Para a história da
Polícia Militar do Amazonas (PMAM), registro mais esta nota, compartilhada da
Mensagem governamental de 1950. Ao ingressar em seu derradeiro ano de mandato,
o governador Leopoldo Neves encaminhou à Assembleia Legislativa a costumeira prestação
de contas referente ao ano anterior. Dela, extrai o capítulo sobre a Polícia
Militar do Estado, que dispunha de efetivo previsto de “328 homens”.
Duas minúcias me atraíram:
a reforma do coronel Hugo de Queiroz Lima, que encontrei em Fortaleza (CE), 23
anos depois, em bom estado. E, mais importante, a construção da Vila Militar
Jardim. Sem que haja qualquer indício de sua localização. Apenas que soldados a
construíam. Intrigado, amanhã vou em busca dela. Lembro que algo similar com
esse empreendimento aconteceu com terras contíguas ao Instituto de Educação do
Amazonas, pela rua Ramos Ferreira, destinadas a oficiais da PMAM. O desfecho
foi negativo, não obstante o governo ter destinado cem mil cruzeiros “para a
construção de casas para oficiais, sargentos e praças” (lei 636/1950).
Substituindo o
capitão do Exército Antônio Antonino Pará Bittencourt, que solicitou exoneração
do seu cargo tão eficientemente desempenhado, para frequentar as aulas do Curso
do Estado Maior, assumiu o comando da briosa Força Policial do Estado o capitão
do Exército Marcio de Menezes, cuja fé de ofício lhe atesta a idoneidade e a competência.
O movimento e as ocorrências desta corporação militar, cuja disciplina se manteve
sempre em grau muito elevado, estão anotados, referentes ao ano de 1949 no relatório
enviado ao Governo, em cumprimento dos dispositivos regulamentares.
Houve várias
alterações no quadro de seus oficiais. Foi reformado o coronel Hugo de Queiroz Lima,
faleceu o capitão reformado José Marques Galvão e foram promovidos: a tenente-coronel,
o major Temístocles Henrique Trigueiro; a major, o capitão Jonas Paes Barreto [1º
presidente do Clube dos Oficiais]; a capitão, o 1º tenente Caetano Felix do
Nascimento; e a 1º tenentes, os 2°s tenentes Jorge Fernandes de Lima
e Edson Epaminondas de Melo. Foi transferido do quadro de 0ficiais combatentes
para o quadro da Justiça, o 1º tenente Rodolpho Lopes Martins Filho; sendo comissionado
no posto de 2° tenente, o subtenente Júlio Cordeiro de Carvalho [faleceu como
tenente-coronel], e revertido ao serviço ativo do batalhão, o 2° tenente Carlos
Barbosa de Amorim, que se achava em disponibilidade.
Informa o coronel
comandante que a instrução militar em 1949, foi ministrada segundo o programa
previsto nas respectivas diretrizes organizadas pelo comando da corporação,
obedecendo-se as prescrições dos regulamentos em vigor.
Nas subunidades, ao
ser ministrada a instrução, teve-se que levar em conta a conveniência do serviço,
obtendo-se, não obstante os múltiplos encargos
atribuídos a PM, como sejam os serviços da construção da “Vila Militar Jardim”,
da horta e da padaria da corporação, um
resultado bastante satisfatório, atendendo-se, dessa forma, dentro do possível,
a interesses tão dispares, como seja a instrução e o serviço policial, tendo-se
em vista o problema constante da exiguidade de efetivos, desproporcionais os
serviços reclamados do Corpo, para garantia da ordem pública.
Os artífices e
especialistas, notadamente os da oficina mecânica, receberam instrução
adequada, obedecendo-se aos programas especialmente elaborados, com o fim de ampliar
os conhecimentos dos profissionais e capacitar novos, para o desempenho e exercício
das suas funções.
A instrução de tiro
mereceu atenção especial e foi bem cuidada, realizando-se exercícios regulares
e um campeonato de tiro ao alvo em que tomaram parte elementos civis e da
Guarnição Federal.
A Companhia de
Bombeiros, como subunidade especial, recebeu instrução própria, dentro das
possibilidades, pois, infelizmente, está ainda desaparelhada para o seu mister,
seja em pessoal, seja em material, apesar do envidado esforço deste Comando junto
ao Comitê Local Amazonense de Seguros, Associação Comercial e o Município,
tendo, para isto, vindo de ordem do governador Leopoldo Neves, um oficial do
Corpo de Bombeiros do Distrito Federal para dizer das medidas e reorganização
dessa Companhia, a fim de atender à sua real finalidade.
Extraímos ainda do
extenso e minucioso relatório os seguintes dados, relevante interesse para
melhores esclarecimentos sobre o assunto:
ESTADO SANITÁRIO - O estado sanitário da tropa é bom, segundo atestou em seu
último relatório, o capitão-médico chefe do Serviço de Saúde [Dr. Ramayana de Chevalier]. Com enfermaria
própria, as praças recebem tratamento adequado, sendo gratuito com fornecimento
de medicamento, conforme estabelece a lei n° 82, de 25 de novembro de 1947. De
par com o Serviço Médico, o Serviço Dentário foi deveras apreciável.
VILA MILITAR JARDIM - Uma das maiores preocupações deste Comando está na construção
da “Vila Militar Jardim”, que decerto trará grandes vantagens para o pessoal
desta corporação, levando-se em conta tão grande dificuldade de habitação nesta
cidade. Estamos no seu início, lutando com grandes dificuldades, empregando soldados
na extração de lenha, barro e madeira, que tem trazido ótimos resultados até
agora.
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