CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sexta-feira, dezembro 24, 2010

NATAL 2010

Américo Antony
Para seguir lembrando o Natal de ontem, reproduzo o poema de Américo Antony (1895-1970), filho do Dr. J. Carlos Antony, que segue homenageado em rua do bairro da Cachoeirinha. O poeta pertenceu a Academia Amazonense de Letras.

O poema foi escrito para o Natal de 1956.

Natal

A Dor fez uma via inundada de sangue...
A Renúncia construiu um caminho de Luz...
Dor, que sangrou de um Deus crucificado e exangue,
Renúncia, que irradiou dos braços de uma cruz.
Os crimes mais revéis, guardou-os Ele, o Deus Homem
Como urna de cristal recebendo um monturo,
Para tê-los, depois, das penas que os consomem,
Transmudados no céu do Seu ideal mais puro!

Quem recebe tormento e só dá redenção,
Quem ferimentos sofre, e abre-os como sorrisos,
É Esse que a luz da estrela acende ao coração,
É Esse que a infernos faz reflorescer paraísos!

Caminhantes guiou pelas sendas desertas,
E ergueu, entre espinhais, os passos da Paixão,
E fez, da escravidão, almas soltas, libertas
Voar à excelsa paz da glorificação!
O Jornal, 25 dez.1956

Conduzia-as ao céu quando em terra choravam!
Fazia-as reviver a Deus, quando morriam
De dor, sob a ilusão dos gozos que as manchavam
À ignomínia fatal, quando à expiação desciam.

Esse Condão de Luz que os tempos ilumina,
Atrás do qual a humanidade ainda revive,
É a estrela, que, guiando os três Reis Magos, divina
Ainda no coração de cada Angústia vive!

Ainda abre essa esperança aos seres sofredores
Como, de um fundo abismo, - a boca – é um céu aberto!
Como é, ao peregrino, a estrela num deserto,
E a campa secular, - se engrinalda de flores

E a Luz da Redenção fulgiu sobre um presepe
Com a humildade do Amor criando o Mais Divino
Em desertos, em mar, em selva, em campo, e estepe,
E em tristes ribeirões ao pulso cristalino!

Ele fulgiu do Eterno, e hoje fulge! – é o Natal
Que a lágrima refaz da Eternidade em Luz!...
Vinde ajoelhar comigo ante a Luz Imortal
Que flue com a Redenção, dos olhos de Jesus!
Montagem sobre imagens natalinas do Largo São Sebastião

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