CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sexta-feira, outubro 22, 2010

BOMBEIROS DO AMAZONAS (XIV)


Estando decidida a transferência do Corpo de Bombeiros para a estrutura do Estado e da Polícia Militar do Amazonas, em dezembro de 1972, desembarcou aqui uma “missão francesa”, sob os auspícios da Aliance Française local, representada por mr Ange Guimera, vice-cônsul francês, e mr Guy Mourillas.

O grupo veio chefiado pelo coronel Robert Abadie, do Corpo de Bombeiros de Paris (FRA), assessorado por monsieurs Jean François Veillard, representante da empresa CAMIVA (Constructeurs Associés de Matériels d´Incendie, Voirie, Aviation), e Michael Haudebault, do Groupe Sicli - Bureau Commercial Parisien. E realizou estudos fotográficos aéreos e terrestres, para diagnosticar os riscos de incêndios existentes na cidade de Manaus, bem como para elaborar um diagnóstico das precariedades do CBM.

Quartel dos Bombeiros, na av Sete de Setembro, em 1973
O resumo da vistoria técnica, em forma de Memorial, alcançou as autoridades em Manaus (AM), todavia, logo foi desprezado. Dois anos depois, o Corpo de Bombeiros voltou a ser aparelhado, porém, com equipamentos importados da Alemanha.

Em 23 de janeiro de 1973 ocorreu a solenidade de incorporação do Corpo de Bombeiros de Manaus à Polícia Militar do Amazonas. Reencontravam-se após mais de duas décadas, na avenida Sete de Setembro, onde estiveram abrigados no afastado 1936 (quando da reativação da PMAM).


Tropa de bombeiros no quartel
da Sete de Setembro

O evento foi realizado no acanhado quartel do Corpo, adaptado para tal finalidade há mais de quatro décadas. Três aberturas na frente serviam para a circulação de pessoal e de viaturas. A movimentação destas ocupava a própria avenida, que acolhia um fluxo constante de veículos, pois então servia de ligação entre os bairros situados na Zona Sul e o próprio Centro.

Em precário estado, os bombeiros possuíam três viaturas, denominadas de ABT (Auto Bomba Tanque), que o vulgo prefere denominar de carro-pipa. Serviam para combater incêndios e com mais agrado aos motoristas do corpo para distribuir água (isso mesmo, sempre faltou água em Manaus). Os motoristas compraziam-se em distribuir o precioso líquido, mais precioso ainda para eles, pois, enchendo alguns tanques ou camburões particulares, recebiam algum trocado. Por isso, os pilotos apelidaram carinhosamente aos ABT de mamãe Dolores.

Na manhã de 23, o major PM Pedro Câmara recebeu do major CB Nicanor Gomes da Silva o Corpo de Bombeiros de Manaus, em uma solenidade estritamente militar. Dela, apesar da significação histórica, não há qualquer registro jornalístico, muito embora existissem em circulação vários jornais, além de rádios AM e a FM Tropical, as TVs Ajuricaba (canal 20) e Baré (canal 4).

Nada foi noticiado (censura?), por se tratar de solenidade com tropas militares ou para escamotear a inconcebível situação dos homens do fogo?

Major Nicanor salvando
A singeleza da solenidade foi patente, relembra o último comandante dos bombeiros municipais: “nada de convidados, a mais destacada autoridade presente foi o comandante geral da PMAM, coronel Paulo Figueiredo”. A fim de abrigar a pequena tropa, foram retiradas as viaturas do quartel, e pronto! Não houve sequer a indefectível ordem do dia, tampouco coquetel.

Os até então sofridos Bombeiros de Manaus não viam a hora de recomeçar uma nova e prestigiosa etapa profissional. (segue)



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