Capa da revista |
Esta postagem sobre o Museu Tiradentes a escrevi
originalmente para a Revista da PMAM (foto), circulada em abril de 1993,
comemorativa dos 156 anos de existência desta corporação. Trata-se de uma dessas
revistas caça-níqueis, ou seja, editadas em momento festivo por aproveitadores que
as enchem de fotos das autoridades, e os bolsos com anúncios. De importante, de
cultura, muito pouco.
Lamento, mas a PMAM possui elementos para manter uma Revista periódica,
profissional, com divulgação de sua história e dos resultados de cursos
empreendidos por seus policiais. Torço que isso – um dia – aconteça.
Detalhe da publicação na Revista |
O culto aos valores
históricos da força militar estadual sempre preocupou aos comandantes da corporação.
Basta um passar de olhos pela legislação da força para nos permitir assinalar
alguns decretos comemorativos. Exemplo clássico: o da Campanha de Canudos que,
ainda em 1983, ensejava ao governo lembrar aos amazonenses a chegada do 1º
Batalhão dos “ínvios sertões baianos”.
A preocupação do comando fez
funcionar o primeiro museu, acolhendo as relíquias da Força Policial. Em parte,
elas ocupavam o Salão de Honra até o advento da Revolução de 1930, quando o interventor
federal Álvaro Maia decretou a dissolução da milícia estadual. Este ato
político levou de roldão o primeiro museu. Algumas peças foram recolhidas ao IGHA
(Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas), sendo devolvidas quando do
restabelecimento da milícia. Outras, seguramente, foram "adotadas"
por colecionadores da cidade, por isso, deixaram de retornar ao ninho antigo.
Durante pouco mais de um quinquênio,
a população deixou de conviver com os milicianos. Até que o doutor Álvaro Maia,
que a extinguiu, promoveu seu restabelecimento por força da lei federal 192, de
17 de janeiro de 1936. Passou-se o tempo, até que...
Em 26 de abril de 1984, por
iniciativa do comandante coronel Hélcio Rodrigues Motta, inaugurou-se o Museu
Tiradentes, homenageando ao patrono das Polícias Militares. A criação do deste
partiu da necessidade de promover e de divulgar junto à comunidade a história e
a tradição da PMAM (Polícia Militar do Amazonas).
Aproveitamos a oportunidade
que a PMAM EM REVISTA proporciona, para lembrar a cada integrante da orporação
da importância do Museu. Ali está recolhida a história, que cada policial
independente de hierarquia produz, muitas vezes de forma anônima, nos
cruzamentos movimentados, na calada da noite, na frente das escolas, enfim, em
cada ação do Policial-Militar, na cidade e no interior.
No Museu Tiradentes encontram-se
cópias das Instruções Gerais, datadas de 4 de abril de 1837, expedidas
pelo presidente da Província do Pará, brigadeiro Soares d'Andrea, que com estas
normas orientava aos comandantes no combate aos cabanos (membros da Cabanagem,
movimento nativista no período 1835/1840).
Aludido documento autorizava
a criação de uma Guarda Policial em qualquer barranco de nossos rios para
defesa da localidade. Seguramente, a ação dos legalistas chegou a Barra do Rio
Negro e aqui criou o núcleo primitivo da Guarda Policial, germe da vitoriosa
corporação.
Entre as peças mais
importantes, o museu guarda os conjuntos de armaduras e panóplias (decorativas)
adquiridas à França no início do século XX; duas bandeiras nacionais, uma
utilizada pela tropa em Canudos, outra, bordada pelas esposas dos oficiais em
campanha, enquanto os aguardavam; uma coroa em prata ofertada pelo governo do
Pará; armas das 1ª e 2ª guerras mundiais;, equipamentos de bombeiros e
mobiliários de estilo colonial que serviram no Palácio Negro.
O Museu Tiradentes, hoje,
enriquece o setor cultural do Estado, ao resgatar peças e fatos históricos, congregando
não somente o aspecto militar, mas, igualmente, a colaboração com a sociedade
que o origina.
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