CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS
sábado, novembro 30, 2024
CARTÃO POSTAL DE IGREJAS (2)
sexta-feira, novembro 29, 2024
AMAZONENSES NA FDR
Mais um apontamento sobre dois amazonenses que passaram pela Faculdade de Direito do Recife, próximo de completar o centenário, sem que possua qualquer registro de seus desempenhos.
Registro
da carta do Bacharel
Antonio
Chaves Casado Lima
Aos dezoito dias do mês de
abril de mil novecentos e vinte e oito, nesta secretaria da Faculdade de Direito
do Recife, fica registrada a carta de teor seguinte: (...) Eu, Dr. Manoel Netto
Carneiro Campello, diretor da Faculdade de Direito da cidade do Recife, estado
de Pernambuco, tendo presente o termo de colação de grau de Bacharel em Ciências
Jurídicas e Sociais conferida no dia 11 de agosto de 1927 ao Sr. Antonio
Chaves Casado Lima, natural do Amazonas, filho de Tobias Affonso Casado Lima,
nascido a 21 de outubro de 1902, e, usando da autoridade que me confere o
Regimento Interno desta faculdade, mandei passar-lhe o presente diploma de Bacharel
em Ciências Jurídicas e Sociais, para que possa gozar de todos os direitos e
prerrogativas concedidos a este título pelas leis do país. Recife, 18 de abril
de 1928. (ass). O diretor da Faculdade, Dr. Manoel Netto Carneiro Campello, o
secretário da Faculdade, Henrique Martins. Assinatura do bacharel Antonio
Chaves Casado Lima.
(Continha dito diploma um
laço de fita de cor encarnada com uma medalha de prata e ouro que diz: “Faculdade
de Direito do Recife”).
Registro da carta do Bacharel
Georges Latache Pimentel
![]() |
Cópia do livro de Registro de Cartas de Doutores e Bacharéis - 1925-31 |
![]() |
Fac-símile do amanuense |
quarta-feira, novembro 27, 2024
GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ E O JORNALISMO
Discurso de abertura proferido por Gabriel Garcia Márquez, em sua condição de presidente da Fundação do Novo Jornalismo Ibero-americano, compartilhado de seu livro Eu não vim fazer um discurso (2011).
![]() |
Detalhe da capa do livro |
JORNALISMO:
O MELHOR OFÍCIO DO MUNDO
Los
Angeles, Estados Unidos, 7 de outubro de 1996
III
Assembleia da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), com sede em Miami,
Flórida.
Concluindo: “O objetivo final, no entanto, não deveria ser os diplomas e as credenciais, mas o retorno ao sistema primário de ensino, através de oficinas práticas em pequenos grupos, com um aproveitamento crítico de experiências históricas e em seu marco original de serviço público. Os meios de comunicação, para o seu próprio bem, deveriam contribuir a fundo, como se está fazendo na Europa com ensaios semelhantes. Seja em redação ou em laboratórios, ou em cenários construídos para isso, como os simuladores aéreos que reproduzem todos os incidentes de voo para que os alunos aprendam a evitar os desastres antes de encontrá-los de verdade pelo caminho. Pois o jornalista é uma paixão insaciável, que só se consegue digerir e humanizar pela sua confrontação descarnada com a realidade. Ninguém que não a tenha padecido consegue imaginar essa servidão que se alimenta das imprevisões da vida. Ninguém que não tenha vivido isso consegue nem de longe conceber o que é o palpitar sobrenatural da notícia, o orgasmo da nota exclusiva, a demolição moral do fracasso. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a morrer por isso poderia persistir num ofício tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fosse para sempre, e não concede um instante de paz enquanto não torne a começar com mais ardor que nunca no minuto seguinte.”
terça-feira, novembro 26, 2024
AMAZONENSES NA FACULDADE DE DIREITO DO RECIFE
![]() |
FDRecife |
![]() |
Registro de Heliodoro Balbi |
1903
Registro da carta de
Bacharel passada a Heliodoro Balbi em Ciências Jurídicas e Sociais.
