Anteontem 25, foi o Dia de São Cristóvão, ou do patrono dos motoristas e, com mais detalhe, dos taxistas. A festa religiosa foi explosiva, tanto foram os fogos de artificio que saudaram o santo, despertando a cidade, em plena tarde. A festa teve a presença e a benção do bispo auxiliar, Dom Pasqualotto, nos veículos em carreata ou, melhor dizer, em procissão.
Acentuo
isso, porque estando a uma boa distância do evento, fiquei intrigado com o show
pirotécnico. Em seguida, diante da TV, assistindo ao jornal local, fui
informado do motivo de tanto foguetório.
A
mesma edição fez destaque de mais uma morte de taxista. Trata-se do oitavo profissional
do volante sacrificado neste ano. Isso, obviamente, acentuou a ira dos colegas,
que a cada crime reivindicam mais segurança ao poder executivo. Quase sempre
sem retorno.
Lembro
até que um motorista de Manaus lançou, para se defender, uma gaiola plástica ou
coisa parecida, no interior do taxi. Vi isso na TV. Mas, volto a São Cristóvão.
O santo que deve olhar pelos seus patronados, mas que parece ter cochilado algumas
vezes.
No
dia imediato, li nos matutinos que um “suspeito” (apesar da confissão, sempre é
suspeito) fora preso e recolhido ao Distrito. E que cerca de 500 taxistas
cercaram a carceragem, ameaçando invadir o local para justiçar o preso. E,
assim, vingar o colega.
Esse
ataque de “justiça” me fez lembrar o caso emblemático, acontecido no centro da nossa
cidade, há 60 anos. O caso Delmo Pereira. Falo do estudante, que assaltou a
serraria da família, mas, tentando esconder o mal feito, acabou por matar o chofer de praça (taxista,
de hoje). Preso o criminoso, foi conduzido em ambulância para exames médicos.
No caminho, os colegas do morto, mancomunados com o motorista da ambulância, sequestraram
o Delmo e fizeram “justiça”.
Quando
esse princípio vai deixar de existir, especialmente nessa classe? Sempre que um
taxista é morto, ocorre uma caçada ao criminoso, com ou sem a polícia, mas
sempre com arma de fogo apoiando. Enterrado o morto, os gritos ainda são ouvidos,
mas acabam por silenciar, até que outra tragédia semelhante seja contabilizada.
O
legislativo federal prepara-se para discutir e aprovar o novo Código Penal. Haverá
algum dispositivo que reprima este tipo de vindita? Certo. Se há leis e há quem
as aplique, por que esse barbarismo se mantém?
Enfim,
diante de mais essa demonstração de barbárie, creio que Dom Pasqualotto rezou
em vão. São Cristóvão, que não tem culpa desse pecado, rogai por nós!
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