Recorte de A Crítica, de ontem |
Ouvi
um jornaleiro do Canto do Quintela dizer, diante da programação da secretaria
de Cultura sobre Eduardo Ribeiro, que Manaus cresceu apenas com dois
governadores, coincidência, ambos batizados de Eduardo. Mais coincidências: ambos
forasteiros, ambos engenheiros, ambos senadores (um eleito, mas não empossado).
Estou
me referindo à iniciativa cultural do Governo em relembrar os 150 anos de
nascimento de Eduardo Ribeiro, o governador do final do século XIX (1892-96), início
do período republicano.
Efetivamente
o construtor do Teatro Amazonas marcou a cidade, ainda mais com sua morte (14
outubro), ainda em nossos dias inexplicável. O proprietário da chácara Pensador (hoje hospital de alienados),
em Flores, era um homem solteiro, sem encargos, cercado de áulicos e
bajuladores, que soube angariar e colecionar bens, dai que, ao morrer, legou uma
expressiva riqueza.
Pertencente
ao acervo do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), ali repousa o
inventário judicial deste maranhense. Em bom estado, é possível ler com todas
as letras o arrolamento de móveis e imóveis, de prataria e dragonas, de talheres
e animais, enfim, a riqueza daquele morto valorizada em réis. Impressiona pela abundância,
pela batelada.
Recorte do jornal A Crítica, de ontem |
Mais
impressionante, todavia, foi a maneira de sua “dilapidação” arrimada pela justiça.
Ou seja, no inventario lê-se inúmeros recibos de cobranças, as mais estapafúrdias.
A mãe do morto apareceu, vinda do Maranhão, e deve ter se contentado com alguma
mixaria. Depois, sumiu, desapareceu da história, nos desvãos da mesma história.
Não se conhece alguma notícia dela ou de qualquer parente.
Creio
que houve o imperativo de apagar a presença de Eduardo Ribeiro, pois até o
registro do óbito inexiste. Não foi realizado, portanto, não foi necropsiado. Explico:
aquele ex-governador foi enterrado no cemitério São João sem que fosse expedido
pelo 1º Cartório de registro da pessoa natural, então o único existente na capital,
a certidão de óbito. Já estive na sede deste, agora na rua Leonardo Malcher,
para recolher a segunda via, e necas... Não se diga que a folha foi suprimida,
rasgada, arrancada. Não, aquele morto não devia ter amparo legal.
Material de divulgação do Museu Eduardo Ribeiro, publicado em A Crítica, de ontem |
Não
se engane, pois, caro jornalista ou eminente visitante com as aparências do
museu. A Cultura com esta lembrança deseja explicar a existência da Casa de
Eduardo Ribeiro como sede da Academia de Medicina do Amazonas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário