CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

domingo, dezembro 19, 2010

VIOLETA BRANCA: A POETISA DO AMAZONAS


Violeta Branca, 1939
Ainda que tardia, aqui segue a minha contribuição ao trabalho da acadêmica Carmen Novoa em Violeta Branca: o poetismo de vanguarda, cujo lançamento ocorreu ontem na Academia Amazonense de Letras.

Compreendo o empenho da respeitada imortal na divulgação da obra vanguardista, da vida marcante de Violeta Branca. Também eu tento manter acesa a chama da lembrança de outro poeta, engolido pelo esquecimento. Cuido de padre Luiz Ruas ou mais semplesmente, de L. Ruas.
Sei quanto, apesar de minha dedicação quase diária, e na condição de “catador de papéis”, é difícil completar o trabalho. Imagino quanto ficou de fora sobre a poeta, quando sei que a autora teve apenas dois meses para editar seu livro.

A Tarde. Manaus, 19 fev. 1939

Espero, pois, que os papéis expostos colaborem na divulgação da arte da “poetisa do Amazonas” Violeta Branca.
A Tarde. Manaus, 19 fev. 1939







O texto e os recortes foram publicados no vespertino A Tarde, de Aristophano Antony. Implementavam a edição de 19 de fevereiro de 1939, quando o periódico comemorava o segundo ano de circulação.
A legenda da foto da homenageada sinaliza para outro mistério. Os poemas expostos fariam parte de outro livro – A festa da vida, que nunca veio a lume. Assim, temos a indicação de um quarto livro de poesia. O terceiro - Concerto a quatro mãos, Novoa tratou em seu livro.

Este último recorte recolhi de O Jornal, na coluna Velhos Tempos, de André Jobim. O poema de Violeta Branca circulara na revista Cabocla, em julho de 1936.

O Jornal. Manaus, 2 dez. 1962
EXTASE
Percorri os caminhos essenciais da alegria e do amor.
Pequei na embriaguez emotiva
dos sons, das cores
dos contatos e dos sabores,
na amarga delícia de fugir de meu próprio espírito,

para viver
a vida unânime dos sentidos.

Percorri os caminhos abertos às emoções humanas
na ânsia total

de desvendar o sortilégio da alma,
a aflição da carne,
o transcendentalismo do pensamento.

Percorri todos os caminhos,
rolei em abismos transfigurados,
pairei em surtos infinitos,
vivi ascensões vertiginosas
e descidas rápidas de estrela cadente,
quando, como uma alvorada luminosa,
que se abre
numa imitação rubra de rosas matinais,
eu percorria
os caminhos essenciais
da beleza e de esplendor,
vibrando, extasiada, na glória suprema de ser

a escrava pagã
da alegria e do amor.

2 comentários:

  1. Caro Roberto. Boa noite.
    Inicialmente parabéns pelo blog. Acredito que o termo atual é "tem conteúdo" sou como você um catador de papeis, me autodenomino ajuntador de livros, seu blog tem sido muito útil e informativo nas minhas pesquisas.

    Os autores e o tema Amazônia são meu foco.

    O livro da Violeta Branca, na realidade um livreto de 24 paginas - Concerto a quatro mão - Opus de Violeta Branca e Andrade Melo é fato. Eu possuo uma copia do mesmo. Foi publicado em 1981, pela Gráfica Editora Arte Moderna. Tem um poema neste livreto que gosto bastante, como não conheço os outros livros na integra não sei se já estava publicado.
    A culpa de Deus
    (Violeta Branca)
    Que culpa tenho se Deus
    me fez de sal e de mel
    e de estrelas me deu
    uma coroa e o anel
    que brilha na minha mão ?
    Que cupla tenho se Ele
    me ensinou o caminho
    azul de outro e arminho
    que leva à inspiração ?
    Que culpa tenho se Deus
    ao ampliar os meus dias
    criou também fantasias
    de luas, pássaros, flores,
    e me doou poesias
    para dizê-las nas horas
    das minhas vertigens de amor ?

    Cordialmente
    Wenceslau

    ResponderExcluir
  2. Conheci a poetisa Violeta Branca Menescal de Vasconcellos e sua família (Dr. João, marido, Flavia, Cida e Otaviano, filhos), a mesma irmã do Desembargador Azarias Menescal de Vasconcellos, ambos já falecidos, frequentava nos anos 60 a sua residência na Avenida N.S. Copacabana/RJ, pessoa educada, brilhante e da maior simplicidade, divulgadora e defensora do Estado do Amazonas, em particular a cidade de Manaus;

    ResponderExcluir