CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

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sexta-feira, agosto 29, 2025

COLÉGIO ESTADUAL DO AMAZONAS

 A temporada vem assistindo mais uma restauração do prédio do Colégio Estadual, existente há mais de um século na avenida Sete de Setembro. De fato, a situação do estabelecimento está reclamando reparos em geral, nem as fortes grades de ferro têm resistido ao tempo. A ferrugem fez seu trabalho, deixando à mostra a ferragem original. Dito isto, relembro a publicação de 1985, quando o governo de Gilberto Mestrinho (1983-87) destinou "2 bilhões" (certamente de reais, mas ainda em implantação). São passados 40 anos!

Recorte do matutino Jornal do Commercio, 30 abril 1985 


O prédio do CEA voltará à sua imponência

Decreto assinado ontem pelo governador Gilberto Mestrinho abre crédito adicional de mais de Cr$ 2 bilhões destinados à recuperação dos prédios do Colégio Estadual do Amazonas e do Grupo Escolar "Carvalho Leal", este localizado no bairro da Cachoeirinha. No momento, as instalações daquele estabelecimento padrão de ensino médio da capital amazonense atravessa péssimo estado de conservação.  

Todavia, a partir de agora, com a destinação desses recursos, o prédio do CEA voltará à sua imponência original. Ao anunciar ontem a liberação dos recursos para a recuperação dos dois colégios, o secretário da Fazenda, Ozias Monteiro, voltou a falar na prioridade que o Governo do Estado vem dando aos investimentos na área social, como educação, saúde e segurança pública.

sexta-feira, agosto 01, 2025

VIVALDO FROTA NA POLÍCIA MILITAR

 

Vivaldo de Barros Frota (1928-2015) abdicou do cargo de vice-governador para se candidatar a prefeito de Manaus, em maio de 1988. Em visita ao quartel da Praça da Polícia agradeceu aos policiais, na pessoa do comandante coronel Pedro Lustosa. Na ocasião, Frota delineou o vasto apoio que vem recebendo. Não obstante, Artur Virgílio Filho foi o vencedor das eleições, administrando Manaus entre 1989-93.

 

Recorte do Jornal do Commercio, 20 abril 1988, com foto
no Auditório do quartel da PMAM
 


O candidato do Governo a Prefeitura de Manaus, Vivaldo Frota, despediu-se do cargo de vice-governador, ontem pela manhã, onde as 10 horas foi homenageado pelo Comando-Geral da Polícia Militar (...) “Vamos ganhar com apoio de Amazonino Mendes, o governador que mais trabalhou e detém o maior índice de popularidade”, declarou Vivaldo. Disse ainda contar com o apoio de Gilberto Mestrinho, “líder carismático, lideranças mais expressivas da Assembleia Legislativa e do Congresso.”

“Novamente aceitei o desafio e vou tranquilo, pois não é possível que um prefeito de uma capital mantenha relações estremecidas com o Governo, pois é para manter o bem de todos que estou indo para a Prefeitura” concluiu Vivaldo Frota.

domingo, março 30, 2025

DA POLÍTICA AMAZONENSE

 Ao final do segundo mandato do governador Gilberto Mestrinho (1983-87), tudo indicava que o sucessor seria o vice-governador Manoel Ribeiro. No entanto, como os caminhos da política são imprevisíveis, foi eleito governador o jovem Amazonino Mendes (1939-2023), e para confortar ao Ribeiro, este foi eleito prefeito de Manaus (1985-88). A postagem mostra um "santinho" distribuído pelo prefeito Manoel Ribeiro.




sexta-feira, março 14, 2025

PALÁCIO RIO NEGRO: 1984

Gilberto Mestrinho havia assumido seu 2º mandato de governador em 1983, tendo por vice o empresário Manoel Ribeiro. Por essas curvas dos caminhos, fui levado para o serviço palaciano como subchefe da Casa Militar, então no posto de major. Em julho do ano seguinte, a sede governamental foi enfeitada para celebrar o aniversário do vice, já designado candidato para a sucessão de Mestrinho.

Na ocasião, o coronel “antigão” PM José Silva, morador da rua Visconde de Porto Alegre, ao lado da sede do IPASEA, atual do Amazonprev, dirigia-se ao quartel da Praça da Polícia caminhando. De tal modo que parou diante do PRN e realizou a foto que ilustra esta postagem, e me foi ofertada. A foto certamente foi feita com câmera simples, daí as deficiências mostradas.
Valeu, saudoso coronel Silva, pernambucano que tratava os subordinados por “caboco”.
Palácio Rio Negro, julho 1984

sexta-feira, fevereiro 09, 2024

CONTO DO VIGÁRIO

Dom João, ao lado do
governador Mestrinho, 
na inauguração da
Maternidade
 Se em nossos dias as falcatruas, quase sempre realizadas pelos meios eletrônicos,  nos angustiam, a leitura desta crônica talvez nos ensine algo. O autor, Ildefonso Pinheiro, comerciante abastado e homem crente na palavra do outro, conta-nos dois “contos do vigário” que sofreu. Na Manaus de 1970, quando todos se conheciam. Curioso: um dos “contos” utilizou o nome do arcebispo de então – dom João Souza Lima.

