Major Nicanor Gomes, comandante dos Bombeiros, 1972 |
O efetivo na abertura desse ano: comandante, major Nicanor
Gomes da Silva, e Raimundo Duarte Paiva (que refizera sua situação na corporação),
capitão subcomandante. Havia mais seis oficiais; um subtenente; 18 sargentos;
nove cabos e 53 bombeiros. Total – 87 homens. A despeito do rigor, a disciplina aqui e ali se
esboroava, porém, no mesmo diapasão a mão disciplinadora do comandante resistia
com energia.
O Quesito, quanto às Normas de Confecção e Entrega,
atendia as seguintes instruções:
1 – O
Quesito será único para cada corrida realizada, embora tenha sido nela empenhados
vários socorros;
2 – Será confeccionado
pelo comandante do socorro que primeiro tiver chegado ao local, seja ele
oficial ou praça;
3 – Nos casos de
corridas, em que apenas um socorro tenha comparecido, o prazo de entrega à
secretaria do Corpo será de 72 horas, contadas da rendição da parada, ao sair o
responsável de serviço;
4 – Nos casos em que
mais de um socorro tenha comparecido ou sido empenhados no local, os impressos
de auxílio deverão dar entrada em 48 horas, contadas na forma do item anterior,
também na secretaria;
5 – Os quesitos terão
numerações que lhes caracterizarão os seus números de ordem de corrida,
observando-se a sua contagem de zero hora do dia 1.º de janeiro às 24 (vinte e
quatro) horas do dia 31 de dezembro de cada ano;
6 – Na confecção do
Quesito, o chefe do primeiro socorro fará constar todas as ocorrências de todos
os socorros que tenham comparecido, de forma a permitir que ele, por si só,
constitua o relatório geral das atividades da Corporação no local do sinistro;
8- Na confecção do
Quesito, os comandantes de socorros deverão seguir as normas que abaixo são
estabelecidas para resposta a cada um dos itens.
Quartel do Corpo de Bombeiros de Manaus, na avenida Sete de Setembro, que existiu até 1974 |
A propósito do Dia
do Bombeiro Brasileiro (2 de julho), o vereador João Zany dos Reis, antigo
membro da Polícia Militar e bombeiro municipal por afinidade, todavia admirador
e colaborador dos voluntários, homenageou a corporação. Para isso, Zany
justificou sua propositura notando que, criado o primeiro Corpo de Bombeiros do
Brasil no Rio de Janeiro, “outras corporações similares foram sendo organizadas
e o espírito de luta do Soldado do Fogo
tornou-se uma constante, fato que o tem consagrado credor de estima pública”.
Endossa, porém, seu discurso com garantida dose de politicagem, ao apresentá-lo
“mal alimentado, com vencimentos deficientes, sem estímulo, mas num
desprendimento impressionante”. Capaz de lutar contra o fogo movido pela
“coragem, bravura e amor aos seus semelhantes”.
* * *
Em 7 de julho, João Mendonça de Souza, superintendente da
Fundação Cultural do Amazonas, recorreu aos Bombeiros. Motivo: o reparo nas instalações elétricas da Biblioteca
do Estado. Não dispondo a Fundação de
uma escada, solicitou-a por empréstimo,
prometendo que “terminado o referido trabalho será devolvida”. Seguiu a
escada e a respectiva guarnição. Para a instituição que combatera o incêndio da
Biblioteca (1945) unicamente com entusiasmo, aquele pequeno serviço constituía-se deleite.
Perseguindo a meta de instruir seu pessoal, o comando
aproveitou para cooperar na instrução de funcionários de empresas. Os
instrutores do CBM eram forçados à preparação de aulas, de modo transverso, se
atualizavam, e com essa atividade obtinham subsídio financeiro.
Um Curso de Combate a Incêndios, ministrado a “funcionários de diversas
firmas comerciais e industriais desta cidade”, ocorreu no Instituto Cultural
Brasil Estados Unidos (Icbeu), patrocinado pela Capitania dos Portos e
Costas. Integraram o corpo docente o major
Nicanor Gomes, como supervisor; 2.º sargento Agenor Dabela Marinho e 3.º sargento
Bernardo Pereira de Oliveira, como instrutores (Boletim, 22 de
agosto).
Em outubro, inicia-se o fechamento desta fase municipal
dos Bombeiros, etapa que perdurou por 22 anos (1951-73). Os municipais
principiam a se despedir, ao conhecer os acertos governamentais transferindo
esses serviços para a órbita estadual. Para mim, que transitei pelo acervo do
Corpo para formatar essa exposição, jamais anotara a liberação de tantos
recursos, de tantas verbas para este fim. Eu estava ciente de que os municipais quase desapareceram por
inanição, devido a escassez de recursos; e os voluntários, tal qual
“primo rico”, usufruíram de farto quinhão. Angariaram donativos não apenas de
doadores, mas também de governos (estadual e municipal) que tinham compromisso
de manter o Corpo oficial. Paciência!
A arrumação dos troços
para a mudança começava. Exigia pouca mão de obra, pois tudo se manteria na
mesma paragem, apenas um novo comandante passaria a dar novas ordens. Em 12 de
outubro, consoante a Lei n.º 1.146,
o prefeito de Manaus recebeu licença para
“firmar convênio com o Estado, para a regulamentação dos serviços de prevenção
contra incêndios, combate ao fogo e socorros públicos”. Com a legislação
encetada, carecia aos Bombeiros aguardar a “papelada” que, no Amazonas, se
arrastou por mais de noventa dias. Ao mesmo tempo em que a Prefeitura despedia
seus Bombeiros, agraciava-os com substancial aumento salarial, não somente
retroativo a maio, mas com o encargo do pagamento encerrar-se com a transferência.
Em dezembro, o Corpo de Bombeiros de Manaus recebeu a
visita de uma missão francesa. A cooperação técnica desembarcava sob os
auspícios da agência local da Aliança Francesa, representada por Mr. Ange Guimera, vice-cônsul francês,
e Mr. Guy Mourillas. E estava
chefiada pelo coronel Robert Abadie, do Corpo de Bombeiros de Paris (FRA). E mais,
assessorada por monsieurs Jean François Veillard, enviado da empresa
Camiva (Constructeurs Associés de Matériels d´Incendie, Voirie, Aviation), e Michael
Haudebault, do Groupe Sicli - Bureau Commercial Parisien. A equipe realizou exploração fotográfica
aérea e terrestre estudando os riscos de incêndios existentes na cidade de
Manaus, bem como para elaborar um diagnóstico das precariedades do CBM.
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