A Academia Amazonense de Letras acaba de empossar o sucedâneo na Cadeira 30, todavia, faltam preencher duas vagas. Vagas pelas mortes do poeta Jorge Tufic e, em 10 de julho passado, do escritor Luiz Maximino de Miranda Correa Neto.
Maximino Correa Neto |
Como indica o sobrenome, era neto de Maximino Correa, cuja família implantou no início do século
passado a Cervejaria Miranda Correa, e cujo símbolo - uma torre, ainda se destaca
na paisagem da cidade, em particular no bairro de Aparecida. A derradeira marca
é o edifício crismado com o sobrenome familiar, no alto da avenida Eduardo
Ribeiro.
O império financeiro
derreteu, de sorte que em duas oportunidades que conversei com o Neto, isto ocorreu
no Conjunto Jardim Primavera. Retirei-me dessas palestras, efetivadas em busca
de seu voto para minha pretensão de ingressar na Academia, pensando no jovem que
desfrutara da cidade de Paris, mas que estava recolhido à uma residência no extremo
da outrora “Paris dos Trópicos”. Li seus livros e ouvi de seu fiel amigo
Geraldo dos Anjos relatos auspiciosos da sua atuação.
A morte de
Maximino Correa Neto aconteceu em Caxias do Sul (RS), por isso o título do
panfleto que a fidelidade de Geraldo dos Anjos o fez difundir, o qual abaixo
compartilho:
Recorte do panfleto subscrito pelo Geraldo dos Anjos |
Ontem, 10 de julho, data histórica pela libertação dos escravos no
Amazonas, foi para nós uma data triste, pois nosso particular Amigo LUIZ MAXIMINO
DE MIRANDA CORREA NETO passou para a eternidade. Nascido em família católica,
pautou sua vida dentro dos ensinamentos de Cristo, e foi devoto de Nossa
Senhora de Nazaré.
Escritor, historiador, cineasta, um verdadeiro homem de letras e ações.
Muito jovem foi estudar no tradicional colégio São José (Rio de Janeiro), onde
estudavam os filhos de famílias aristocráticas e tradicionais do país. O estudo
superior fez em Paris onde conquistou amizade com os grandes escritores e
cineastas europeus, assim como com membros das casas imperiais da Europa, as quais
teve o privilégio de frequentá-las em eventos culturais e sociais.
A convite do governador Arthur Reis, seu amigo particular, volta ao
Amazonas para fazer parte de seu governo [1964-67], quando foi responsável pela
criação do DEPRO (Departamento de Turismo e Promoções do Estado do Amazonas), o
primeiro órgão de turismo do Estado. Foi também seu primeiro presidente, divulgando
o Amazonas para o país e o mundo através do filme “Amazonas... Amazonas...”, de
autoria de seu amigo Glauber Rocha, foi também responsável por levar ao mundo
as cores da arte amazônica do também acadêmico Moacir Couto de Andrade.
Luiz foi amigo de Arthur Reis, Gilberto Freyre, Leandro Tocantins,
Roberta Camila Imbiriba Salgado, Severiano e Gilda Porto, Joaquim Marinho,
Jaime de Araújo Covas e tantos outros que tiveram o privilégio de sua amizade e
carinho.
Maximino pertenceu ao quadro da Superintendência do Plano de Valorização
Econômica da Amazônia (SPVEA), do Ministério das Relações Exteriores, sendo o último
presidente da Fundação Cultural do Amazonas no governo de Amazonino Mendes, que
ao extinguir-se, transformou em subsecretaria de Cultura do Amazonas, ligada a
Secretaria de Educação do Amazonas. Presidiu o Conselho Estadual de Cultura do
Amazonas, responsável pela implantação do Instituto Superior de Estudos da
Amazônia (ISEA), sendo seu primeiro coordenador.
Foi membro efetivo do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA),
da Academia Amazonense de Letras, da União Brasileira dos Escritores do
Amazonas (UBE-AM). Autor de vários livros, artigos de jornais e filmes, Maximino
desenvolveu trabalhos com excepcional talento.
Esta é uma síntese da vida e da obra desta luz brilhante que tive o
prazer de ser amigo.
Homenagem do Acadêmico e amigo
José Geraldo Xavier dos Anjos
Ótima resenha. Buscava conhecer um pouco da história daquele que deu o nome do edifício Maximino Correa, na qual possuímos uma unidade de investimento. Obrigado!
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