 Manaus, cidade pacata, está atualmente cheia de vigaristas e chantagistas que, com truques premeditados assaltam as pessoas marcadas com os seus laços bem armados. As suas armadilhas não podem falhar porque são feitas com bases seguras. Somente os Santos podem escapar.

Estou falando desta maneira porque tive o despreza de receber telefonemas como passo a descrever: Sr. Ildefonso, aqui fala o Dr. Roberto Farias, do Banco de Sangue do Hospital Ana Nery, que se encontra com um caso sério e urgente a resolver, sobre a vida da Sra. Maria de Lourdes de Oliveira que se encontra hospitalizada na Maternidade “Ana Nery” (hoje Balbina Mestrinho).

Sr. Ildefonso, para atender esta causa precisamos de um litro de sangue e aqui no hospital não o temos. Há, sim, no Hospital São José e custa a quantia de cento e trinta cruzeiros novos. Gostaria que o Sr. viesse até aqui ao hospital para ver a miséria que está reinando nesta casa de saúde. Quem me indicou foi o Dr. Gesta, dizendo-me sue o Sr. não se negaria a socorrer-nos neste caso melindroso, que pela urgência exige a colaboração de pessoas bem formadas e que tenha a noção da dor do seu semelhante.

Dez minutos mais tarde, novo telefonema de aflição:

Sr. Ildefonso, o sangue de que lhe havia falado, só tem em medida de dois litros. Estamos à procura do Fernando Monteiro que não está sendo encontrado para nos dar os outros cento e trinta cruzeiros novos, para que assim possamos comprar os dois litros de sangue. Será que o Sr. pode mandar os duzentos e sessenta cruzeiros novos? que logo que encontrarmos o Fernando lhe devolveremos

Diante de tal exposição, respondi-lhe que mandassem buscar duzentos e cinquenta cruzeiros novos. Ele respondeu-me que estava bem, pois, os dez cruzeiros, eles arranjariam. Poucos minutos depois, chegou um mensageiro ao meu estabelecimento, com um recibo cujo teor é o seguinte:

Recebi da Firma Ferragens Pinheiro, na pessoa do Sr. Ildefonso Pinheiro, a importância de duzentos e cinquenta cruzeiros novos, para pagamento de 2 litros de sangue “O” positivo como patrocínio a Sr. Maria de Lourdes de Oliveira, que se encontra hospitalizada na Maternidade “Ana Nery”. Manaus, 7 de janeiro de 1970

Roberto Farias Filho – Chefe do Banco de Sangue.

Meia hora depois, novo telefonema:

Sr. Ildefonso, aqui fala o arcebispo João de Souza Lima, do hospital “Ana Nery” onde estou assistindo cenas verdadeiramente dramáticas e contristadoras para os que se reverenciam diante da dor alheia. Existem aqui casos que precisam ser resolvidos urgentemente e que exigem a colaboração minha e de todos aqueles que têm o espírito voltado para o amor ao próximo. O que estou vendo aqui, obrigaram-me a recorrer a pessoas amigas como o meu nobre amigo. Os casos que estou vendo precisam ser resolvidos imediatamente, porque são criaturas que estão em risco de perderem a vida, por falta de sangue e alguns remédios. Preciso urgente de trezentos e noventa cruzeiros novos.

Diante de tal exposição feita por S. Exa. D. João de Sousa Lima, arcebispo metropolitano de Manaus, prontifiquei-me imediatamente dizendo que mandasse buscar quinhentos cruzeiros novos, invés de trezentos e noventa cruzeiros novos, para atender mais alguém que precisasse de tal colaboração.

Em poucos minutos, chegou ao meu balcão um novo emissário para receber a encomenda do Sr. Arcebispo. No dia seguinte, fiquei ciente de que o Sr. Arcebispo Não me havia telefonado e de que, também, fora burlado por esses salteadores, que precisam ser desmascarados para que esses planos diabólicos não continuem a envolver nomes de pessoas dignas em roubos e falsificações.

É assim que estamos vivendo, caros amigos, sofrendo as astúcias de vigaristas que vivem a planejar assaltos sobre aqueles que pensam no bem-estar dos seus semelhantes e têm a noção do sofrimento dos que vivem a carpir a vida na fome e na nudez.

