Eduardo Ribeiro |
Eduardo Ribeiro, segundo voz corrente e anotações diversas, enforcou-se em sua residência, apesar de protegido e vigiado por equipe da Força Policial. Solteiro convicto, Ribeiro curava-se de um distúrbio mental, para o qual buscara tratamento na Europa. Por isso, não possuía descendentes e estava sob cuidados policiais.
Os irmãos Silvério e Constantino Nery, em 1893, intentaram destituir do governo a Eduardo Ribeiro. No entanto, este conseguiu manter-se no poder com a sustentação da Polícia Militar. No entanto, a disputa certamente deixou cicatrizes entre os contendores.
Este assunto foi adequadamente tratado pelo historiador Mario Ypiranga no livro Negritude e Modernidade (1990) , mas sem que tenha esclarecido a “causa mortis” do ex-governador Eduardo Ribeiro.
Não se trata de descuido do falecido mestre, hoje ninguém poderá esclarecer o fato. É que não existe o registro do óbito do inesquecível governador. Vou repetir. Não existe no livro da época – acervo do Cartório do 1º Ofício – o registro legal. Logo, o morto foi sepultado no São João Batista com as pompas protocolares, porém sem que o legista tenha verificado a causa do óbito.
O segundo desastre atribuído parcialmente a Silvério Nery é o Bombardeio de Manaus. Não que não tenha acontecido a ofensiva militar. As descrições, assinadas por diversos cronistas, são variadas, assim como fotos que registram a destruição provocada pelo ataque. Portanto, houve o bombardeio, não há a mensuração.
Duas questões me intrigam: sabe-se que o então senador Pinheiro Machado, homem forte da República, decidiu na Capital Federal pela manobra em Manaus. Mas, quem na capital amazonense, quais políticos tramaram o ataque? É sabido que o assalto tinha por motivação destituir o governador Antonio Bittencourt. Acredito que o vice-governador Sá Peixoto e o senador Silvério Nery, atuando no Rio de Janeiro, foram os responsáveis local.
A outra questão diz respeito ao resultado do bombardeio, efetuado pelas forças armadas, coube a Marinha o lançamento das bombas. Os estragos foram de pequena monta, parte do quartel da praça da Polícia; a residência de um desembargador e parte do hospital da Beneficente. Esqueceram de apontar os canhões para o palácio governamental, motivo principal da “guerra”, então situado na praça Dom Pedro II. Ou, em vez de canhoeio, a Marinha preferiu atirar para o alto. Mãos ao alto.
Mortos? Somente dois: um cabo e um soldado da Polícia Militar. Em busca desses militares, fui ao cartório citado. Conferi o livro correspondente e somente encontrei um morto atingido por arma de fogo, o soldado Manoel Francisco Arruda. Os demais mortos foram vitimados pela malária, que então possuía várias denominações.
Sem registros legais fica difícil acreditar em acontecimentos exponencialmente acrescidos de marmeladas.
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