310 – De igual teor se
passou a quatorze de fevereiro de mil novecentos e três a carta de Bacharel a Heliodoro
Balbi, filho de Nicolau Balbi, natural do estado do Amazonas, nascido em
dezessete de fevereiro de mil oitocentos e setenta e seis, que recebeu o grau
de Bacharel em ciências jurídicas e sociais solenemente a treze de dezembro de
mil novecentos e dois; depois de pagar o selo do pergaminho assinaram em dita
carta o diretor Joaquim Tavares de Mello Barreto, doutor Augusto Carlos Vaz de
Oliveira, secretario mais antigo ao ato do quinto ano, mais o secretário Henrique
Martins, à margem da dita carta do bacharel Heliodoro Balbi estava pendente o
selo da Faculdade de Direito do Recife.
1925
![]() |
Registro de Antonio Genesio Caldas |
Aos quatro dias do mês de
setembro do ano de mil novecentos e vinte e cinco, nesta secretaria da
Faculdade Direito do Recife, presente o Exmo. Sr. Dr. Manoel Netto Carneiro
Campello, diretor, e os professores que este firmam, compareceu o senhor Antonio
Genésio Caldas, por seu procurador Ernani Lins da Cunha, o qual recebeu o
grau de Bacharel em ciências jurídicas e sociais. E, para constar, lavrei o
presente termo que assino com o senhor diretor e professores presentes.
domingo, novembro 24, 2024
POESIA DOMINICAL (3)
Nesta sessão, além do poema ilustrativo da postagem, que acaba de completar 95 anos de circulação, compartilho uma sentença sobre a Poesia manifestada pelo escritor Gabriel Garcia Márquez (Prêmio Nobel de Literatura 1982), em seu livro Eu não vim fazer um discurso (2011).
Em cada linha que escrevo trato sempre, com maior ou menor fortuna, de invocar os espíritos esquivos da poesia, e trato de deixar em cada palavra o testemunho de minha devoção pelas suas virtudes de adivinhação e pela sua permanente vitória sobre os surdos poderes da morte. Entendo que o prêmio que acabo de receber, com toda humildade, é a consoladora revelação de que meu intento não foi em vão. É por isso que convido todos a brindar por aquilo que um grande poeta das nossas Américas, Luis Cardoza y Aragón, definiu como a única prova concreta da existência do homem: a poesia.”
Revista Rionegrino nº 14, nov. 1929 ilustração de Branco Silva |
COISA FEITA
Raimundo
Barretto
- Quando você me olha nas pupilas dos meus olhos
- Tremo de ver aquilo que você me diz ...
- Mas, não sei por que,
- Quando eu fito as meninas dos olhos de você,
- Sinto o corpo lambido de enguiço,
- Como quem tem assombração de almas do outro mundo
- Ou está desmantelado de feitiço!
- Todavia,
- Acredito que você quando me espia
- Não vê,
- Como eu fico embiocado
- Com a malquerença
- Que vem saindo de bubuia
- Pelos olhos de você!...
- Agora,
- Levo um tempão ruminando na lembrança
- Pra compreender tamanha judiaria...
- Eu, minguando de sofrença,
- Você, cismada de esquivança...
- Eu, sempre atocaiado...
- E ambos sem sustança de dizer qual a mezinha,
- Que cura morrinha...
- Ou serve pra fechar o corpo contra mal olhado!
- Para mim,
- Só sendo castigo de Deus Nosso Senhor,
- Enxerir você na minha vida
- Tão inquirida de amor...
- Feita um espinho de esperança,
- Que não se cansa
- Nem se sente
- De fuxicar na dor que só doe no coração da gente!
- Mas,
- Não é por toda esta quezília que você deixa de ser,
- A mulher malmequer do meu bem-querer.
- Por isso, já se vê --
- A mais ninguém,
- Eu quero tanto bem quanto a você!
sábado, novembro 23, 2024
IGREJAS EM CARTÃO POSTAL (1)
A quadra exposta de Cartão Postal pertencente ao meu acervo mostra
Igrejas de Salvador (BA).
sexta-feira, novembro 22, 2024
CLUBE DA MADRUGADA: 70 ANOS
Aproveito a efeméride de hoje para recordar a comemoração do Jubileu de Ouro deste clube, celebrada em 2004. O Largo de São Sebastião engalanou-se para abrigar a arena da celebração. Subiram ao palco músicos e literatos, jovens e remanescentes do movimento amanhecido em 1954, quando “um punhado de jovens, sequiosos por romper o isolamento da província, o isolamento geográfico”, resolveu “descobrir o verdadeiro comando de sua existência”, consoante o registro de um dos fundadores – Jorge Tufic, in Clube da Madrugada 30 Anos.