Aos meus amigos vigaristas, uma pequena advertência. Diz o velho adagio popular: “O cântaro tanto vai à fonte, até um dia que lá fica”. 

quarta-feira, janeiro 24, 2024

CORAL "JOÃO GOMES JÚNIOR" DE MANAUS

O Coral, criado no Dia de São José (19 de março) de 1956, prossegue em atividade, sempre enlevando os assistentes de suas apresentações. Seu criador foi o saudoso Maestro Nivaldo Santiago, que contou com o apoio incondicional da Igreja católica na pessoa do reverendo cônego Walter Gonçalves, então vigário da Catedral de Nossa Senhora da Conceição, de Manaus.

Detalhe da Catedral de N. S. Conceição, em Manaus

Este texto pertence ao mencionado sacerdote, publicado em O Jornal (16 julho 1961), no qual esclarece a solenidade em que esta agremiação artística concede diploma de reconhecimento para diversas autoridades, em particular ao governador Gilberto Mestrinho. 

Recorte de O Jornal, 16 julho 1961

NO dia 13 do corrente, o coral João Gomes Junior que nasceu do Instituto Musical Santa Cecília, completou seu primeiro lustro de ação artística. O maestro Nivaldo de Oliveira Santiago à frente do grupo, perseverante e abnegado, apresentou à sociedade um programa variado e ameno. Foi mais de uma hora de enlevo e voos místicos aos páramos das musas, onde a Melodia espargiu lenitivo de prazer e de agitação irresistível transmitida à gente pelo turbilhão do século.

Ao intervalo maior, o organizador do instituto musical e, posteriormente, pai e fundador do coral João Gomes Junior, o impávido e vontadoso Nivaldo, descobrindo a grandeza de seu coração bem formado, agraciou com reconhecimento e estima, o Sr. Governador do Estado, o Secretário de Educação, e este pobre vigário, cuja presença, no instante, funcionou como sombra a destacar mais os dois homens públicos da administração amazonense. E não vai aqui nenhuma profissão de modéstia, mas apenas hierarquia de méritos. Num painel que deslumbra, as sombras concorrem também para o fascínio do conjunto.

Os três homenageados receberam da Sociedade Coral "João Gomes Júnior" o diploma de SÓCIO BENEMÉRITO. O Governador e o Secretário de Educação pelo apoio e incentivo que vêm dispensando ao grupo de cantores nas arrojadas iniciativas de fazer arte entre nós, e este humilde escrevinhador por ter, anos atrás, impedido o Maestro de ir embora, cantar e fazer cantar em outras plagas do Brasil, oferecendo-lhe, então, estímulo, casa, piano e mobília, para as atividades, iniciais, ali na (rua) Visconde de Mauá, num sobrado da Mitra e que serve, de muito, como sede das Obras Sociais da paróquia da Catedral.

Foi assim lançada a primeira pedra desse edifício artístico, erguido à custa de um labor pertinaz e que hoje todos admiram e aplaudem. Aqui a explicação de se encontrar este padre entre os homens de prestigio da ocasião. Símbolo da pedra que ficou escondida no alicerce da construção e que a lembrança agradecida do Maestro pretendeu mostrar ao público.

Grato, Nivaldo. Lamento não tenha o Gilberto participado pessoalmente da festa. Foi representado por esse jovial amigo que é o Desembargador Manuel Machado Barbuda, seu chefe de Gabinete. O meu comparecimento ao quinto aniversário do JOGOJÚ (sigla de João Gomes Júnior) obedeceu a um impulso íntimo: levar as minhas palmas ao triunfo de tantos esforços e penas; unir o meu sorriso e a minha alegria a quantos sorrisos e alegrias levantaram em apoteose o Coral João Gomes Junior com os 22 componentes e o seu maestro, no dia 13 de julho de 1961, no Teatro Amazonas.

domingo, abril 23, 2023

GOVERNO MESTRINHO: SECRETARIADO

 Consoante a Revista Especial produzida pela JUCEA (Junta Comercial do Estado do Amazonas) em 1991, quando da comemoração de seu centenário, eis o secretariado do governado Gilberto Mestrinho.


