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Produzi o texto aqui compartilhado (em parte) para uma exposição na Quarta
Literária, encontro que a Livraria Valer promoveu durante anos. Acontecia à
noite da primeira quarta-feira de cada mês na sede do estabelecimento, e o
convidado dissertava sobre tema de sua escolha. Escolhi reverenciar amazonenses
centenários, rematados em 2009, exceção de um maranhense bem articulado em
Manaus.
O produto desse compromisso, foi publicado em agosto de 2009 na Revista
da PMAM (Polícia Militar do Amazonas), em bloco intitulado História da
PMAM.
O centenário de amazonenses
A clarinada convocando a cidade, e sua imensa família, soou logo
na abertura do ano e espalhou os arranjos para festejar o centenário e
sesquicentenário de reconhecidos homens da terra. Como é agradável expressar
nosso júbilo pelas datas marcantes, pois, assim haverá motivação extra para os
que hão de apreciar a obra desses destacados homens. As razões são múltiplas,
repito, para o festejo, pois preenchem o espaço cultuado não só pelos
homenageados, alguns já aplaudidos extensivamente, outros, porém, nunca
lembrados; todos trazem revigoramento pela trajetória percorrida, alguns em
nossa corporação.
Os pretextos para a comemoração são múltiplos, tanto que a PMAM
traz nesta Revista comemorativa de seus 172 anos de serviços, a homenagem a esses
eméritos Policiais Militares, cuja exposição vai respeitar a ordem de presença
ou, no jargão militar, de antiguidade.
1. Antônio Constantino Nery, (nascido em 08 de dezembro de 1859),
foi governador do Estado e, por conseguinte, comandante maior do então
Regimento Militar do Estado. Pertenceu a uma família tradicional que, no século
XX, emplacou quatro governadores no Amazonas. Constantino, além de governador,
foi senador da República e, na condição de major do Exército, compartilhou da 4ª
expedição contra Canudos (1897), antecedendo em meses a atuação do batalhão da
PM amazonense naquele episódio sangrento.
Essa façanha proporcionou-lhe recursos técnicos para a publicação,
em 1898, de seu livro histórico (A quarta expedição contra Canudos: cem léguas
de Aracaju a Queimadas, via Canudos). Nery não teve o melhor desempenho na
governança, descrevem seus contemporâneos; tendo "abandonado" o cargo
uns sete meses antes do prazo final. O sucessor condenou-lhe pelo estrago
financeiro herdado. E, apesar do irmão Silvério ter produzido bem mais, não há para
este uma lembrança. Ao contrário, Constantino Nery perpetua-se em avenida
central da capital. Quando general da reserva, faleceu em Belém do Pará, em
1923, onde foi sepultado.
2. Em 23 de janeiro de 1909, nasceu nos
Tocos (hoje bairro de Aparecida) Mário Ypiranga Monteiro. Que não
pertenceu efetivamente a PMAM, é fato, todavia, teve com esta entidade uma relação
substancial. Quem descreve o afeto e outros sentimentos é o próprio Mário: “tinha
eu quase dois anos de idade quando, em 1910, a família procurou refúgio nas
matas de São Raimundo, fugindo ao impiedoso Bombardeio de Manaus”. Enfim,
declara sua “efetiva simpatia pela história dessa Polícia, pois foi nos ombros
de um miliciano, com quase dois anos de idade, que fugi ao bombardeio de Manaus”.
Escreveu numerosos livros, abrangendo vários segmentos
científicos, que não cabe listar neste espaço. Sua produção intelectual vem
sendo paulatinamente divulgada pela comunidade acadêmica; para a comunidade
policial militar compete, sim, destacar o opúsculo Síntese histórica da
Polícia Militar do Amazonas, editado em 1971 e reeditado, em edição ampliada,
em 1982. Até nossos dias, aqui resta o conceito e a estima da força policial, pois
o opúsculo que MYM registrou sobre a corporação continua desafiando os estudiosos,
trata-se do primeiro e único no gênero. Em preito de gratidão e reconhecimento
aos seus méritos intelectuais, a corporação concedeu-lhe a Medalha
blasonada pelo comandante da tropa amazonense em Canudos, Candido Mariano.
Quase centenário, Mário Ypiranga faleceu em 9 de julho de 2004, em
Manaus.
3. Aristides Emídio Bayma era maranhense, nascido em 1871, que
foi atraído para Manaus quando seu conterrâneo, Eduardo Ribeiro, governava o
Amazonas (1892-96). Em 1892, dirigia uma das bandas do Regimento Militar, hoje
PMAM. Em 1897, estava incorporado ao batalhão amazonense de Candido Mariano
contra Canudos, para dirigir o grupo de doze músicos que acompanhou a tropa.
Vitorioso na expedição, Bayma recolheu as benesses governamentais. E, de bom
tamanho. Afora o exercício de mestre da Banda de Música do Regimento fora, em
1896, "nomeado interinamente como Lente de Música do Ginásio.
Certamente a apreciação do desempenho de homens
como os aqui homenageados que inspirou o poeta Newton Aguiar, ao escrever o hino da
corporação:
Milícia do Amazonas, teus soldados /
são leais, destemidos, são estoicos”...
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