Experimentando a máxima presidencial, de que é providencial conhecer o passado para se assegurar o futuro, escrevo sobre a Polícia Militar do Amazonas, que hoje festeja cento e oitenta e dois anos de existência.
Quartel, quando da construção da Praça da Polícia
Quando ingressei
no quartel da Praça da Polícia, esta ainda não completara 100 anos, pois fora
criada em 1876. No entanto, estudo historiográfico de 1972 elevou sua velhice para
próximo do sesquicentenário. Ou seja, a Força Estadual do Amazonas dispõe de duas
certidões de nascimento.
A primeira certidão
é de 1876, porém, começo pela segunda, em vigor: o combate à Cabanagem
estimulou o presidente da província do Pará a autorizar a criação de uma Guarda
Policial em qualquer beiradão (vila ou distrito ou paróquia) da Amazônia. Para
tanto, baixou as Normas Gerais reguladoras,
com data de 4 de abril de 1837.
Desse modo,
pode-se crer que a Polícia Militar começou como força de guerra, disposta para
o combate, estreando contra os “cabanos”. Não há, porém, registro de qualquer
entrevero ou de quem foram os comandantes dessas organizações. Apenas se tem
notícias da presença destas em alguns espaços, hoje denominados de municípios.
Essas guardas –
sem vinculação governamental, foram extintas após a instalação da província do
Amazonas, ao final dos 1850, diante da indigência financeira provincial. O serviço
de segurança era realizado pelo Exército, precariamente. Daí os constantes reclamos
de autoridades e dos habitantes pela criação de uma polícia fardada.
Tantos clamores
chegaram ao governo Imperial, que auxiliou a província na instalação de sua
Guarda Policial, ocorrida em 3 de maio de 1876. Com efetivo de cerca de 100
homens e dois oficiais. Dois meses depois, surgiu o serviço de extinção de incêndios
em Manaus. Em decorrência da explosão da borracha, a província prosperou, a
corporação cresceu. Instalada a República, o Estado passou a desfrutar de enorme
superávit financeiro e a Força Estadual então dispunha de dois batalhões, cada
um com sua Banda de Música. Diante de tanta riqueza, o governo estadual
auxiliou o federal, enviando um batalhão contra os defensores de Canudos (1897).
Anos 1930 quando da desativação da PMAM |
No entanto,
veio o baque da produção da borracha ao tempo da Primeira Guerra. O Estado aprofundou-se
em crise, levemente superada com a instalação da ditadura de Getúlio Vargas. Em
cuja instalação determinou a extinção da Força Policial, em Manaus. Sem
guardas, a cidade e as demais comunidades foram protegidas pela Polícia Civil e
a Guarda Civil.
Em abril de 1936,
a Força volta à atividade. Logo, novamente enfrenta as dificuldades impostas
pela Segunda Guerra; porém, devido o imperativo de borracha, o Amazonas recebe vigorosa
ajuda financeira. Vinte anos depois, o Amazonas e sua Polícia Militar
encontram-se em estado falimentar. Era um simulacro de segurança, assegurava o
governador Plínio Coelho.
O governo
trabalhista inaugurado em 1955 começa a restabelecer melhorias no Estado. Três
governos trabalhistas para diante, instalou-se o Governo (ou ditadura) Militar
(1964-85). Óbvio que os militares foram aquinhoados com amplos recursos, testemunhei
isso na PM amazonense, recém ingressado na caserna. O Estado igualmente foi favorecido:
a efetivação da Zona Franca; a instalação da Universidade Federal; a construção
da BR 319; o tratamento dispensado aos presos políticos (dois ex-governadores ainda
vivos podem testemunhar).
A cidade de
Manaus voltou a se movimentar, a população crescendo, a PM incluiu o milésimo
homem em 1972. Ainda não havia mulher no quartel, até que foram bem-vindas. O interior
do Amazonas foi sendo ocupado pela Força; o Corpo de Bombeiros abrigou-se na PM
em 1973; o policiamento de Rádio Patrulha é desse época; e outras Unidades e
mais outras converteram a Polícia Militar do Amazonas nessa Força, que, mesmo deixando
seu habitual quartel da Praça da Polícia, segue expandindo seu campo de atuação
contando com profissionais competentes.
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