SECRETARIADO DO GOVERNO

Vice-governador

- Francisco Garcia Rodrigues

Secretário de Estado

- David Ruas Neto

Secretário Particular

- Luís Ribeiro da Costa

Secretária para Assuntos Especiais da Ação Social

- Maria Emília Martins Mestrinho de Medeiros Raposo

Secretário de Segurança Pública

- Coronel PM Antonio Guedes Brandão

Secretário de Saúde

- Arnaldo Russo

Secretário de Transportes Urbanos

- Elpídio Gomes da Silva

Secretário de Ações Comunitárias

- Sebastião da Silva Reis

Chefe da Casa Militar

- Coronel PM Francisco Orleilson Guimarães

Secretária de Planejamento e Administração Municipal

- Fatima Gusmão Afonso

Secretário de Justiça

- Mauro Luiz Campbell Marques

Secretária de Administração

- Dolores Garcia Rodrigues

Secretário de Educação, Cultura e Desporto

- Origenes Martins

Secretário da Produção Rural e Abastecimento

- João Thomé de Medeiros Raposo

Secretário de Economia e Finanças

- Sérgio Augusto Pinto Cardoso

Diretor do Departamento Estadual de Trânsito

- Coronel PM Fausto Seffair Ventura

Comandante da Polícia Militar

- Coronel PM Amílcar da Silva Ferreira

Secretário do Meio-Ambiente, Ciência e Energia

- José Belchior dos Santos Bastos

Diretor da Empresa Amazonense de Turismo

- Silvio Barros

Procurador Geral do Estado

- Vicente de Mendonça Junior

Procurador Geral de Justiça

- Carlos Alberto Bandeira de Araújo

quarta-feira, dezembro 14, 2022

DESASTRE DO PP-PDE: 60 ANOS (3)

Na primeira hora deste dia, há 60 anos, o Constellation da Panair do Brasil vindo de Belém não chegou ao seu destino: o aeroporto de Ponta Pelada. 

Desapareceu cerca de 1h da madrugada, faltando cinco minutos para o pouso, depois de o comandante solicitar ao controlador do acanhado campo de pouso que acendesse as luzes da pista. Diante da demora em aterrissar, o saguão com os familiares tomou-se de espanto, de interrogações e divagações, que a empresa aérea não conseguia atender, visto que a única forma de contato com a aeronave era o rádio e o telégrafo.  

Nada poderia ser realizado senão comunicar à Base Aérea de Belém (BABE) para as providências. E a madrugada foi longa para os presentes ao Ponta Pelada. No começo da manhã, a BABE desloca um Catalina com paraquedistas para refazer a rota do PDE. Nada viram, nenhum sinal do imenso avião.  

O alarme do acidente despertou na cidade as autoridades, o próprio governador Gilberto Mestrinho deslocou-se para o aeroporto acompanhado de secretários, passando a organizar a busca pelo avião. A esse esforço juntou-se a Panair com suas aeronaves, que já sobrevoavam a área calculada do desaparecimento com a mesma disposição.

Recorte da revista O Cruzeiro (5 jan. 1963), com fotos do
Jornal do Commercio

A cidade igualmente foi acometida com as conversas mais desencontradas sobre o destino do PDE, com os disse-me-disse, os boatos mais estapafúrdios, os - para usar a expressão hodierna - fake news. Assim se passou o dia, sem que nada de positivo fosse alcançado. 

Acerca da expectativa, escreveu o cronista L. Ruas (1931-2000), em publicação jornalística: “Isto foi um dia. Quando chegou a noite, brilhou longinquamente uma estrela. Muito pálida. Muito pequena. Mas suficientemente estrela para ser luz e esperança: era possível um sequestro. Todos se agarraram desesperadamente ao delgado raio de luz dessa possível estrela. Ah! Todos os desertos têm as suas miragens. E isto foi uma noite.”

No dia seguinte, pela manhã, foi descoberto o destino do Constellation: ao desabar sobre a floresta, ele havia cavado a própria sepultura e a de seus ocupantes.

 

quarta-feira, outubro 05, 2022

ACAPULCO NIGHT CLUB

 Mário Oliveira conta para os leitores de A GAZETA a história do famoso night club da Estrada do Parque 10, destacando os nomes que grandemente incentivaram o seu trabalho pioneiro: governadores Plínio Coelho e Gilberto Mestrinho. Proprietário do maior patrimônio turístico-recreativo da capital amazonense também ressalta o apoio da sociedade, imprensa e radiodifusão

 

Vespertino A Gazeta, 12 janeiro 1963

Mario de Oliveira, um nome que em Manaus já está tão identificado com as noites como as estrelas, contou para A Gazeta a história do “Night Club Acapulco”. A narração de Mario Oliveira ocorreu minutos depois da conquista de mais um grande êxito, que foi o réveillon que assinalou o nascimento de 1963. Assim, o novo sucesso que aquela iniciativa tradicional do ACA (para os íntimos) conquistou aos primeiros minutos deste ano, levou Mario Oliveira a contar para a reportagem detalhando o que dissera resumidamente para a grande frequência que fora passar no seu “night-club" a noite do Ano-Bom - como nasceu o Acapulco, que, sendo hoje o principal património turístico-recreativo de Manaus, dispôs para isso da atenção da sociedade, da Imprensa e da radiodifusão e, destacadamente dos governadores Plinio Coelho e Gilberto Mestrinho, que sempre o prestigiaram.

