Mavignier de Castro |
O relato sobre esta instituição pertence ao saudoso acadêmico Mavignier de Castro (1891-1970), que o publicou em seu livro Síntese histórica e sentimental da evolução de
Manaus, lançado em Manaus, em 1948.
O texto, que presumo escrito sem anotações prévias apenas com
“sentimentos”, apresenta algumas distorções. Por isso, acrescentei pequenas notas à fala do autor, a fim de atualizar e
facilitar o entendimento. Há muito este “roteiro” deveria ter sido reeditado.
Quem sabe possamos vê-lo em breve.
Um detalhe final, a Polícia Civil era dirigida pelo Chefe de Polícia,
consoante menciona De Castro. Ainda alcancei esse personagem, que reunia forte
domínio, pois se ligava ao governador e possuía as atribuições de prender, de
investigar e, durante décadas, de dirigir a penitenciária. Essa figura, que foi
substituída pelo secretário de Segurança, deixou-nos muitos causos e incontáveis
lembranças, nem sempre afortunadas.
* * *
Capa do livro de Castro, trabalho do artista Branco Silva |
No espaço de um século a Polícia Civil ocupou três prédios
em ruas diferentes. A
instalação da Província, em 1852, a encontrou
situada na atual praça Pedro II, em um casarão assobradado que também
servia de cadeia pública e delegacia, precisamente no local onde
hoje se ergue o Palácio Rio Branco [atualmente centro cultural].
Em 1875, não mais oferecendo segurança suas vetustas paredes, determinou o governo a transferência da Chefatura
para a casa que ocupa atualmente a marcenaria Leo fazendo canto com a rua Dr. Moreira e a praça Roosevelt, antigo largo da
Constituição [hoje praça Heliodoro Balbi ou da Polícia].
Muitos anos se passaram antes que a sede da Polícia Civil fosse instalada no amplo palacete em que ora funciona, à rua Marechal Deodoro. Em 1934, quando Chefe de Polícia o Dr. Rui Araújo, o prédio
ficou acrescido por um andar permitindo melhor funcionamento à seção de datiloscopia.
Chefatura de Polícia, na rua Marechal Deodoro, antes da reforma de 1934 |
Também na gestão do Dr. Sady Tapajós de Alencar [1940-41], a repartição policial
recebeu notáveis melhoramentos, sendo adquirido o primeiro carro celular para transporte de presos.
Na administração governamental do Dr. Pedro Bacelar [1913-17] contava a cidade com
dois distritos policiais cada um obedecendo à respectiva delegacia. A primeira funcionou no
prédio da rua Joaquim Sarmento agora pertencente à Tipografia Fenix e a segunda, na esquina da avenida Eduardo
Ribeiro com a rua 10 de Julho.
Apesar de tecnicamente desaparelhada, não contando entre os
seus investigadores nenhum detetive de curso especializado, a Polícia Civil de Manaus tem se distinguido em inúmeras ocasiões
ao demonstrar argúcia na pista de salteadores e bravura no capturar indivíduos
facinorosos quase sempre foragidos de outros Estados.
Quando chefiava a repartição o Dr. Marcionílio Lessa, no mês de fevereiro de 1934, em
consequência de um conflito entre militares e elementos da Guarda Civil, o
próprio da rua Marechal Deodoro foi invadido, desarmada a sua guarda e
desacatados os comissários e escrivães de serviço que foram recolhidos à
Penitenciaria do Estado. [A chefia de Lessa durou de 20.02 a 06.03.1935, que
deve ter sido exonerado em decorrência desse conflito].
Anexa à Chefatura
funciona a Comissária da
Polícia do Porto. No prolongamento do mesmo prédio, mas de fachada para a rua
Dr. Moreira [o correto é rua Guilherme Moreira, onde se encontra o Banco do
Brasil], tem o seu quartel a Guarda Civil [desativada no início do Governo
Militar], montando um efetivo de sessenta homens. Sua fundação data de 1917.
Pelo Dr. Rui Araújo, em 1934, foi
organizada a Guarda Noturna, a qual juntamente aos guardas civis vem prestando eficiente serviço no policiamento
central e suburbano da capital.
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