CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

segunda-feira, outubro 04, 2010

DIA DE SÃO FRANCISCO #1

Outra paróquia em que este santo é celebrado fica no bairro da Colônia Oliveira Machado, sob a denominação de São Francisco das Chagas.

Igreja da Colônia, em A Crítica.
Manaus, 5 outubro 1971
Pequenos esclarecimentos sobre o bairro e a criação da paróquia são contados pelo saudoso padre Luiz Ruas, no texto abaixo publicado em A Crítica, de 17 de agosto de 1980. Acerca do texto, devo acrescentar que conheci a capela primitiva de madeira. Entre 1956 e 1959, na condição de seminarista, colaborei com o padre Antonio Plácido nas duas igrejas: a de Educandos e da Colônia.


SÃO FRANCISCO DA 
COLÔNIA OLIVEIRA MACHADO 
Em sua obra Sociologia de Manaus: aspectos de sua aculturação, André Araújo escreve o seguinte: “Em 1897, os bairros de S. Raimundo e Colônia Oliveira Machado, tinham as visitas do superintendente voltadas para a sua higienização, iluminação, com o fim de atrair a gente do centro da cidade para ali”.
Seria necessário fazer-se uma pesquisa mais detalhada sobre a origem da Colônia Oliveira Machado, inclusive mais detalhada aproveitando-se a sobrevivência de moradores mais antigos daquele bairro, que ainda guardam algumas preciosas memórias de suas origens antes que tais pessoas desapareçam. Sabe-se, no entanto, que por volta do século passado, quando a produção da borracha estava no seu período áureo, talvez o mesmo superintendente de que fala André Araujo em sua obra, localizou à jusante de Manaus, à margem do rio Negro, em barracas de lona, um grupo de imigrantes, com certeza, nordestinos, foi a origem do bairro Colônia Oliveira Machado, aí por volta de 1894 ou 1895.
Certamente a débâcle da borracha, na primeira década deste século e o retorno a Manaus de levas de seringueiros vindos de seringais desativados pela pequena produção ou pelo baixo preço do látex, e que se instalaram no bairro de Educandos, devido à proximidade maior com o centro da cidade, contribuíram para que a Colônia Oliveira Machado não tivesse o mesmo desenvolvimento obtido pelo seu vizinho bairro de Educandos. Apesar disso, porém, a Colônia que é um dos mais antigos bairros de Manaus ao lado de São Vicente, Remédios e Cachoeirinha, embora em ritmo mais lento, continuou progredindo e sua população aumentando de ano para ano.
Consta que, segundo depoimentos de moradores da Colônia, em 1896, foi doado um terreno para a construção de uma capela dedicada a São Francisco das Chagas, o que bem denota e confirma que os primeiros moradores daquele bairro eram mesmo nordestinos e, com certeza, na sua maioria, cearenses. Como Educandos, a capela de São Francisco da Colônia Oliveira Machado, inicialmente esteve sob a jurisdição eclesiástica da paróquia de Nossa Senhora dos Remédios da qual, anos mais tarde, foi vigário coadjutor o Pe. Antonio Plácido de Souza, recém-chegado de Fortaleza onde se ordenara e que, posteriormente, viria ser o primeiro vigário da paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Educandos, onde viveu até o fim da sua pobre vida, inteiramente dedicado ao trabalho pastoral, tanto em Educandos quanto no interior, em 1967.

Criada a paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Educandos, a capela de São Francisco das Chagas ficou sob sua jurisdição. A primeira capela era de madeira. Pe. Antonio Plácido de Souza que já havia iniciado a construção da nova igreja de Educandos iniciou também, com os precários recursos de que dispunha, trabalhando ele mesmo como pedreiro e carpinteiro e contando com a ajuda de seus paroquianos, a construção de uma nova capela na Colônia Oliveira Machado, esta, de alvenaria. (...)


Deve-se salientar, de justiça, os trabalhos de urbanização realizados naquele bairro nas administrações dos ex-prefeitos de Manaus, Dr. Frank Lima e Coronel Jorge Teixeira de Oliveira, sentindo não só a necessidade de dar aos moradores melhores condições de vida, mas também, levado pela preocupação de criar novas vias de tráfego em Manaus. Foi assim que Jorge Teixeira alargou e asfaltou a principal via de acesso da Colônia unindo por ela aquele bairro ao de Educandos. Deve-se, também, a Jorge Teixeira a construção da nova igreja da Colônia, o que foi feito a título de indenização já que a nova estrada cortou o terreno da antiga igreja.


Ao lado destas preocupações materiais por parte da administração pública, também a Igreja de Manaus sentiu a necessidade de dar maior assistência religiosa à Colônia Oliveira Machado. Por isso é que Dom Milton Corrêa Pereira houve por bem criar a nova paróquia de São Francisco das Chagas com sede naquele populoso bairro.


A nova paróquia de São Francisco das Chagas já tem uma tradição religiosa antiga, podendo-se salientar a festa do padroeiro que é uma das mais tradicionais e das mais animadas de Manaus, como o é também a festa de São Pedro – a festa dos pescadores, com a sua procissão fluvial que, neste ano, teve a insigne honra de ser presidida pelo Papa João Paulo II. (...)


O desenvolvimento acelerado dos últimos anos ao lado dos benefícios trouxe também, como sempre acontece, muitos problemas. E, principalmente, problemas de ordem social. Os moradores da Colônia Oliveira Machado reclamam especialmente da falta de policiamento, da falta de mais escolas e de assistência medica, embora o Inamps já esteja implantando ali uma unidade médica.


Por enquanto, a nova paróquia de São Francisco das Chagas que será instalada, solenemente, neste domingo, dia 17 de agosto, às 9h30, por Dom Milton Corrêa Pereira, continuará sob os cuidados pastorais do Pe. Francisco da Silveira Pinto, vigário de Educandos, até que seja designado o novo vigário.


Espera a Igreja de Manaus, nas pessoas do Sr. Arcebispo e do Pe. Francisco Pinto, que a criação da nova paróquia sirva de estímulo para a população da Colônia Oliveira Machado e se opere naquele populoso bairro uma verdadeira renovação espiritual e social.

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