Dr. Marcus Lacerda |
Reproduzo,
com integral contentamento, a manifestação do médico Dr. Marcus Lacerda, membro
proeminente da Fundação de Medicina Tropical, na qual explana os obstáculos que
vem enfrentando por ter realizado um ensaio clínico sobre a serventia da
cloroquina.
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Há
dois meses nos lançamos na aventura de ajudar a
humanidade, fazendo o primeiro ensaio clínico controlado do mundo com
cloroquina, para formas graves de Covid-19, em Manaus. Após a publicação dos
dados, em que demonstramos que a droga não elimina o vírus, e que não se devem
tentar doses mais altas, fomos vítimas de uma terrível fake news oriunda
de algum “gabinete do ódio”.
Espalharam
pro Brasil que havíamos matado 11 pessoas de propósito, porque éramos do PT e
porque queríamos derrubar a menina dos olhos do presidente. O poder dessa notícia
impregnou a sociedade leiga, médica e científica. Mesmo após todas as manifestações de
apoio das sociedades científicas, esse grupo se vê ainda hoje intimidado por inquéritos
civis e explicações a todo tipo de órgãos que
deveriam, também, defender os pesquisadores, que são antes de tudo cidadãos, no
exercício de sua profissão.
As
fake news encontraram terreno fértil na ignorância e no conceito popular de que “onde há fumaça, há
fogo”. Quem acreditou na notícia deve ter o hábito de julgar os outros pelo que
ele próprio teria coragem de fazer. A sociedade amazonense se calou, e perdeu a
oportunidade de defender um dos seus patrimônios: a
pesquisa clínica em doenças infecciosas, que aqui tem mais
de 40 anos de excelência.
Quem
cala consente, quem cala apoia o novo regime. Uma pena que não haverá responsáveis
pelas mortes de idosos com Covid-19 usando cloroquina em casa, de forma
indiscriminada. A eles nosso mais profundo respeito, por pagarem o preço das
escolhas erradas de uma nação. Nosso luto será ainda maior.
À
sociedade amazonense, minha gratidão pelo que me proporcionaram até aqui, e um
pedido de que conheçam melhor suas instituições, seus
filhos de “bravos que doam”, e aqueles que pra cá migraram por opção. Como
quis dizer o governador Eduardo Ribeiro, ao colocar uma bandeira na cúpula de
seu teatro, “aqui também somos Brasil”.
Dr.
Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda
infectologista
e pesquisador,
Fundação
de Medicina Tropical/Manaus
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