Hoje, com este título, na galeria Moacir Andrade do Sesc-Centro, deveria ser aberta a exposição sobre o finado Anísio Mello. Deveria, mas não vai ocorrer porque eu -- encarregado do evento -- falhei inteiramente.
Anísio Mello |
Como eu havia elaborado um livro póstumo do ilustre artista plástico e realizado eventos paralelos, assumi o desafio de organizar uma exposição de seu material, que é vasto e bem valioso. Mas que, lamentavelmente, se espalha pelos descaminhos.
Imaginei reunir os quadros dele, as pinturas produzidas com várias técnicas, alguma até criada pelo artista. Os alunos e colegas dele sabem do que falo, e podem certamente abonar minha afirmação. As telas mais representativas, contudo, estão confinadas.
Confesso-me apenas um admirador de Anísio Mello, sem competência para analisar sua obra, seja qual for o campo. E é sabido que ele passeou competentemente pelos diversos domínios da arte.
Pensei em expor seus livros publicados. Suas publicações passam de uma dezena, de poesia e prosa, uma coletânea de poetas da região amazônica, quando AM residia em São Paulo. Também estaria na mostra o dicionário nheengatu, de sua autoria.
Em falando de publicações, pensei não somente listar os livros inéditos, mas expor alguns deles, no original, deixados pelo dono, pelo autor. São mais de duas dezenas. Um deles – Convite à poesia, editado pelo Chá do Armando, seria distribuído aos presentes.
Intentava mostrar a coletânea do jornal Correio do Norte, que ele e a esposa fundaram e dirigiram em São Paulo, entre 1957-65. De circulação quinzenal, o CN repercutia na capital paulista as boas notícias do Norte, então restrito ao Amazonas e Pará e os territórios federais.
Painel da igreja de NS de Fátima, em Eirunepé (AM) |
Não deu, gente. Faltou-me mais entusiasmo. Mais perseverança na busca do material, sem ter ouvido muitas “promessas”. Deveria ter ido à montanha, e nunca esperar a visita desta. Por isso, se fosse inaugurar a profissão de curador de exposição, estaria morto.
Estava previsto um sarau para mostrar algumas composições do Anísio Mello, que além de compor, era um violonista e tocador de outros instrumentos. Ele conseguiu lançar um LP com canções sobre a Amazônia. Recuperado e impresso em nova mídia, os visitantes da expo teriam a oportunidade de ouvi-las.
Tentei reproduzir em fotos as telas que o homenageado elaborou em Eirunepé (AM). São três imensos painéis produzidos nas igrejas católicas daquela cidade. Tentei contato com as “maiores” autoridades do rio Juruá, mas não tive sucesso. Quem me auxiliou foi a Polícia Militar, na pessoa do cabo Nonato Soares, a quem agradeço sinceramente.
Abstrato, 2007 |
Também compareci a um departamento cultural municipal, com bastante antecedência. Ao vivo, expus a importância do multiartista AM para a cidade de Manaus. Os membros do setor prontamente se entenderam e avalizaram a proposta. Mas, as promessas ficaram na promessa.
Capitulei. Nadei, mas não alcancei na praia. Peço perdão ao pessoal do setor cultural do Sesc, em especial a jovem Raquel, que tudo fez para me ajudar. E aos admiradores do saudoso Anísio Mello, que esperavam rever a obra do cara e assim ter oportunidade de reverenciá-lo com fundamento.
Vou aproveitar este espaço para, durante a semana, postar algumas das obras que estariam na exposição. O “vernissage virtual” terá as caricaturas de Anísio Mello, realizadas por alguns de seus amigos e frequentadores do Liceu de Artes Ester Mello, na av. Joaquim Nabuco. O mais destacado, pelo número de produção é o artista plástico Palheta.
Árvore, óleo sobre tela |
Obrigado pela compreensão...
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