CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

quinta-feira, abril 14, 2011

A TRAGÉDIA DO "DOMINIQUE"

Okada (à esq.), ajudante de ordens
 do governador Areosa, 1969
Conversei com o coronel da reserva Odaci Okada sobre o comando que ele exerceu no Corpo de Bombeiros (1979-1981). A entrevista sairá no livro Os Bombeiros do Amazonas, cujo lançamento acontecerá no final do ano. Lembrou-me os graves acidentes que aconteceram nos dois anos de seu comando. O relato abaixo pertence a ele, complementado pela publicação do jornal A Notícia.

A competência da equipe de homens-rã dos bombeiros é comprovada. Mas sempre motivou comentários bem diversos, favoráveis ou não. Pretextos sempre existiram. Anteontem, porque não existia nem homens nem equipamentos; ontem, apesar dos aparatos técnicos, da instrução e do aprimoramento, os obstáculos ficavam por conta de nossos rios.
Verdade. Não é fácil mergulhar nos rios amazônicos, seja qual for a profundidade ou extensão. O pessoal encarregado desse serviço, todavia, seguia adestrando-se e a corporação adquirindo o material adequado. O desafio para esse treinamento surgiu quando o barco Dominique naufragou.

A Notícia (jornal dEsaparecido). Manaus, 15 fevereiro 1980

“30 mortos no naufrágio do motor Dominique“ bradou a edição de 15 fev.1980. Em resumo, este barco afundou na madrugada de 14 de fevereiro, no rebojo “Ponto do Vapor”, próximo à sede do município de Codajás, no rio Solimões, quando “foi envolvido por um remanso em forma de uma imensa onda que virou o motor”.

A Notícia. Manaus, 15 fev. 1980
Homens-rã do Corpo de
Bombeiros
Entre os mortos, há “duas crianças de colo, uma de nove meses e outra de um ano,” e dezesseis com idade até quinze anos. Não há informação sobre o trabalho dos bombeiros nesse periódico (17 fev.), mesmo quando relata a busca e os cuidados com os sobreviventes.
Mas os homens-rã estiveram no local empenhando-se como sempre. Obrigados a recolher do rio os mortos. Será sempre um serviço doloroso, mesmo para os profissionais mais experimentados.

Dois destaques: a iniciativa do proprietário do barco, Manoel Viana Neto, em mobilizar “mais de 40 canoeiros para auxiliar a equipe de resgate que fora providenciada pela Capitania dos Portos”. O outro, o resgate do neném Alberto Marinho, de nove meses, amparado em “colete salva-vidas preso ao galho de uma árvore caída dentro do rio caudaloso”.

3 comentários:

  1. Muito triste, mais acredito que a equipe de homens-rã fez o possível.

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  2. eu era muito pequena mas até hoje sei dos relatos daquela época foi muito triste

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