquisadores que tentavam também a solução, em muitas partes do mundo.
Bagatelle é a cidade-mãe das glórias irretorquíveis da aviação. Depois das experiências finais realizadas por Santos Dumont, depois do aparecimento de “Demoiselle” a humanidade estava de posse de um dos maiores tesouros dentre os que já lhe ofertou o esforço da inteligência. Será demais dizer que a história do mundo neste século, tem sido escrita à sombra das asas dos aviões? A literatura, a economia, a política, a religião, devedores todos do Pai da Aviação, deviam rodear, no dia de hoje, o mausoléu de Alberto Santos Dumont e aí depositar, não orações arrebatadas ou coroas de flores inúteis, mas o juramento sincero de utilizar o seu invento ou os seus inventos para o fim que ele tinha em mente: o bem da humanidade, o progresso da civilização.
Bagatelle deve, especialmente, ser gravada no coração e na inteligência dos nossos jovens. Não, porém, uma Bagatelle parcial, não somente a Bagatelle do aprimoramento da técnica ou a Bagatelle dos arroubos inúteis de certo patriotismo estouvado. Mas a Bagatelle integra.
Aquela que nos oferece a imagem total do verdadeiro trabalho humano. Aquela que nos dá o esforço do sábio, a generosidade do homem, a humildade do talento, o exemplo palpitante dos que trabalham movidos unicamente pelo bem do gênero humano.
Nesses dias em que vivemos atolados e afogados num mar de ódios, de ambições, de intrigas, de completa carência de desprendimento por parte daqueles que deviam ter olhos para ver somente o bem das comunidades e que, infelizmente, só vêem a si mesmos.
Nesses dias em que a honra, a fibra, o caráter, o brio, a vergonha levaram sumiço, nesses dias de ambições políticas e econômicas, de fraudes, de roubos e crimes inomináveis, Bagatelle deve ser reconstruída, Bagatelle deve ser focalizada com todas as luzes possíveis e, antes de tudo, com as luzes que jorram de dentro dela, Bagatelle vale por si mesma.
É uma autentica lição de patriotismo, de generosidade, de amor à ciência, ao estudo sério, de amor à humanidade. Lição que continua viva naquilo que a aviação possui de mais vivo. Lição que cintila em páginas humanas, palpitantes e ternas como as de um Saint Exupéry.
Lição que se prolonga nas jornadas heróicas do nosso Correio Aéreo Nacional, que rasga os céus do Brasil, devassa os nossos sertões brutos e vão, à custa de riscos indizíveis, construindo a unidade nacional, levando aos lugares mais esquecidos, aos rincões mais longínquos, um pouco de civilização, um pouco de brasilidade, de comunhão humana, desbravando, alargando, conquistando, continuando o trabalho dos descobridores lusos e dos imortais bandeirantes.
Amanhã quando, no Campo dos Afonsos, na Capital da República, a reprodução do “14 Bis” cortar os céus brasileiros, no 50º aniversário do vôo de Bagatelle, praza a Deus, que a lição de Alberto Santos Dumont, brilhe para o mundo como um anseio de confraternização e para o Brasil, sua dilacerada pátria, sua e nossa, como um estímulo de recuperação, pelo menos para os que apesar de todas as traições e decepções, ainda se sentem com coragem, pelo menos, de lutar, para que o Brasil se oriente, livre, para os destinos altaneiros que lhe sonharam os seus filhos imortais.
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L. Ruas
segunda-feira, outubro 24, 2011
Batista das Américas
No sábado, 22 e no próximo, 29 de outubro, neste
centro educacional, os alunos do ensino fundamental e médio estarão apresentando
a Vitrine do Amazonas. Trata-se de uma amostragem dos bens de nosso Estado,
dividida em diversas oficinas. Ocorre sempre nesse período para coincidir com o
aniversário de Manaus, festejado hoje.
Prof. Diego Valois |
Uniforme antigo |
Convidado pelo professor Diego Valois, estive lá no sábado
passado. Foi uma grata surpresa para mim, especialmente pelas fotos antigas do conhecido
colégio do bairro da Cachoeirinha. Recordei o fardamento antigo, tão colorido, que
ensejou alcunha bastante hilária.
Hoje, o progresso é exuberante, não apenas pela extensão
do edifício, mas pela apresentação de atualizado fardamento, das instalações adequadas
e da maneira de conduzir os discentes.
Estendo o convite a todos. Senti-me reconfortado ao ouvir
as falas decoradas ou não dos alunos, o esforço deles relatando fatos que
tivemos oportunidade de apreciar.
Mais ainda. Na sessão sobre os poetas amazonenses,
destacaram três: Anibal Beça, Tiago de Mello e Luiz Ruas. A presença do
padre-poeta na casa de ensino evangélica renovou-me, reforçou a divulgação do
autor de Aparição do clown.
Parabéns a Igreja Tabernáculo Batista, que completa 60
anos de presença em Manaus, e ao colégio Batista das Américas, que alcança os
55 anos de profícua labuta.
domingo, outubro 23, 2011
Aniversário de Manaus: 342 anos
24
outubro
Em 1969, foi cumprida enorme
programação comemorativa do Tricentenário de Manaus, cidade tida como inaugurada
em 1669, com a construção do fortim protetor.
Entre outras festas, teve início a construção da fábrica de jóias BETA, na rua Belo Horizonte esquina da rua Recife, em Adrianópolis. Esta fábrica desapareceu nesta década e, no local, foi construído mais um edifício de escritórios.