Ainda em plena atuação, um dos fundadores, Luiz
Bacellar (1928-2012), prestigiou o lançamento de livros de integrantes do Madrugada
promovido pela Editora Valer. O autógrafo de Bacellar em Quatro Movimentos
(1975) guardo o exemplar com religiosidade.
![]() |
Personalidades presentes: músico Maury Marques; poeta Max Carpenthier e o editor Tenório Telles (a partir da esq.) |
Mais uma memória, do mesmo modo compartilhada
do Tufic: em comemoração ao 7º aniversário do CM, a direção mandou confeccionar
uma placa alusiva ao evento, com os seguintes dizeres:
Pois foi. Jovens se reuniram sob a fronde desta árvore; e aconteceu.
Quando Madrugada, o Clube surgiu. Era novembro, 22, 1954.
quinta-feira, novembro 21, 2024
MADRUGADA E L. RUAS, SEU PRESIDENTE
Nascido em 22 de novembro de 1954, o Clube da Madrugada – movimento que abrigou intelectuais e artistas em Manaus – apesar de extinto, vem sendo relembrado pelas sete décadas de criação. A Editora Valer acaba de lançar o livro “Clube da Madrugada 70 Anos”, de Tenório Telles, e coordena uma série de encontros, mesas e colóquios.
![]() |
Capa do livro de Jorge Tufic |
Quero relembrar duas datas sobre o Clube: a
primeira mais distante, a dos 30 Anos registrada em livro de Jorge Tufic,
um dos presidentes de maior proeminência do CM. A segunda, a comemoração do
cinquentenário, cuja festa foi concretizada no Largo de São Sebastião em palco
onde desfilaram os remanescentes daquela Madrugada.
Aquele ano de 1954 legou marcas indeléveis a
Manaus: a instalação do Instituto Christus, depois CIEC, pelo mestre Orígenes
Martins; a criação da Rádio Rio Mar, hoje pertencente a arquidiocese de Manaus;
e o Clube da Madrugada, destes, atualmente apenas a emissora funciona. No
entanto, quero me referir a outra singularidade: nas três entidades operou o
padre-poeta L. Ruas.
Refiro-me a Luiz Augusto de Lima Ruas
(1931-2000), que foi ordenado sacerdote por dom Alberto Ramos em 31 de outubro
de 1954, ao lado do saudoso Manuel Bessa Filho, na Catedral da Padroeira. Companheiro
de Orígenes no seminário, Ruas integrou-se ao grupo fundador do Christus.
Cooptado por Jorge Tufic, ingressou no Madrugada, tendo presidido o
clube biênio 1957-58, quando lançou sua obra-prima A Invenção do Clown.
Enfim, quando a igreja católica adquiriu a Rio Mar, L. Ruas exerceu distintas
funções, destacando-se como cronista radiofônico.
![]() |
Padre-poeta L. Ruas |
Exerceu o magistério em diversos colégios,
no Seminário e na Universidade Federal do Amazonas. Seu nome crisma a EE Padre
Luiz Ruas, no bairro Zumbi III. Faleceu em Manaus, em 1º de abril de 2000,
estando sepultado no cemitério São João Batista.
domingo, novembro 17, 2024
POESIA DO DOMINGO
SOMBRAS
Quase
ao chegar ao fim da longa caminhada
O
corpo combalido, as pálpebras descidas,
Deus
não me permitiu volver o olhar à estrada,
Para
rever ao longe, as sendas percorridas...
Mas,
tenho na memória as emoções sentidas,
No
firme palmilhar da vida prolongada
As
horas de alegrias e de emoções vividas,
Os
momentos de dor, de lágrimas salgadas...
Os
cânticos de amor ao sol da primavera,
A
ilusão fugaz de posse da quimera
Aurida
no dulçor de uns lábios de mulher...
As
sombras do passado unem-se as do presente
A
que fui condenado inapelavelmente
Na
sábia decisão de Deus que assim quer...
