Lembrança do Politeama, as sereias que encantaram Manaus |
Ed
Lincon (colaborou)
O extinto jornal A Gazeta , do médico Avelino Pereira, empenhou-se
em descrever a lambança geral e os desdobramentos de um incidente, que durou ao
menos sete dias de farto material jornalístico. Vou abreviá-lo, esperando bem reproduzir
o “lamentável ocorrência que sobressaltou a população”, e envolveu de um lado, soldados
da Polícia Militar do Amazonas e de outro, o saudoso cine Polytheama ou Politeama
e seu proprietário.
O fato aconteceu em maio
de 1949, portanto, passados sessenta e três anos. E começou na noite da segunda-feira
2, quando o cabo Sandoval Moura da
Rocha, da 1ª Companhia da PM, comandante da patrulha naquele estabelecimento,
foi acionado para “efetuar a prisão de Francisco Henriques”, porteiro daquela
casa de espetáculos.
Henriques era acusado de
ter, na tarde do dia anterior, “praticado atos de libidinagem em uma criança do
sexo feminino” no interior do cinema. O comandante do serviço policial cumpriu
seu dever, e encaminhou o acusado à delegacia competente. Nesse momento, entra
em cena o proprietário do cinema, Dr. Alberto Carreira da Silva, que “encolerizado,
verberou o procedimento do policial”.
Cópia do matutino que descreveu o grave incidente |
Outras
autoridades: no outro lado da praça, o coronel Manoel Corrêa da Silva (morador
da rua Lauro Cavalcante, na ainda existente vila Georgete), que comandava a
Polícia Militar do Estado. Enfim, dirigia a Chefatura de Polícia, situada na
rua Marechal Deodoro, o bacharel José Augusto Telles Borborema
(1947-49).
Recorte de A Gazeta, 4 maio 1949 |
O
cabo Sandoval retirou-se para o quartel da Praça da Polícia, onde relatou o
ocorrido. Que deve ter seguido a escala hierárquica de autoridades, tanto que
logo o governador Neves tomou ciência. Na manhã seguinte, o governante ouviu ao
doutor Carreira, e o recriminou; determinou a apuração da ocorrência na esfera
civil e policial, sob a controle do coronel Corrêa. Tudo então parecia sobre
controle.
No
entanto, em surdina, os praças da corporação articulavam um revanche à ofensa
descrita. Na noite seguinte, terça-feira 3, aconteceu a “vingança de soldados
contra o arrendatário do Cine Politeama”. (segue)
Nenhum comentário:
Postar um comentário