 

Recorte do Jornal do Commercio, 7 setembro 1956

A HISTÓRIA DO ACAPULCO

Nos meus tempos de rapaz, quando todos gostamos, sem maiores preocupações, de participar de noitadas, eu já sentia que nossa Manaus necessitava de um local de diversão, o qual, embora público, estivesse de acordo pelo seu bom gosto, pelo seu ambiente selecionado, com seus foros de cidade civilizada.

Os aspectos, aos mais modernos existentes por todo o país. O Acapulco não foi, portanto, uma inspiração repentina, mais um ideal acalentado durante muito tempo. Foi somente em 1955 que me foi possível concretizar esse sonho que, hoje, é uma das mais fulgurantes de nossa vida social. (...)

Ninguém é autossuficiente bastante, pela riqueza, pela inteligência, pela força de mando, para poder desprezar a solidariedade de quem quer que seja. É de lembrar-se que os pobres coveiros são os que sepultam os reis e os mendigos. 

CABOCLO AMAZONENSE

Sou amazonense, e do interior, e, como tal sou genuinamente caboclo. E faço questão de sê-lo, e me orgulho disso. Quem me conhece sabe que não troco ovas de acari-bodo pelas de esturjão. Nasci na foz do Jutaí, onde meu finado pai possuía propriedade. Vivi lá os dias despreocupados de minha infância, de anzol n’água, virando tartarugas na praia, remando igarités, saboreando deliciosos “arabus”, comendo peixe na pá do remo.

Vim para Manaus para estudar. Cursei o tradicional Ginásio Amazonense. Interrompi meus estudos com a morte de meu pai. Modéstia à parte não fui mau aluno. De Manaus apenas saí poucas vezes, quase sempre para Belém. O Rio de Janeiro, somente fui conhecê-lo há três anos.

Não tenho inclinações a Marco Polo. Sou caboclamente sedentário. Podem chamar-me de tabaréu, mas não existe cidade melhor do que Manaus. Sou amazonense de corpo e alma, e o Acapulco é tão amazonense quanto eu.

É que, naqueles tempos, nossa Capital, do ponto de vista de divertimento, se situava entre dois extremos: ou os clubes “fechados”, exclusivamente para os sócios, ou cabarés de ínfima categoria. E então eu já dizia aos meus amigos que, no dia em que eu tivesse recursos financeiros, haveria de criar, em Manaus, um night club que se igualasse, sob todos os aspectos, aos mais modernos existentes por todo o país. O Acapulco não foi, portanto, uma inspiração repentina, mas um ideal acalentado durante muito tempo. 

PIONEIRISMO E AMOR À TERRA

“O segundo motivo por que eu desejei deslocar a atenção e o interesse de meus conterrâneos para a periferia de nossa Capital, pois, até então era hábito nosso o restringirmos nossas atividades exclusivamente ao centro da cidade.

Quando adquiri o prédio meus recursos financeiros só davam para tanto. Foi uma audácia minha; mas um ideal audacioso sempre atrai simpatia. Foi o que ocorreu. Amigos cederam-me recursos para eu levar adiante meu plano. Elementos do Comércio e da Indústria forneceram-me material para pagamento em prazo mais dilatado. A imprensa e o Rádio, desde o primeiro instante, colocaram-se a meu favor. Nossa população deu-nos apoio de sua frequência, e, como toque final e decisivo tivemos a solidariedade indispensável das autoridades sobressaindo-se o Dr. Plinio Ramos Coelho, então governador do Estudo, o qual, autêntico bandeirante do progresso que compreendeu minha iniciativa de bem servir nossa terra, e prestigiou-a sempre, desde a inauguração do Acapulco, à qual compareceu para nossa honra, em companhia de seus auxiliares, até o término de sua fecunda administração.

Seguiu-se-lhe, então, o ilustre governador Gilberto Mestrinho, que também jamais nos negou a sua solidariedade, inclusive honrando o Acapulco, de quando em quando, com sua presença. Eis por que aproveito o ensejo para testemunhar a todos a minha Imperecível gratidão. 

