Renato Mendonça |
Teresa Mendonça |
Recebi dois presentes hoje, ambos enviados pelo Renato, meu irmão, que do alto de seu apartamento em Niterói (RJ) assiste a passagem desta “prisão domiciliar”, ainda que sem tornozeleira de qualquer natureza. São eles: uma apreciação sobre este assunto. E veio anexada a um documento exarado há 50 anos em seu currículo escolar, chancelado pelo saudoso padre Luiz Ruas, pelo reitor do Seminário São José.
Os dois brindes compõem a presente postagem, que vai consagrada à
sua neta – Teresa, filha do Fernando, todos Mendonça, pelo aniversário dela.
Que a saúde (e muita) nos acompanhe. O festejo diante do “cativeiro” fica para o
próximo outono.
VAMOS “QUARENTENAR”
Renato Mendonça
Assisto
estarrecido os noticiários da TV sobre a atual pandemia instalada no mundo.
Todos os telejornais e programas jornalísticos fazem sua retórica alarmista
passear pelo assunto, como não poderia deixar de ser.
Não
poderia ser diferente, a gravidade e a forma de contágio do novo coronavírus
deixa uma perplexidade, tanto em cidadãos comuns quanto nos governantes.
Decisões
governamentais são tomadas conforme se move a curva gráfica da estatística
funesta, quando lhe são plotados novos casos e óbitos da população atingida.
Alguns impõe a quarentena absoluta, outros vão além, exigem um distanciamento
social compulsivo, permitindo apenas que os serviços essenciais — notadamente
os voltados para o abastecimento e a saúde — devam ser liberados; uma minoria,
de forma desumana e preocupada com o caos econômico — que por consequência virá
—, quer a abertura gradual do claustro para alguns serviços ditos não
essenciais. É o caso do Brasil.
Olhando
para vários horizontes deste nosso imenso país, observo que o rigor das medidas
não tem força para atingir os cantos mais remotos, ou seja, não massifica todas
as camadas sociais. Tomando como exemplo o município do Rio de Janeiro, vejo
que a periferia tem carência de recursos, dificuldades de discernimento e uma
cultura de negligência para assuntos importantes; apresentam-se refratários a
aceitar o plano emergencial.
Para
muitas dessas pessoas, sustentadas apenas pela economia informal, adotam as
orientações também informalmente, sem avaliar as consequências. Mas, não vale
apenas culpar o povo, o governo estadual também não estava preparado para a
pandemia. Há bairros sem água encanada, sem o básico saneamento para a
higienização.
A
quarentena, para essas pessoas, não os livra do perigo: pessoas de uma mesma
família, de várias faixas etárias, se aglomeram em cubículos ou lugares
inóspitos, impróprios para morar.
No
entanto, apesar de um cenário adverso e um presságio negativo, em função da
escassez de recursos e da dificuldade para conscientização das massas, a
velocidade de disseminação da doença ainda está se arrastando, e não está
alcançando números apavorantes.
Não
é para se comemorar, e sim, continuar uma luta árdua e contínua, pela
conscientização das pessoas, pela quarentena de todos os que precisam adotar;
principalmente dos idosos e das pessoas com baixa imunidade por sequelas de
doenças pré-existentes, os grandes alvos desse novo vírus.
As
campanhas dos governos federal, estadual e municipal, e dos meios de
comunicação, precisam continuar, firmes e objetivas, no esclarecimento também
às classes sociais mais esclarecidas, da qual faz parte a média, para que
evitem o consumo desenfreado e, assim, não provocar o desabastecimento.
É
o caminho que todos devem seguir, o caminho da humanização, da solidariedade e
da filantropia. Esse panorama, proporcionado pelo vírus, serve para que
descubramos uma nova realidade na convivência humana. Para que possamos, da
maneira mais cruel, enxergar no nosso semelhante, um irmão. Deixarmos de lado,
toda soberba, o egoísmo e a discriminação. São lições de vida, que cada um deve
aprender, para tentar salvar uma geração da morbidade atroz.
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