![]() |
O Jornal, 30 outubro 1969 |
A Poesia
deste domingo é de autoria de Joaquim Antonio da Rocha Andrade, mais conhecido
por JARA, que nasceu em Belém do Pará, porém, levado para Portugal ali
completou a formação escolar. Quando retornou ao Brasil, passou pelo Rio de
Janeiro, onde se iniciou no jornalismo. Em seguida, buscou o Norte começando em
Sena Madureira-AC, a escala seguinte e definitiva foi Manaus, onde viveu a vida
nos jornais. Começou nos jornais de Archer Pinto, e o restante dos subsídios incumbem
a André Jobim, em “Velhos Tempos”.
Trabalhou também no Jornal do Povo,
de Machado e Silva; Correio de Notícias, de Isaias Lima Verde, ao lado
de Emiliano Marinho Filho, Abdul Rayol de Sá Peixoto, nós [André Jobim], Bento
e Pedro Amorim, ao tempo da campanha de Severiano Nunes [derrotado] para governo
do Estado; em A Gazeta, do Dr. Avelino Pereira; depois, na fase de
fundação de A Crítica, de Humberto Calderaro, passando em definitivo, em
1951, para esse jornal, tendo em Calderaro um amigo e protetor, não esquecendo
os demais amigos de O Jornal e Diário da Tarde e Jornal do Commercio.
É dono de uma “Taça de Prata” como reconhecimento de A Crítica pelos
seus relevantes serviços prestados àquele jornal, onde 14 anos trabalhou...
sábado, novembro 16, 2024
IGREJAS EM CARTÃO POSTAL
Durante algum tempo mantive a busca por Cartão Postal de igrejas, ao tempo quase exclusivamente católicas, existentes no Brasil e alguns exemplares do exterior. No entanto, a desativação deste comércio me fez paralisar a coleção, daí meu empenho em divulgar o acervo.
sexta-feira, novembro 15, 2024
MANAUS: LANCHONETE GO-GO
Durante a
construção do Manaus Shopping Center, que na verdade possuía apenas o cine
Studio Center (inaugurado em abril de 1977) como centro de compras, o local
onde funcionava o cinema Odeon contava ao lado com a lanchonete Go-Go. Acredito
que essa tenha sido a primeira lanchonete completa de Manaus, mesmo em um
ambiente bastante comprimido. Recordo dos equipamentos e do balcão onde os
clientes eram atendidos. Também me lembro do proprietário, que creio ser
israelense. O texto a seguir, eivado de elogios a empresa construtora, foi-me enviado
pelo Ed Lincon extraído do Jornal do Commercio (09 de outubro de 1973), circulado
há mais de 50 anos.
![]() |
Jornal do Commercio, 09 out. 1973 |
Para dar espaço suficiente e
adequado à construção do Manaus Shopping Center, estiveram nesta cidade o Dr. Alfredo
Cinci, diretor financeiro da Construtora Adolpho Lindenberg S/A (CAL),
acompanhado do consultor jurídico João Roberto Ferrara, os quais vieram assinar
a escritura definitiva de compra do setor onde funciona a lanchonete GO-GO.
MUDANÇA - Paralelamente, ao finalizar a operação, a Construtora Adolpho Lindenberg S/A obteve a absoluta concordância do proprietário da GO-GO, que imediatamente procurou um outro imóvel nas imediações da avenida Eduardo Ribeiro, para instalar-se em caráter efetivo. Desta forma, atendendo aos apelos de desenvolvimento da cidade, a GO-GO mudará brevemente do local que ocupa a título precário e a área será incorporada ao colossal edifício comercial que a CAL construirá no antigo Odeon, exatamente no ponto nobre de Manaus, esquina da av. Eduardo Ribeiro com rua Saldanha Marinho. Estando justa e acertada a mudança da lanchonete GO-GO nada mais impedirá a decolagem do majestoso edifício, aliás um dos muitos que a Construtora Adolpho Lindenberg vem construindo neste país e sempre com aquela indefectível pontualidade que tem caracterizado os seus lançamentos.
CONQUISTA DA AMAZÔNIA - Muito
antes de partir para o centro comercial de Manaus, a CAL — como também é
conhecida nacionalmente — já havia conquistado o Tapajós e Rio Negro, pois é ela
a grande responsável por duas das maiores obras da Amazônia: o Hotel Tropical
da VARIG, em Santarém, e o Hotel Topical da Ponta Negra, em Manaus, onde a
associação de homens, equipamentos e o extraordinário know how que possui
converteu em realidade o chamado sonho do ano 2.000, tal como os próprios amazonenses
denominavam o empreendimento.
