A sala de exibição denominada Cinema Avenida, localizou-se junto ao
famoso “Canto das Novidades”, de Andrade, Santos & Cia., (onde estiveram,
pela ordem, o Bar Americano, a agência do banco Credireal de Minas Gerais e,
atualmente, o C & A). Funcionou de 28 de novembro até o início de dezembro de
1909, e esteve equipada com projetores da Pathé-Fréres e Gaumont.
Anúncio do cinema em Jornal do Commercio, 12 nov. 1912 |
Três anos depois, ao lado do “Restaurant
Français” (mais tarde, Bar e Sorveteria Avenida e, atualmente, Bradesco), a 20
de outubro de 1912 foi inaugurado o segundo Cinema
Avenida, de J. Moraes & Cia. Empregava a orquestra regida por Landry,
Campos e Pagani. Tal qual o antecessor, este também teve existência meteórica, encerrando
definitivamente em janeiro de 1913.
Somente em 1935, os sócios Antônio Lamarão e Aurélio
Antunes fundaram a empresa Cinema Avenida
Ltda. Para isso, a empresa adquire o edifício de nº 427 da famosa avenida,
onde funcionara a Manáos Arte (1926-1934), para nele instalar a sala de cinema
que receberia o nome de Avenida. O
estabelecimento pertencia a firma J. G. Araújo & Cia. (casa especializada
na venda de artigos fotográficos, projetores Krupp Ernmann e Pathé Baby,
bicicletas, pneus e representação dos automóveis Willys).
A 1º de dezembro, Lamarão inicia as obras de
reforma e adaptação do edifício. Reconstruído com luxo e conforto, a
pré-inauguração do cinema foi realizada à 26 de março de 1936. O evento ocorreu
às 21h, em sessão especial para imprensa e autoridades, com a exibição do filme
americano Voando para o Rio, estrelado
pela atriz mexicana Dolores Del Rio (1905-1983), Fred Astaire (1889-1987) e
Ginger Rogers (1911-1995).
Equipado com o “moderno” sistema de projeção Wide
Range, da Western Electric, que combinava som e imagem, o Avenida foi o segundo (Alcazar,
o primeiro no início dos anos 30) a
usar esse processo, denominado de Movietone. Dispunha de 642 lugares e, na estreia,
cobrou o ingresso a 3$200 (três mil e duzentos réis). No dia 27 de março, o
cine Avenida foi oficialmente aberto
ao público.
Esquina da av. Eduardo Ribeiro com Saldanha Marinho, onde funciona hoje o Bradesco e, ontem, o "segundo" cine Avenida |
Tradicionalmente usando seu vestido tubinho
florido e os longos cabelos negros amarrados atrás, dona Yayá era uma atração à
parte. Seja pelo jeitão espalhafatoso, seja pela maquiagem exagerada que a
caracterizava, com isso tornou-se bastante conhecida pelos frequentadores do Avenida. Dona Yayá contava trechos dos
filmes em exibição, visando atrair os mais hesitantes em entrar, em especial,
as normalistas do Instituto de Educação.
O casal permaneceu à frente do cinema Avenida até quando este encerrou suas
atividades. Sobre essa personagem carismática, o saudoso senador Jefferson
Peres (1932-2008), em seu livro Evocação
de Manaus, traça um breve perfil:
No Avenida,
além do dono, tínhamos também a presença diária, obrigatória, inarredável, de
sua esposa, d. Yayá. Sempre com o rosto pintado de batom e ruge de tom
arroxeado, lá estava ela, infalivelmente, em todas as sessões, sentada numa
poltrona de palhinha, no hall de entrada, ou debruçada no gradil, ao lado da
borboleta. Às vezes, ficava à porta, procurando aliciar espectadores com a
recomendação: Entre, o filme é ótimo! E ante a incredulidade do interlocutor,
acrescentava: E colorido! Para ela uma prova irrecusável de boa qualidade.
"Terceiro" cinema Avenida, fechado em 1973, em foto após o fechamento |
Nota: Estes recortes pertencem ao Ed Lincon, que sabe
tudo sobre os cinemas de Manaus. Ao visitá-lo, dia 20, por motivo de seu
aniversário, fui brindado com agradáveis notas sobre os cinemas e o material
desta postagem.
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