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sábado, abril 11, 2020

ANÍSIO MELLO: EXATOS 10 ANOS




Anísio Mello
To: Anísio Mello@liceu.org

Bem que tentei, saudoso amigo, porém um nefasto vírus impediu a realização de qualquer festividade em tua homenagem. Fica para quando este drama clínico passar.

Mas aproveito o post para relatar-te alguns fatos passados “nos acercados do Cassianã”, desde a tua partida. Naquele fatal, domingo 11, fui chamado para prestar apoio aos seus no hospital Getúlio Vargas, onde tu enfrentavas os males. Cheguei, quando tu tinhas partido. O rabecão também chegou e ajudei a conduzir teu corpo ao carro fúnebre, e quanto peso ainda pesavas.

Depois veio o velório, a Casa de Adriano Jorge abriu suas portas para tua despedida. Junto com o saudoso Sergio Pereira (sim ele também morreu), uma espécie de filho adotivo, fomos a tua residência e transferimos alguns quadros teus para a Academia, a fim de melhor identificar o morto que Manaus velava. (Sérgio passou a noite velando o amigo, para isso fez-se acompanhar de uma garrafa de uísque, apesar de minhas ponderações sobre as ordens baixadas pela primeira presidente da Casa.
O sepultamento ocorreu no cemitério São João, conhecido por Batista, devido ao orago da capela. E no jazigo da família, onde foi posto no devido tempo teu retrato com as indicações básicas. Dias desses, passando pelo local, vi que “tudo está no seu lugar”.

O Chá, aquela entidade filantrópica do Armando e seus alcoólicos nem tão anônimos, compareceu a tua despedida. Sergio, como relatei, realizou-a na própria Academia, os demais membros, serenada a ressaca mortuária, empenharam-se em homenagear teu companheirismo, pela cessão de tua residência para as fartas sextas-feiras de tantos anos. Tua casa foi o derradeiro abrigo duradouro do Chá, que capengou por mais algum tempo no Ideal Clube, até que a doença impediu a presença, e afinal foi a nocaute com o falecimento do patrono. Em junho de 2015. Em pouco menos de seis meses, foi a vez do Serginho. Em uma manhã chuvosa de domingo, ele não apareceu para a refeição na casa dos familiares, buscado em seu tapiri, foi encontrado morto. Não se cuidou seriamente, preferindo os unguentos domésticos. Assim, o Chá do Armando implodiu.

Armando, é do teu conhecimento, “patrocinou” minha candidatura à Academia de Letras. Todavia, a mala aqui era demasiadamente pesada, assim, não foi possível, a despeito de ter “namorado” uma dezena de mortos de então. Disputei com o eminente Almino Afonso que, devido a respeitável idade, nunca mais visitou a capital amazonense.
Capa do livro
Como adiantei, o Chá buscou manter tua lembrança. A primeira iniciativa foi a publicação de um dos tantos livros que tu deixaste finalizado. Ao completar um ano de teu falecimento, o Clube da Madrugada edições publicou Convite à Poesia (2011). Foi impresso em Fortaleza (CE) por iniciativa do saudoso Jorge Tufic (sim, outro amigo que se foi!). Após este, foi a vez de Hemetério Cabrinha: poeta (2014), que a Secretaria de Cultura, sob a direção de Robério Braga, publicou.
Robério permaneceu na secretaria por mais dois governos; quando o Amazonino perdeu para o Lima na última eleição (2018), ele optou por conquistar a direção da Academia Amazonense de Letras, exatamente nos festejos do centenário. Neste sentido, procurei-o e apresentei mais um livro teu, será lançado em breve.

A despeito de mais e mais notícias, concluo a presente mensagem lembrando o Óscar Ramos. Ano passado busquei-o para conversar sobre os dez anos de tua morte. De pronto, teu amigo e admirador confessou-me que iria produzir no corrente ano duas exposições, homenageando dois finados artistas: Moacir Andrade e Anísio Mello. Fiquei exultante com a promessa, porém, Ramos não pode mais cumprir a promessa, também ele “atravessou o rio Negro”.  
E assim se passaram dez anos...

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