Concluindo o hotel de Santarém
e alcançando agora a reta final no Ponta Negra, a Construtora Adolpho Lindenberg
credenciou-se à admiração geral e dá certeza de que todas as suas obras são realmente
entregues dentro do prazo a exemplo do que ocorreu com mais de 100 edifícios em
São Paulo, dos quais os mais recentes são os da Conselheiro Antonio Prado, na avenida
Faria Lima; Edifício Afonso Pena, na av. 9 de Julho; Edifício Morungaba, na alameda
Santos e quase uma dezena no setor residencial paulista.
EFICIÊNCIA - Outro grande
exemplo da eficiência com que trabalha a CAL está na execução rápida e impecável
do contrato que assinou com o Ministério da Aeronáutica para efetuar toda a
reforma civil do aeroporto de Manaus. Essa reforma se tornou urgente e
necessária devido ao grande aumento de volume de trafego aéreo em nossa cidade,
em face do fenômeno Zona Franca, e foi exatamente a CAL escolhida para realizar
a tarefa por motivos bastante óbvios - em que pesaram certamente a sua tradição
e idoneidade técnica- financeira.
É com essa mesma eficiência, que
lhe dá uma liderança incontestável no ramo da construção civil, a ponto de ser
atualmente identificada como a “Construtora da Elite”, a CAL parte para a aceitação
do seu mais recente desafio no coração da Zona Franca: a construção e venda do
mais sofisticado SHOPPING CENTER do Norte e Nordeste, a obra que passará a ser
o cartão postal desta cidade.
quarta-feira, novembro 13, 2024
LIMPEZA PÚBLICA EM MANAUS
![]() |
Recorte do mencionado matutino |
![]() |
Jornal do Commercio |
A PROMOVE, firma encarregada da implantação
das cestas, instalará as 20 primeiras dentro de breves dias, mas dispõe, por
outro lado, de três anos para executar o projeto, que prevê a instalação de
duas mil cestas em toda a cidade. Também durante o período de implantação a
PROMOVE ficará incumbida de sua manutenção, contando, entretanto, com a
cooperação da Prefeitura. necessário que o comércio local dê sua participação à
iniciativa, fazendo constar nas duas faces restantes da resta o nome de suas
firmas, colaborando para o êxito da promoção que é inédita no país.
domingo, novembro 10, 2024
POESIA DO DOMINGO
O poema deste domingo foi elaborado por Carlos Farias Ouro de Carvalho (1930-97),
consagrado ao amigo intelectual, desembargador André Araújo, tendo sido publicado
há 55 anos, no Jornal do Commercio
(19 out. 1969). 
Recorte da página do JC, 19 out. 1969

Recorte da página do JC, 19 out. 1969 |
Eis-me aqui.
Aqui. Sobre esta gávea de assombros,
carcomido de vento e de
silêncio,
tão duramente cego ainda,
como no instante estúpido do
espasmo
que me trouxe a este mar do não-saber.
Meteoro ignoto,
cumpro-me em rotas claras de
estilhaços
Nesse buscar-se atônito e
remoto,
ande a trilha das traças nas
estantes
mais escurece o abismo dos
instantes
distantes, do saber; mergulho
inútil,
esse naufrágio em lagos
bolorentos
rebuscando o esqueleto das
palavras
nos seus sarcófagos frios e
poeirentos.
De que serve a mecânica dos astros
esculpida nos riscos e equações
desses mapas de humana
geometria
se sobre o pântano, a corola
fria
do lótus guarda mais sabedoria
do que todos os ciosos pergaminhos
que se hoje são, é porque ontem
foram
sombra e ninho à margem dos caminhos?
OH! Os relâmpagos do caos, por
essas messes,
que não sabemos, mas, em nós,
enfuna as bujarronas do viajar
por esses mares todos feitos de
ar!
OH! Os relâmpagos do caos, por
essas messes,
onde a inútil colheita apodrece
nos desastres da busca, palimpsestos
acolhendo em seu ventre, como
cestos,
essa poeira vã dos cérebros aflitos
que as lunetas gastaram, pobres
gritos
afogados nas noites desse lodo,
onde ainda orquestramos nosso engodo.