ASSISTÊNCIA SOCIAL

Pessoas menos avisadas, formulando conceitos apressados, talvez julguem que a única finalidade do Acapulco é a de ganhar dinheiro às pamparras, para encher usurariamente pés-de-meia, colchões e “burras”. Mas não é verdade. Reafirmo o que já disse: tudo o que já ganhei no Acapulco nele tem sido empregado. Não possuo apartamento no Rio ou em outra qualquer cidade. Como não pretendo, jamais, me mudar de Manaus, tudo o que eu ganhar será utilizado aqui mesmo.  Naturalmente que sem lucro não poderia haver o Acapulco. Temos de ter sempre uma reserva para atender ao aleatório de nosso negócio. Afora isso o Acapulco emprega 60 pessoas, desde os trabalhadores de campo ao gerente.

segunda-feira, agosto 29, 2022

ACAPULCO NIGTH CLUB: NOTAS HISTÓRICAS

O proprietário do Acapulco - Mario de Oliveira - conta ao jornal A Gazeta a realização de seu sonho de jovem do interior, que auxiliado pelos governantes deu a Manaus um local aprazível para a diversão.

 

Recorte de A Gazeta, 17 janeiro 1963

O ANO DA DECISÃO

A HISTÓRIA DO ACAPULCO

Nos meus tempos de rapaz, quando todos gostamos, sem maiores preocupações, de participar de noitadas, eu já sentia que nossa Manaus necessitava de um local de diversão, o qual, embora público, estivesse de acordo pelo seu bom gosto, pelo seu ambiente selecionado, com seus foros de cidade civilizada.

Os aspectos, aos mais modernos existentes por todo o País. O Acapulco não foi, portanto, uma inspiração repentina, mais um ideal acalentado durante muito tempo. Foi somente em 1955 que me foi possível concretizar esse sonho que, hoje, é uma das mais fulgurantes de nossa vida social. (...)

Ninguém é autossuficiente bastante, pela riqueza, pela inteligência, pela força de mando, para poder desprezar a solidariedade de quem quer que seja. É de lembrar-se que os pobres coveiros são os que sepultam os reis e os mendigos. 

SOLIDARIEDADE DE TODOS

O Acapulco é, portanto, o fruto opimo de uma harmonia de sentimentos, visando a um fim comum:  o progresso de nossa cidade.

 

CABOCLO AMAZONENSE

Sou amazonense, e do interior, e, como tal sou genuinamente caboclo. E faço questão de sê-lo, e me orgulho disso. Quem me conhece sabe que não troco uma ovas de acari-bodo pelas de um esturjão. Nasci na foz do Jutaí, onde meu finado pai possuía propriedade. Vivi lá os dias despreocupados de minha infância, de anzol n’água, virando tartarugas na praia, remando igarités, saboreando deliciosos “arabus”, comendo peixe na pá do remo.

Vim para Manaus para estudar. Cursei o tradicional Ginásio Amazonense. Interrompi meus estudos com a morte de meu pai. Modéstia à parte não fui mau aluno. De Manaus apenas sai poucas vezes, e quase sempre para Belém. O Rio de Janeiro, somente fui conhecê-lo há três anos.

Não tenho inclinações a Marco Polo. Sou caboclamente sedentário. Podem chamar-me de tabaréu, mas não existe cidade melhor do que Manaus. Sou amazonense de corpo e alma, e o Acapulco é tão amazonense quanto eu.

É que, naqueles tempos, nossa Capital, do ponto de vista de divertimento, se situava entre dois extremos: ou os clubes “fechados”, exclusivamente para os sócios, ou cabarés de ínfima categoria. E então eu já dizia aos meus amigos que, no dia em que eu tivesse recursos financeiros, haveria de criar, em Manaus, um night club que se igualasse, sob todos os aspectos, aos mais modernos existentes por todo o país. O Acapulco não foi, portanto, uma inspiração repentina, mas um ideal acalentado durante muito tempo. 

PIONEIRISMO E AMOR À TERRA

“O segundo motivo por que eu desejei deslocar a atenção e o interesse de meus conterrâneos para a periferia de nossa Capital, pois, até então era hábito nosso o restringirmos nossas atividades exclusivamente ao centro da cidade.

Quando adquiri o prédio meus recursos financeiros só davam para tanto. Foi uma audácia minha; mas um ideal audacioso sempre atrai simpatia. Foi o que ocorreu. Amigos cederam-me recursos para eu levar adiante meu plano. Elementos do Comércio e da Indústria forneceram-me material para pagamento em prazo mais dilatado. A imprensa e o Rádio, desde o primeiro instante, colocaram-se a meu favor. Nossa população deu-nos apoio de sua frequência, e, como toque final e decisivo tivemos a solidariedade indispensável das autoridades sobressaindo-se o Dr. Plinio Ramos Coelho, então governador do Estudo, o qual, autêntico bandeirante do progresso que compreendeu minha iniciativa de bem servir nossa terra, e prestigiou-a sempre, desde a inauguração do Acapulco, à qual compareceu para nossa honra, em companhia de seus auxiliares, até o término de sua fecunda administração.

