CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

terça-feira, maio 05, 2020

RAMAYANA DE CHEVALIER & TEATRO AMAZONAS



Daisy Lúcidi
Circulando hoje pelas notícias nacionais encontrei uma desagradável sobre Daisy Lúcidi, que se sabe foi atriz e deputada. Conforme a matéria, encontra-se ela hospitalizada em estado grave, acometida de coronavid-19. Permaneci com o registro na cabeça. Adiante, envolvido em trabalho de pesquisa em crônicas de Ramayana de Chevalier, acidentalmente deparei com outra notícia sobre a Lúcidi.
Chevalier escreveu uma série de crônicas em 1961, no jornal A Gazeta, quando em Manaus chefiava a secretaria de Administração do governo Gilberto Mestrinho (1959-63). Em setembro daquele ano, escreveu “Rodolfo Meyer” (cujo sobrenome correto é Mayer), para informar que o ator do monólogo As mãos de Eurídice, apresentaria espetáculos no Teatro Amazonas, acompanhado pela atriz Daisy Lúcidi (1929-). O confinamento não me permitiu obter mais detalhes sobre a excursão nos jornais da época.

Abaixo parte da crônica de Ramayana de Chevalier, publicada em 14 de setembro de 1961.

Título da crônica (A Gazeta, 14 set. 1961)

Andei por esse Rio, que se perde aos poucos, com o delírio das cristaleiras monstruosas que são os arranha-céus. Depois, encontrei de novo o fio de Rodolfo Meyer, dessa vez sob a magia mental de Pedro Bloch. Já estava eu de novo, mergulhado na poeira sutil das noites de Copacabana. “As mãos de Eurídice”. Foi ele o dono do assunto. Foi escrito para a sua sensibilidade. Foi um dos pontos altos de sua brilhantíssima carreira. Agora, tive notícia de que ele vai a Manaus. Ao lado de Daisy Lúcidi [1929-], que é uma rosa humana, gotejando talento por todos os poros.
 
Rodolfo Mayer
Manaus terá, mais uma vez, a oportunidade de ouvi-lo de vê-lo, com o seu pequeno conjunto de grandes artistas. A iniciativa é agradável aos aficionados do teatro, do bom teatro. As assinaturas constarão três peças, bem selecionadas e de acordo com a harmonia das três sensibilidades participantes. Serão três noites admiráveis. Foi um brilhante gesto de Bianor Garcia, brindando a nossa gente. Resta ampará-lo com a aceitação, plena aceitação dessa récita de assinaturas, que, temos certeza, lotará completamente o nosso magnífico teatro. A expressão de Meyer e inteligência à flor da pele de Daisy Lúcidi e do seu outro companheiro de interpretação, cujo nome falha no momento, também um dos excelentes valores do novo teatro nacional. Esperemos Rodolfo Meyer com legítima solidariedade. Ele reviverá, como Morineau já o fez, as fulgurantes noitadas Teatro Amazonas. De mim, não me chega somente um artista. Vem de longe um pedacinho do Rio Janeiro, com a poeira das madrugadas ondulantes, com o cheiro de maresia que vem com as ostras do “Albamar”... 
Hoje - 7 de maio de 2020 - morreu a atriz e deputada Daisy Lúcidi, no Rio de Janeiro
Atualizado nesta data. 

2 comentários:

  1. Salve suas históricas pesquisas e lembranças, caro coroné. Simpático episódio com Ramayana e Lúcidi. Só pra constar: tenho o lp de "as mãos de Eurídice". Abraço virtual.

    ResponderExcluir
  2. Boa tarde tudo bem? Sou carioca e procuro novos seguidores para o meu blog. Eu também posso te seguir. Novos amigos também são bem vindos.

    https://viagenspelobrasilerio.blogspot.com/?m=1

    ResponderExcluir