O melhor é gozar entre os crepúsculos
incêndio do festim, e nesse ir
de desastre em desastre,
plantar musgo sobre
o muro da pálpebra, e dormir.
sexta-feira, novembro 08, 2024
DOIS INTELECTUAIS AMAZONENSES: NONATO E ÁLVARO (1)
Meses após a morte do acadêmico Álvaro Botelho
Maia, padre Nonato Pinheiro (foto), também acadêmico e membro do IGHA (Instituto
Geográfico do Amazonas) publicou em O Jornal, (domingo, 19 de outubro de
1969), uma sinopse das obras do falecido. O alongado artigo vai aqui
compartilhado em duas assentadas. Efetuei a atualização da ortografia e
introduzi ligeiros detalhes, que espero não comprometam a obra do saudoso
articulista.

Quando
cursava humanidades no Ginásio Amazonense, Álvaro Maia, colaborando na revista
AURA, costumava dedicar seus poemas à Ermila. Teria tido alguma colega
ou amiga com esse nome? Tratar-se-ia de um nome fictício para ocultar um
verdadeiro romance? Creio que meu amigo e confrade Cosme Ferreira esteja, em condições
de dissipar a dúvida. O fato é que esse nome era uma constante nos versos do
talentoso ginasiano.
No
ano de 1915, a 22 de janeiro, conduzido pelas mãos amigos de Cosme Alves Ferreira
Filho, Álvaro Maia ingressa no JORNAL DO COMMERCIO, como redator. Um ano
depois, precisamente a 22 de janeiro de 1916, a bordo do vapor Bahia, viajava
para o Rio de Janeiro. Regressou a 2 de abril do mesmo ano, a bordo do navio Ceará.
Em 1917, verificou-se seu bacharelamento em Direito, na ex-capital da República.
Estava formado. A flor de sua cultura e de sua sensibilidade de orador e poeta
alcançava logo a plenitude do seu colorido e a pujança de sua inebriante
fragrância.
O
marco luminoso de seus triunfos intelectuais foi indisputavelmente sua famosa Canção
da Fé e Esperança, pulquérrima oração proferida no Teatro Amazonas, em nome
da mocidade amazonense, na solenidade do centenário da adesão do Amazonas à Independência
Nacional. Foi um triunfo oratório de excepcional claridade, que a imprensa
recebeu com estrepitoso alvoroço. A comissão promotora dos festejas era
composta do coronel Bernardo da Silva Ramos, presidente do IGHA, professores Agnello
Bittencourt, Manuel de Miranda Leão, coronel Antônio Bitencourt, padre José
Tomás de Aquino Menezes, Drs. Aprígio de Menezes, Vicente Reis, João Batista de
Faria e Souza, Arthur César Ferreira Réis, major Licínio Silva e jovens Aguinaldo
Ribeiro, Antóvila Vieira, Cássio Dantas, Jorge Andrade, Galdino Mendes Filho e José
de Alencar.
Em
1924, em sessão promovida pela Academia Amazonense de Letras, no Ideal Clube,
saudou Álvaro Maia o eminente general João de Deus Menna Barreto. Discurso
primoroso que o homenageado agradeceu com comovente oração. Como professor do Ginásio
Amazonense, apresentou, no ano de 1925, duas teses de real valor, que lhe garantiram
as cátedras de português (O Português-Lusitano e o Português-Brasileiro, léxica
e sintaticamente considerados) e de instrução moral e cívica (A Bandeira
Nacional como símbolo e emblema da Pátria). Não omitirei que, quando o Ginásio
Amazonense passou a denominar-se Ginásio Amazonense Pedro II, foi Álvaro Maia o
orador designado pela Congregação para falar na solenidade de 2 de dezembro de
1925, ocasião em que foi inaugurado o retrato do magnânimo Imperador.
Presidiram a sessão o Interventor Federal Alfredo Sá e o diretor Prof. Plácido
Serrano.
