Daisy Lúcidi |
Circulando hoje pelas notícias nacionais encontrei
uma desagradável sobre Daisy Lúcidi, que se sabe foi atriz e deputada. Conforme
a matéria, encontra-se ela hospitalizada em estado grave, acometida de coronavid-19. Permaneci com
o registro na cabeça. Adiante, envolvido em trabalho de pesquisa em crônicas de
Ramayana de Chevalier, acidentalmente deparei com outra notícia sobre a Lúcidi.
Chevalier escreveu uma série de crônicas em 1961, no
jornal A Gazeta, quando em Manaus chefiava a secretaria de Administração
do governo Gilberto Mestrinho (1959-63). Em setembro daquele ano, escreveu “Rodolfo
Meyer” (cujo sobrenome correto é Mayer), para informar que o ator do monólogo As
mãos de Eurídice, apresentaria espetáculos no Teatro Amazonas, acompanhado
pela atriz Daisy Lúcidi (1929-). O confinamento não me permitiu obter mais
detalhes sobre a excursão nos jornais da época.
Abaixo parte da crônica de Ramayana de Chevalier,
publicada em 14 de setembro de 1961.
Título da crônica (A Gazeta, 14 set. 1961) |
Andei por esse Rio, que se perde aos poucos, com o delírio das cristaleiras monstruosas que são os arranha-céus. Depois, encontrei de novo o fio de Rodolfo Meyer, dessa vez sob a magia mental de Pedro Bloch. Já estava eu de novo, mergulhado na poeira sutil das noites de Copacabana. “As mãos de Eurídice”. Foi ele o dono do assunto. Foi escrito para a sua sensibilidade. Foi um dos pontos altos de sua brilhantíssima carreira. Agora, tive notícia de que ele vai a Manaus. Ao lado de Daisy Lúcidi [1929-], que é uma rosa humana, gotejando talento por todos os poros.
Hoje - 7 de maio de 2020 - morreu a atriz e deputada Daisy Lúcidi, no Rio de JaneiroManaus terá, mais uma vez, a oportunidade de ouvi-lo de vê-lo, com o seu pequeno conjunto de grandes artistas. A iniciativa é agradável aos aficionados do teatro, do bom teatro. As assinaturas constarão três peças, bem selecionadas e de acordo com a harmonia das três sensibilidades participantes. Serão três noites admiráveis. Foi um brilhante gesto de Bianor Garcia, brindando a nossa gente. Resta ampará-lo com a aceitação, plena aceitação dessa récita de assinaturas, que, temos certeza, lotará completamente o nosso magnífico teatro. A expressão de Meyer e inteligência à flor da pele de Daisy Lúcidi e do seu outro companheiro de interpretação, cujo nome falha no momento, também um dos excelentes valores do novo teatro nacional. Esperemos Rodolfo Meyer com legítima solidariedade. Ele reviverá, como Morineau já o fez, as fulgurantes noitadas Teatro Amazonas. De mim, não me chega somente um artista. Vem de longe um pedacinho do Rio Janeiro, com a poeira das madrugadas ondulantes, com o cheiro de maresia que vem com as ostras do “Albamar”...
Rodolfo Mayer
Atualizado nesta data.
Salve suas históricas pesquisas e lembranças, caro coroné. Simpático episódio com Ramayana e Lúcidi. Só pra constar: tenho o lp de "as mãos de Eurídice". Abraço virtual.
ResponderExcluirBoa tarde tudo bem? Sou carioca e procuro novos seguidores para o meu blog. Eu também posso te seguir. Novos amigos também são bem vindos.
ResponderExcluirhttps://viagenspelobrasilerio.blogspot.com/?m=1