CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

domingo, maio 10, 2020

DIA DAS MÃES E UM POEMA

Hoje é comemorado o Dia das Mães e seria o do aniversário (98 anos) do saudoso padre Nonato Pinheiro. 

Francisca e Roberto (fev.1950)
Não haverá festas: o reverendo não está entre nós desde 1994. E o domingo de nossas Mães está comprometido pelo confinamento sanitário.
Vou lembrar a data com um poema deste sacerdote, publicado em O Jornal, em 10 de maio de 1962, que era, coincidência como hoje, festa das Mães e dele.

Aproveito ainda para lembrar dona Francisca Lima Mendonça (1917-51), minha genitora (foto), que deixou a família muito jovem, acometida de doença infecciosa, que em nossos dias é facilmente curável.  

Em 1922 – Nasceu em Manaus (AM), o padre Raimundo Nonato Pinheiro, filho do poeta homônimo e da professora Diana Pinheiro, devidamente homenageada na escola estadual existente na avenida Presidente Kennedy, no bairro de Educandos. Fez os estudos secundários no Colégio Dom Bosco, em Manaus, mas a formação eclesiástica forjou nos seminários de Belém (PA) e São Luís (MA), onde foi ordenado sacerdote em outubro de 1946.

Nonato Pinheiro (1976)
Exerceu o sacerdócio em Manaus e em Parintins, antes da instalação da Prelazia local, a cargo dos padres do PIME. No entanto, por divergências com a Igreja amazonense, esteve afastado das ordens sacerdotais.


Dedicou-se com brilhantismo ao cultivo das letras. Seu extremado zelo com o idioma pátrio o fez reconhecido filólogo e linguístico; o jornalista com colaboração em todos os jornais da Capital; e uma reconhecida aptidão pela polêmica. Pertenceu ao Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), onde exerceu com competência a função de Orador, e cuidou da biblioteca da instituição.

Padre Nonato Pinheiro foi empossado na Academia Amazonense de Letras em 1950, para ocupar a Cadeira 20, como patrono o filólogo João Ribeiro. Na sessão de posse, foi saudado pelo cientista Djalma Batista.
Publicou muito pouco, apenas três livros, sendo o mais conhecido sobre o terceiro bispo do Amazonas, Dom João da Matta (1956), que a Editora Valer reeditou em 2008. Tenho me esforçado para recolher dos jornais as inúmeras contribuições deste intelectual, como disse, em todos os jornais de Manaus, em um período que estimo de quatro décadas.
  
Recorte de O Jornal, 10 maio 1962
É de púrpura e ouro este dia de maio,
Dia de nossas mães, tão santas e extremosas!
O dia se ilumina ao fulgurante raio 
De nosso amor filial a se expandir em rosas... 
Vibrando de emoções, em cânticos me espraio,
Ouvindo essas canções, mensagens deliciosas,
Que transmitem às mães um suspiro, um desmaio
De amor e comoção, em frases luminosas... 

E vós, órfãos que sois, buscai a sepultura
De vossa mãe querida neste dia lindo
Para imprimir na lousa o beijo da ternura... 

E ao cálido contacto desse beijo infindo,
Sentireis palpitar numa saudade pura
O grande coração de vossa mãe, sorrindo!... 


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