CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

terça-feira, setembro 04, 2012

LUIZ BACELLAR, OITENTA-E-QUATRO ANOS

Luiz Bacellar, 2011
Hoje, na véspera da data maior do Amazonas, o poeta Luiz Bacellar completa 84 anos. Não haverá festas como convém, como cabe a um iluminado, porque o amigo encontra-se hospitalizado.  Mas, apesar de seu apelo, os amigos foram cumprimentá-lo. É sempre gostoso estar presente, celebrar com a figura excelsa deste nobre.

A voz já o está traindo, quase não se percebe suas palavras, porém, seus versos continuam impondo ritmo na cidade de Manaus. Um dia, há sessenta anos, foram ouvidos na Cidade Maravilhosa e poderiam ter se expandido pelo país, não fora a modéstia de Huet-Bacellar.

Huet-Bacellar é a última descoberta genealógica pessoal do poeta. E, conversa vai e vem, segredou-me que os Sá fundadores do Rio de Janeiro foram seus antepassados. Mas, nem só de genealogia vive Bacellar, sabem os mais próximos, aqueles que gostam de “ouvir estrelas” sabem que ele provém de outra galáxia. 
Sou feliz por ter desfrutado de alguns momentos de aprazível papo. Sempre recheado de boas gargalhadas, pois o aniversariante sabe fazê-lo com dignidade. Agradeço a ele, nesse dia venturoso para o Estado, os ensinamentos que me transmitiu acolá no Restaurante Pina, mais adiante na sala do Bradesco Prime; nos encontros do Chá do Armando; ora na Livraria Valer ora no Museu Amazônico.  Quase me esquecia da Livraria Saraiva e do “sujinho” El Perikiton.
Mauri Marques (acima) e Zemaria Pinto (abaixo) festejam o
aniversário de Luiz Bacellar, 2008



Dois fatos, porém, ainda me incomodam. Um é a devolução do livro que Bacellar ofertou ao padre-poeta L. Ruas (veja a ilustração), cujo livro acabou na biblioteca do Seminário São José, com a morte do padre. O incomodo estava em que Bacellar exigia que eu recuperasse, seja a manu militari, a publicação. Talvez fosse mais conveniente, aconselhei-o, solicitar ao arcebispo de Manaus, confrade dele na Academia de Letras. Afinal seria grata confabulação entre Dom Luiz Vieira e o “visconde” dom Luiz Bacellar.  
Oferta do poeta ao padre Luiz Ruas
O outro grilo: recuperar os poemas bacellarianos expostos nos jornais de Manaus de antanho. Havia ele me confessado que faria uma nova publicação, reusando tais poemas, com o título de Calhaus. Fiz o que pude. Passei a ele os descobertos, os seixos. Um dia a cidade verá este trabalho; e, acontecendo, serei afortunado. Enfim, para felicitar o poeta Luiz Bacellar nessa data, exponho alguns desses calhaus.
A Crítica, 19 janeiro 1957


O Jornal, 5 setembro 1956

O Jornal, 5 setemebro 1954

Cartão de visita bem humorado do poeta

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