Ed
Lincon (colaborou)
O acontecimento irrompeu no segundo dia de maio de 1949, quando o cabo Sandoval Moura da Rocha, da Polícia Militar, de serviço no cine Politeama sofreu, de parte do proprietário, Dr. Alberto Carreira, injusta agressão.
Detalhe do jornal A Gazeta, 4 maio 1949 |
No dia seguinte, o governador
Leopoldo Neves chegou a interferir junto às partes, e as medidas adotadas pelo
comandante da corporação, coronel Manuel Corrêa, demonstravam que a situação
estava contornada. Não foi, porém, o que sobreveio à noite desse dia, pois, os
policiais vingaram a ofensa de forma brutal.
Cerca das 20h, quando o
cinema se preparava para iniciar a sessão noturna, apresentando o filme Quando as nuvens passam, um grupo de
pessoas (depois identificadas como policiais) invadiu o salão de espera. Estava
armado de paus, sabre, canos de ferro e outros objetos contundentes, e assim investiu
contra os empregados, móveis requintados, cadeiras e borboletas (catracas).
A ação mais avultada foi
a destruição de dois automóveis Studbaker, que ali estavam expostos pela ainda
existente firma Braga & Cia., cujo prejuízo orçava em Cr$ 185.000,00. Pode-se
dizer que os carros estavam no lugar certo, mas na hora errada.
O vandalismo durou menos
de cinco minutos. Talvez, por isso, os invasores não alcançaram o salão de
projeção, que foi defendido pelo operador do projetor. Avisado do ataque, o gerente Carlos Segadilha
empunhou um revólver e detonou cinco vezes contra o grupo. Mas, como a arma emperrou,
a turba subjugou o atirador e o agrediu com violência.
Leopoldo Neves, governador |
Diversas autoridades estiveram
no local (essa romaria de chefes era muito comum em acidentes graves e perdurou
por décadas), o governador Leopoldo Neves, que conseguiu tropa federal guardasse
o cinema. Outra medida do chefe do Executivo foi determinar a indenização dos
carros de Braga & Cia., e que, depois de consertados, “sejam empregados no
serviço da Polícia e da Secretaria Geral do Estado”; o Chefe de Polícia, bacharel
Telles Borborema, determinou o inquérito competente; o prefeito de Manaus, médico
Raimundo Chaves Ribeiro, e diversos deputados.
Coronel PM Manuel Corrêa |
De parte da Polícia
Militar, seu comandante, coronel Manuel Corrêa, determinou a providência de
praxe: abertura de Inquérito Policial Militar. Mais ainda, punição aos
subordinados que tenham participado do ataque, a fim de tranquilizar a
população. Afinal, se a polícia agia com brutalidade contra uma importante
empresa, no caso, o cinema Politeama, como confiar nesta organização?
A intranquilidade
permaneceu na cidade por dias. Como sempre os boatos, o disse-me-disse, o
boletim do soldado causavam esse estado. Buscando sanar esse impasse, o jornal A Gazeta ouviu primeiro dono do cine
Politeama, depois o comandante da Polícia Militar. O esforço jornalístico alcançou
resultado positivo. (a seguir)
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