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domingo, agosto 03, 2025

POEMA DOMINICAL (25)

Compartilhado de O Jornal, 25 janeiro 1970, o poema que ilustra este domingo pertence ao saudoso Alexandre Montoril. Nascido no Ceará, porém demonstrou sua competência em Coari, onde foi prefeito, e em Manaus. Nesta capital, pertenceu à Polícia Militar do Estado, e criou os bairros de São Francisco e Petrópolis. Há uma homenageia ao fundador, nomeando o CAIC de Petrópolis com seu nome.
Recorte do jornal citado


— 1 —

Desde o ponto em que toma o nome Solimões,

Seu caudal deslisa enfrentando furacões,

Ao som ruidoso de uma orquestra de titãs,

Que não se descreve, as palavras são vãs,

O painel mais grandioso será singelo,

Em confronto com o natural soberbo e belo;

Porém, sob o entusiasmo do meu canto pobre,

O AMAZONAS É BRASIL! O rio mais nobre!... 

— 2 — Para tanto Musa, dá-me a poesia,

Sob a inspiração ao ritmo da estesia,

Para eu cantar o rei dos rios no Brasil,

E a grandeza dos seus afluentes mil,

Enriquecendo o solo e esmaltando a paisagem,

Na silhueta colorida da folhagem,

Ao gorjeio das aves nas manhãs de sol,

E ao fantástico e maravilhoso arrebol. 

— 3 — De sua riqueza a Natureza se ufana,

Ao seu fascínio não resistiu Orellana!

Decantado por sábios e aventureiros,

Que perlustraram o vale e também os outeiros,

Sob a visão ciclópica de um grande prado,

Pois em verdade o majestoso Eldorado,

E a generosa Terra de Canaã,

E mais que isso o berço rico do Tupã! 

— 4 A gente sente um alivio das próprias mágoas,

Admirando o encontro das suas águas,

Que em versos sublimes Quintino descreveu,

Desse grande amplexo de amor que aconteceu:

(O encontro das águas rio Negro-Solimões)

Abrindo o caminho para as grandes nações,

Surgiu o Amazonas rumo do Nordeste,

Que com seu enorme caudal, o mar investe!... 

— 5 — Ao encontro do seu estuário dantesco,

Sob o panorama querco e pitoresco,

Dá-se o contato gentil dos dois elementos:

Entra o Rio no Mar, ao sabor dos ventos,

Ao compasso harmonioso das ondas do Atlântico,

Ouve-se a sinfonia de um etéreo cântico,

Ao Amazonas — o rio da humanidade;

Mas dentro dos limites da brasilidade... 

— 6 -- Merece todo conceito os seus habitantes,

Honras aos que deram exemplos relevantes,

No passado, há o símbolo de Ajuricaba;

E das Amazonas a tribo Icamiaba,

Que atestam o valor da raça indígena;

E seu cruzamento com o alienígena,

Representa hoje a sua população,

Resultado de boa combinação. 

— 7 — Na estrutura deste modesto poema,

Feito em função do mais alto esquema,

Termino com a rima escorreita e egrégia,

Ao misticismo sem par da Vitória Régia,

E do Uirapuru o feiticeiro cântico;

Porém o mais justo e que ninguém cause espanto,

Pois revela o sentido de um sabor profundo:

— E que o Amazonas será o Celeiro do Mundo!...

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