1848 – A capital amazonense é elevada de
categoria de cidade, consoante a lei n.º 145, da Assembléia Provincial do Pará,
com o título de Nossa Senhora da Conceição da Barra do Rio Negro. A denominação
foi mantida até 1856, quando assumiu a de cidade de Manáos e, atualmente, de
Manaus.
Ponte Rio Negro sobre o rio de mesmo nome, em Manaus |
Entre outras festas, teve início a construção da fábrica de jóias BETA, na rua Belo Horizonte esquina da rua Recife, em Adrianópolis. Esta fábrica desapareceu nesta década e, no local, foi construído mais um edifício de escritórios.
Ainda nessa data, em 1969, Dom João
de Souza Lima, então arcebispo do Amazonas, toma posse no arcebispado de Manaus.
Esta mudança ocorreu devido a redução do território eclesiástico, em face da
instalação de prelazias na região.
Hoje,
está sendo inaugurada a Ponte Rio Negro, que liga a capital a municípios da
calha dos rios Negro e Solimões. Será um passo concreto e um referencial para o
futuro: vencer as águas que banham, mas que isolam as cidades amazonenses.
sábado, outubro 22, 2011
Mostra do filme etnográfico
A Mostra do filme etnográfico
começou ontem no Palacete Provincial, com discursos, homenagem e coquetel. A
significação deste empreendimento, que já se consolidou, deve-se a professora
Selda Vale, pois, ela realiza tudo.
Na abertura, ela voltou ao
palco três vezes, para diversas funções. Enfim, para encerrar a festa, lá
estava ela retocando a mesa dos frios e dos coquetéis. Sucesso, professora
Selda Vale, vida longa para você e sua MOSTRA.
O festival de filmes
segue até dia 27, entrada franca, veja programação abaixo:
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Material de divulgação |
A V Mostra dá continuidade ao projeto iniciado em 2006, visando a divulgação de filmes produzidos nas Amazônias e a reflexão acerca da representação imagética da região no documentário e no filme etnográfico, além de promover o diálogo entre realizadores e
pesquisadores e preocupar-se com a formação de um olhar mais qualificado, um olhar antropológico, um diálogo visual com o "outro".Nesta quinta edição da Mostra, o homenageado é o cineasta amazonense Aurélio Michiles, que, como aponta Leyla Leong, o "conjunto da sua obra faz dele o intérprete imagético da Amazônia".
Continua Leyla, sua obra "tem sido marcada pela constância e continuidade da temática social, com foco preciso sobre a memória da Amazônia". A mostra Aurélio Michiles, composta de 10 documentários, certamente permitirá visualizar as imagens produzidas e compreender o universo fílmico criado pelo autor.
Parte da programação da Mostra A V Mostra rende homenagem também ao pioneiro do cinema brasileiro, o luso-amazonense Silvino Santos (1886-1970) pelos seus 125 anos na memória daqueles que vêem em suas imagens um registro da historia da região e um olhar, artístico e técnico como nenhum outro, sobre' a vida nesta parte do mundo. Trabalho, cidade e povos indígenas são os focos do seu olhar nesta Exposição. (Divulgação)
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Selda Vale
sexta-feira, outubro 21, 2011
L. Ruas, oitentanos: Nota
Não fosse a persistência do poeta e amigo Zemaria Pinto, eu iria
continuar confundindo. Explico melhor: os oitenta anos do padre Luiz Ruas
acontecem, de fato, em 28 de novembro (segunda-feira). E não, como venho
propalando, no próximo 31 de outubro.
Neste final do mês, a data lembra sua ordenação
sacerdotal, realizada na catedral de Nossa Senhora da Conceição pelo arcebispo
do Amazonas, Dom Alberto Ramos.
Para assinalar a efeméride do nascimento, duas
entidades universitárias – Seminário São José e Universidade Federal do
Amazonas, as quais o professor-padre Luiz Ruas esteve intensamente vinculado,
vão promover encontros distintos.
O Instituto de Teologia, Pastoral e Ensino Superior da
Amazônia (Itepes) já delineou a agenda, contando com minha presença, de Dom
Luiz Vieira, arcebispo de Manaus, e do escritor Tenório Telles.
Poema Afranio de Castro |
Portanto, padre Luiz Ruas nasceu em Manaus, a 28 de
novembro de 1931. Aproveito para reproduzir um poema de Afranio de Castro (O Jornal, 18 nov. 1958), dedicado ao L. Ruas, certamente antecipando o aniversário deste que foi, naquele venturoso ano, efusivamente festejado.
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Afranio de Castro,
O Jornal,
Seminário São José,
Universidade Federal do Amazonas,
Zemaria Pinto
quinta-feira, outubro 20, 2011
Dia do Poeta
Em homenagem ao seu Dia, os poetas do Clube Literário do Amazonas (Clam) realizam um sarau no conhecido ambiente da Livraria Valer (veja ilustração).
Será no início da noite, com entrada franca.
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Os poetas do Clam, em Diário do Amazonas, hoje |
Outra homenagem vem da Academia Amazonense de Letras. O silogeu amazonense abre hoje as inscrições para o concurso Manaus e Poesia, para lembrar os 342 anos da capital, que se comemora segunda-feira, 24.
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José Braga, presidente da AAL, no Diário do Amazonas, hoje |
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