Capa da plaqueta |
Finalizando, o autor resumiu dessa maneira os empreendimentos do Exército,
instalado o Governo Militar (1964-85):
3. No setor da Educação
Onde quer que se instale um
quartel, aí temos criada uma escola de civismo e brasilidade. A par disso, em
todos os 12 elementos de fronteira, o GEF mantém o ensino primário para as
crianças, filhos ou não de seus soldados. É deveras comovente
assistir-se, nas barrancas, apertadamente entre o rio e a selva, aquele
aglomerado de crianças sorridentes, ingênuas e felizes, aprendendo as primeiras
letras, muitas vezes, com a esposa do tenente ou do sargento.
No momento, o movimento das
escolas é o seguinte:
Em Cucui, há uma escola com
cinco professores e 160 alunos;
Em Japurá, há uma escola com
seis professores e 120 alunos;
Em Ipiranga, há uma escola
com cinco professores e 178 alunos;
Em Estirão do Equador, há uma
escola com três professores e 98 alunos;
Em Forte Príncipe da Beira,
há uma escola com cinco professores e 120 alunos;
Em Tabatinga, há uma escola
com doze professores e 337 alunos.
Há, portanto, seis escolas
com 36 professores e 1.053 alunos, mantidos pelo GEF.
Nas cidades de Boa Vista
[RR], Guajará Mirim, Porto Velho [RO] e Rio Branco [AC], as crianças frequentam
as escolas primarias das respectivas cidades. Dos meninos e meninas que
concluem o ciclo primário, alguns são trazidos para Manaus e, aqui, mantidos
pelo GEF, sob a supervisão direta do capelão militar, matriculados nos ginásios
do Estado. Ao término de 1965 tivemos a
satisfação de louvar a dois desses meninos, filhos de soldados da fronteira,
pelo 1º lugar que alcançaram nas séries ginasiais que frequentaram.
4. No setor da saúde e da
alimentação
Cada elemento de fronteira
dispõe de enfermaria com médico, dentista, farmacêutico e veterinário. A
assistência se estende à comunidade civil circundante, sendo relevante o
socorro prestado diariamente. Os doentes graves são, a pedido, transportados em
avião da FAB para Manaus.
Os armazéns dos Centros
Sociais, abertos nessas paragens, socorrem a todos os moradores, civis e
militares, em gêneros de primeira necessidade, incluindo, também, os remédios,
a linha, a fazenda, o brinquedo etc., procurando, pelo conforto mínimo, fixar
aquelas pobres populações aos núcleos já formados e que serão, amanhã, cidades de acentuado espírito nacional.
Em
socorro dessas populações civis, o Ministro da Guerra [hoje do Exército]
destinou, no ano findo, duzentos milhões de cruzeiros, como capital de giro,
para aquisição de alimento e mais outros milhões destinados a medicamentos e
material de saúde. Cumprimos com ufania a missão de levar a termo tal
distribuição que vem sendo mantida por meio de reembolso.
Aparelhos
de purificação de água, bombas de sucção, geradores de energia para iluminação,
gabinetes dentários, estação de rádio, cinema, olaria, serraria etc.,
constituem outra gama de equipamentos fornecidos pela Diretoria de Material de
Engenharia.
5.
A missão civilizadora do GEF
Os
homens que o GEF emprega nas suas unidades distantes, oriundos dos centros mais
civilizados do País e dotados de instrução superior, seja da Academia Militar
das Agulhas Negras, seja das escolas de Medicina, Odontologia, Engenharia,
Farmácia e Veterinária, levam ao brasileiro escapado da civilização, em sítios
distantes e isolados, os seus costumes, os seus hábitos e uma maneira de viver
superior. Pelo contato e convivência cerrada, expande-se insensivelmente a
cultura dos grandes centros a esses modestos agrupamentos fronteiriços.
Por
outro lado, conflitando com esta realidade, o país vizinho e a própria barbárie
silvícola, impõem, também, as suas culturas, ficando o brasileiro distante,
como ponto de aplicação de forças psico-espirituais diversas. Ressalta aqui o
papel do elemento de fronteira, como o fator de integração nacional, fazendo
dos nossos habitantes células de um povo e de uma nação espiritualmente digna
desse nome.
Praça General Osório, onde esteve instalado o GEF |
Piscina ainda existente, construída na praça General Osório |
Desejo,
nesta oportunidade, lembrar o que no momento ocorre com índios do Brasil, que,
já civilizados, falando, lendo e escrevendo a nossa língua, não foram ainda
incorporados à cidadania brasileira pelo Registro Civil. Tomamos providências
legais para registrá-los e, após exame médico indispensável, vamos
incorporá-los no 5º Batalhão de Construção para servirem, como civis, numa
companhia de trabalhadores que será incumbida da conservação do trecho
Vilhena-Porto Velho, percebendo salário-mínimo. Compreendem bem, os
missionários que os acolheram em seus colégios, o que isso representará para
esses brasileiros marginalizados pela fronteira, sem mercado de trabalho que
absorva a sua capacidade.
O
Governo Federal preocupa-se em formar, quanto antes, as colônias militares de
fronteira, núcleos populacionais, germens de futuras cidades. A Comissão de
Faixa de Fronteiras, elemento do Conselho de Segurança Nacional, conta com os
nossos pelotões e companhias para conseguir essa finalidade. Nesse sentido
trabalhamos e porfiamos com consciência.
Hoje,
dia de festa, dia de vibração cívica em que o coração do soldado do GEF sente
mais firme o seu pulsar pela Pátria – já que dissipada está da mácula
espúria que a enxovalhava pela
corrupção e pela subversão – hoje, todos
nós, perfilados, e sob o estímulo reconfortante do povo de Manaus e seus
dirigentes, lançamos nossa vibrante e calorosa mensagem de fé e de admiração
aos companheiros distantes na fronteira, que a ouvirão, estamos certos, no
retiro solitário que habitam.
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