A
12 de julho de 1927, no Ideal Clube, Álvaro Maia proferia seu discurso - Após A Campanha..., na sessão cívica em
homenagem aos implicados no movimento de 23 de julho de 1924. Em 1926, a 23 de
julho, dirige uma carta aberta ao presidente eleito do Brasil, Dr. Washington Luiz,
a pedidos dos estudantes Deoclides de Carvalho Leal, Arthur César Ferreira
Reis, Rui Gama e Silva, Diogo Belfort Santos, João de Paula Gonçalves, Fernando
Ribeiro, Mário Libório Pereira e José Freitas Ramos. Em novembro de 1930 estava
nomeado Interventor Federal. Em agosto de 1931, publicou no Rio o folheto Em
torno do caso do Amazonas. Já a 28 de janeiro desse ano havia publicado no
JORNAL DO COMMERCIO seu trabalho - Em minha defesa, republicado depois
em folheto, defendendo-se da matilha esfaimada que lhe ladrava aos calcanhares
pelo crime de haver assumido o Poder Executivo de seu estado natal.
Em
1934, publicou seu discurso na Assembleia Nacional Constituinte, com o título -
Panorama Real do Amazonas: A Voz Amazonense Que Se Levanta em Prol dos
Luminosos Destinos do Berço Verde. Em 1942, Dom João da Mata de Andrade e
Amaral realizava memorável Congresso Eucarístico Diocesano. Na sessão noturna
de 3 de junho, convidado pelo zeloso Bispo, o Interventor Federal proferiu um
soberbo discurso, na inauguração do monumento de Nossa Senhora da Conceição. Em
1944, saiu a lume a maravilhosa plaqueta Noite de Redenção, uma página
de impressionante meditação. Data de 1945 seu belo folheto O Cântaro da
Samaritana, enternecedora meditação evangélica. Seus livros de poesia e
ficção aí estão, prenhes de emoção e encantamento, escritos por um homem de letras
que moldou suas preferências mentais na escola dos egrégios mestres do estilo: Beiradão,
Gente dos Seringais, Banco de Canoa, Nas Barras do Pretório,
Buzinas dos Paranás, Nas Tendas de Emaus. Tive a satisfação de
preencher a orelha de Buzina dos Paranás, a convite dos editores Sérgio
Cardoso & Cia. Ltda.
Com
paciência beneditina, percorri toda a coleção das revistas REDEMPÇÃO, de Clóvis
Barbosa, e AMAZÔNIA, de Carlos Mesquita, e dei com numerosas flores literárias
esparzidas pelo magnífico prosador e inspirado bardo. Asseguro que tais
trabalhos dariam um ou mais volumes. Guardo-lhe com emoção um poema que me
ofereceu publicado na página literária de O JORNAL, de 10 de maio de 1965, intitulado
Latim Redivivo, cujos originais entregou a seu sobrinho Heliandro Maia.
Esta relação está longe de ser completa. Foi um primeiro levantamento que
empreendi para meu livro em preparo. Sua inteligência foi fecunda e admirável e
sua pena surpreendentemente privilegiada. Como o sol, como os astros, como os
parques e jardins floridos, passou a vida a esbanjar clarões, lampejos e a
semear com mãos pródigas flores pelos caminhos, em troca dos espinhos que lhe
atiravam os eternos invejosos, que não suportam remígios de condores nem cintilações
de astros que incomodam...
quinta-feira, novembro 07, 2024
DOIS INTELECTUAIS AMAZONENSES: NONATO E ÁLVARO

Álvaro Maia
Meses após a morte do acadêmico Álvaro Botelho
Maia, padre Nonato Pinheiro, também acadêmico e membro do IGHA (Instituto
Geográfico do Amazonas) publicou em O Jornal, (domingo, 19 de outubro de
1969), uma sinopse das obras do falecido. O alongado artigo vai aqui
compartilhado em duas assentadas. Efetuei a atualização da ortografia e
introduzi ligeiros detalhes, que espero não comprometa a obra do saudoso
articulista.

Recorte de O Jornal, 19 out. 1969 |
Tentarei neste meu trabalho de hoje traçar um aproximado itinerário intelectual de Álvaro Maia, que reputo, com Péricles Moraes, as duas mais altas expressões de grandeza no panorama literário de meu estado natal. Nascido em Humaitá, a 19 de fevereiro de 1894, com 13 anos iniciava os estudos de humanidades no Ginásio Amazonense (1907). Nesse tradicional estabelecimento de ensino médio, logo despertou admiração e respeito, entre os condiscípulos, a corola magnifica de sua inteligência, que se abria em púrpuras e aromas fascinantes.