Seguiu-se-lhe, então, o ilustre governador Gilberto Mestrinho, que também jamais nos negou a sua solidariedade, inclusive honrando o Acapulco, de quando em quando, com sua presença. Eis por que aproveito o ensejo para testemunhar a todos a minha Imperecível gratidão. 

CENTR0 TURÍSTICO

“Uma cidade, seja qual for, somente cresce, evolui e atrai riqueza pelo que pode oferecer, dentre outras atrações e vantagens materiais, de divertimentos, especialmente noturnos, onde qualquer um possa, de vez em quando fugir do cotidiano e esquecer-se das preocupações diárias.

Enquanto as autoridades, nossa população, a Imprensa e o Rádio continuam a prestigiar o Acapulco, tudo faremos para corresponder a pia confiança. 

ASSISTÊNCIA SOCIAL

Pessoas menos avisadas, formulando conceitos apressados, talvez julguem que a única finalidade do Acapulco é a de ganhar dinheiro às pamparras, para encher usurariamente pés-de-meia, colchões e “burras”. Mas não é verdade. Reafirmo o que já disse: tudo o que já ganhei no Acapulco nele tem sido empregado. Não possuo apartamento no Rio ou em outra qualquer cidade. Como não pretendo, jamais, me mudar de Manaus, tudo o que eu ganhar será utilizado aqui mesmo.  Naturalmente que sem lucro não poderia haver o Acapulco. Temos de ter sempre uma reserva para atender ao aleatório de nosso negócio. Afora isso o Acapulco emprega 60 pessoas, desde os trabalhadores de campo ao gerente. 

terça-feira, junho 21, 2022

COMPANHIA SIDERÚRGICA DA AMAZÔNIA (SIDERAMA)

 Compartilho este tópico do Relatório a ser apresentado ao presidente Janio Quadros, em agosto de 1961. Sei que há diversos TCC e outras apreciações sobre este empreendimento, que me parece ter sido "um sonho numa noite de verão". Apesar de tantos embaraços na região, da pobreza de infra estrutura local, deve-se louvar a iniciativa. 

O interesse do governador Gilberto Mestrinho (1959-63) era providencial, para tanto estava buscando o amparo do governo federal, porém, a reunião dos governadores com o presidente a ser realizada em Manaus foi cancelada. Os mais velhos se lembram do motivo: Janio Quadros renunciou ao mandato. 

A COMPANHIA SIDERÚRGICA DA AMAZÔNIA


A Siderama em seus primórdios, anos 1960


Um grupo de homens de negócios de Manaus, sob a inspiração do senhor Sócrates Bomfim, incorporador da Empresa, organizou, em março do ano corrente, o prospecto e o projeto de Estatutos da Companhia Siderúrgica da Amazônia "SIDERAMA" a constituir-se com o capital de Cr$ 500 milhões, e que construiria em Manaus uma usina siderúrgica com a capacidade anual de 30.000 toneladas de laminados.

Essa companhia, já em sua constituição incorporaria a seu patrimônio os direitos à lavra de uma jazida de minério de ferro pertencente ao incorporador.

A usina de 30.000 toneladas tinha como programa produzir perfilados leves, arames e tubos soldados, e desde o princípio foi reconhecido que o seu tamanho estava no limite mínimo de dimensão econômica, pois, necessariamente, a aciaria teria de trabalhar com uma fração apenas de sua capacidade. Por esse motivo foram feitos, desde o princípio, estudos e negociações que permitissem antecipar o aumento de sua capacidade para 100.000 toneladas anuais de laminados.

O obstáculo a esse aumento de capacidade era puramente financeiro, pela impossibilidade de financiar um montante muito maior de inversões, já que as considerações técnicas e de rendimento econômico eram todas favoráveis à elevação dessa capacidade.

As negociações tiveram êxito, afinal, quando foi alcançado um acordo básico com a firma Fried Krupp, de Essen, na Alemanha, pelo qual essa organização industrial, especializada em todos os ramos da siderurgia, concordava em construir em Manaus, sob sua inteira responsabilidade financeira e técnica, a usina siderúrgica de 100.000 toneladas anuais da SIDERAMA, recebendo em pagamento 500.000 toneladas anuais de minério de ferro produzido nas jazidas da própria SIDERAMA, no Rio Jatapu.

Esse acordo foi preliminar, ainda sujeito ao aclaramento de muitos detalhes dependentes da elaboração do projeto industrial (cuja responsabilidade cabe à Krupp) e do plano da lavra da jazida (cuja elaboração cabe à SIDERAMA). 

