Anísio Mello |
To: Anísio Mello@liceu.org
Bem que tentei, saudoso amigo, porém um nefasto vírus
impediu a realização de qualquer festividade em tua homenagem. Fica para quando
este drama clínico passar.
Mas aproveito o post para relatar-te alguns fatos passados
“nos acercados do Cassianã”, desde a tua partida. Naquele fatal, domingo 11, fui chamado para prestar apoio aos seus no hospital Getúlio Vargas, onde
tu enfrentavas os males. Cheguei, quando tu tinhas partido. O rabecão também chegou
e ajudei a conduzir teu corpo ao carro fúnebre, e quanto peso ainda pesavas.
Depois veio o velório, a Casa de Adriano Jorge
abriu suas portas para tua despedida. Junto com o saudoso Sergio Pereira (sim
ele também morreu), uma espécie de filho adotivo, fomos a tua residência e transferimos
alguns quadros teus para a Academia, a fim de melhor identificar o morto que Manaus
velava. (Sérgio passou a noite velando o amigo, para isso fez-se acompanhar de
uma garrafa de uísque, apesar de minhas ponderações sobre as ordens baixadas
pela primeira presidente da Casa.
O sepultamento ocorreu no cemitério São João,
conhecido por Batista, devido ao orago da capela. E no jazigo da família, onde foi
posto no devido tempo teu retrato com as indicações básicas. Dias desses, passando
pelo local, vi que “tudo está no seu lugar”.
O Chá, aquela entidade filantrópica do Armando e seus alcoólicos nem tão anônimos, compareceu a tua despedida. Sergio,
como relatei, realizou-a na própria Academia, os demais membros, serenada a
ressaca mortuária, empenharam-se em homenagear teu companheirismo, pela cessão
de tua residência para as fartas sextas-feiras de tantos anos. Tua casa foi o derradeiro
abrigo duradouro do Chá, que capengou por mais algum tempo no Ideal Clube, até que
a doença impediu a presença, e afinal foi a nocaute com o falecimento do patrono. Em junho de 2015. Em pouco
menos de seis meses, foi a vez do Serginho. Em uma manhã chuvosa de domingo, ele
não apareceu para a refeição na casa dos familiares, buscado em seu tapiri, foi
encontrado morto. Não se cuidou seriamente, preferindo os unguentos domésticos.
Assim, o Chá do Armando implodiu.
Armando, é do
teu conhecimento, “patrocinou” minha candidatura à Academia de Letras. Todavia,
a mala aqui era demasiadamente pesada, assim, não foi possível, a despeito de ter
“namorado” uma dezena de mortos de então. Disputei com o eminente Almino Afonso
que, devido a respeitável idade, nunca mais visitou a capital amazonense.
Capa do livro |
Como adiantei, o
Chá buscou manter tua lembrança. A primeira iniciativa foi a publicação de um
dos tantos livros que tu deixaste finalizado. Ao completar um ano de teu falecimento,
o Clube da Madrugada edições publicou Convite à Poesia (2011). Foi impresso
em Fortaleza (CE) por iniciativa do saudoso Jorge Tufic (sim, outro amigo que se
foi!). Após este, foi a vez de Hemetério Cabrinha: poeta (2014), que a
Secretaria de Cultura, sob a direção de Robério Braga, publicou.
Robério
permaneceu na secretaria por mais dois governos; quando o Amazonino perdeu para
o Lima na última eleição (2018), ele optou por conquistar a direção da Academia
Amazonense de Letras, exatamente nos festejos do centenário. Neste sentido, procurei-o
e apresentei mais um livro teu, será lançado em breve.
A despeito de
mais e mais notícias, concluo a presente mensagem lembrando o Óscar Ramos. Ano
passado busquei-o para conversar sobre os dez anos de tua morte. De pronto, teu
amigo e admirador confessou-me que iria produzir no corrente ano duas
exposições, homenageando dois finados artistas: Moacir Andrade e Anísio Mello. Fiquei
exultante com a promessa, porém, Ramos não pode mais cumprir a promessa, também
ele “atravessou o rio Negro”.
E assim se
passaram dez anos...
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