CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sexta-feira, abril 03, 2020

NELSON FREIRE NO TEATRO AMAZONAS

Nelson Freire
(A Crítica, 1970)

Ao final de março de 1970, o pianista Nelson (José Pinto) Freire (1944-), nascido em Minas Gerais, já consagrado internacionalmente, veio a Manaus para inaugurar o piano de nossa Casa de Espetáculos. O acontecimento estava incluído na programação do terceiro ano de governo do Dr. Danilo Areosa. Por esse motivo, a presença da esposa do governador neste concerto.

Ao escrever este preâmbulo, lembrei-me de um texto do padre Luiz Ruas sobre este pianista. O lembrete do Ruas ocorreu em 17 de agosto de 1957, em sua coluna jornalística intitulada Ronda dos Fatos (encartada em A Crítica), quando Freire participou, aos 12 anos, do Concurso Internacional de Piano, realizado no Rio de Janeiro. Conquistou o 7º lugar, mas foi brilhante.
NELSON BRILHA NO PIANO 
E por falar em meninas prodigiosas nos vem à lembrança o menino Nelson Freire de doze anos de idade que, parece, vai conseguir um ótimo lugar, tendo sido classificado para as provas finais, no Concurso Internacional de Piano.Nas provas semifinais, Nelson foi chamado cinco vezes ao palco, sendo o que conseguiu maiores aplausos. O menino interpretou o estudo Op. 10 nº 8, Noturno Op. 27 nº 1 e Polonaise Op. 53.E segundo o júri, ”os brasileiros formam com os americanos os melhores candidatos do concurso”.
  
A notícia aqui compartilhada retirei de A Crítica, de 30 de março de 1970, portanto, são passados 50 anos.


Em entrevista exclusiva concedida a este jornal, à tarde de ontem, no Hotel Amazonas, o pianista Nelson Freire teve oportunidade de dizer que, de hoje em diante com esse piano (Steinway & Sons), Manaus passará a ser uma cidade disputadíssima pelos artistas.
Nelson Freire logo à noite estará inaugurando o belo instrumento recém-adquirido pela Fundação Cultural do Amazonas, para nosso Teatro, com um programa que Inclui Mozart, Beethoven e Chopin.
Na ocasião da entrevista o poeta Elson Farias, o engenheiro e crítico musical Nelson Porto, o jovem Malcolm Kigar, paulista, estudante de música (orquestração) em Los Angeles (California) em trânsito por Manaus e o poeta Alencar e Silva.
Nelson Freire é um artista que dispensa maiores apresentações. É um nome mundial consagrado como dos mais excepcionais virtuoses do piano. A plateia amazonense inclusive já o conhece de sua apresentação no Teatro Amazonas em 10 novembro 1967.

ENTREVISTA
Gostaríamos, Nelson Freire, que v. nos falasse das qualidades de piano que será inaugurado pelas suas mãos.  Trata-se de um ótimo instrumento. Requer por isso mesmo cuidados especiais para a sua boa conservação, principalmente contra a umidade. Doravante será um prazer vir tocar em Manaus, pois com esse piano, Manaus passará a ser uma cidade disputadíssima pelos artistas.
— Qual o seu próximo compromisso internacional? Canadá. Darei dois concertos em Montreal. Em seguida, irei a Nova York, onde gravarei 24 prelúdios de Chopin
Quais, na sua opinião, os maiores centros musicais da atualidade? Londres, Paris e Nova York

O PIANO
O ato inaugural do piano à noite de hoje se revestirá de solenidade, devendo ser aberto pela Sra. Violeta de Mattos Areosa, primeira dama do Estado, que se fará assim madrinha do belo instrumento.
Podemos adiantar, ainda que, para assinalar o evento, a Fundação Cultural do Amazonas proporá ao Conselho Estadual de Cultura a afixação de uma placa comemorativa do segundo centenário de nascimento de Beethoven.

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