CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sexta-feira, fevereiro 24, 2012

Memórias amazonenses

Fevereiro, 24
1898 – Nasceu em Manaus, Leopoldo Amorim da Silva Neves, o Pudico, que foi governador do Estado (1947-51). Graduou-se em agronomia pela Escola Agronômica de Manaus (1921), quando nascia seu cunhado, o desembargador Paulo Jacob (tópico abaixo). Politico, foi prefeito de Parintins (AM).  E durante seu mandato, em 1932, em apoio à revolução constitucionalista de São Paulo, os amotinados do forte de Óbidos (PA) invadiram a cidade do Pudico.
Essa história é bem conhecida pelo codinome de Batalha Naval de Itacoatiara, que está completando 80 anos. Deixando Parintins, os revoltosos intentavam chegar a Manaus, mas foram rechaçados em frente a Velha Serpa, em confronto com características marcantes. Ambas as forças, legais e rebeladas, utilizavam barcos regionais ou navios cargueiros. E tudo terminou no rio Amazonas.
Neves, em 1947, ao final da ditadura Vargas, foi eleito governador do Estado. O patético apelido de Pudico (invenção familiar) não teve condições de manter o desfigurado Estado na superfície, de bubuia. Ao final do mandato, passou ao Cabeleira (Álvaro Maia) o Amazonas com mais obstáculos.
Morto, o nome de Leopoldo Neves, ainda bem que instalado em duas artérias de Manaus, foi cassado da mais vistosa e mais movimentada, a hoje avenida Kako Caminha. A outra homenagem é mantida no bairro de Santa Luzia, onde ainda abriga outro tributo: a Escola Estadual.
Leopoldo Neves morreu pobre, gabavam-se seus admiradores, em 1953.
Almir Diniz
1921 – Nasceu em Belém (PA), Paulo Herban Maciel Jacob, que faleceu desembargador do Tribunal amazonense. A sua naturalidade parece não bem definida, pois, Armando de Menezes e Almir Diniz, ambos contemporâneos da Academia de Letras e de outras associações, asseguram que o mesmo nasceu em Manaus.
No entanto, os saudosos desembargadores Oyama Ituassu e Mário Verçosa, portanto colegas, em estudos publicados sobre o Tribunal de Justiça, registram o nascimento de Paulo Jacob em Belém do Pará.
Admitido o registro do Tribunal, o autor de Chuva Branca vem engrossar a delegação paraense na Casa de Adriano Jorge. Agora são dez, a maior representação, aqui indicados pela antiguidade: Alcides Bahia; Benjamin Malcher de Souza; José Francisco de Araújo Lima; Benjamin Franklin de Araújo Lima; João Huascar de Figueiredo; Genesino Braga; Dom Alberto Gaudêncio Ramos; Mário Augusto Pinto de Moraes; Paulo Herban Maciel Jacob (de 1971 a 2003) e Zemaria Pinto de Figueiredo.
Romancista premiado nacionalmente, Jacob produziu quinze livros, de Muralha Verde (1965); passando por Dos ditos passados nos acercados do Cassianã (1969), encerrando com Tempos infinitos (1999).
Residiu durante anos em majestosa casa à rua Major Gabriel, de frente para o igarapé de Manaus. Motivo por esse apego, o governo do Estado adotou seu nome no espaço que o Prosamim transformou aquele degradado igarapé em Parque. Parque desembargador Paulo Jacob, onde eu moro.
Já contei isso neste canto. Na parte que circunda o Palácio Rio Negro, a continuação do mesmo igarapé tem a denominação de Parque senador Jefferson Péres, administrado pela Secretaria de Cultura. Uma beleza: tem segurança, horário, diversão para as crianças, ausência de cães, a Bandeira Estadual marcando aquele território e grama aparada e...
Atualmente, “seu” (desculpe a intimidade) Paulo Jacob, o seu Parque anda entregue às baratas, com o perdão desses insetos. Ele está entregue mesmo é ao mato, às capoeiras; aos desocupados, a colônia de pés-inchados; aos vândalos e à merda de cachorros e de humanos. Pois é, sem segurança, o pessoal faz o que bem entende.
Eu sei que hoje você habita os “acercados do Cassianã”, mas bem que poderia ainda exercer suas influências junto a Prefeitura, a fim de que a turma não destrua o profundo saneamento que embelezou a cidade, cuja conta deve ser paga por “nosostros”.
O acadêmico e desembargador Paulo Jacob morreu em 2003.

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