Foi
gerente, redator e colaborador assíduo da revista AURA, órgão crítico e literário,
cujo primeiro número apareceu em 24 de julho de 1907. Suas brilhantes colaborações
traziam por vezes o pseudônimo ALBOMA, em que o leitor inteligente logo lhe
descobre o verdadeiro nome: AL (Álvaro); BO (Botelho); MA (Maia). O condor
ensaiava os primeiros voos, entre alunos igualmente brilhantes, como Abelardo Araújo
e Cosme Alves Ferreira Filho. No terceiro aniversário da revista (24/07/1910)
escrevia ufano:
“Sentimo-nos invadidos de
orgulho, porque a AURA, a cada passo que vai dando, cada vez que sai aos ventos
da publicidade, cai conquistando simpatias espontâneas, vai caminhando a largos
passos. A sede da glória chegou até nós e, enraizando-se em nossos corações,
lançou fulgurações cintilantes, e, vestindo a clâmide da Verdade, vamos seguindo
pela estrada iluminada pelas suas projeções, guiados pelo saber, como aqueles
Reis Magos da lenda antiga pela estreia do além.”
A
imagem fascinante da glória desde então passou a ter em seu formoso espirito
uma colorida moldura. Em 1911, 19 de agosto, volta a sonhar com a iara deslumbrante
de suas linfas cristalinas: “Sonho com a luta, sonho com a Glória. A Glória é
uma enganadora miragem: é uma luz vaporosa que brilha longe, muito longe, nos
extremos do horizonte e nós, seduzidos pelo seu fulgor, vamos em procura dela.
Muitas vezes semimortos e tristes, queremos voltar, mas não podemos. É que ouvimos
salmos harmoniosos que nos atraem, como os Cânticos das sereias aos marinheiros”.
Nesse
ano de 1911, Álvaro Maia estreou no jornal CORREIO DO NORTE, de propriedade e
direção de Germano Bentes Guerreiro. Era um belo jornal, noticioso e literário,
que diariamente publicava, sob a epígrafe URNAS, uma joia antológica da
literatura luso-brasileira. Foi para mim uma grata surpresa essa estreia,
porque o jornal lança simultaneamente Álvaro Maia e meu pai, que assinava Nonato
Pinheiro. Foi a 14 de maio de 1911, que ambos foram apresentados na primeira
página dominical do referido órgão de imprensa, sob o título “Panoramas”, e o
subtítulo “Duas revelações auspiciosas”. Álvaro tinha 17 anos e meu pai, 21. A crônica
traz o pseudônimo Diable Rouge, que apresenta os dois moços: “Hoje tenho
o prazer de publicar nesta crônica duas magníficas estreias, duas verdadeiras
revelações auspiciosas, dois trabalhos escritos por dois rapazes de visível
merecimento”. Álvaro estreou com o lindo soneto Assuntos Velhos. Meu pai
inaugurava com o poema Nos braços de Vênus. Transcrevo o soneto do aedo
de Humaitá:
ASSUNTOS
VELHOS
Quando tu passas com teu passo
altiva/ os corações altivos seduzindo,/ enamorado e triste vou seguindo/ teu
corpo divinal e fugitivo.// Porque dele evaporas um ativo/ cheio de flores nos
florais abrindo/ que, em espirais ardentes se expandindo,/ me enche o peito dum
doce lenitivo.// Quando passas serena e deslumbrante,/ ficam meus olhos
abismados ante/ a forma do teu corpo de rainha;// E dos lábios em dúlcidos
cortejos/ seguem-te, para que não vás sozinha,/ rindo e cantando turbilhões de
beijos!
Em agosto
desse mesmo ano de 1911, nosso poeta viajou para Fortaleza. Américo Guedes
ofereceu-lhe um almoço de despedida, ao qual compareceram Abelardo Araújo,
Minos Cardoso, Cosme Alves Ferreira Filho, Antônio Barbosa e Demóstenes de
Carvalho. Ao brinde, falaram: Araújo, pelo corpo redacional da revista AURA; Barbosa,
pelo CENÁCULO; Cosme Ferreira, pelos colegas; e Cardoso, em seu próprio nome. O
homenageado agradeceu comovido, proferindo um discurso estrelado de imagens deslumbrantes.
Demóstenes de Carvalho ergueu um brinde pela felicidade da família. De
Fortaleza o poeta enviava para AURA o belo soneto Alma Vagabunda, que
dedicou a Demostenes de Carvalho. (segue)