Um estudo inicial avaliou o investimento a realizar na usina siderúrgica em DM 80.000.000,00 (oitenta milhões de marcos alemães), acrescidos de Cr$ 2.000.000.000,00 (dois bilhões de cruzeiros) em despesas a realizar no Brasil.

A inversão na lavra da jazida, no transporte do minério até um porto, foi estimada em cerca de DM 24.000.000,00 (vinte e quatro milhões de marcos) acrescidos de mais Cr$ 1.330.000.000,00 (um bilhão e trezentos e trinta milhões de cruzeiros).

O acordo foi consubstanciado em carta de 25 de maio de 1961, assinada conjuntamente pelo incorporador e fundador da SIDERAMA, e pelo Escritório Técnico Krupp Ltda., de São Paulo, e endereçada ao Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico. A esse Banco foi pedida a aprovação prévia dos termos do acordo, para que declare se estará disposto a garantir a operação, caso o projeto industrial, o plano de lavra e o esquema de pagamentos a serem apresentados, ulteriormente, sejam considerados satisfatórios.

A nova usina de 100.000 toneladas produzirá vergalhões, perfilados leves, arames, tubos e chapas grossas e finas. 

A USINA DE MANAUS

A usina siderúrgica de Manaus está sendo projetada para uma capacidade de 125.000 toneladas de ferro gusa, refinado com a adição de sucata interna em 125.000 toneladas de lingotes e laminando 100.000 toneladas de produtos em sua primeira etapa.

Em sua primeira fase a usina produzirá:

5.000 toneladas de perfilados

15.000 toneladas de vergalhões de 1/4" a 1.1/4"

10.000 toneladas de chapas de 3/32" acima

50.000 toneladas de chapas finas a frio

10.000 toneladas de arames ns. 4 a 16 BSG

10.000 toneladas de tubos soldados galvanizados 1/2" a 1"

quarta-feira, junho 01, 2022

MANAUS: FATOS DE 1962 (2ª PARTE)

  Em complemento ao enunciado, exponho a segunda parte de fatos que marcaram a cidade de Manaus naquele distante 1962

Por sua relevância, ressalto este registro de 2 de agosto: o governador do Estado exonera o Dr. José Bernardo Cabral do cargo de Chefe de Polícia, “em virtude de haver se candidatado a um cargo eletivo”. Cabral foi eleito deputado estadual pelo PTB. Detalhe expressivo: em substituição, “nomeia ao capitão médico do Exército Nacional”, comissionado no posto de tenente-coronel PM, para o cargo mais importante da Segurança Pública, não importavam pré-requisitos profissionais, bastava ser um homem de confiança do governante. Lembrando que a campanha eleitoral prosperava com acirrada disputa: o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) de situação, com Plinio Coelho, e o PSD (Partido Social Democrático) de oposição, com Paulo Nery. Que proporcionaria fortes emoções.

Recorte de O Jornal, 9 de setembro de 1962

Em 9 de setembro, a cidade ganhou a central de eletricidade pertencente a CEM (Companhia de Eletricidade de Manaus), instalada no bairro de Aparecida, no barranco do igarapé de São Raimundo. “Era o fim de 15 anos de escuridão e prejuízo ao nosso desenvolvimento”, glorificava o governo em editorial. Ao final de setembro, o comício de encerramento da campanha oposicionista ocorreu no bairro de Educandos, e desencadeou seríssimo atrito entre o governador e o comandante do GEF, cujas consequências envolveriam os “caciques” do 31 de março de 1964. Em síntese, a altercação ocorreu quando os “situacionistas” desarmam o palanque adversário e bloqueiam o trânsito no mencionado bairro. O comandante do GEF, general Moniz do Aragão, alertado por um subordinado (sargento Ritta Bernardino), interferiu na segurança do local, resultando em disputa brutal entre as partes, até mesmo com tiros em direção ao vigário local, padre Antonio Plácido. As duas autoridades travaram um bate-boca deselegante, o qual provocou a substituição do general – segundo o “canto do fuxico” – por prestígio do governador Mestrinho junto ao presidente Jango.

Em 7 de outubro ocorreu a eleição geral no Estado, sendo eleito governador o candidato do PTB Plínio Ramos Coelho (1920-2001), que tomaria posse em 31 de janeiro seguinte, para cumprir o segundo mandato. Era o chefe do Executivo, encerrando o mandato, Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo (1928-2009), a ele coube a tarefa de apoiar aos expedicionários empenhados na busca dos destroços. Para tanto, Mestrinho encarregou o capitão médico Chefe de Polícia, para representar o governo.