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quinta-feira, abril 04, 2019

PMAM FESTEJA 182 ANOS



Experimentando a máxima presidencial, de que é providencial conhecer o passado para se assegurar o futuro, escrevo sobre a Polícia Militar do Amazonas, que hoje festeja cento e oitenta e dois anos de existência.

Quartel, quando da construção da Praça da Polícia

Quando ingressei no quartel da Praça da Polícia, esta ainda não completara 100 anos, pois fora criada em 1876. No entanto, estudo historiográfico de 1972 elevou sua velhice para próximo do sesquicentenário. Ou seja, a Força Estadual do Amazonas dispõe de duas certidões de nascimento.

A primeira certidão é de 1876, porém, começo pela segunda, em vigor: o combate à Cabanagem estimulou o presidente da província do Pará a autorizar a criação de uma Guarda Policial em qualquer beiradão (vila ou distrito ou paróquia) da Amazônia. Para tanto, baixou as Normas Gerais reguladoras, com data de 4 de abril de 1837.


Desse modo, pode-se crer que a Polícia Militar começou como força de guerra, disposta para o combate, estreando contra os “cabanos”. Não há, porém, registro de qualquer entrevero ou de quem foram os comandantes dessas organizações. Apenas se tem notícias da presença destas em alguns espaços, hoje denominados de municípios.

Essas guardas – sem vinculação governamental, foram extintas após a instalação da província do Amazonas, ao final dos 1850, diante da indigência financeira provincial. O serviço de segurança era realizado pelo Exército, precariamente. Daí os constantes reclamos de autoridades e dos habitantes pela criação de uma polícia fardada.

Tantos clamores chegaram ao governo Imperial, que auxiliou a província na instalação de sua Guarda Policial, ocorrida em 3 de maio de 1876. Com efetivo de cerca de 100 homens e dois oficiais. Dois meses depois, surgiu o serviço de extinção de incêndios em Manaus. Em decorrência da explosão da borracha, a província prosperou, a corporação cresceu. Instalada a República, o Estado passou a desfrutar de enorme superávit financeiro e a Força Estadual então dispunha de dois batalhões, cada um com sua Banda de Música. Diante de tanta riqueza, o governo estadual auxiliou o federal, enviando um batalhão contra os defensores de Canudos (1897).

Anos 1930 quando da desativação da PMAM
No entanto, veio o baque da produção da borracha ao tempo da Primeira Guerra. O Estado aprofundou-se em crise, levemente superada com a instalação da ditadura de Getúlio Vargas. Em cuja instalação determinou a extinção da Força Policial, em Manaus. Sem guardas, a cidade e as demais comunidades foram protegidas pela Polícia Civil e a Guarda Civil.
Em abril de 1936, a Força volta à atividade. Logo, novamente enfrenta as dificuldades impostas pela Segunda Guerra; porém, devido o imperativo de borracha, o Amazonas recebe vigorosa ajuda financeira. Vinte anos depois, o Amazonas e sua Polícia Militar encontram-se em estado falimentar. Era um simulacro de segurança, assegurava o governador Plínio Coelho.

O governo trabalhista inaugurado em 1955 começa a restabelecer melhorias no Estado. Três governos trabalhistas para diante, instalou-se o Governo (ou ditadura) Militar (1964-85). Óbvio que os militares foram aquinhoados com amplos recursos, testemunhei isso na PM amazonense, recém ingressado na caserna. O Estado igualmente foi favorecido: a efetivação da Zona Franca; a instalação da Universidade Federal; a construção da BR 319; o tratamento dispensado aos presos políticos (dois ex-governadores ainda vivos podem testemunhar).

A cidade de Manaus voltou a se movimentar, a população crescendo, a PM incluiu o milésimo homem em 1972. Ainda não havia mulher no quartel, até que foram bem-vindas. O interior do Amazonas foi sendo ocupado pela Força; o Corpo de Bombeiros abrigou-se na PM em 1973; o policiamento de Rádio Patrulha é desse época; e outras Unidades e mais outras converteram a Polícia Militar do Amazonas nessa Força, que, mesmo deixando seu habitual quartel da Praça da Polícia, segue expandindo seu campo de atuação contando com profissionais competentes.

Celebrando, pois, 182 anos de existência, é mister recordar aos futuros policiais a viajada deste serviço pelos que nos antecederam.


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