CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

quarta-feira, abril 17, 2019

AFRÂNIO DE CASTRO

Personagem controvertida de nossa cidade, para mais entendimento sobre este saudoso artista, compartilho um ligeira apreciação que o jornal A Gazeta ( 28 dezembro 1963) fez circular com a estampa de Afrânio de Castro.


EIS AÍ UM ARTISTA
Boêmio mesmo sem violão. Vagabundo no bom sentido, sem a mais leve sombra do pejorativo. Dizem que nasceu fora de época, com atraso de muitos anos, deixando, assim, de ser o precursor do modernismo. Pinta, desenha e faz escultura. Com perfeição e talento, preferindo motivos amazônicos. O que lhe dá autenticidade. Tem nome que ajuda: Afrânio Mavignier de Castro. Melhor ficaria na carreira diplomática. Mas estragaria o homem que prefere viver na rua e dizer o que quer e o que sente. Desenhando, pintando, esculpindo. Um dia vendeu um quadro, fiado, a um turista americano que havia alisado em Manaus. Mais de seis meses depois recebeu, pelo correio, a fortuna de trezentos dólares. O gringo (tratamento para estrangeiro liso) era o reitor da Universidade de Nebraska.
Vendeu, este ano, 526 telas. Vive da arte, contrariando os pessimistas que não acreditam possa alguém viver assim em Manaus. Tem nome em placa de bronze na Academia de Letras, onde seu pai é imortal. Fez os bustos de Rui Barbosa, que está no Silogeu, e de Beethoven, lá no Teatro.
Fazendo “ponto” em várias esquinas, estaciona, às vezes, no Jardim da Polícia. Para sentir a natureza e conversar com os amigos. No Clube da Madrugada é gente destacada. Não é de carnaval, mas gosta do samba “Bafo de Onça”. Que lhe serve regularmente de característica. 

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